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Em uma audiometria, por

que o limiar sonoro por


via aérea deve ser maior
ou igual ao limiar medido
por via óssea?

2.1 EXAMES DE IMAGEM


2.1.1 Radiografia de cavum
Trata-se de radiografia simples da nasofaringe em perfil. Estando
o paciente com a boca aberta e fechada, é possível a avaliação
indireta do tamanho da adenoide e do grau de obstrução da
rinofaringe causado por ela.
2.1.2 Radiografia de seios paranasais
Muito utilizada no passado para a avaliação de rinossinusites, tem
baixa sensibilidade e especificidade para a avaliação de quadros
agudos, já que não diferencia processos inflamatórios de
infecciosos (Figura 2.1).

#importante
Por sua baixa especificidade e
sensibilidade, a radiografia dos seios da
face não deve ser solicitada para
diagnóstico de sinusite aguda.

Figura 2.1 - Radiografia de seios paranasais

Fonte: Inter-Observer and Intra-Observer Variability in the Assessment of The


Paranasal Sinuses Radiographs, 2005.

2.1.3 Radiografia de ossos nasais


Utilizada para avaliar os ossos nasais, principalmente na suspeita
de fratura, quando realizada em perfil permite a avaliação da
integridade e do alinhamento dos ossos nasais (Figura 2.2).

#importante
Em crianças, aparentes linhas de fratura
nos ossos nasais podem corresponder à
região de fusão óssea.
Figura 2.2 - Ossos nasais em perfil

Nota: observar a fratura e o desalinhamento.


Fonte: Fracture Nasal Bones, 2013.

2.1.4 Tomografia computadorizada de seios paranasais


Na Tomografia Computadorizada (TC) de seios paranasais, as
imagens mais utilizadas são as de cortes axiais e coronais,
principalmente em janelas de partes ósseas. Em geral, espera-se
que as fossas nasais e os seios paranasais estejam preenchidos
por ar (preto). Seu velamento (conteúdo com densidade de partes
moles — cinza) indica a retenção de secreções ou a presença de
lesão ocupando a luz das estruturas. As principais estruturas
visualizadas e suas alterações são:
▶ Septo nasal: presença de desvios;
▶ Cornetos inferiores: hipertrofia ou atrofia;
▶ Concha média: alterações anatômicas, concha bolhosa —
preenchida por ar;
▶ Meato médio: infundíbulo — região de drenagem do seio maxilar
—, seios etmoidais anteriores, drenagem do seio frontal; o
velamento dessa região geralmente ocorre em sinusites, ou
secundariamente a polipose e tumores nasais;
▶ Seio maxilar: velamento que indica processo patológico;
▶ Seios etmoidais: em geral, acometidos com a região do meato
médio;
▶ Seio frontal e esfenoide: segue os princípios dos demais seios;
▶ Órbita: avaliação da lâmina papirácea e seu acometimento em
sinusites;
▶ Base do crânio: avaliação da lâmina cribriforme ou crivosa.
As imagens obtidas com janelas para partes moles são úteis para
a visualização de tumores e patologias não ósseas da região. No
entanto, fornecem menos detalhes anatômicos. Os cortes
sagitais auxiliam na visualização do seio frontal e de seu óstio de
drenagem.
Figura 2.3 - Tomografia computadorizada de seios paranasais normal

Legenda: (1) órbita/globo ocular; (2) seio maxilar; (3) septo nasal; (4) corneto inferior;
(5) infundíbulo maxilar; (6) célula etmoidal infraorbitária (Onodi); (7) concha média;
(8) etmoide; (9) lâmina cribriforme; (10) lâmina papirácea.
Fonte: site CornerStone — Ear, Nose & Throat.

Figura 2.4 - Tomografia computadorizada de seios paranasais mostrando


velamento maxilar esquerdo por sinusite infecciosa
Fonte: Variações anatômicas e sinusopatias: estudo por tomografia
computadorizada, 2002.

As principais patologias que alargam o infundíbulo maxilar


(comunicação do seio maxilar com meato médio) são o pólipo de
Killian, o papiloma invertido, a mucocele maxilar e a sinusite
fúngica.
Figura 2.5 - Pólipo de Killian, ou antrocoanal
Fonte: Adenoid cystic carcinoma of palate: A case report and review of literature,
2013.

Figura 2.6 - Papiloma invertido


Figura 2.7 - Mucocele maxilar
Fonte: Endoscopic sinus surgery for maxillary sinus mucoceles, 2006.

Figura 2.8 - Sinusite fúngica


Fonte: The many faces of fungal disease of the paranasal sinuses: CT and MRI
findings, 2013.

2.1.5 Tomografia de ouvidos


Usam-se predominantemente as imagens em janelas de partes
ósseas, uma vez que se avalia a região do osso temporal.
Normalmente, cavidade timpânica, o mastoide e o Conduto
Auditivo Externo (CAE) estão bem aerados. As principais
estruturas avaliadas são:
▶ CAE: integridade óssea, tumorações, erosões;
▶ Cadeia ossicular: integridade e continuidade; deslocamentos e
malformações;
▶ Cavidade timpânica: velamento e erosões. Observar a região de
tegmen tympani — base do crânio. Acompanhar trajeto do nervo
facial — deiscências de seu canal ósseo;
▶ Esporão de Chaussé: correspondente à projeção da parede
superior do CAE no interior da caixa timpânica; erosão sugestiva
de colesteatoma;
▶ Mastoide: velamento e aeração; mastoides ebúrneas — poucas
células aeradas — que indicam processos crônicos;
▶ Orelha interna: malformações — Mondini; deiscências de canais
semicirculares.

#importante
Coalescência, destruição do trabeculado
ósseo, ocorre em otomastoidite de rápida
evolução.

2.1.6 Tomografia de pescoço


É utilizada para diversos fins. Os cortes axiais em janelas de
partes moles com uso de contraste permitem melhor visualização
dos vasos sanguíneos e são os que normalmente fornecem maior
número de informações. Esse é o principal método utilizado para
avaliar a extensão de abscessos, como os periamigdalianos. As
principais estruturas são:
▶ Palato: deve apresentar-se na linha média, simétrico e sem
abaulamentos;
▶ Rinofaringe, orofaringe e hipofaringe: devem seguir os
princípios descritos. Atenção especial deve ser dada às fossetas
de Rosenmüller;
▶ Cavidade oral: avaliar língua e estruturas relacionadas;
▶ Glândulas salivares: presença de tumorações, abaulamentos e
cálculos em seus ductos;
▶ Laringe: espaço aéreo, integridade das cartilagens e presença
de tumorações;
▶ Tireoide: posição, textura e tamanho. Verificar a presença de
cistos ou nódulos;
▶ Vasos: os principais vasos são as artérias carótidas internas e
externas, além de veias jugulares internas, externas e anteriores;
▶ Linfonodos: avaliar tamanho, número, forma e presença de
necrose no interior;
▶ Espaços cervicais profundos: em vigência de abscessos
cervicais, avaliar a extensão e as estruturas relacionadas.
Figura 2.9 - Tomografia computadorizada de pescoço, corte axial, janelas de
partes moles, com uso de contraste intravenoso
Legenda: (1) corpo da mandíbula; (2) músculo gênio-hióideo; (3) músculo milo-
hióideo; (4) corno menor do osso hioide; (5) glândula submandibular; (6) corno
maior do osso hioide; (7) veia jugular externa; (8) artéria carótida externa; (9) artéria
carótida interna; (10) veia jugular interna; (11) corpo de C4; (12) lâmina de C4; (13)
espinha de C4; (14) pilar articular; (15) forame intervertebral; (16) músculo trapézio;
(17) músculo esternocleidomastóideo; (18) faringe; (19) epiglote; (20) valécula; (21)
prega glossoepiglótica medial; (22) corpo do osso hioide.
Fonte: site About Cancer.

2.1.7 Ressonância magnética de mastoides/ouvidos


A Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de mastoides/ouvidos é
usada para o diagnóstico e o estadiamento de tumores locais —
glomo, neurinomas —, a avaliação pré-implante coclear e a
suspeita de fístulas liquóricas otogênicas. Também é essencial no
acompanhamento de recidivas de colesteatoma utilizando-se a
técnica de difusão.

#importante
A ressonância de ouvidos é mandatória
em casos de perdas auditivas
neurossensoriais assimétricas para
excluir presença de tumor de orelha
interna.

Figura 2.10 - Ressonância nuclear magnética de ouvido interno — Sistema


nervoso central
Nota: observar o conduto auditivo interno, setas magentas, e os canais
semicirculares laterais, setas brancas.

2.1.8 Ressonância de nariz e seios da face


É usada, geralmente, para o diagnóstico do estadiamento de
tumores locais, como estesioneuroblastoma e carcinomas
espinocelulares e a avaliação de complicação intracraniana de
sinusites.
2.1.9 Exame ultrassonográfico
Método de escolha para avaliação de estruturas cervicais
relativamente superficiais, sem necessidade de exposição a
radiação ou contraste. É utilizado principalmente para avaliação
de:
▶ Glândulas salivares:
▷▷Lesões tumorais bem ou mal definidas, com ou sem sinais de
invasão periférica;
▷▷ Processos inflamatórios crônicos ou agudos: aumento da
vascularização e fluxo sanguíneo, alterações parenquimatosas;
▷▷ Abscessos: coleção líquida com sinais de processo
inflamatório periférico;
▷▷ Sialolitíase: presença de imagem hipoecogênica, geralmente
com sombra acústica.
▶ Linfonodos: avaliação da quantidade e aspecto de linfonodos
cervicais e intraórgãos, principalmente glândulas salivares.
▷▷ Linfonodos normais: hipoecoico, aspecto oval, medindo até 1
cm por 0,5 cm no maior e menor eixo, respectivamente. Possível
visualização de hilo linfonodal;
▷▷ Linfonodo inflamatório ou reativo: geralmente há aumento do
fluxo através do hilo, aumento em tamanho, com preservação do
hilo, parênquima hipoecoico e formato ovoide. Em casos severos
pode haver sinais de supuração ou abscessos;
▷▷ Linfonodo maligno: geralmente há sinais de neovascularização
em área capsular, vasos hilares aberrantes e possível sinal de
necrose intranodal.
▶ Tireoide: tem uma aparência homogênea, a cápsula pode
aparecer como uma linha hiperecoica fina. Volume de 10 a 15 mL
para mulheres e 12 a 18 mL para homens. Alterações da
ecogenicidade do órgão podem sugerir processos inflamatórios
crônicos ou agudos;
▶ Nódulos: deve-se avaliar tamanho, posição, ecogenicidade,
calcificação, margens, halo e vascularização. Baseados nessas
características, podemos sugerir malignidade dos nódulos.
Em casos de lesões suspeitas à ultrassonografia, frequentemente
se realiza a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) guiada pela
ultrassonografia. Esse teste permite avaliação da celularidade.
Em casos inconclusivos, pode-se realizar a punção com biópsia,
removendo-se fragmentos da lesão.
2.2 EXAMES ENDOSCÓPICOS
2.2.1 Nasofibrolaringoscopia
A nasofibroscopia fornece uma avaliação de resolução menor do
que a endoscopia rígida. Com um aparelho de fibra ótica flexível,
introduzido pelas narinas, podem-se examinar detalhadamente:
fossas nasais — cornetos, meatos, óstios de seios, septo nasal;
rinofaringe — óstios tubários, fossetas de Rosenmüller e palato
mole; e laringe — base da língua, epiglote, aritenoides, pregas
vocais e infraglote.
Figura 2.11 - Nasofibroscopia de nariz
Legenda: (A) concha nasal inferior; (B) concha nasal média; (C) septo nasal.
Fonte: adaptado de Ressecção endoscópica de nasoangiofibroma, 2006.

2.2.2 Telescopia laríngea rígida


É realizada sob anestesia tópica com spray de lidocaína na
orofaringe, com introdução do aparelho pela cavidade oral. O
endoscópio laríngeo rígido angulado fornece imagem com mais
detalhes do que o flexível, mas tem mobilidade reduzida e
desencadeia maior reflexo de náuseas.
Figura 2.12 - Endoscopia laríngea com aparelho rígido
2.2.3 Telescopia laríngea com estroboscopia
Usa-se a mesma técnica descrita pela telescopia laríngea rígida,
porém associada a uma fonte de luz estroboscópica. Essa luz é
sincronizada com a frequência fundamental da voz e permite
avaliar a vibração das pregas vocais com grande riqueza de
detalhes, semelhante à câmera lenta. Esse método permite maior
acurácia no diagnóstico de alterações estruturais mínimas de
laringe e de outras pequenas lesões (Figura 2.13).
Figura 2.13 - Visualização estroboscópica da vibração das pregas vocais, na qual
pode-se avaliar tal processo com grande riqueza de detalhes
Fonte: Видеоларингоскопическая картина голосового аппарата у пациентов с
различными формами хронического ларингита [imagem videolaringoscópica
da voz em pacientes com várias formas de laringite crônica (tradução literal)], 2016.

2.2.4 Videoendoscopia da deglutição —


Videodeglutograma
O exame é usado em casos específicos e avalia a função de
deglutição por meio da nasofibrolaringoscopia, realizada
enquanto o indivíduo ingere alimentos corados. É possível
observar a movimentação da língua levando o bolo alimentar, a
elevação da laringe e o fechamento da glote.
Quadro 2.1 - Principais testes endoscópicos faringolaríngeos
2.3 TESTES AUDITIVOS
2.3.1 Audiometria tonal
A audiometria determina, para cada frequência sonora audível, a
menor intensidade detectável em via aérea e via óssea (Figura
2.14). São testadas frequências que vão de 250 a 8.000 Hz, e as
intensidades são medidas em decibéis (dB). Graficamente,
obtém-se uma curva em que, nas abscissas, estão as frequências
sonoras testadas e, nas ordenadas, está a intensidade sonora.
Vale ressaltar que, no gráfico audiométrico, há a “inversão” dos
valores nas ordenadas, ou seja, as maiores intensidades testadas
encontram-se na região mais baixa do gráfico e as menores, na
região mais alta.
Figura 2.14 - Audiometria
Legenda: (A) audiometria por via aérea — o fone é colocado no canal auditivo e o
som percorre, na sequência, conduto auditivo, membrana timpânica, cadeia
ossicular, cóclea, nervo auditivo; (B) audiometria por via óssea — o diapasão é
colocado junto ao osso temporal, e a vibração sonora é transmitida diretamente à
cóclea e, em seguida, ao nervo auditivo.
Fonte: adaptado de Missorla.

2.3.1.1 Audiometria por via aérea

Determina a menor intensidade sonora detectada por sons


transmitidos por via aérea, ou seja, por meio de fone colocado no
ouvido (CAE) do paciente (Figura 2.15).
Figura 2.15 - Audiograma normal de via aérea

Nota: observe que os menores sons detectáveis pela orelha direita são marcados
por círculos vermelhos, enquanto a orelha esquerda é marcada por um “X” azul.
Há, também, uma reta marcando o limiar da normalidade. Considera-se que há
alguma perda auditiva quando a detecção do som ocorre em intensidades
maiores que 25 dB.
Fonte: adaptado de Improving detection of adolescent hearing loss, 2011.
2.3.1.2 Audiometria por via óssea

Determina a menor intensidade sonora detectada por sons


transmitidos por via óssea, ou seja, por meio de vibrador ósseo
(diapasão) colocado na região retroauricular — mastoide. Assim,
transmite-se o som diretamente à cóclea sem o uso do complexo
tímpano-ossicular.
Os limiares de detecção dos sons por via aérea e óssea devem ser
coincidentes e menores do que 20 dB. Pacientes com detecção
de sons em intensidades acima dessa apresentam algum grau de
perda auditiva ou disacusia.
As curvas das vias aérea e óssea são representadas no mesmo
gráfico, e, quando presente, a diferença entre os limiares ósseos e
aéreos é denominada gap, ou diferença aéreo-óssea. Os
principais tipos de perda auditiva são:
▶ Neurossensorial:
▷▷ Os limiares auditivos por via aérea e via óssea coincidem e
ambos são maiores do que 25 dB;
▷▷ Geralmente esse tipo de perda decorre de lesões cocleares
como presbiacusia, ototoxicidade e perda por ruído ou nervosas
— neurinomas do NC VIII.
▶ Condutiva:
▷▷ O limiar auditivo por via aérea é maior do que 25 dB, e o limiar
auditivo por via óssea está dentro do normal (menor do que 25
dB);
▷▷ É sugestivo de patologias da orelha externa e da orelha média,
como as malformações, as otites médias — aguda, crônica e
secretora — e a desarticulação da cadeia ossicular pós-
traumática.
▶ Mista:
▷▷ Tanto o limiar ósseo quanto o aéreo são maiores do que 25 dB,
mas não são coincidentes, sendo o limiar por via aérea maior do
que o limiar por via óssea;
▷▷ É um tipo de perda menos comum, em geral decorrente de
patologias que acometem as orelhas média e interna (como
otosclerose, malformações ou alguns traumas de osso temporal).
2.3.1.3 Audiometria vocal

O examinador pronuncia palavras padronizadas em intensidades


predeterminadas de acordo com a audiometria tonal e solicita ao
paciente que as repita. Esse exame tem a função de confirmar o
limiar audiométrico por via aérea e determinar a capacidade de
discriminação da fala.
2.3.2 Timpanometria ou impedanciometria
Mede a complacência ou mobilidade da membrana timpânica em
função de pressões aplicadas no CAE. São possibilidades de
curvas de complacência:
▶ Curva A: é normal;
▶ Curva Ar ou As: é sugestiva de rigidez da cadeia ossicular, como
na otoesclerose. Essa rigidez restringe a movimentação da
membrana timpânica;
▶ Curva Ad: é sugestiva de desarticulação da cadeia ossicular ou
de formação de cicatrizes no tímpano — neotímpano. Nessa
situação, a ausência de pressão bariátrica na membrana permite
sua intensa mobilidade;
▶ Curva B: é sugestiva de secreção na orelha média. A secreção
impede a mobilização tanto interna quanto externa da membrana,
de forma a não haver formação de “pico” de mobilidade;
▶ Curva C: é sugestiva de disfunção da tuba auditiva. A membrana
encontra-se retraída em direção à caixa timpânica. Por isso,
quando aplicada pressão negativa no CAE, a membrana é
“aspirada” de volta à sua posição original e, assim, tem seu pico de
mobilidade em pressões negativas.
2.3.3 BERA (audiometria de tronco encefálico)
A condução do estímulo sonoro até o sistema nervoso central
segue este caminho (Figura 2.16):
▶ Vibração da membrana timpânica;
▶ Vibração da cadeia ossicular e estimulação da cóclea;
▶ Ativação do órgão de Corti e ativação do nervo auditivo NC VIII;
▶ Ativação do núcleo coclear ventral;
▶ Ativação do núcleo coclear dorsal;
▶ Ativação do complexo olivar superior;
▶ Ativação do núcleo do lemnisco lateral.
O BERA é realizado por meio da estimulação sonora no CAE com
fones de ouvido e a captação do impulso nervoso gerado por tal
estímulo. Para isso, são usados eletrodos fixos à pele do paciente.
Obtém-se uma curva que demonstra os instantes em que o
estímulo atingiu as principais estruturas anatômicas da via
auditiva (Figura 2.16). O BERA é um teste objetivo que não
depende da resposta voluntária do indivíduo. Aplica-se esse teste
em:
▶ Pacientes com suspeita de simulação de perda auditiva;
▶ Crianças de até 4 anos, pois mede grosseiramente o limiar
auditivo e independe da resposta do indivíduo;
▶ Crianças recém-nascidas com fatores de risco para perda de
audição, segundo as orientações da triagem auditiva neonatal;
▶ Triagem de lesões neurodegenerativas ou neurinomas de NC
VIII: quando presentes, elas retardam o tempo de aparecimento
da onda I.
Figura 2.16 - Estruturas centrais avaliadas e suas ondas geradas (I a VII) na
audiometria de tronco encefálico

Fonte: adaptado do site Neurologic Labs.


2.3.4 Emissões otoacústicas
O órgão de Corti, na orelha interna, transforma o estímulo
mecânico vibratório, endolinfa, em estímulo elétrico que percorre
o NC VIII. Nesse processo, o órgão gera ruídos que podem ser
captados por fones ultrassensíveis colocados no CAE. A
emissões otoacústicas são geradas pela contração das células
ciliadas externas.
Esse teste é utilizado como triagem auditiva neonatal, chamado
teste "da orelhinha". É utilizado por apresentar alta sensibilidade.
A ausência de respostas pode indicar perda auditiva de graus
variados, mas precisa ser mais bem avaliada por apresentar
muitos falsos negativos e deve ser testada novamente em 30
dias.
2.3.5 Eletrococleografia
Usada na suspeita de doença de Ménière, testa os potenciais
nervosos gerados no NC VIII após a estimulação sonora.
Seus principais parâmetros são a intensidade do Potencial de
Ação (PA) e do Potencial de Somação (PS), gerados no nervo. A
relação PS-PA maior do que 30% sugere hidropisia endolinfática,
mas não é patognomônica da doença.
2.4 TESTE OTONEUROLÓGICO
A avaliação do comportamento do nistagmo é fundamental para
o correto diagnóstico das vestibulopatias periféricas. Avaliamos a
função do vestíbulo através de sua conexão com o sistema ocular.
Nesse exame, testa-se a motilidade ocular voluntária e
involuntária, além da ocorrência e da intensidade no nistagmo em
diversas situações; o principal passo desse teste é realizado
quando se procede ao aquecimento ou resfriamento unilateral do
CAE com água corrente em temperatura entre 30 e 44 °C.
Nessas situações, geram-se correntes de convecção nos canais
semicirculares laterais, com consequentes estimulação labiríntica
e geração de estímulo neurológico de sensação de rotação. Em
seguida, há o aparecimento de nistagmo reflexo, cuja intensidade,
associada às demais informações obtidas no exame, permite
sugerir o tipo e a topografia da lesão labiríntica em curso.
2.5 POLISSONOGRAFIA
Consiste na avaliação quantitativa de parâmetros variáveis
durante o sono e da inter-relação entre esses parâmetros. É
utilizada em pacientes com suspeita de síndrome de apneia e
hipopneia obstrutiva do sono ou com outros distúrbios do sono.
Nesse teste, o paciente dorme no laboratório, e monitorizam-se,
simultaneamente: frequência cardíaca; frequência respiratória;
oximetria; pressão arterial; tônus muscular; eletroencefalograma;
fluxos aéreos nasal e oral; expansões torácica e abdominal;
decúbito; ocorrência e intensidade de roncos; movimentos
oculares.
Diante desses parâmetros, podem-se determinar a ocorrência e a
frequência média de apneias noturnas e seu grau de interferência
na qualidade do sono — Índice de Apneia e Hipopneia (IAH). Nos
adultos, os índices são definidos como:
▶ Normal: zero a cinco;
▶ Apneia leve: cinco a dez;
▶ Apneia moderada: maior que 15 e menor que 30;
▶ Apneia grave: maior ou igual a 30.
#importante
Em crianças, os parâmetros de
normalidades são discutidos, porém
aceita-se como normal um Índice de
Apneia e Hipopneia (IAH) de 0 a 1, sendo
IAH maior que 1 sugestivo de síndrome
da apneia obstrutiva do sono.

As apneias podem ser classificadas quanto à origem como:


▶ Obstrutivas: decorrem de colabamento das vias aéreas durante
o sono, secundariamente a hipotonia muscular e alterações
anatômicas. Não há diminuição do estímulo neurológico para a
respiração, e as contrações musculares torácicas-diafragmáticas
estão mantidas;
▶ Centrais: decorrem da redução da ventilação por diminuição do
estímulo nervoso para a respiração durante o sono. É comum em
neuropatias;
▶ Mistas: trata-se da combinação das apneias obstrutivas e
centrais, situação mais rara.

Em uma audiometria, por


que o limiar sonoro por
via aérea deve ser maior
ou igual ao limiar medido
por via óssea?
Conforme discutido no capítulo, para medição do limiar
por via aérea, o fone é colocado na abertura do conduto
auditivo externo. Dessa forma, o som deve atravessar: o
conduto auditivo, membrana timpânica e cadeia
ossicular até alcançar a cóclea, onde o estímulo
vibratório sonoro é convertido em estímulo nervoso. Já
para medição do limiar por via óssea, coloca-se um
vibrador ósseo (diapasão) em contato com alguma
saliência do osso temporal, geralmente a ponta da
mastoide; dessa forma, o estímulo vibratório ósseo
estimula diretamente a cóclea sem passar pelas três
primeiras estruturas. Sendo assim, o limiar por via aérea
deve ser maior ou igual àquele medido por via óssea.
Por essa razão, é possível ouvir por um fone de ouvido
encostado no crânio. Existem fones de ouvido que
foram projetados para serem usados no osso da
mastoide e conduzem o som direto para a cóclea
apenas por vibração óssea. Esse mesmo mecanismo é
utilizado por próteses vibratórias ancoradas no osso em
pacientes que apresentam malformações da orelha
externa e média.
Universidade Federal do Ceará - Processo Seletivo
Unificado
O processo seletivo UFC-PSU é composto por duas fases: um
exame escrito, seguido da análise curricular do candidato. É
preciso ter em mente que na prova escrita deverão ser
respondidas 100 questões de múltipla escolha, com quatro
alternativas cada. Não deixe de estudar as áreas do
conhecimento de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria,
Ginecologia e Obstetrícia e Medicina Preventiva e Social.
Lembrando que uma boa pontuação nas questões da área da
Medicina Preventiva pode te ajudar a ser melhor colocado nessa
avaliação.
A prova geralmente apresenta uma grande quantidade de
questões sobre casos clínicos, então estude tratamentos,
diagnósticos e melhores condutas. Alguns dos temas que você
pode esperar encontrar na avaliação são Medicina de Família e
Comunidade, atenção primária à saúde e Estratégia Saúde da
Família, Neonatologia, parto, assistência ao pré-natal, doenças
infecciosas, doenças alérgicas em Pediatria, aleitamento materno,
cuidados pré-operatórios e atendimento inicial ao
politraumatizado.
UFC-PSU | 2020
Homem de 52 anos foi avaliado por queixa de cefaleia occipital
frequente, fadiga e sonolência diurna. Sedentário, também referia
dispneia aos esforços mais acentuados como correr ou subir
escadas. Ao exame, apresentava IMC = 32,5 kg/m2,
circunferência abdominal = 102 cm, PA = 150x100 mmHg, pulso =
95 bpm. Abdome: globoso por adiposidade e sem estrias. Exames
bioquímicos: glicemia = 118 mg/dL, A1C = 5,5%, colesterol = 225
mg/dL, HDL = 32 mg/dL, triglicérides = 335 mg/dL, LDL = 126
mg/dL. Foi prescrito losartana e recomendado mudanças no estilo
de vida.

Legenda: IMC: Índice de Massa Corporal; PA: Pressão Arterial; bpm: Batimentos
Por Minuto; A1C: hemoglobina glicada.

Qual conduta adicional seria a mais indicada?


a) solicitar polissonografia para investigar apneia do sono
b) prescrever ácidos graxos de ômega 3 para promover elevação
do HDL
c) indicar cirurgia bariátrica para tratar a obesidade e prevenir
diabetes tipo 2
d) dosar microalbuminúria e proteína C reativa para confirmar
síndrome metabólica
Gabarito: a
Comentários:
a) Pacientes com queixa de sonolência excessiva diurna devem
sempre ser submetidos a polissonografia para avaliar apneia
obstrutiva do sono. A síndrome da apneia obstrutiva do sono está
estritamente relacionada a hipertensão arterial sistêmica,
dislipidemia e alterações no metabolismo da glicose.
b) A mudança do estilo de vida com dieta e atividade física deve
ser a primeira opção para este paciente.
c) Paciente sedentário com alto IMC deve primeiramente ser
acompanhado com equipe multidisciplinar para mudanças no
estilo de vida. A cirurgia bariátrica não deve ser conduta inicial.
d) De acordo com os critérios de síndrome metabólica este
paciente não necessita de proteína C reativa para confirmação.

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