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MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DOS HOSPITAIS
TÍTULO : PNEUMONIA
Nº de páginas: 8
CID 10 - J18
1. INTRODUÇÃO
A pneumonia constitui um importante problema de saúde pública sendo a maior causa infecciosa
de morte em crianças em todo o mundo. 1 A pneumonia tem sido responsável pela morte de cerca
de 800.000 crianças menores de 5 anos anualmente nos últimos 3 anos. Ocorre em todas as idades,
raças, sexo e países porém é mais prevalente no sul da Ásia e na África subsaariana. Apesar de ser
uma causa de morte evitável, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a pneumonia seja
responsável por 15% de todas as mortes de crianças menores de cinco anos a nível mundial. 2
2. DEFINIÇÃO
1
Pneumonia nosocomial ou pneumonia adquirida no hospital (PAH) - a que ocorre após 48 horas
de admissão hospitalar. 3
3. EPIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA
Doença de alta morbilidade que constitui a principal causa de internamento (25% dos doentes
acometidos) e das principais causas de morte no mundo em desenvolvimento. Comum em crianças
e nos Países em desenvolvimento com incidência 10x maior e mortalidade 2.000x maior que países
desenvolvidos.É uma das principais causas de morte entre crianças com menos de cinco anos em
todo o mundo, com uma estimativa de 921 mil mortes em 2015. 1
Pneumonia (n=83)
BACTERIAL CULTURES
N %
Blood culture positive 13 15,7
Pleural fluid culture positive 0 0,0
S. aureus 5 6,0
S. pneumoniae 0 0,0
Klebsiella 4 4,8
Pseudomonas 3 3,6
E. coli 1 1,2
Streptococcus spp. 0 0,0
Fonte: Trancriptomics das Pneumonias in HPDB de Luanda, 2020
4. FACTORES DE RISCO
2
• Dependentes do hospedeiro: Idade (< 6 meses), Prematuridade, Desnutrição, Co-morbilidades (HIV,
Drepanocitose, Cardipatias, Nefropatias, DM), Ausência de aleitamento materno, Incumprimento de
calendário vacinal.
5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Considerar diagnóstico de pneumonia em crianças com tosse persistente, febre, recusa alimentar,
toracalgia, taquipneia / dispneia,e alteração à ausculta pulmonar, com crepitações.
O quadro clínico pode variar na dependência da faixa etária. Febre, tosse, taquipneia/dispneia, tiragem
e alterações da ausculta pulmonar são observados em praticamente todas as idades. 1 Entretanto, lactentes
tendem a apresentar quadros menos específicos caracterizados por gemidos, cianose, tox émia,
hipotermia, distensão abdominal, vômitos e diarreia. A partir de 3-4 anos os sintomas são mais
específicos e semelhantes aos apresentados pelos adultos, como dor torácica ventilatório-dependente,
febre elevada e hemoptise. Na criança com sinais de infecção respiratória aguda como febre e tosse, a
frequência respiratória (FR) deverá sempre ser avaliada.
2 a 11 meses: FR ≥ 50 cpm;
1 a 4 anos: FR ≥ 40 cpm.4
6. DIAGNÓSTICO
I. CLÍNICO
É baseado em uma história clínica detalhada,tendo sempre em conta os factores de risco, os sinais e
sintomas em dependência da idade da criança, da extensão do acometimento, gravidade do quadro e a
taquipneia. Por outro lado, é importante salientar que, embora a taquipneia seja um sinal muito sensível,
para o diagnóstico de pneumonia, sua especificidade não é tão elevada. Assim, recomenda -se que,
sempre que possível, o diagnóstico seja confirmado utilizando-se a radiografia de tórax e se possível
com auxílio de outros exames laboratoriais que podem ser divididos em inespecíficos e específicos,
conforme descreveremos mais abaixo.
• Pneumonia (Diagnóstico OMS): Tosse + dificuldade respiratória + taquipneia (sinal mais importante)
= PAC em crianças
• Sinais de perigo (OMS) em crianças menores de 2 meses: Taquipneia (60 cpm); tiragem subcostal; febre
alta; recusa do seio materno por mais de três mamadas; sibilância; estridor em repouso; letargia; sonolência
anormal ou irritabilidade excessiva.
3
•
Sinais de perigo (OMS) em maiores de 2 meses: Tiragem subcostal; estridor em repouso; recusa de
líquidos; convulsão; alteração da consciência; e vômitos. 2
Critérios de internamento
II. LABORATORIAL
4
III. IMAGIOLÓGICO
Radiografia do tórax (indicações):
1. Dúvida de diagnóstico
2. Pneumonia com sinais de gravidade;
3. Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva com suspeita de complicações
(empiema, pneumotórax, escavação);
4. Paciente hospitalizado (PA e perfil).
7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Crise asmática, Bronquiolite, Traqueobronquite, Aspiração de corpo estanho, Atelectasia, Síndrome
torácico agudo, SARA, Sepses sem causa apararente, Cardiopatia congénita/ Insuficiência cardíaca,
Tuberculose, Malformação pulmonar, Pneumonia intersticial idiopática, Sequelas de Pneumonia.
8. TRATAMENTO
O tratamento da Pneumonia é feito de acordo a etiologia por idade e critério ou não de internamento,
com os seguintes pilares:
• Oxigenoterapia: Todas as crianças com pneumonia grave, devendo ser administrado da forma
mais confortável para manter SO2 entre 92% e 94%.
• Fluidoterapia: Preferencialmente via oral, sendo a via intravenosa recomendada apenas para os
casos de desidratação grave, choque e situações que impossibilitem a via oral (nível de evidência
A)
• Antibioticoterapia: O tratamento inicial é empirico. A escolha do antibiótico deve levar em
consideração a apresentação clínica, o agente etiológico mais provável por faixa etária e a
resistência atual em relação aos principais patógenos.
• Broncodilatadores e corticosteróides: Nos quadros acompanhados de insuficiência respiratória
e sibilos.
Observações importantes:
• Antibioticoterapia oral é segura e eficaz no tratamento de crianças com PAC sem complicações
(nível de evidência A).
• Não há diferença de eficácia entre os macrolídeos aprovados para crianças (nível de evidência
B).
• O uso de Ceftriaxona não está indicado nas duas primeiras semanas de vida (nível de evidência
A).
5
• Nas crianças internadas a duração da antibióticoterapia venosa se baseia na resposta clínica
(ausência de febre há pelo menos 24h, bom estado geral, recuperação da capacidade respiratória
com FR e SO2 normais) e na possibilidade da criança ingerir medicação oral (nível de evidência
A).
Na suspeita clinica de pneumonia, chamamos a atenção da necessidade da maior utilização da
radiografia de tórax, que pode confirmar o diagnóstico e melhorar a decisão de tratamento (nível
de evidência B)
Tratamento ambulatorial
• Amoxicilina é a primeira opção terapêutica no tratamento ambulatorial na dose de 50
mg/kg/dia(40-80mg/kg/dia) de 8 em 8 horas ou de 12 em 12 horas.
• Em crianças maiores de cinco anos a droga de escolha também é amoxicilina nas mesmas doses.
Devido à possibilidade de M.pneumoniae pode-se optar pela introdução de macrolídeos
(pneumonia atípica), como eritromicina, claritromicina ou azitromicina.
Reavaliar após 48 a 72 H.
Se apresentar melhoria: Manter terapêutica até 5-7 dias.5
Se não apresentar melhoria solicitar análises como Rx, hemograma; Sem piora clínica e sem
complicações: Optimizar com Clavamox ou cefalosporinas de 2ªgeração ex. Cefuroxima; Reavaliação
após 48-72H.
Se persistência de clínica em doente sem critério de internamento valorizar outros agentes frequente –
S. Aureus (Cloxacilina), atípicos (macrólidos – eritromicina, azitromicina).
Se piora ou complicações: Internamento
- Excluir outras causas de Pneumonia (Tuberculose)
6
Pneumonia com critérios de internamento em maiores de 3 meses
• Ampicilina parenteral 100mg-200mg/kg/dose, de 6 em 6 horas ou
• Penicilina cristalina 100.000-200.000U/Kg/ dia a cada 6 horas.
9. COMPLICAÇÕES
• Agudas: Derrame pleural, Empiema, Sépsis, Atelectasia, Abcesso pulmonar, Pneumonia necrotizante,
Pneumatocelo, Descompensação de doenças de base (cardiopatia, asma e outras pneumopatias),
Insuficiência respiratória.
10.PROGNÓSTICO
Relactivamente bom, se cursar sem complicações.
7
11.ASSINATURAS
Autor(es): Função Assinatura Data
Sílvia Silvestre1 18/09/2021
Médica Especialista
Médica Especialista
Joaquina Magalhães6 19/09/2021
Médico Especialista
Mbemba Makubica7 19/09/2021
Médico Especialista
Leite Cruzeiro8 19/09/2021
Médica Especialista
Manza Makubica9 19/09/2021
Nº Revisão:
1
Chefe de Serviço dos Cuidados Intermédios I do Hospital Pediátrico David Bernardino; Coordenadora do Módulo de
Pneumologia do internato de Pediatria do Hospital Pediátrico David Bernardino
2 Médica interna de Pediatria, Hospital Pediátrico David Bernardino
3 Médica Pediatra, Clínica Girassol
4 Directora Clínica do Hospital Pediátrico David Bernardino
5 Director Pedagógico do Hospital Pediátrico David Bernardino
6 Chefe de Serviço de Pediatria Especial do Hospital Pediátrico David Bernardino
7 Coordenador clínico do Serviço de Cirurgia do Hospital Pediátrico David Bernardino
8 Coordenador do Módulo de Neuroinfecciologia do internato de Pediatria do Hospital Pediátrico David Bernardino
9 Médica Pediatria, Hospital Pediátrico David Bernardini
8
12.ANEXOS
FLUXOGRAMA DA ABORDAGEM DA PNEUMONIA EM < 3MESES
Internamento
Solicitação de exames (RX do tórax)
Sinais de Gravidade
(≥60 rpm: tiragem subcostal: febre alta: recusa do seio materno por mais de três mamadas: sibilância:
estridor em repouso: letargia: sonolência anormal ou irritabilidade excessiva)
Não Sim
RESPOS
TA
Melhora Piora
9
FLUXOGRAMA DA ABORDAGEM DA PNEUMONIA EM ≥ 3MESES
Sinais de gravidade
Tiragem subcostal, adejo nasal, gemidos, intolerância da via oral, cianose central,
alteração de consciência, SpO2<92%, febre >38.5ºC, factores de risco, presença de
complicações, problema social
• Antibioticoterapia iniciada nas primeiras 6 horas após a chegada dos doentes com PN
• Selecção inicial de antibióticos de acordo a faixa etária
• Número de internamentos por Pneumoniagrave e muito grave após tratamento ambulatorial por
PAC
• Número de casos de empiema
• Taxa de mortalidade intra-hospitalar
II. BIBLIOGRAFIA
11
III. ESCALAS
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