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Respiratórias na
Infância II
Relevância: Muito Alta
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta,
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Síndromes Respiratórias na Infância II
1) Presença de estridor:
Acometimento de vias aéreas intermediárias (laringe, epiglote);
2) Presença de taquipneia:
Acometimento de vias aéreas inferiores (pneumonia);
Taquipneia é igual a Frequência Respiratória ≥ 60 IRPM (até 2 meses), ≥50 IRPM entre 2 e 11 meses
e ≥40 IRPM entre 12 meses e 5 anos.
Sabendo esses pontos, direcionaremos nosso estudo doença por doença, clarificando o seu conceito
sobre o assunto.
Quadro clínico
Instalação superaguda (24-48h) de febre alta (39-40ºC), prostração, toxemia, disfagia de
transmissão, odinofagia, sialorreia, dispneia/taquipneia e ESTRIDOR.
CCQ:
A VACINA CONTRA H. influenzae tipo B pode prevenir a epiglotite!
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Síndromes Respiratórias na Infância II
Outro detalhe que pode ser visto na sua prova é a clássica posição do tripé (veja imagens abaixo).
Posição do tripé
Conduta
Primeiramente, não perca tempo com exames complementares ou exames físicos rebuscados.
Em seguida, ofereça oxigênio caso possível e estabeleça via aérea segura definitiva. A intubação
orotraqueal é a primeira medida para acesso da via aérea. Ao deitar a criança o risco de obstrução
laríngea aumenta sendo necessária a intubação imediata!
Exames complementares
Sinal do polegar apresentado na radiografia cervical lateral. Lembre-se que o diagnóstico é CLÍNICO
e a visualização de epiglote edemaciada e eritematosa confirma o diagnóstico. Nenhum exame deve
ser solicitado pois pode postergar diagnóstico e conduta!
Tratamento
Antibioticoterapia por 10 dias com cefuroxima, ceftriaxona ou vancomicina + carbapenêmicos.
CCQ:
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL + ANTIBIÓTICOS = CONDUTA NA EPIGLOTITE.
Sinal do polegar
Quadro clínico
Pródromos virais com febre baixa, rinorreia, faringite e tosse leve. Posteriormente, surgem a tosse
ladrante (tossindo como um cachorro, lembra do ditado: “cão que ladra...”?), a rouquidão e o estridor
inspiratório. Estes sinais sugerem o acometimento das cordas vocais e obstrução das vias aéreas
superiores. Costuma desaparecer em uma semana.
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CCQ:
TRÍADE DO CRUPE: TOSSE LADRANTE + ROUQUIDÃO + ESTRIDOR.
Sinal 0 1 2 3
O DIAGNÓSTICO É CLÍNICO, porém, caso queira solicitar uma radiografia de região cervical,
poderemos ver os sinais de estreitamento infraglótico, como “sinal da torre” e “sinal da ponta de lápis”.
(UFSC 2017) Menino de 2 anos e 3 meses é levado à emergência com queixa de respiração ruidosa
há dois dias. No relato da história, a familiar conta que o paciente iniciou há três dias com febre de
até 38,7 ºC, tosse e coriza. No segundo dia, a respiração tornou-se ruidosa principalmente durante
a inspiração e com piora durante a noite. Ele permanecia se alimentando, sem diarreia ou vômitos.
Estava previamente hígido e tinha vacinações em dia de acordo com esquema do Ministério da Saúde.
Não havia história prévia similar ou queixas de engasgo. Ao exame físico, apresentava tiragens
intercostais e um estridor inspiratório, saturação de 98% em ar ambiente, temperatura de 37 ºC,
ausculta com murmúrio vesicular bilateral sem ruídos adventícios. Ausculta cardíaca sem alteração.
A radiografia de tórax mostrava estreitamento do espaço subglótico, lembrando a ponta de um lápis.
Qual dos agentes etiológicos abaixo é o mais provável causador do quadro?
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Agora a resposta da questão ficou fácil, né? Alternativa A, uma vez que o vírus parainfluenzae é o
principal causador da crupe viral.
Tratamento
Crupe leve: dexametasona 0,15-0,3 mg/Kg via oral ou parenteral + alta para casa.
Nos casos indicados, a adrenalina deve ser instituída de forma prioritária! Alguns questão vão trazer
a dexametasona como alternativa e perguntar “qual a conduta a ser realizada” em paciente com
quadro de laringotraqueite.
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Crupe bacteriano
A ausência de resposta à nebulização com adrenalina e a presença de secreção purulenta na luz
traqueal pode remeter, na questão, à etiologia bacteriana do quadro, de modo que devemos aplicar
antibioticoterapia intravenosa quando suspeitarmos.
O principal agente relacionado com o crupe bacteriano, também conhecido como traqueíte bacteriana,
crupe membranoso, crupe pseudomembranoso ou laringotraqueobronquite membranosa, é o
Staphylococcus aureus. Pode ser tanto uma complicação de crupe viral quanto infecção primária.
As crianças acometidas são geralmente mais velhas que as afetadas pelo crupe viral.
Em sua laringoscopia, verificamos exsudato purulento e bloqueando a luz traqueal, de fácil
remoção e sem hemorragia.
Traqueobroncoscopia de paciente com crupe bacteriano. Observe exsudato purulento aderido à traqueia.
Laringite estridulosa
Diagnóstico diferencial dos quadros acima. Seu quadro corresponde a estridor súbito (fim da tarde/
madrugada) sem outros sinais. Pode ser precedida por coriza ou rouquidão e apresenta melhora
espontânea. Aparentemente, tem origem alérgica e não inflamatória. Episódios ocorrem mais
comumente entre crianças de 3 meses a 3 anos.
DICA: Se lactente jovem com estridor persistente, pensar em laringomalácea (figura abaixo).
Laringomalácea
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(PSU-MG - 2014) Lactente com diagnóstico de bronquiolite viral aguda apresenta esforço respiratório
moderado, saturação de oxigênio de 89% e presença de sibilos bilaterais e crepitações teleinspiratórias
nas bases pulmonares. Qual das opções abaixo é o tratamento comprovadamente MAIS EFICAZ?
Fatores de risco
Sexo masculino, ausência de aleitamento materno, baixo peso ao nascer, tabagismo materno
durante a gestação, residir em locais com aglomeração de pessoas, defeitos anatômicos nas vias
aéreas, imunodeficiências, Idade < 12 semanas, displasia broncopulmonar e cardiopatias congênitas.
A prematuridade é o mais importante deles. O tabagismo passivo e frequentar creche são fatores
ambientais que aumentam o risco de doença grave.
Quadro clínico
Buscar na anamnese o contato prévio com algum familiar com infecção respiratória qualquer. Surgem,
como pródromos, espirros e coriza. Pode apresentar febre baixa. Na sequência, surgem tosse,
dispneia, taquipneia e sibilos. O tempo expiratório é prolongado devido à obstrução de vias aéreas
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inferiores por à impactação de secreção e debris celulares da necrose locorregional (pela inflamação
causada). Ao exame físico também pode apresentar roncos/estertores difusos à ausculta (portanto,
fiquem atentos em questões que apresentem jeitão de bronquiolite e a presença de estertores,
pois na grande maioria dos casos, trata-se de pegadinha, fazendo-o confundir com pneumonia).
Caso o quadro progrida, podem surgir a cianose e tiragem.
Logo, o caso da sua prova será uma criança com resfriado que evolui para quadro respiratório
com sibilos.
Exames complementares
A radiografia de tórax apresenta hiperinsuflação (retificação do diafragma e dos arcos costais ou
hipertransparência pulmonar) e possíveis áreas de atelectasia (devido à presença de obstrução antes
citada). O diagnóstico é eminentemente clínico, podendo ser feito PCR para detectar o vírus.
Radiografia da bronquiolite
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Tratamento
Essencialmente de suporte. Avaliar se a criança deve ser internada (TABELA ABAIXO), lembrando
que prematuros, tabagistas passivos, menores de 12 meses e com comorbidades podem apresentar
quadros mais graves.
Episódios de Apneia
Criança com piora do estado geral (hipoativa, prostrada, acorda apenas com estímulos prolongados)
Desconforto respiratório (gemência, retração torácica, FR >60, cianose central, saturação <92% persistente)
Sinais de desidratação
FONTE: 2019 surveillance of bronchiolitis in children: diagnosis and management (NICE guideline NG9).
Acesso em 27/11/2019.
Recomendado se comorbidades.
Fisioterapia Respiratória Não recomendado
Ex.: amiotrofia espinhal.
Solução salina Não recomendado Se for realizar, fazer mais superficial, lavar com salina.
Névoa, antivirais,
Não recomendado Palivizumabe tem ação profilática.
palivizumabe Névoa e antivirais sem evidência de recomendação.
FONTE: DIRETRIZES PARA O MANEJO DA INFECÇÃO CAUSADA PELO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR) - 2017
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Profilaxia:
A profilaxia ao quadro pode ser feita com uso do palivizumabe (anticorpo monoclonal para VSR) para
grupos específicos, principalmente prematuros e crianças com doenças cardíacas/neurológicas/
pulmonares crônicas até 2 anos.
Voltando à questão: CCQ: saber que a oxigenoterapia é o tratamento mais eficaz na bronquiolite viral
aguda! Portanto, resposta da questão 2 é a letra C, por essa ser a única alternativa com recomendação
nos consensos de tratamento.
Bactérias mais prevalentes Strepococcus pneumoniae (ganha destaque a partir dos 2 meses),
em quadros de pneumonia Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis
em ≥ 4 meses e Haemophilus influenzae.
Neonatos + OMA
+ pneumonia intersticial Chlamydia trachomatis!
+ conjuntivite
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Quadro clínico
Em adolescentes e crianças mais velhas, a presença de febre, tosse e dor torácica podem ser
marcantes. Já em neonatos e lactentes, o quadro pode ser caracterizado apenas por taquipneia na
ausência de estridor e sibilos, podendo ter febre, estertores e tosse, entre outros dados inespecíficos,
como dor abdominal e náuseas. Caso apresente sibilância geralmente unilateral, ficar atento na
possibilidade de aspiração de corpo estranho ser a resposta da sua questão.
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1) Tiragem subcostal
2) Dificuldade para ingerir líquidos
3) Batimento de asa de nariz, gemência e movimento involuntários de cabeça
4) Cianose central
5) Convulsão
6) Rebaixamento do sensório
7) Vômitos incoercíveis
Uma vez verificada a presença de algum dos fatores acima, existe uma indicação formal de internação
desta criança. Outros critérios para internação são: idade menor que 2 meses, mal condição social,
sinais radiológicos de gravidade e falha de terapêutica ambulatorial.
O consenso britânico defende ainda que estejam junto aos critérios acima: temperatura axilar >
38,5ºC e sinais de infecção grave (ex. enchimento capilar lentificado).
Se o caso estiver pior que isso, podemos verificar se existe insuficiência respiratória ou sepse, que
são os critérios para internação em UTI, levando em consideração os seguintes itens:
1) Incapacidade de manter a saturação capilar de O2 maior que 92% com fração inspirada de
O2 >0,6;
2) Aumento da taquipneia/taquicardia com dificuldade respiratória grave;
3) Fadiga respiratória, apneias ou respiração irregular;
4) Hipotensão.
Exames complementares:
A radiografia de tórax deve ser obtida caso:
1) Haja dúvida no diagnóstico, embora um RX normal não exclui pneumonia e um alterado não
confirme pneumonia.
2) Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade.
3) Falha de resposta ao tratamento em 48-72h de emprego deste, principalmente, para
verificar se há complicações como empiema, pneumotórax ou escavações.
4) Pacientes hospitalizados.
Importante lembrar que a radiografia de tórax não precisa ser solicitada para demarcar sucesso
terapêutico ao fim do tratamento.
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Tratamento
Ambulatorial
Amoxicilina é a primeira opção entre crianças de 2 meses a 5 anos, sendo recomendada na dose de
50 mg/kg/dia de 8/8h ou 12/12h. A OMS defende o uso de 80 mg/kg/dia dividido em 2 doses ao dia
por 10 dias. A penicilina procaína intramuscular é uma opção à amoxicilina. Caso exista suspeita de
pneumonia atípica, podemos fazer uso de macrolídeos (eritromicina, azitromicina ou claritromicina).
Caso seja optado pelo esquema ambulatorial, devemos levar em consideração que esta criança
tenha disponibilidade de ser reavaliada a cada 48 ou 72 horas.
Hospitalar
Dividiremos em duas faixas etárias, menores que 2 meses e maiores que 2 meses.
Derrame pleural
Principal complicação dos quadros de pneumonia bacteriana, acometendo boa parte das crianças
com esse quadro. A bactéria que mais causa derrame pleural, por ser a mais comum, é o Streptococcus
pneumoniae, sendo a mais encontrada em crianças com derrame pleural. Entretanto, o estafilococos
causa derrame pleural mais comumente que o estreptococos entre os acometidos por esta bactéria.
A clínica da criança com derrame parapneumônico pode apresentar decúbito sobre pulmão acometido,
diminuição de frêmito toracovocal e da ausculta no local. Sempre pensar em derrame pleural em
crianças que continuam a apresentar febre após 48-72h de antibioticoterapia. A radiografia em
incidência de LAUREL (em decúbito lateral) pode ajudar na avaliação do quadro, uma vez que o
derrame irá se deslocar por ação da gravidade.
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Após a drenagem de líquido pleural, faremos a análise desse líquido visando diferenciá-lo em
exsudato ou transudato de acordo com os critérios de Light.
Critérios de Light:
1) Aspecto purulento;
2) PH < 7,2;
3) Glicose < 40 mg/dL;
4) DHL > 1000 U/l
Importante lembrar também a evolução do empiema em três estágios (já foi matéria de diversas questões):
Pneumonias atípicas
a) Pneumonia atípica causada por Chlamydophila pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae.
Laboratório: hemólise causada por anticorpos a frio (crioaglutininas) pode ser vista, VHS elevado,
avaliação sorológica específica
Quadro clínico
Parte considerável destas crianças apresentará conjuntivite entre 5 e 14 dias após o contato.
Já a colonização de vias aéreas superiores tende a demorar cerca de 1 a 3 meses para causar
infecções de vias aéreas inferiores (pneumonia). O quadro clínico é bastante INSIDIOSO.
Não há febre. Apresenta coriza e obstrução nasal, evoluindo para tosse e taquipneia.
No exame laboratorial, surgirá um aumento de eosinófilos no sangue periférico (>400 cels/mm³).
Radiografia de tórax poderá apresentar infiltrado bilateral e aprisionamento de ar (causando
hiperinsuflação). Tratamento com macrolídeos (principalmente eritromicina).
Para terminar, temos uma doença que causa tosse e pode confundir sua questão de pneumonia
afebril do lactente, a coqueluche!
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Coqueluche
Causada pela Bordetella pertussis (um cocobacilo gram-negativo) e transmitido, na maioria das
vezes, por adultos jovens para as crianças. O quadro clínico se diferencia, classicamente, em 3 fases:
1) Fase catarral (cerca de 2 semanas): hiperemia conjuntival, rinorreia, espirros e febre baixa.
2) Fase paroxística: fase que cairá em sua prova, por ser típica. Apresenta tosse seca
irritativa que evolui com paroxismos, permanecendo eupneica entre os acessos de tosse.
Ao fim dos paroxismos, a criança realiza uma inspiração profunda que emite um guincho
agudo e característico. Pode haver êmese durante os acessos de tosse, assim como
petéquias na face, cianose perioral e hemorragias conjuntivais.
Em crianças até 3 meses, a apneia pode ser a única manifestação clínica, apresentando quadro muito
diferente do supracitado.
O laboratório apresenta leucocitose intensa com linfocitose. A radiografia de tórax pode apresentar
alteração característica conhecida como “CORAÇÃO FELPUDO”, causada por infiltrado peri-hilar
bilateral. O tratamento é feito com macrolídeos, visando a redução da disseminação da doença.
Caso alergia, usar sulfametoxazol-trimetoprim. A melhor fase para início do antibiótico é
a fase catarral, entretanto esse diagnóstico é quase impossível de ser feito nessa fase.
A principal complicação é a pneumonia.
Profilaxia: vacinação com DTP ou para coqueluche. Apresenta queda da imunidade ao longo dos
anos, conferindo proteção parcial! Mesmo os pacientes que já foram infectados e desenvolveram
coqueluche não possuem imunidade permanente!
#JJTop3
Coqueluche.
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