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SEMIOLOGIA OTORRINOLARINGOL”GICA
OTORHINOLARYNGOLOGIC SEMIOLOGY
Docentes do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo.
CORRESPONDÊNCIA: Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Campus Universitá-
rio - CEP: 14.048-900 - Ribeirão Preto - SP - FAX: (016) 633-5839
RESUMO: Nesta revisão dirigida ao graduando em Medicina e ao médico não especialista, apre-
sentou-se os principais elementos semiológicos das fossas nasais, seios paranasais, laringe, faringe
e ouvidos.
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A primeira posição, onde a cabeça do paciente na orofaringe de um lado e de outro da úvula, refletin-
está em ortostática, permite observar: do a imagem do cavum e da coana. Observamos en-
- para baixo, o soalho da fossa nasal; para dentro, o tão, cuidadosamente, a cauda dos cornetos, a borda
septo nasal; para fora, a cabeça do corneto nasal posterior do septo nasal, o teto do cavum com o tecido
inferior e a entrada, no meato inferior. O examina- linfóide adenoideano, a tuba auditiva na parede lateral, a
dor deve estar atento quanto à presença de conges- presença de pólipo, exsudatos ou degeneração da cauda
tão, hipertrofia ou mesmo degenerações polipóides dos cornetos, massas ou outras lesões.
no corneto inferior, deformidades no septo nasal, e,
principalmente, sua relação com o corneto inferior,
para se ter uma idéia da permeabilidade nasal. A
mucosa que reveste os cornetos pode se apresentar
rósea pálida, em processos alérgicos, ou vermelho
vivo, em processos infecciosos, agudos. É fundamen-
tal o uso de vasoconstrictores nos casos de conges-
tão do corneto inferior. Para tanto uma mecha de
algodão, embebida em solução de efedrina (0,25%
para crianças e 1% para adultos) é deixada na fossa
nasal por 10 minutos. Com isso, a retração do cor-
neto permitirá um exame mais correto e minucioso.
No meato inferior, procuramos exsudatos e corpos
estranhos que aí se localizam com freqüência.
A segunda posição, onde a cabeça do paciente
está em extensão permite observar:
- para fora, a cabeça do corneto médio; para dentro,
a porção alta do septo nasal. Entre as duas, há uma
pequena fenda, a fenda olfativa que conduz à
abóboda da fossa nasal, onde está a lâmina crivosa,
que dá passagem aos filetes do nervo olfativo. Os
desvios do septo, ou mesmo a hipertrofia dos cornetos
podem exigir, também, a vasoconstricção para me- Figura 2 - Rinoscopia posterior, mostrando a imagem
lhorar a visualização do corneto médio, ou meato refletida no espelho das coanas com a borda posterior do
médio, cuja inspeção tem grande importância na iden- septo nasal e cauda do corneto nasal inferior.
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a sensibilidade da mucosa faríngea, pesquisa dos cam- mo do espelho a ser usado é aquele que permite uma
pos linfonodais cervicais complementam a exploração boa mobilidade na orofaringe e que reflete todas as
semiológica da cavidade faríngea. Nos casos de indi- partes da hipofaringe e da laringe do doente. Prende-
cação, é importante lembrar o toque digital ou o uso do se à ponta da língua, protegida por um fragmento de
estilete, a colheita de material para exame bacterioló- gaze, com o polegar e o dedo médio da mão esquerda,
gico e a biópsia. procurando enrolá-la no próprio dedo médio, através
de uma pequena torção da mão. O dedo indicador
apóia-se na arcada dentária superior, e o anular e o
3 - LARINGE mínimo no queixo do paciente. Depois de proteger o
freio lingual com gaze, traciona-se, gentilmente, a lín-
Hoje, o laringologista dispõe de importantes gua através de um bloco só, formado pela mão es-
meios para um bom exame da laringe: exame externo, querda do médico, pelo rosto e língua do paciente.
laringoscopia indireta e fibroscopia. Pede-se ao paciente que não retire a língua, nem faça
movimentos de deglutição ou contrações faríngeas. A
3.1 - Exame externo boa colaboração do paciente e uma pequena nebuliza-
A inspeção da região laríngea já deve ser feita ção com solução de lidocaina de 10% na parede pos-
com a anamnese. Enquanto o paciente conta a histó- terior da orofaringe e base da língua, permitem um
ria de uma moléstia, o examinador está atento no tim- perfeito relaxamento da musculatura faríngea e cons-
bre da voz, na existência de ruídos dispnéicos, nos mo- tituem os elementos básicos para uma boa laringosco-
vimentos da saliências e reentrâncias da laringe, for- pia indireta. O espelho laríngeo de tamanho próprio,
madas às custas das cartilagens tireóideas e cricóideas, introduzido na faringe do paciente, é seguro com os
na presença de linfonodos hipertrofiados, na região dedos indicador, polegar e médio da mão direita como
carotídea, na mobilidade da laringe que desce, ligeira- se o médico estivesse segurando uma pena de escre-
mente, na inspiração e sobe na expiração. Em segui- ver. O espelho é colocado sob a úvula, rechaçando
da, faz-se a inspeção das regiões vizinhas, observan- para cima e para trás o palato mole (Figura 5). Cuida-
do-se a presença de tiragens nas regiões supra e infra- se para não tocar nas regiões amigdalianas e parede
claviculares ou external, diferenciando as dispnéias das posterior da faringe, zonas muito reflexógenas. Inicia-
estenoses laringotraqueobrônquicas, das pulmonares se, então, o exemplo metódico da imagem laringoscó-
ou medicamentosas. O próximo passo é a palpação pica e das zonas vizinhas, procurando movimentar li-
tanto na laringe como nas regiões vizinhas. Os edemas geiramente o espelho, mas mantendo-o sempre na
externos, abalamentos e pontos dolorosos na superfí-
cie da laringe auxiliam o diagnóstico de um câncer
avançado, de uma pericondrite, de um hematoma ou
mesmo de um abscesso laríngeo. Processos inflama-
tórios e dolorosos, na região aritenóidea podem ser
pesquisados comprimindo-se a laringe de encontro à
coluna cervical. Imediatamente, o paciente refere dor
na região correspondente. No caso de edema nas car-
tilagens tireóideas, ou infiltração, a sensação de crepi-
tação laríngea desaparece quando é pesquisada ao se
mobilizar a laringe, lateralmente, de encontro ao es-
queleto vertebral.
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posição horizontal. É aconselhável, também, seguir uma sicos do pavilhão auricular, bem como as malforma-
ordem no exame procurando passo a passo visualizar ções congênitas, a presença de cistos, fístulas congê-
todo o conjunto faringolaríngeo: bordo livre da epiglode nitas, coloboma, corpos estranhos, rolhas de cera e
e sua face laríngea; face faríngea da epiglode, pólipos no meato acústico externo, etc.
valéculas e ligamento glosso epiglótico; zonas
aritenóideas D e E, com as eminências de Wrisberg e 4.2 - Palpação
Santorini; bandas ventriculares D e E; silhueta glótica; Esse exame fornece elementos de valor na
cordas vocais D e E; comissura anterior; seios piri- orientação diagnóstica ao se comprovar pontos dolo-
formes D e E. Solicita-se ao paciente um maior rela- rosos à pressão do antro mastóideo nas mastoidites
xamento e uma inspiração profunda para melhor visua- agudas, ou da borda posterior da apófise mastóide, nos
lizar a silhuete glótica e estudar os movimentos das processos de tromboflebite do seio lateral, assim como
cordas vocais e zonas aritenóideas. Produzindo o fo- do pavilhão auricular nas otites externas agudas. Pode
nema “ I ”, o paciente levanta a laringe e a parede ante- revelar ainda, a presença de reações linfonodais pe-
rior da traquéia. Na maioria dos casos, a laringosco- riauriculares nos processos supurativos do ouvido ex-
pia indireta é realizada com certa facilidade. Entretan- terno e da caixa timpânica.
to, em outros se torna difícil. Existe doentes em que a
individualidade, a queda e a forma da epiglote e, espe- 4.3 - Otoscopia
cialmente, a sensibilidade nervosa não nos permitem Consiste no exame do meato acústico externo e
fazer uma boa laringoscopia indireta. Nestes casos, o da membrana timpânica, através do espéculo auricu-
timbre da voz, as disfagias e as dispnéias indicam sem- lar, empregando-se iluminação direta ou indireta (Fi-
pre uma fibroscopia ou laringoscopia direta ou micros- gura 6). Ao se introduzir o espéculo deve-se tracionar
copia da laringe, mesmo sob a anestesia geral. a orelha para cima e para trás, retificando desse modo
as sinuosidades do meato acústico externo. Na crian-
3.3 - Fibroscopia ça, especialmente no lactente, essa tração deve ser
Os nasofaringoscópios flexíveis, atualmente, fa- feita para baixo. Se o meato acústico apresentar rolha
zem parte de um exame de rotina para os pacientes ceruminosa, descamação do epitélio ou exsudatos, far-
com queixas de rouquidão, pois esse é um exame que se-á, previamente, cuidadosa limpeza, a fim de se pro-
pode ser feito no consultório com anestesia local. Os ceder ao exame da membrana timpânica, que, nor-
fibroscópios para o exame de laringe são de diâmetros
e comprimentos menores. A anestesia é local, não só
das mucosas da oro e hipofaringe, mas, também, da
laringe e da fossa nasal que apresenta maior amplitu-
de; é através dela que será introduzido o fibroscópio.
A imagem é um pouco menor, mas permite uma visão
estática e dinâmica da laringe. Os fibroscópios rígidos
são introduzidos, diretamente, na orofaringe, permitin-
do um exame menos incômodo para o paciente. A
fibroscopia é mais um meio diagnóstico que permite
um bom exame da laringe, a realização de biópsia, e
que evita qualquer terapêutica prejudicial de prova,
quando a laringe não pode ser bem visualizada.
4 - SISTEMA AUDITIVO
A exploração física do sistema auditivo consiste
na inspeção externa, palpação, otoscopia e otomicros-
copia.
4.1 - Inspeção
Figura 6 - Figura esquemática para mostrar a técnica do
Através de uma boa observação, torna-se pos- exame otoscópico (lado esquerdo).
sível reconhecer os processos inflamatórios e neoplá-
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ABSTRACT: In this review directed at medical students and non specialist physicians, the major
semiologic elements of the nasal fossae, paranasal sinuses, larynx, pharynx and ear are presented.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 3 - COSTA SS; CRUZ OLM & OLIVEIRA JAA. Otorrinola-
ringologia - Principio e prática. Artes Médicas, Porto Alegre,
1 - LOPES FILHO O & CAMPOS CAH. Tratado de otorrinola- 1994.
ringologia. Roca Editora, São Paulo, 1994.
Recebido para publicação em 04/03/96
2 - HUNGRIA H. Otorrinolaringologia. Guanabara Koogan Rio
de Janeiro, 1991. Aprovado para publicação em 14/03/96
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