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OBSTRUÇÃO NASAL POR PROBLEMAS DE VÁLVULA E SEPTO NASAL

A obstrução nasal é um sintoma altamente prevalente na população, além disso, a relevância do


tema torna-se ainda maior quando levamos em consideração os potenciais prejuízos na qualidade de
vida e no sono do indivíduo.
A O.N. está associada a sintomas extranasais, incluindo cefaleia, fadiga, sonolência diurna e
distúrbios do sono. Também, indivíduos que apresentam O.N. e consequente respiração oral de
suplência na fase de crescimento facial apresentam maior prevalência no desenvolvimento craniofacial
e alterações na oclusão dentária.

Definição e Diagnóstico

Para um nariz respirar adequadamente, é


necessário que as estruturas internas (septo nasal,
cornetos nasais) e externas (cartilagem maior e
menor, ossos próprios nasais) estejam
harmonicamente posicionadas, facilitando o fluxo
aéreo nasal.
A região da área valvular, ou Optimus internum, é
uma área crucial nesse contexto, pois é a região
mais estreita da cavidade nasal e onde está
localizada a maior resistência ao fluxo aéreo nasal.
Segundo a lei de Poiseulle, pequenas obstruções
nessa área têm impacto clinicamente relevante na
respiração do paciente. A área valvular é dividida em:
• válvula nasal interna, formada pelo bordo caudal da
cartilagem alar maior e cartilagem septal.
• válvula nasal externa, formada pelo arcabouçonaro
ósseo da abertura piriforme e a cabeça do corneto
inferior.

É possível classificar a insuficiência de válvula nasal


em primária e secundária. As alterações primárias são
aquelas consegênitas ou adquiridas durante a vida,
enquanto as demais são secundárias a cirurgias ou
traumas.
O desvio do septo nasal causa obstrução direta, em maior ou menor grau, do fluxo aéreo nasal.
Muitas vezes está acompanhado de aumento dos cornetos inferiores, principalmente do lado
contralateral ao desvio, explicando a razão da obstrução bilateral em grande parte dos pacientes.
Dependendo da localização do desvio, pode haver desvio da pirâmide nasal. Em desvios caudais, além
da obstrução nasal, pode haver uma alteração da relação entre a columela e as narinas, causando
defeitos na posição e na simetria da ponta nasal. Os desvios septais localizados nos primeiros 3 cm da
cavidade nasal - área valvular - costumam estar associados a um maior grau de obstrução nasal.
Na história clínica, alguns fatores devem ser
investigados tentando se diferenciar quadros estáticos de
quadros dinâmicos, sazonais de perenes, uni de bilaterais.
O exame físico deve iniciar pela inspeção do nariz e
suas relações com a face, observando simetrias,
estreitamento ou pinçamento na área de válvula nasal e
rotação da ponta nasal. A observação deve ser realizada
em repouso durante a inspiração, procurando identificar o
colapso da parede nasal lateral. A palpação do nariz
avalia dados de sustentação do arcabouço cartilaginoso,
principalmente da ponta nasal.
A rinoscopia anterior deve inicialmente ser realizada
sem a introdução de espéculo para evitar distorções na
área da válvula nasal. Apenas a elevação da ponta nasal
pode ser suficiente para a primeira visualização das
estruturas.
A endoscopia nasal avalia com
mais detalhes a cavidade nasal e
suas estruturas, buscando também
compreender a relação do septo
nasal com as estruturas da
parede lateral do nariz.
A rinometria acústica permite
a determinação da área
transversal da cavidade nasal em
diferentes pontos, gerando um
panorama bidimensional da
cavidade nasal. Tem melhor
acurácia para medidas de área e volume nos primeiros 5 centímetros da cavidade nasal.
A tomografia computadorizada pode ser útil para identificar os desvios septais, principalmente em
casos complexos em que o exame físico não é conclusivo, assim como identificar alterações
concomitantes de seios da face.
O uso de fitas dilatadoras aumenta a área de válvula nasal. A impressão subjetiva do paciente a
respeito da qualidade de sua respiração nasal ao usar a fita dilatadora pode servir de teste
terapêutico, estimando o efeito de uma cirurgia para aumento da área da válvula nasal.

FATORES DE RISCO
• Ossos próprios curtos e cartilagem alar maior longa;

Eis
• Nariz hiperprojetado;
• Narinas estreitas;


Pinçamento visível da parede lateral à inspiração;
Cartilagens e pele fina; Içamos
i


Crura lateral da alar menor com posicionamento cefálico;
Trauma nasal. ç
TRATAMENTO
O tratamento da obstrução nasal por problemas de septo e válvula nasal é cirúrgico quando for
identificada deformidade anatômica estática ou dinâmica capaz de causar os sintomas do paciente.
A tentativa de tratamento clínico prévio à cirurgia é válida e tem como objetivo reduzir o edema de
mucosa e dos cornetos nasais que possa estar contribuindo para a obstrução nasal. Consiste em uso
diário de corticoide nasal tópico por três meses, associado à lavagem nasal com soro fisiológico.
No tratamento cirúrgico da O.N., pode-se atuar no desvio do septo, na área valvular ou nos cornetos
nasais.
Septo Nasal
A septoplastia é a cirurgia que
se propõe a corrigir o desvio
septal considerado obstrutivo. As
técnicas disponíveis variam
dependendo da experiência do
cirurgião e da complexidade do
desvio septal. Independentemente
da técnica, a cirurgia apresenta
grande benefício clínico e impacto
direto na qualidade de vida do indivíduo.
Válvula Nasal (área valvular)
Muitos otorrinolaringologistas
acreditam que a correção da
insuficiência valvular é uma questão
estética e só pode ser realizada por
aqueles que se dedicam à cirurgia
plástica do nariz.
Tem-se basicamente duas situações
distintas:
• Insuficiência de válvula nasal interna,
em que o problema está na cartilagem
lateral (lateral superior) e pode ser:
- Primária: característica intrínseca
do nariz;
- Secundária: ressecção exagerada
da cartilagem lateral em cirurgia prévia.
• Insuficiência de válvula nasal externa,
em que o problema está na cartilagem
alar maior (lateral inferior) e também
pode ser primária ou secundária.
Conclusão

A O.N. é uma situação prevalente,


com impacto negativo na qualidade
de vida e do sono, no crescimento
facial e tem repercussões em
estruturas vizinhas, como aeração
da orelha média e oclusão dentária.
em indivíduos com obstrução nasal,
o desvio do septo nasal e a
insuficiência de válvula nasal devem
ser investigados e tratados. O
diagnóstico diferencial de causa de
obstrução nasal é um passo
fundamental para o planejamento
cirúrgico e o sucesso terapêutico.

Luciano Rocha ATM 21/1

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