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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Os tumores esplênicos podem acometer vários mamíferos, independentemente da raça ou
sexo, como cães e gatos, tendo maior incidência nos idosos. Na rotina clínica são comuns
alterações identificadas em pequenos animais com tumores em baço, sendo a
esplenectomia o tratamento cirúrgico inicial após o diagnosticado. Para auxiliar no
diagnóstico exames de imagem são mais eficazes, como a ultrassonografia que é mais
utilizada porque identifica melhor as medidas, formas e metástases dos tumores
abdominais. O diagnóstico prévio é reservado pois os sinais clínicos são inespecíficos e
geralmente ocorrem tardiamente. Alguns sinais clínicos podem ser: anorexia; aumento
de volume abdominal; letargia; depressão; êmese; choque hipovolêmico ou hemorragias
na cavidade abdominal decorrentes de rupturas ou necrose do baço e órgãos adjacentes.
Nesse relato será descrito o caso ocorrido com uma cadela de 10 de idade com alteração
esplênica. No exame físico foi identificado massa tumoral em região topográfica de baço
e identificado liquido intersticial, confirmado por exame ultrassonográfico. Devido ao
quadro clínico da paciente foi realizada cirurgia de emergência, logo após o diagnóstico,
devido ao grande risco de óbito. O objetivo deste relato de caso foi demonstrar o
diagnóstico e o tratamento para resolução de tumores malignos acometendo o baço.
Outrossim, ressaltar a importância do diagnóstico precoce, sobretudo em animais na fase
adula e senil, a partir da realização de exames clínicos rotineiros: como hemograma;
bioquímicos; exames de imagem, em razão do aparecimento tardio dos sinais clínicos.
ABSTRACT
Splenic tumors may affect several mammals, regardless of breed or sex, such as dogs and
cats, with higher incidence in the elderly. In the clinical routine, alterations identified in
small animals with spleen tumors are common, and splenectomy is the initial surgical
treatment after the diagnosis. To aid in the diagnosis, imaging exams are more effective,
such as ultrasonography, which is more used because it better identifies the
measurements, shapes and metastases of abdominal tumors. Early diagnosis is reserved
because the clinical signs are non-specific and usually occur late. Some clinical signs may
be: anorexia; abdominal volume increase; lethargy; depression; emesis; hypovolemic
shock or hemorrhages in the abdominal cavity resulting from ruptures or necrosis of the
spleen and adjacent organs. In this report, we describe the case of a 10-year-old female
dog with splenic alteration. On physical examination a tumor mass was identified in the
topographic region of the spleen and interstitial fluid was identified, confirmed by
ultrasonography. Due to the patient's clinical condition, emergency surgery was
performed soon after diagnosis, due to the high risk of death. The objective of this case
report was to demonstrate the diagnosis and treatment for malignant tumors affecting the
spleen. Furthermore, it is important to emphasize the importance of early diagnosis,
especially in animals in the adulthood and senile stage, by performing routine clinical
tests such as blood count, biochemical tests, imaging tests, due to the late onset of clinical
signs.
1 INTRODUÇÃO
O Baço é um órgão de coloração pardo-avermelhada, que amadurece a partir do
momento em que o timo inicia o processo de atrofia, sendo considerado o maior órgão
responsável pela armazenagem das células de defesas, tornando-se, assim, um órgão
de grande importância para a fisiologia.
O baço está localizado na região cranial esquerda da cavidade abdominal e na
parte caudal do diafragma. Ele é fixado no estomago na região da curvatura maior,
portanto, faz parte do omento. (DYCE; SACK, 2010).
Como falado anteriormente pelo fato do baço ser o responsável pela
armazenamento das células de defesa ele possui várias funções primordiais, como:
estocagem das plaquetas e hemácias; remoção; filtragem; fagocitose; remodelagem das
hemácias; hematopoiese; metabolização do ferro; extração da hemoglobina liberando
novamente para corrente sanguínea para ser reutilizado pelo organismo.
Em estudos atuais foi descoberto que o baço dos caninos quando se tem uma
resposta à liberação de catecolaminas, que é um grupo de hormônios, ele vai armazenar
reticulócitos e libera-los na circulação sanguínea do animal.
Sendo assim, os estudiosos apontam grande importância durante a cirurgia de
esplectomia que é indispensável fazer a ligações dos pequenos e grandes vasos
sanguíneos para que não ocorra risco de sangramento intenso, via que o baço é muito
vascularizado. (COUTO; NELSON. 2015);.
Após a realização do procedimento cirúrgico de esplectomia os linfonodos que
passam a realizar a tarefa de armazenamento celular, tarefa essa que era anteriormente
realizada pelo baço.
Sendo assim, algumas definições devem ser consideradas para que seja
realizado o procedimento cirúrgico. A esplenomegalia, popularmente conhecida como
baço inchado, ocorre quando há o aumento do baço, que pode ser por uma causa
fisiológica ou patológica.
Há dois tipos de esplenomegalia, a difusa que Couto e Nelson entendem ocorrer
quando se tem a presença de hemoparasitas no organismo, como no caso da Erlichia
canis, conhecida como doença do carrapato, ou em casos de celular neoplásicas.
(COUTO; NELSON, 2015).
Já a esplenomegalia aguda, no entendimento de Moraillon, pode ocorrer nos
casos de cirrose; reações anestésicas; anemia hemolítica; leishmaniose.
Portanto, não é tão simples saber quando o animal está apresentando
esplenomegalia, sendo um diagnóstico complexo, pois, sabe-se que quando há
desenvolvimento de uma neoplasia no organismos os sinais clínicos não surgem
rapidamente, o animal demora para exteriorizar o que está se passando dentro do seu
corpo, e muitas vezes quando apresenta os sinais clínicos essa neoplasia já está com
uma grande proporção.
Diferentemente do que ocorre nos casos em que o animais sofrem um trauma,
como um atropelamento, maus tratos ou uma hemorragia decorrente de alguma
enfermidade, como a Erlichia canis, por exemplo. Mas em ambos os casos o tratamento
do animal é emergencial e cirúrgico. Sendo chamado de esplenectomia.
A esplenectomia, que é a remoção do baço, pode ser realizada de duas formas,
conforme a necessidade que o animal está apresentando no caso em concreto, sendo,
esplenectomia parcial ou total. (FOSSUM; CAPLAN, 2014).
Como vimos acima várias podem ser as causas de problemas no baço, havendo
autores como Fossum que entendem que nos casos de lesões traumáticas, seja qual for
a sua origem, o procedimento cirúrgico mais adequado seria a esplenectomia parcial,
pois a permanência de uma parte do baço no organismo do animal irá manter as funções
ativas que esse órgão realizada. Sendo de grande valia para o organismo do animal.
(FOSSUM; CAPLAN, 2014).
Já, outros autores entendem que nos casos de neoplasias, onde não ocorreu
ainda metástase a esplenectomia deve ser total, para maior segurança da manutenção
da vida saudável do animal.
Mas, ainda o diagnóstico é reservado em casos de esplenectomias realizadas em
decorrência de neoplasias malignas, pois o baço é um órgão muito vascularizado, e
2 MATERIAL E MÉTODOS
Uma cadela sem raça definida com10 anos de idade, pesando 40 kg, foi atendida
em uma clínica na cidade de Itatinga interior de São Paulo, para exame de rotina. A
paciente estava apresentando alguns sinais clínicos, como: prostração; normorexia;
normo hidratação; normoúria e normoquezia.
A tutora relatou que resolveu levar até atendimento do médico veterinário em
razão de um aumento no abdômen da cadela. Na clínica foram requisitados realização
dos seguintes exames: hemograma, bioquímicos, ultrassonografia abdominal.
No hemograma foram constatadas algumas alterações: as hemácias (5,56
milh/mm3) diminuída; hemoglobina (9,30 g/dl) diminuída; hematócrito (34,2%)
também diminuído; VGM (61,5 u3) diminuído; HGM (16,7 pg) diminuído; CHGM
(27, 2%) diminuído e RDW (14,7 %) dentro dos valores de referência.
A serie branca do hemograma: Leucócitos (15.500) dentro dos parâmetros;
Segmentados (88,0 - 13.640) levemente alterado; Eosinófilos (0,0) zerado; Linfócitos
(9,0 – 1.395) valor relativo baixo; Monócitos (3,0 – 465) dentro dos parâmetros.
O hemograma seguiu com algumas observações: anemia, em razão da avaliação
em geral da série vermelha do hemograma); hipocromia, as hemácias nos organismo
dessa cachorra estão com menor quantidade de hemoglobina comparadas com os
valores normais; neutrofilia, aumento de neutrófilos no sangue, sugestivo de infecções
ou alguma doença inflamatória; eosinopenia, número diminuído de eosinófilos no
sangue; trombocitopenia número reduzido das plaquetas.
No exame de imagem na ultrassonografia abdominal notou-se presença de
líquidos intersticiais e dois nódulos que pela imagem pareciam menores devido ao
alcance do aparelho ultrassonográfico (paciente de porte grande e apresentando
obesidade).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme entendimento de Fossum relata que os tumores no baço acometem
mais animais idosos (8 a 13 anos) e normalmente cães de raças médias a grandes. e o
caso em tela a paciente era uma cadela idosa, de grande porte, mestiça com rottweiler.
(FOSSUM; CAPLAN, 2014).
Os exames complementares de diagnostico como radiografias e
ultrassonografias, principalmente em cavidade abdominal é um método importante de
controle para saúde dos pacientes.
4 CONCLUSÃO
Através desse relato, concluímos que alterações como tumores malignos podem
em grande parte das vezes serem achados acidental, pois podem ser confundidos com
outras enfermidades ou mesmo passando despercebido o que é bem comum até que
causa o óbito do animal por hemorragia interna ou outra complicação como sepsi e
falha de outros órgãos como por exemplo uma embolia pulmonar por excesso de
líquidos.
Como e quando se apresentam os sinais clínicos são inespecíficos e com isso só
o exame físico não é suficiente para elucidar o diagnóstico, havendo a necessidade de
exames complementares de imagem como a radiografia e a ultrassonografia para
informar com maior precisão o aumento do baço. No relato descrito foi realizado o
exame de ultrassonografia onde visualizou-se a esplenomegalia.
Em cães com massas esplênicas, a esplenectomia resulta em rápida resolução
dos sinais clínicos, tendo tanto finalidade terapêutica quanto diagnóstica. O
procedimento foi realizado como descrito na literatura, realizada celiotomia na linha
média com ampla incisão cirúrgica para remoção dos tumores e exploração completa
abdominal a procura de metástases.
No caso da paciente não foram encontrados focos de metástases ou metástases
isoladas visíveis em outros órgãos, porém pode se afirmar que havia presença de
metástase em partes internas de órgãos que não eram visíveis no momento da cirurgia
e se pode deduzir também que houve crescimento exacerbado destas células após a
esplenectomia, foram realizadas dupla ligação dos vasos do hilo esplênico, tricotomia,
celiorrafia, assepsia, anestesia, oxigenioterapia, preparação do centro cirúrgico,
materiais esterilizados, medicações e tudo mais ao que se refere uma cirurgia realizada
de maneira correta através de fontes de pesquisas.
Foi feito acompanhamento mensal desta paciente para avaliação pós cirúrgica
com exames clínicos, e, somente foi percebido alterações após o terceiro mês, neste
período seria introduzida a quimioterapia após exame ultrassonográfico se houvesse
necessidade.
Após resultado de exame não foi possível introduzir a quimioterapia devido ao
estado clinico da paciente em questão, foi realizado tratamento paliativo com manitol
e fentanil, sendo que a partir deste momento o prognóstico da paciente passou a ser
reservado. Porém, após três semanas contendo dor e acúmulo de líquidos a paciente
veio a óbito, sem ser submetida a qualquer outro tratamento se não somente o paliativo.
REFERÊNCIAS
DYCE, K.M; SACK, W.O. Tratado de Anatomia veterinária 4ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, p. 521 – 523, 2010.