Você está na página 1de 25

PNEUMONIA NA INFÂNCIA

DRA. GREYCE L. DO NASCIMENTO MUSSOLIN


PNEUMOLOGISTA PEDIÁTRICA – CRM 5740 RQE 2029/2030

UNINASSAU 2024
CASO 1

 MP, 4 anos, há 4 dias iniciou com febre aferida, coriza, evoluindo com tosse produtiva, hipoatividade e dor adbominal. Mãe refere
que estava em casa fazendo uso de nbz com SF0,9% + dipirona v.o. sem melhora, evoluindo com vômitos nas últimas 6h.
 EF: REG, sonolento, hipocorado, hidratado, FR = 42ipm FC 118bpm T 38,9ºC SatO2 91% AA

AP: MV reduzido em base direita, estertores creptantes difusos em hemitorax direito, TSC e retração de fúrcula
Abd: RHA aumentado, doloroso à palpação superficial, Blumberg negativo, Giordano negativo.
TEC = 4 seg

 Sintoma com VPP maior para diagnostico de Pnm?


 Critérios de gravidade?
 Exames?
 Tratamento?
INTRODUÇÃO

 Aproximadamente 20% da mortalidade mundial em crianças < 5 anos de idade = cerca de 1milhão de óbitos
anuais nesta faixa etária e 70% deles ocorrem em países subdesenvolvidos (OMS e UNICEF).

 No Brasil, ocorrem cerca de 1,2 milhões de casos anuais em crianças.

 A principal causa de hospitalização.

 Infecções de vias aéreas são quase 75% das prescrições de antibióticos entre crianças <18 meses em atendimento
ambulatorial nos EUA, geralmente para condições que não requerem tratamento antimicrobiano.
FATORES DE RISCO

 Exposições pré-natais: tabagismo materno durante a gravidez, infecções maternas (HIV materno), exposição
materna à ambientes ou poluição do ar (resultando em menor função pulmonar no nascimento).
 Exposição à fumaça de tabaco e centros urbanos.
 Ventilação doméstica deficiente e superlotação.
 Prematuridade extrema / Displasia broncopulmonar / Paralisia cerebral.
 Desnutrição infantil.
 Sindromes genéticas: Nanismo / Síndrome de Down.
 Nível sócio-econômico baixo.
DEFINIÇÃO

 Inflamação no pulmão causada por um agente infeccioso que estimula uma resposta que resulta em danos ao
tecido pulmonar.

 Diferentes definições para pneumonia:

“Detecção de patógenos pulmonares em espécimes pulmonares”


“Presença de infiltrados pulmonares nas radiografias de tórax”,
ou critérios clinicamente baseados, tais como taquipneia específica da idade ou retrações torácicas.
FISIOPATOLOGIA

 Com frequência, a pneumonia afeta a Ventilação e Difusão.


 Uma reação inflamatória pode ocorrer nos alvéolos, produzindo exsudato que interfere com a difusão.

 Além da presença de leucócitos (neutrófilos) no local onde anteriormente havia ar ocorre o edema da mucosa:

oclusão parcial do brônquios e alvéolos, com uma resultante diminuição da pressão de oxigênio alveolar.

Hipoventilação ocorrendo desequilíbrio da ventilação-perfusão

Hipoxemia arterial
FISIOPATOLOGIA

 Pneumonia lobar: afeta 1 ou mais lobos pulmonares, consolidando todo o lobo afetado.

 Broncopneumonia: se distribui em placas, tendo se originado em uma ou mais áreas localizadas dentro

dos brônquios e estendendo-se para o tecido pulmonar.


QUADRO CLÍNICO
 Tosse
 Febre
 Taquipneia
 Sinais de esforço respiratório (tiragens subcostais, intercostais, retração de fúrcula)
 Estertores finos (crepitações) à AP Valores de corte para FR conforme faixa etária:
 Dor torácica
 Hipoxemia
 Sintomas sistêmicos

 OMS: Taquipnéia ou dificuldade respiratória em uma criança com tosse.


QUADRO CLÍNICO
 DOR TORÁCICA (ADOLESCENTES)
 AUMENTO DO ESFORÇO RESPIRATÓRIO
 HIPÓXIA

- FEBRE
- TOSSE
- TAQUIPNEIA (AUSÊNCIA = MENOR PROBABILIDADE)
- ACHADOS AUSCULTATÓRIOS
- RX DE TÓRAX (HETEROGENICIDADE)

CONCLUSÃO: hipoxemia e aumento do trabalho respiratório superam a importância de taquipneia e achados


auscultatórios.
ALARME!

< 2 meses 2 meses - 5 anos


FR >60ipm Esforço respiratório
Esforço respiratório Recusa de líquidos
Febre alta ou Vômitos incoercíveis
Hipotermia
Recusa do seio materno Convulsão
>3 mamadas
Estridor em repouso Estridor em repouso
Sensório alterado Sensório alterado
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

 SÍNDROME INFECCIOSA X INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA


- SI: febre, prostração e sinais inespecíficos de infecção ou toxemia e o EF inicial não revela a causa, a pneumonia
precisa ser investigada mesmo na ausência de taquipneia e tiragem subcostal.
- Em quadros de febre sem sinais de localização o RX de tórax deve ser utilizado como investigação.
- IRA: bronquiolite viral aguda, traqueobronquite aguda e crise de asma.

 A presença de sibilância tem sido o sinal clínico como o principal achado que diferencia as demais condições da
PAC, uma vez que a presença de sibilos na pneumonia bacteriana não é comum!
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DIAGNÓSTICO

 Aspirado do TRI por lavado broncoalveolar ou punção pulmonar.


 Rx de tórax – STANDART.

Diferenciação VIRAL x BACTERIANO

 Hemograma - Baixa sensibilidade (Leucopenia = gravidade)


 Proteína C Reativa, VHS e Procalcitonina – Marcadores de gravidade e avaliação de resposta/terapia.
 Oximetria
EXAMES COMPLEMENTARES

 RX de Tórax (PA + Perfil): presença de consolidação, opacidade ou infiltrado.

- Dúvida de diagnóstico
- Presença de hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade
- Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações
(empiema, pneumotórax, escavação)
- Suspeita de corpo estranho

 RX DE TÓRAX DE CONTROLE?

• Após 4 a 6 semanas, se história de pneumonias recorrentes, sempre no mesmo lobo (suspeita de malformação ou
aspiração de corpo estranho)
• Deve ser considerado nos casos de pneumonia redonda, presença de colapso pulmonar e/ou sintomas
persistentes.
ETIOLOGIA

 QUANDO INVESTIGAR?

• Suspeita de tuberculose
• Imunodeprimidos
• PAC de resolução lenta
• Falha terapêutica
• Internados para tratamento hospitalar com evolução desfavorável
• Intubados, em ventilação mecânica
ETIOLOGIA

 A identificação do agente etiológico é uma tarefa difícil por uma série de razões, mas principalmente pela
dificuldade do isolamento.
 Os vírus em torno de 90% até um ano de idade e 50% em escolares.
 Nos quadros bacterianos, o Estreptococo pneumoniae é o agente mais frequente, de difícil isolamento em
hemoculturas e mais facilmente em culturas de líquido pleural.
TRATAMENTO – AMBULATORIAL

 As recomendações da OMS entre 2m aos 5 anos:

1. Pneumonia sem tiragem subcostal deve ser tratada com amoxicilina oral: 80-90 mg/kg/dia duas ou três vezes ao
dia, por 7 dias.
2. Pneumonia grave deve ser tratada com ampicilina parenteral 100mg/kg/dose, de 6/6 horas ou penicilina cristalina
150 000U/Kg/ dia a cada 6 horas. Gentamicina 7,5 mg/kg/ dia, 12/12 horas, deve ser associada nos <2m.
3. A associação de amoxicilina com inibidores de beta-lactamase, como o clavulanato ou o sulbactam ou a
cefuroxima podem ser utilizadas como segunda opção VO ou EV.
4. Na suspeita de pneumonia atípica recomenda-se azitromicina 10mg/kg/dia dose única por 5 dias ou claritromicina
7,5 mg/kg/dose, 12/12 horas, por 10 dias.
TRATAMENTO

 Pacientes podem ter recuperação lenta, e não realizar substituição de antibióticos se o paciente não apresentar
deterioração clínica/ radiológica.
Usar ceftriaxone em casos de doença muito grave, ou associar oxacilina ou macrolídeo em situações
específicas.

 E os Corticóides

- Dexametasona -> parece ser uma terapia adjuvante segura e efetiva, diminuindo tempo de recuperação em
pneumonias graves.
TRATAMENTO
QUANDO INTERNAR?

 Sinais clínicos de gravidade;


 Idade inferior a 2 meses;
 Falha terapêutica ambulatorial;
 Doença grave concomitante;
 Crianças e bebês com suspeita ou documentação PAC causada por um patógeno com maior virulência, como
Staphylococcus aureus resistente à meticilina associado à comunidade (CA-MRSA);
 Crianças e bebês com quem há preocupação com observação cuidadosa em casa ou incapazes de cumprir terapia
ou incapaz de acompanhamento;
 Sinais radiológicos de gravidade / presença de complicações.
COMPLICAÇÕES

 Derrame pleural – em aproximadamente 40% das crianças internadas

 Pneumatocele
 Pneumonia necrotizante
 Abscesso pulmonar
PREVENÇÃO

 As vacinas ajudam a reduzir as mortes infantis por pneumonia por duas maneiras:

- Previnem o desenvolvimento de infecções que diretamente causam pneumonia, com imunizações contra
Streptococcus pneumoniae e Hib.

- Previnem as infecções que alteram o sistema imunológico (por exemplo sarampo e coqueluche), que deixam o
organismo mais susceptível a infecções como a pneumonia (OMS & UNICEF, 2009).
PREVENÇÃO

 VACINAÇÃO ANTI-INFLUENZA:

- Todas crianças de 6 meses a 6 anos incompletos (anualmente).


- Doença crônica pulmonar e/ou cardíaca, renal e hepática.
- Diabetes mellitus
- Imunossupressão por doença ou tratamento.

 ANTIPNEUMOCÓCICA: Pneumo10
- A partir de 2 e 4 meses, com reforço aos 12 meses de vida.
- Avaliar possibilidade da Pneumo13v/15. Conjugada (2, 4 e 6 meses, com reforço 12-15m) / Pneumo 23v (a partir
dos 2 anos)
LEMBRETE

 DEVEMOS RECONHECER UMA PNEUMONIA, APENAS PELOS SINTOMAS CLÍNICOS E EXAME


FÍSICO, CONFIRMANDO COM RX DE TÓRAX PA + P.

 DEVEMOS CLASSIFICAR A GRAVIDADE DA PNEUMONIA, BASEADOS EM ÍNDICES OU NO BOM


SENSO CLÍNICO.

 DEVEMOS TRATAR CONFORME PROTOCOLOS.

 DEVEMOS CUIDAR PARA QUE NÃO OCORRA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA COM NOSSO
TRATAMENTO.
CONTATO

OBRIGADA.

 Contato:

Cel: 9 9941-8169
Email: greycelais@gmail.com

Você também pode gostar