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Aspiração de

corpos estranhos
e Aspiração de
suco Gástrico. Urgência e Emergências médicas
Discente: Daniel Carlos B. Patrocínio
Aspiração de corpos
estranhos
Aspiração de corpos estranhos
É a quarta causa de mortes acidentais em todas as
idades;
Cerca de 90% são menores de 5 anos;
Idade mais comum entre 6 meses e 4 anos (molares
ainda não apareceram, mastigação precária, leva
tudo à boca);
É 2x mais frequente em meninos;
A maioria é expelida e jamais requer auxílio médico;
Objetos
Maioria por materiais orgânicos (amendoim, feijão, pipoca, carne,
sementes);
Outros (moeda, anel, tampinhas de caneta, pedaços de plástico-
são de mais dificíl dignóstico;
Nível socioeconômico é fator de risco devido à não orientação
quanto a alimentação correta;
Manifestações clínicas
No momento: engasgo, excesso de tosse, crises
de cianose e perda dos sentidos;
Após a fase aguda: oligossintomático;
Sintomas dependem do local da obstrução, e do
objeto;
Laringe
Se obstrução total: 45% mortalidade;
Parcial: rouquidão, estridor, disfonia, afonia, odinofagia,
hemoptise, dispnéia;
Supra glóticos: fixos ou móveis, podem levar a espasmo reflexo.
Pode levar a tosse metálica, afonia taquipnéia, cianose e agitação;
Subglóticos: raro, geralmente confundido com laringite, inclusive
com melhora da sintomatologia com o uso de medicamentos para
laringite. Hipótese de CE se com evolução prolongada, atípica e com
característica recidivante;
Traqueia
Raro;
CE móvel, durante a inspiração impacta com a carina e
durante a expiração, impacta com as cordas vocais;
Ruflar de bandeira;
Criança clinicamente bem, asculta pulmonar e Rx do tórax,
leva impressão de quadro benigno;
É uma emergência endoscópica devido ao risco de morte
subida por impactação na glote;
Brônquios
Principal localização de CE, mais frequente em brônquio direito
pode se manisfestar com poucos sintomas até pneumonias
graves de difícil tratamento, com para bronquiectasias;
Três mecanismo básicos: que são dinâmicos e se alteram com o
tempo;
1) Obstrução brônquica parcial: CE pequenos ou ocos;
2) Obstrução brônquica parcial do tipo valvular;
3) Obstrução Brônquica total;
Diagnóstico
História clínica, na maioria das vezes a aspiração é
presenciada por alguma pessoa;
Analisar a situação em que a criança estava no
momento do acidente (ex: comendo amendoim,
brincando com grãos de feijão);
Quando não há antecedentes de aspiração essa
hipótese deve ser considerada em crianças com
doença pulmonar não característica de difícil
resolução;
Exames de imagem
Se o objeto for radiopaco pode ser visualizado
diretamente;
Rx de toráx inspirado e expirado (hiperinsuflação,
atelectasia, consolidação);
Broncoscopia- diagnóstico e terapêutico: Não há sinal
ou sintoma isolado capaz de discriminar a presença de
corpo estranho em vias aéreas. Se houver suspeita de
aspiração de CE, a broncoscopia é necessária;
Hiperinsuflação: Quando o pulmão está muito insuflado
(distendido), pode ser relacionado a uma inspiração profunda,
biotipo ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), como
enfisema. É aconselhável avaliação do exame por um radiologista
ou pneumologista.
Atelectasia: A atelectasia é o colapso do tecido pulmonar com
perda de volume. Os pacientes podem ter dispneia ou insuficiência
respiratória se a atelectasia for extensa. Eles também podem
desenvolver pneumonia. A atelectasia costuma ser assintomática,
mas hipoxemia e dor torácica pleurítica podem estar presentes em
certos casos.
Diagnóstico diferencial
Laringites
Crises asmáticas
Pneumopatias crônicas ou de repetição
Tratamento
Prevenção;
Remoção endoscópica: broncoscopia;
São preconizados broncoscópios rígidos pois
permitem a oxigenação do paciente, excelente
visualização e passagem de pinças;
Depois do procedimento deve ficar hospitalizado por
pelo menos 24 horas verificar evolução clínica e estudo
radiológico de controle. A persistência da dispnéia por
mais de 48 horas, sem outras com aplicações, exige
nova broncoscopia;
Tratamento Cirúrgico
Objetos grandes e ásperos na região subglótica ou
na traqueia, retirados por traqueostomia, evita
lesões de subglote e nas cordas vocais;
Fragmentos de grama;
Alojados na periferia do pulmão;
Objetos em que o risco de retirada endoscópica
exceda o risco da cirurgia aberta;
Drenagem postural;
Tratamento
Aspiração de corpos estranhos com localização em
Laringe deverão ser acompanhados em UTI devido ao
risco de piora da função respiratória e necessidade de
intubação orotraqueal de urgência;
Antibioticoterapia: restrito aos casos de infecção
comprovada;
Corticóide sistêmico é controverso;
Tratamento de emergência
Manobra de Heimlich em maiores de 1 ano;
Traqueostomia;
Intubação orotraqueal;
Questões
1) O engasgo ocorre quando algum alimento ou um objeto
bloqueia as vias respiratórias, impedindo a realização da
respiração. Por impedir que a vítima respire, um socorro rápido
é necessário para evitar a morte por asfixia. Nesse caso, uma
ação em primeiros socorros será efetuar
A) um torniquete apertado
B) o resfriamento do local
C) o tamponamento nasal.
D) a manobra de Heimlich.
E) a imobilização do local.
2) A penetração de um corpo estranho na garganta pode constituir um
problema de proporções muito graves. A técnica de tapotagem é
recomendada para expelir o corpo estranho. A tapotagem pode ser
aplicada com o acidentado

A) em pé
B) deitado
C) sentado
D) deitado e em pé
E) em pé, sentado e deitado
3) No que tange as manobras de desobstrução de vias aéreas em crianças maiores
inconscientes, é INCORRETO afirmar qual dos procedimentos abaixo?

A) chamar ajuda e pedir que o SAMU (192) seja contatado imediatamente.


B) colocar a vítima deitada de frente para iniciar as compressões cardíacas.
C) após as compressões, abrir a boca da vítima e verificar se o corpo estranho está
presente, se este for visualizado, tentar remover o objeto, utilizando os dedos indicador
e médio como pinça.
D) e o corpo estranho não estiver visível, tentar ventilar duas vezes e reiniciar as
compressões, repetindo o ciclo até que o corpo estranho seja removido ou que o SAMU
chegue.
E) enquanto a criança está tossindo ou ainda emite qualquer tipo de som, não se deve
interferir, pois é um processo normal de defesa do organismo.
Aspiração de suco gástrico;
Introdução
Quando presente traz um impacto devastador para o indíviduo;
Em 1946, Mendelson já relacionava alimentação com aspiração
pulmonar do conteúdo gástrico durante o parto com anestesia
geral;
Ele descreveu duas síndromes:
1) A primeira consistia na inalação de alimentos sólidos levando à
obstrução das vias respiratórias e à morte ou atelectasia maciça.
2) A segunda, que leva o seu nome, decorria da aspiração do
conteúdo gástrico líquido quando os reflexos laríngeos estavam
deprimidos por anestesia geral.
Estes pacientes desenvolviam cianose, taquicardia e taquipnéia;
Incidência
Aspiração pulmonar no período perioperatório é
relativamente baixa;
Estudo realizado nos Estados Unidos observou uma
incidência maior em crianças (10,2 por 10.000);
A freqüência varia muito entre os pacientes:
predominando em Idosos, seguida das gestantes,
portadores de refluxo gastroesofágico, os obesos e os
pacientes submetidos a cirurgia de urgência;
Morbidade e mortalidade
A morbidade atribuída à aspiração é caracterizada
pela presença de infiltrados pulmonares à
radiografia de tórax, à necessidade de uso de
antibióticos ou broncodilatadores e à duração do
suporte ventilatório;
Grandes estudos retrospectivos realizados em
diferentes centros mostraram que a taxa de
mortalidade variou de zero a 4,5% (incluindo
adultos e crianças);
Fisiologia
Os mecanismos fisiológicos que previnem a regurgitação e
a aspiração do conteúdo gástrico incluem o esfíncter
esofágico inferior, o esfíncter esofágico superior e os
reflexos laríngeos.
Prevenção
Métodos utilizados para prevenir a aspiração pulmonar
envolvem o controle do conteúdo gástrico, redução do refluxo
gastroesofágico e proteção das vias aéreas;
Isto é obtido através do jejum pré-operatório, diminuição da
acidez gástrica, estímulo ao esvaziamento gástrico e
manutenção da competência do esfíncter esofágico;
A proteção das vias aéreas requer pressão na cartilagem
cricóide (manobra de Sellick), posicionamento adequado do
paciente, intubação traqueal sob indução com seqüência
rápida ou acordado e aspiração da sonda nasogástrica antes
da indução da anestesia;
Controle do conteúdo gástrico
Jejum pré operátorio: objetivo é diminuir o risco e o grau de
regurgitação do conteúdo gástrico, prevenindo assim a
aspiração pulmonar e suas conseqüências;
Existem vários benefícios quando pacientes,
principalmente as crianças, ingerem líquidos antes da
anestesia, incluindo aumento da satisfação e diminuição da
irritabilidade, aumento do pH gástrico, diminuição do risco
de hipoglicemia lipólise e desidratação;
Controle do conteúdo gástrico
As recomendações são as seguintes:
Líquidos sem resíduos (água, chá, café, suco de fruta sem polpa,
todos sem álcool e com pouco açúcar): jejum de 2 horas para
todas as idades;
Leite materno: jejum de 4 horas para recém-nascidos e lactentes;
Dieta leve (chá e torradas) e leite não materno: aceita-se até 6
horas de jejum para crianças e adultos;
Fórmula infantil: jejum de 6 horas para recém-nascidos e
lactentes;
Sólidos: jejum de 8 horas para crianças e adultos;
Redução da acidez gástrica
A eficácia da administração de anti-ácidos no pré-
operatório para diminuir a acidez gástrica está
comprovada, mas não existem evidências de que estas
soluções atuem no volume gástrico;
Anti-ácidos particulados podem aumentar o risco de
lesão pulmonar se houver aspiração; portanto, devem ser
evitados. Assim, os anti-ácidos (não particulados como o
citrato de sódio) no pré-operatório, só estão indicados
para pacientes de risco;
Sonda Nasogástrica
É comum a prática de inserção de sonda nasogástrica nos
pacientes de risco antes da anestesia, com o objetivo de esvaziar o
estômago;
A sonda funcionaria como uma passagem segura do conteúdo
gástrico quando uma compressão eficaz na cartilagem cricóide
fosse aplicada;
Pressão na Cartilagem Cricóide
A pressão na cartilagem cricóide se tornou prática universal
durante indução de anestesia em pacientes potencialmente com
estômago cheio;
Tal manobra, quando bem realizada, previne a insuflação gástrica
em crianças e em adultos, além de aumentar o tônus do esfíncter
esofágico superior;
O tônus do esfíncter esofágico inferior diminui com esta
compressão, o que sugere a presença de mecanorreceptores na
faringe que promovem um relaxamento reflexo deste esfíncter.
Este efeito, porém, parece não provocar refluxo gastroesofágico;
OUTRAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DA ASPIRAÇÃO
GÁSTRICA
Previsão de Intubação Traqueal Difícil: Os pacientes com risco de
aspiração devem ser colocados em posição horizontal com dorso elevado
em torno de 30º em relação ao restante do corpo. Esta posição evitará a
regurgitação, mas caso aconteça, deve-se mudar imediatamente a
posição da mesa de maneira que a cabeça fique posicionada abaixo do
tronco, evitando-se aspiração;
Paciente acordado
Uma vez identificada uma provável via aérea difícil, a forma mais
segura de intubação é com o paciente consciente e em ventilação
espontânea. A intubação traqueal pode ser realizada após leve
sedação, mantendo os reflexos protetores das vias aéreas. Deve-
se administrar antissialogogo, como atropina ou escolpolamina, e
realizar anestesia tópica na orofaringe com lidocaína spray;
Bloqueio do nervo glossofaríngeo e laríngeo superior pode ser útil
para aqueles que dominam a técnica;
PNEUMONITE ASPIRATIVA
Definida como a inalação de conteúdo da orofaringe ou estômago
através da laringe para o trato respiratório baixo;
É um processo infeccioso causado pela inalação de material
colonizado, proveniente principalmente da orofaringe;
A aspiração de material gástrico causa intenso processo
inflamatório pulmonar. O paciente pode apresentar tosse, sibilos,
taquipnéia, cianose, edema pulmonar, hipoxemia e hipotensão;
Tratamento
O tratamento inclui administração de oxigênio ou suporte
ventilatório quando necessário. O uso de antibiótico profilático
não está indicado, pois pode tornar o paciente suscetível à
infecção secundária por organismos mais resistentes.
Aantibioticoterapia está indicada em pacientes com pneumonite
aspirativa e falha na resolução do quadro, 48 horas após a
aspiração;
Corticosteróides não são recomendados, pois estudos
multicêntricos, aleatórios e controlados falharam em provar seu
benefício;
Questões
1) A localização da sonda nasogástrica (SNG) no interior do
estômago deve ser certificada por meio de testes de aspiração de
suco gástrico e ausculta do ruído estomacal. Para certificar-se de
que a SNG está devidamente posicionada no estômago, deve-se
insuflar 10 mL de ar pela sonda e posicionar o estetoscópio para
ausculta na região abdominal denominada
A) quadrante superior direito.
B) quadrante inferior esquerdo.
C) quadrante inferior direito.
D) quadrante superior esquerdo.
E) região infraumbilical.
2) Deve-se adaptar a seringa à sonda e aspirar; se a sonda
estiver no estômago, haverá suco gástrico na seringa.

Certo

Errado
Considerações finais
Ficou evidente a importância em ter conhecimento sobre as condutas a serem
tomadas em casos de aspiração de corpos estranhos; requerendo formação
profissional especializada e serviços bem estruturados;
A aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, apesar de pouco freqüente, exige
cuidados especiais para sua prevenção. Guias de jejum pré-operatório
elaborados recentemente sugerem períodos menores de jejum, principalmente
para líquidos, permitindo mais conforto aos pacientes e menor risco de
hipoglicemia e desidratação, sem aumentar a incidência de aspiração pulmonar
perioperatória;
Outros métodos de manutenção da via aérea vêm sendo adotados, mas a
eficácia na prevenção da aspiração ainda é inferior, embora representem
importante alternativa em casos de falha de intubação traqueal;
Referências
MARCONDES, E. et al. Pediatria básica. 9 ed. São Paulo: Sarvier, 2004.
Vol. 3
MOZZATTO, L. CECHIN W. E. Pediatria Manual do internato Médico.
Passo fundo: Berthier, 1998
BITTENCOURT, P. F.S et al. Aspiração de corpos estranhos. Jornal de
pediatria- Vol. 78, nº 1, 2002
Ortenzi AV, D`Ottaviano CR - Jejum Pré-Operatório e o Paciente de
Estômago Cheio em: Atualização em Anestesiologia, SAESP, 1996;94-
106.
MORO, Eduardo Toshiyuki. Prevenção da Aspiração Pulmonar do
Conteúdo Gástrico: Prevention of Pulmonary Gastric Contents
Aspiration. ARTIGO DE REVISÃO, Rev Bras Anestesiol, v. 54, ed. 2, p. 261
- 275, 24 jun. 2003.

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