X Colóquio Técnico Científico de Saúde Única,
Ciências Agrárias e Meio Ambiente
INSULINOMA EM FERRETS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Litssa Maria Pires Maia Galvão1*, Marcelo Pires Nogueira Carvalho2.
1
Discente no Curso de Medicina Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG – Belo Horizonte/MG – Brasil – *Contato: litssa2000@hotmail.com
2
Docente do Curso de Medicina Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG – Belo Horizonte/MG – Brasil
INTRODUÇÃO
Os ferrets, ou cientificamente conhecidos como Mustela putorius furo,
são carnívoros pertencentes à família Mustelidae e, no Brasil, são
considerados animais exóticos. Sua importação se iniciou nos anos 1990,
sendo que a portaria 93 de 7 de julho de 1998 do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
regulamentou sua entrada mediante esterilização e vacinação, com
posterior demarcação do procedimento através de tatuagem. Esses
animais vêm ganhando o mercado brasileiro e seu atendimento em
clínicas especializadas em pets não convencionais é cada vez mais
comum. Dessa maneira, uma das afecções rotineiras mais frequentes em
ferrets são os insulinomas, tumores das células beta pancreáticas, que
produzem excesso de insulina e geram crises de hipoglicemia,
comumente encontrado em animais com aproximadamente cinco anos e
de etiologia ainda desconhecida.
METODOLOGIA
O presente resumo foi baseado em uma revisão bibliográfica de livros,
revistas, artigos científicos, dissertações e manuais de especialistas da
área, encontrados por meio de plataformas como “Google Acadêmico”,
“ResearchGate” e “Scielo”.
RESUMO DE TEMA
Os tumores de células beta pancreáticas se originam de células
neuroendócrinas especializadas, as quais sintetizam e secretam
hormônios peptídicos. Os tumores que procedem dessas células têm uma
denominação com base no hormônio que secretam, (PILNY E CHEN,
2004). Os insulinomas são pequenos tumores originados das células beta
pancreáticas, as quais produzem insulina em excesso, culminando em
hipoglicemia, atingindo ambos os sexos de maneira equivalente e
acometendo ferrets com idade em torno de cinco anos (KEEBLE E
MEREDITH, 2009). Sua etiologia ainda é desconhecida, mas a principal
suspeita é de que seja genética (TOMAZI, 2012). Na histopatologia se
apresentam compostos por um formato de pseudorosetas e um ninho de
células epiteliais que é entremeado e circundado por um estroma
fibrovascular (PILNY E CHEN, 2004).
Além de hipoglicemia, outros sinais clínicos comuns incluem letargia,
perda de peso, ataxia, náusea, olhar apático, fraqueza de membros
pélvicos, comportamento de passar a pata na boca, sialorréia, convulsões
e coma em casos mais graves (PILNY E CHEN, 2004).
O diagnóstico inclui a associação entre o histórico de sinais clínicos e a
dosagem da glicemia após quatro horas de jejum, que em casos de
insulinoma estará abaixo de 60 mg/dl. Além disso, a concentração de
insulina sérica geralmente também vai estar elevada (CUBAS, SILVA E
CATÃO-DIAS, 2014). De acordo com Pilny e Chen (2004), os quadros
de insulinoma são caracterizados pela seguinte tríade: episódios de
hipoglicemia, disfunção neurológica temporária pela hipoglicemia e
reversão do quadro após administração de glicose ou alimentação. Em
exames de perfil bioquímico é possível notar um aumento de fosfatase
alcalina e alanina aminotransferase. A detecção de insulinomas através de
exames por imagem, como ultrassonografia e raio-x, é difícil, visto que
os nódulos no pâncreas são pequenos, porém são úteis para detectar
metástase na região abdominal (MELEO E PETERSON, 2014). O
diagnóstico definitivo é feito por meio de biópsia e histopatologia
(PERPIÑÁN, 2014).
Em animais com hipoglicemia, o tratamento emergencial inclui a
administração intravenosa de solução de dextrose 50%, geralmente
ministrando de um a cinco ml lentamente durante dez minutos (MELEO
E PETERSON, 2014). O tratamento de escolha para o insulinoma se dá
pela cirurgia de pancreatectomia parcial ou nodulectomia (CUBAS,
SILVA E CATÃO-DIAS, 2014). A pancreatectomia é mais indicada, já
que a nodulectomia não é tão eficiente para prolongar a expectativa de
vida do paciente (PERPIÑÁN, 2014). Os tutores devem ser informados
que a cirurgia não é completamente curativa, visto que podem haver
recidivas, mas com o objetivo é desacelerar a evolução da doença
(CHEN, 2008). Outra opção seria o tratamento medicamentoso, que não
impede evolução da doença, mas controla os sinais clínicos, sendo
indicado para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia. O
tratamento clínico é baseado em dois fármacos, a prednisolona e o
diazóxido. A prednisolona é o fármaco de eleição e provocará
gluconeogênese, porém a longo prazo pode estimular maior secreção de
insulina. Já o diazóxido inibe a secreção de insulina, através da
glicogenólise e gluconeogenese hepática e redução da reabsorção celular
de glicose (CUBAS, SILVA E CATÃO-DIAS, 2014). A eficiência de
cada tratamento comparada através da sobrevida do animal pode ser vista
na tabela abaixo, baseada em estudo de Weiss et al (1998) com 66 ferrets:
Tabela 1: Sobrevida de ferrets submetidos a diferentes tipos de
tratamento. (Fonte: Weiss et al., 1998)
Tratamento Sobrevida (dias)
Medicamentoso 168
Nodulectomia 456
Nodulectomia + Pancreatectomia parcial 668
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse sentido, vale pontuar o impacto dessa afecção na rotina clínica e
cirúrgica de atendimentos à pets não convencionais, assim como a
importância do estudo sobre sua etiologia, no intuito de fomentar
medidas para prevenção do desenvolvimento desse tumor. Além disso, é
interessante ressaltar a necessidade de aumentar acurácia das técnicas de
diagnóstico por imagem, a fim de promover um melhor planejamento
cirúrgico da retirada de insulinomas. Por fim, é primordial que o clínico
especializado em atendimento de animais silvestres e exóticos estude
com profundidade as doenças mais frequentes na casuística, para fornecer
o melhor tratamento ao seu paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CHEN, Sue. Pancreatic endocrinopathies in ferrets. Veterinary
Clinics of North America: Exotic Animal Practice, v. 11, n. 1, p.
107-123, 2008.
2. DA SILVA, Desirrê Loren Vieira Dias; BLANKENHEIM, Thalita
Masoti. INSULINOMA EM FURÕES. Revista Científica, v. 1, n. 1,
2020.
3. KEEBLE, Emma; MEREDITH, Anna. BSAVA manual of rodents
and ferrets. British Small Animal Veterinary Association, 2009.
4. MELEO, KARELLE A.; PETERSON, MARK E. Treatment of
insulinoma in Dogs, Cats, and Ferrets. Kirk’s Current Veterinary
Therapy XV. St Louis: Elsevier-Saunders, p. 130-134, 2014.
5. PERPIÑÁN, David. Insulinoma in ferrets: diagnosis and
management. Companion Animal, v. 19, n. 5, p. 270-273, 2014.
6. PILNY, Anthony A.; CHEN, Sue. Ferret insulinoma: diagnosis and
treatment. COMPENDIUM ON CONTINUING EDUCATION
FOR THE PRACTISING VETERINARIAN-NORTH
AMERICAN EDITION-, v. 26, n. 9, p. 722-729, 2004.
7. CUBAS, Zalmir Silvino; SILVA, Jean Carlos Ramos; CATÃO-DIAS;
José Luiz. Tratado de animais selvagens-medicina veterinária. 2ª
Edição. Editora Roca, 2014.
 X Colóquio Técnico Científico de Saúde Única,
Ciências Agrárias e Meio Ambiente
8. TOMAZI, Fabiana Graciolli. Insulinoma, linfoma e doença da
adrenal em ferrets (Mustela putorius furo). 2012.
9. WEISS, C. A.; WILLIAMS, B. H.; SCOTT, M. V. Insulinoma in the
ferret: clinical findings and treatment comparison of 66 cases.
Journal of the American animal hospital association, v. 34, n. 6, p.
471-475, 1998.

APOIO:
(GRUPO DE ESTUDOS DE ANIMAIS SELVAGENS UFMG)