Você está na página 1de 2

Estenose de narinas em cão: Relato de caso

Bianca Marfil Dias, Bianca Fiuza Monteiro, Anderson Coutinho da Silva, Nilton Abreu
Zanco
Última alteração: 29-09-2016

Introdução
A estenose de narinas é uma afecção observada frequentemente em raças
braquicefálicas. Pode ocasionar importantes alterações respiratórias, uma vez que o ar
fica restrito ao passar pelas narinas estenóticas, tornando-se necessário um esforço
inspiratório exagerado, resultando em dispneia leve à intensa. Essa afecção afeta qualquer
sexo e mais comumente cães que em gatos.
Os animais acometidos por esta síndrome apresentam sintomatologia variável de
acordo com o grau de obstrução, tendo como sinais clínicos respiração ruidosa, estertores,
cianose em mucosas e casos mais graves podem ter episódios de síncope.
O diagnóstico dessa síndrome pode ser feito com base nos sinais clínicos
apresentados pelo paciente, histórico clínico de obstrução das vias aéreas, predisposição
racial, aspecto visual das narinas e do palato mole longo. O tratamento dos pacientes
acometidos com esta síndrome é cirúrgico, tendo como objetivo desobstruir as vias aéreas
superiores. O presente estudo objetiva relatar a correção cirúrgica de estenose de narinas
em um cão da raça shih tzu, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Metodista
de São Paulo com consequente remissão dos sinais clínicos apresentados pelo paciente.

Relato de caso
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo, um
cão da raça shih tzu, macho, um ano de idade, com histórico de dificuldade respiratória e
cansaço fácil desde o nascimento. Ao exame clínico foi possível observar estenose de
narinas e estertor respiratório. Diante desse quadro indicou-se o tratamento cirúrgico para
correção das narinas estenóticas.
Desta forma, o animal foi submetido a uma anestesia geral e posicionado em
decúbito esternal e, com auxilio de uma lâmina de bisturi nº11 e pinça anatômica realizou-
se uma incisão em forma de “V” ao redor da pinça.
Removeu-se a cunha tecidual e reaproximando a área incisada com suturas
interrompidas simples com fio poliglecaprone 25 4-0. O procedimento foi feito
bilateralmente, obtendo-se resultado imediato de alargamento das narinas. Após o
procedimento cirúrgico, foi prescrito o uso por via oral de Meloxicam (0,1 mg/kg – SID
– 3 dias), Dipirona sódica (5 gotas – TID – 5 dias) e limpeza com solução fisiológica.
A cirurgia ocorreu sem intercorrências trans-operatórias e após 15 dias do
procedimento o animal recebeu alta cirúrgica com melhora evidente da dispneia e cansaço
fácil.
Discussão
Conforme descrito por Fossum e Duprey (2005), a estenose das narinas encontra-
se presente no nascimento; no entanto, muitos animais são apresentados para avaliação
entre dois a quatro anos de idade. No caso em questão o animal apresentava os sinais
clínicos desde o primeiro mês de vida e passou por uma avaliação com um ano de idade.
O diagnóstico baseia-se no histórico clínico com a presença de obstrução das vias
aéreas superiores e anamnese, atentando-se à predisposição racial da afecção (DOCAL
C.M. & CAMACHO A.A. 2008; FOSSUM T.W. & DUPREY L.P. 2005). Pelo histórico
do animal, anamnese e consequentemente por se tratar de um cão braquicefálico, o
diagnóstico pode ser confirmado e orientado a intervenção cirúrgica.
A técnica cirúrgica utilizada neste relato para correção da anormalidade anatômica
visou desobstruir as vias aéreas superiores, realizando-se uma excisão em forma de cunha
nas asas das narinas e posterior sutura das estruturas, técnica essa descrita por Fossum
(2005) e Docal e Camacho (2008).
O prognóstico desta síndrome depende da gravidade das anomalias e da habilidade
de corrigi-las cirurgicamente, entretanto, o colapso laríngeo é um indicador de
prognóstico ruim (NELSON e COUTO, 2001; FOSSUM e DUPREY, 2005). Neste caso,
como somente houve comprometimento das narinas, a correção cirúrgica foi suficiente
para a remissão dos sinais clínicos.
Conclusão
Em animais braquicefálicos é muito grande a ocorrência de alteração nas vias
aéreas superiores. A identificação dos sinais clínicos da síndrome braquicefálica
associado a exames complementares, podem fornecer informações relevantes e contribuir
para o diagnóstico e tratamento precoce, melhorando a qualidade de vida do animal além
de diminuir a ocorrência de alterações secundárias à síndrome.
.

Você também pode gostar