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Airton Vieira Leite SegundoI | Maria Sueli Marques SoaresII | Emerson Filipe de Carvalho NogueiraIII |
Pedro Henrique de Souza Lopes III
RESUMO
O cisto nasolabial é classificado como um cisto não odontogênico de desenvolvimento da região oral e
maxilofacial. Ele representa uma lesão extra-óssea rara, correspondendo a apenas 0,7% de todos os cistos
que ocorrem na região maxilofacial. Clinicamente, ocorre como uma tumefação no lábio superior e na
região do sulco nasolabial, causando um aumento de volume na região alar nasal. Os autores relatam
dois casos de cisto nasolabial, enfatizando os aspectos clínicos, tomográficos, histológicos e técnicas de
excisão cirúrgica.
Descritores: Nasolabial; Cisto Não-Odontogênico; Cirurgia Oral
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ABSTRACT
The nasolabial cyst is classified as a non-odontogenic and development cyst of the oral and maxillofacial
region. It represents a rare extra-osseous lesion, corresponding to only 0.7% of all cysts that occur on the
maxillofacial region. Clinically, it occurs as a tumefaction in the upper lip, at the nasolabial furrow region,
causing a swelling on the nasal alar region. The authors report two cases of nasolabial cyst, emphasizing
their clinical, tomographic and histological aspects and techniques of surgical excision.
Descriptors: Nasolabial cyst; non-odontogenic cysts; oral surgery
I. Preceptor do Programa de Residência em Cirurgia Buco-maxilo-facial do Hospital Regional do Agreste, Mestre e Doutor / Universidade Federal
da Paraíba.
II. Professora Doutora de Estomatologia da Universidade Federal da Paraíba.
III. Residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Regional do Agreste, Caruaru – PE.
ISSN 1679-5458 (versão impressa) ISSN 1808-5210 (versão online) Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.13, n.4, p. 57-62 , out./dez. 2013
Afeta mais frequentemente indivíduos adultos, cinco meses. A história médica do paciente não
LEITE Segundo, et al.
com maior prevalência na quarta e quinta décadas tinha revelado significativas alterações sistêmicas.
de vida2,6. Há uma predominância considerável Durante a anamnese, a paciente negou cirurgia
do cisto nasolabial entre as mulheres 2,6,7,8
, na prévia, infecção ou trauma local.
proporção de 3:1 ou 4:1. Clinicamente, o cisto Durante o exame físico extra-oral, observou-
nasolabial apresenta-se como aumento de volume se um aumento de volume discreto na região
na região anterior do lábio superior, lateral à linha paranasal direita (Figura 1A), de aspecto móvel à
média, com uma elevação da região alar nasal e palpação. Através do exame intra-oral, observou-
atenuação do sulco nasolabial9. Dependendo das se uma diminuição do sulco gengivolabial direito
dimensões do cisto, pode resultar numa obstrução e nenhuma alteração da mucosa.
nasal ou instabilidade da prótese dentária superior. Foi solicitado radiografia panorâmica, a qual
A protuberância do sulco gengivolabial na região não demonstrou nenhuma alteração óssea. Em
do dente canino pode fechar o quadro clínico6 e seguida, solicitou-se tomografia computadorizada,
ocasionalmente ser bilateral 10,11
. onde foi observada uma lesão expansiva, arredon-
Como o cisto nasolabial origina-se nos tecidos dada, de contornos regulares, medindo 3,0 x 2,8
moles, na maioria dos casos não há alterações cm, localizada próxima a região alar nasal direita,
radiográficas. Ocasionalmente, pode ocorrer rea- anterior ao processo alveolar da maxila, causando
58 bsorção do osso subjacente pela pressão exercida discreta erosão óssea por pressão (Figura 1B). De
pelo cisto6. acordo com os achados clínicos e imaginológicos,
Os achados histopatológicos mostram um reves- a hipótese diagnóstica foi de cisto nasolabial.
timento do epitélio escamoso estratificado colunar,
epitélio respiratório, pseudo-estratificado colunar A B
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(Figura 3). O paciente está sob observação por seis aumento do volume da região. De acordo com os
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DISCUSSÃO imaginológicos, sendo confirmada após exame
LEITE Segundo, et al.
60 Como o cisto nasolabial se trata de uma pa- com aqueles apresentados por outros autores, em
tologia de tecido mole, os achados radiológicos que os resultados mais comuns são a diminuição
geralmente não aparecem . Barzilai 8 15
recomenda do sulco nasolabial e gengivolabial, o aumento de
tomografia computadorizada, a fim de avaliar com volume na região alar do nariz, aspectos radiográfi-
precisão, a extensão do cisto, enquanto Pruna e cos pobres e prevalência em mulheres. A tomografia
colaboradores16 sugerem uma ultra-sonografia. computadorizada com janela para tecidos moles
Imagens tiradas por ressonância magnética pode permitiu uma melhor avaliação da lesão. O trata-
completar o quadro de imagem10,17. Radiografias mento cirúrgico excisional com abordagem intraoral
panorâmicas foram solicitadas em ambos os casos foi bem indicada e recorrências não ocorreram.
clínicos descritos, para descartar envolvimento
ósseo. No primeiro caso, solicitou-se tomografia
computadorizada, o qual observou-se lesão de Referências
aproximadamente 3,0 x 2,8 cm envolvendo tecido 1. Chinellato LEM, Damante JH. Contribution of
mole. Como a ressonância magnética não iria radiographs in the diagnosis of nasoalveolar
alterar o planejamento cirúrgico em nenhum dos cyst. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral
casos, optou-se pela não realização. Radiol Endod, 1984, v.59, p.729-735.
O padrão histopatológico revela um epitélio 2. Shear M. Developmental odontogenic cysts. An
colunar pseudoestratificado com células ciliadas update. J Oral Pathol Med, 1994, n.23, p.1-
e células de Goblet3, corrobando com os achados 11.
dos casos referidos no presente artigo. Neville e
3. Shinohara EH, Perin SV, Carvalho Jr JP. Cisto
col.6 ainda afirmam que pode ocorrer epitélio
nasolabial – relato de caso. BCI, 2001, v.8,
cubóide e áreas de metaplasia escamosa. A hi-
n.29, p.15-18.
pótese diagnóstica de cisto nasolabial dos casos
referidos foi embasada pelos achados clínicos e 4. Cardoso AJO, Frota R, Carvalho Filho FV,
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CEP: 54753-220
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