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CISTO PROSTÁTICO EM CANINO: RELATO DE CASO

PROSTATE CYSTS IN CANINE: CASE REPORT

José Lucas Xavier LOPES1; Yury Carantino Costa ANDRADE¹; Vanessa de Souza SOBREIRO1*; Clauceane de
JESUS2; Raquel Guedes XIMENES3; Rosangela Maria Nunes da SILVA4; Ulisses Perigo OLIVEIRA5; Almir Pereira
de SOUZA4
1. Graduando(a) em Medicina Veteriná ria pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus de
Patos-PB. E-mail: vanessa_sobreiro@outlook.com
2. Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veteriná rio da UFCG, campus de Patos-PB.
3. Doutoranda no programa de Pó s-Graduaçã o em Medicina Veteriná ria pela Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG), campus de Patos-PB.
4. Docente do curso de Medicina Veteriná ria da UFCG, campus de Patos-PB.
5. Residente em Diagnó stico por Imagem no Hospital Veteriná rio da UFCG, campus de Patos-PB.

Introdução: A pró stata é uma estrutura glandular, sendo considerada a ú nica glâ ndula sexual acessó ria
dos cã es. O seu desenvolvimento e crescimento, assim como a produçã o do líquido prostá tico sã o andró geno-
dependentes. O principal andró geno que regula o crescimento prostático é a 5αdihidrotestosterona (5αDHT), um
metabó lito formado a partir da testosterona na presença da enzima 5αredutase (Waki&Kogika, 2015). As
afecçõ es prostá ticas sã o frequentemente encontradas na clínica dos animais de companhia, especialmente nos
cã es (nos gatos é muito rara). As alteraçõ es da pró stata mais comuns sã o a hiperplasia benigna da pró stata
(HBP), a prostatite, cistos prostá ticos e as neoplasias prostá ticas (DOMINGUES, 2009). Objetivou-se com este
presente estudo relatar o caso de um canino idoso, de dez anos de idade que foi diagnosticado com cisto
prostá tico.

Material e Métodos: Foi atendido no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital
Veteriná rio da UFCG um cã o, da raça Pinscher, pesando 6,050 kg, de dez anos de idade, onde a tutora relatou
como sua principal queixa, um sangramento pelo pênis há pouco mais de uma semana, mas que depois, este
sangramento cessou. Alguns dias depois, o animal voltou a apresentar sangramento pelo ó rgã o, principalmente
quando apresentava episó dios de ereçã o. O animal se alimentava e ingeria á gua normalmente. Suas fezes nã o
possuíam nenhuma alteraçã o, e a tutora nã o sabia informar sobre a urina do animal. O mesmo nã o era castrado,
vacinaçã o e vermifugaçã o desatualizada, e com presença de ectoparasitas. Ao exame físico, observou-se animal
ativo, alerta, em estaçã o, com temperatura retal de 39,3°C, frequência cardíaca e pulmonar dentro dos limites de
referência para a espécie, mucosas oral e oculopalpebral normocoradas, tempo de preenchimento capilar de 2
segundos, linfonodos sem alteraçõ es à palpaçã o, alteraçã o à ausculta cardíaca, com presença de sopro cardíaco,
sem alteraçã o à palpaçã o abdominal, protrusã o de terceira pá lpebra do globo ocular direito, que foi reduzida
com tratamento cirú rgico posteriormente. Diante das informaçõ es obtidos na anamnese, sinais clínicos e exame
físico, foram solicitados tais exames complementares: hemograma, bioquímica (URE, CRE, ALB, ALT, FAL, FOSF,
PT), ultrassonografia abdominal (USG), uriná lise, relaçã o proteínacreatinina uriná ria (UP/C), radiografia torá cica
e eletrocardiograma, onde a principal suspeita relacionada ao paciente era de cardiopatia e de prostatopatia.

Resultados: Os resultados do exame hematoló gico e as provas bioquímicas séricas nã o evidenciaram


nenhuma alteraçã o, estando os valores dentro dos limites de referência para a espécie. Na radiografia torá cica,
foi evidenciado que o coraçã o apresentava cardiomegalia, aspecto globoso mais evidente no lado direito e que o
mesmo possuía maior contato esternal. O exame eletrocardiográ fico evidenciou apenas arritmia sinusal
respirató ria, um achado que é fisioló gico na espécie canina. A USG evidenciou irregularidade na parede vesical
com presença de debris em suspensã o no interior do ó rgã o, esplenomegalia, prostatomegalia com presença de
á rea arredondada com conteú do anecó ico em seu interior. Diante dos resultados de todos os exames,
principalmente o ultrassonográ fico, o paciente foi diagnosticado com cisto prostá tico. O tratamento instituído
para o animal foi administraçã o de vermífugo a base de Febendazol, Pirantel e Praziquantel (Vetmax
plus®/3ml/VO/dose ú nica e repetir apó s 15 dias), ectoparasiticida a base de Sarolaner (Simparic 20
mg®/1comprimido/VO/a cada 30 dias/até novas recomendaçõ es), dipirona gotas (AnalgexV ®/6
gotas/VO/TID/durante três dias), e finasterida 1mg (1 comprimido/VO/SID/ durante 20 dias). Além do
tratamento medicamentoso, sugeriu-se o tratamento cirú rgico de orquiectomia, que pode ocasionar reduçã o do
volume prostá tico, devido a involuçã o glandular.

Discussão: Segundo Kogika (2015), estes cistos sã o considerados os cistos de retençã o ou verdadeiros.
Normalmente há comunicaçã o destes cistos com a uretra, assim, o cã o pode apresentar secreçã o
serossanguinolenta e nã o associada à micçã o. Vá rios sã o os métodos que podem ser utilizados para diagnosticar
afecçõ es prostá ticas, onde, no geral, os resultados dos exames laboratoriais como hemograma e bioquímica
encontram-se normais e a citologia, exames microbioló gicos e histopatoló gicos podem ser necessá rios para a
19º Simpósio Paraibano de Medicina Veterinária

29 de maio a 01 de junho de 2019


confirmaçã o diagnó stica. A USG é um método de imagem mais preciso que a radiografia para avaliaçã o
prostá tica, pois permite visualizaçã o da arquitetura interna do parênquima, assim como das estruturas
adjacentes e das estruturas prostá ticas císticas, contorno, tamanho, simetria, à ecogenicidade e à s cavitaçõ es. A
ultrassonografia é o método mais utilizado para diferenciar os cistos verdadeiros dos paraprostá ticos. Já a
palpaçã o retal e radiografia nã o sã o indicadas para diagnosticar os cistos, porém, a radiografia contrastada pode
ser ú til para diferenciar o cisto paraprostá tico da prostatomegalia Este fá rmaco é um inibidor específico e
competitivo da enzima 5-α redutase, impedindo assim, a conversã o da testosterona ao andró geno DHT no soro e
nos tecidos, principalmente na pró stata, induzindo uma diminuiçã o do componente glandular da pró stata canina
normal e hiperplá sica assim como no componente estromal de pró statas hiperplá sicas, nã o promovendo
alteraçõ es no parênquima testicular (Galvã o, 2011). A orquiectomia em cães adultos pode ocasionar reduçã o do
volume prostá tico, atrofia de estroma e do tecido glandular e menor habilidade em metabolizar andró genos,
sendo considerada uma terapia auxiliar à terapia medicamentosa em casos de alteraçõ es prostá ticas.

Conclusão: Desta feita, conclui-se que nos cã es, a pró stata é uma glâ ndula que possui crescimento
contínuo durante toda a sua vida, sendo que os cã es de meia idade, idosos e nã o castrados possuem maior
predisposiçã o a desenvolverem prostatopatias, sendo indicado a realizaçã o de exames físicos (palpaçã o) e de
imagem para identificar precocemente tais alteraçõ es.

Referências: - A.L.B. GALVÃ O et al. Principais afecçõ es da glâ ndula prostática em cã es. Revista Brasileira de
Reproduçã o Animal. Belo Horizonte, v.35 n.4, p.456-466, out./dez. 2011. Disponível em
http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/v35n4/pag456-466.pdf. Acesso em: 29 mar. 2019. -
DOMINGUES, B. S. Patologia prostá tica em canídeos: prevalência, sintomatologia e tratamento. Dissertaçã o de
monografia (Graduaçã o em Medicina Veteriná ria) - Graduaçã o em Medicina Veteriná ria, Porto Alegre,
2009.Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/38710/000793604.pdf?sequence=1.
Acesso em: 29 mar. 2019. - WAKI, F.M; KOGIKA, M.M. Afecçõ es prostá ticas em cães In: JERICÓ , MÁ RCIA
MARQUES. Tratado de medicina interna de cã es e gatos / Má rcia Marques Jericó , Má rcia Mery Kogika, Joã o Pedro
de Andrade Neto.1.ed.Rio de Janeiro: Roca, 2015. Cap. 17, p. 1499-1507. -

TERMOS DE INDEXAÇÃ O: Secreçã o, Pênis, Micçã o, Prostatomegalia.

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