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IPIMO

CADEIRA: Pediatria III


TURMA: TMG 18

DOCENTE: BUDJARNE ABDUL ISMAEL

MEDICO DE CLINICA GERAL


PNEUMONIA
Pneumonia (definição)
A Pneumonia é um processo inflamatório do parênquima pulmonar
(alvéolos e interstício), que pode ter origem no pulmão ou ser
complicação de um foco contíguo ou de um processo inflamatório
sistémico.
A broncopneumonia refere-se a inflamação do pulmão que está
centrado nos bronquíolos e leva à produção de um exsudato
mucopurulento que obstrui algumas destas pequenas vias aéreas e
provoca a consolidação desigual dos lóbulos adjacentes.
Classificação
1. Segundo o lugar onde se adquiri:
a) Pneumonia adquirida na comunidade – 48h antes do internamento
b) Pneumonia nosocomial – 48h depois do internamento

2. Segundo a expressão anatomoclínica


a) Lobar (Pneumonia)
b) Lobuliar ou segmentaria (Broncopneumonia)
Etiologia
Bactérias
 RN: Estreptococo de grupo B e D; E.coli, Klebsiella pneumoniae; Lysteria
monocitogenes, Pseudomonas em pré-termo;
 Idade 1- 3 mese: Estreptococo Pneumoniae; Haemofilus influenza tipo b,
Estreptococo de grupo A e Chlamydia trachomatis (até 2 anos), S.aureo (até 2 anos);
 Idade 4 meses - 5 anos: Pneumococo (mais frequente), Haemofilus influenzae tipo
b, Moraxella catarralis; Mycoplasma pneumoniae a partir dos 2 anos;
 Idade> 5 anos: Pneumococo (mais frequente), Haemofilus influenza tipo B,
Mycoplasma pnemoniae, Chlamydia pneumoniae,;
Etiologia
Vírus
Mais frequentes nas crianças do 1 mes aos 5 anos.
 Vírus respiratório sincicial.

 Enterovirus.

 Vírus da Influenza.

 Vírus para-influenza

 Citomegalovírus

 Adenovírus
Etiologia
Nas crianças imunodeprimidas
 Fungos (Candida albicans e Aspergillus fumigatum)
 Pneumocystis jiroveci: mais frequente entre os 4 meses e os 12meses,
 Mycobacterium tuberculosis
 Vírus: CMV

Não Infeciosa
 Agentes químicos: por exemplo na pneumonia por aspiração (petróleo)
Fatores de risco:
 Idade menos de 2 anos;
 Imunodepresão;
 A exposição ao fumo;
 Malnutrição
Transmissão
 Na fase neonatal, as bactérias são geralmente adquiridas
através da mãe
 Inalação de partículas do ar que contém a bactéria, vírus ou fungo
 Por contiguidade (faringite, sinusite, amigdalite)
 De um foco séptico distante
 Ativação de infeção latente ( TB)
Quadro clínico
Pneumonia Bacteriana
Pneumonia muito grave, é caracterizada pelos seguintes sintomas:
Inicio rápido com polipnea, tiragens, adejo nasal
Tosse usualmente produtiva; Febre; Cefaleia
Incapacidade de sugar ao seio ou de beber líquidos, ou vómito de todo o
volume ingerido;
Gemidos (nas crianças pequenas),
Convulsões, letargia ou inconsciência;
Quadro clínico
Pneumonia Bacteriana
Pneumonia grave é caracterizada pelos seguintes sintomas:
 Polipneia, febre, consciente, se alimenta com ligeira dificuldade
 Tosse ou dificuldade respiratória.

Pneumonia não-grave é caracterizada por tosse ou dificuldade


respiratória e Polipneia, alerta, em capaz de alimentar e beber, e não
em dificuldade respiratória grave.
Quadro clínico
Pneumonia Bacteriana
Pneumonia muito grave e grave (Exame Físico)
 Cianose central: sinal de pneumonia muito grave;
 Quando existem movimentos da cabeça sincrónicos com a respiração, indicando o
sofrimento respiratório grave: sinal de pneumonia muito grave;
 Gemido, batimento das asas do nariz (adejo nasal), sibilância, estridor;
 Pressão venosa jugular (PVJ) aumentada;
 Tiragem subcostal e intercostal;
 Se a oximetria de pulso estiver disponível: saturação < 90%;
Quadro clínico
Pneumonia Bacteriana
Pneumonia muito grave e grave (Exame Físico)
Na auscultação pulmonar, no caso de pneumonia grave e muito grave:
 Diminuição dos ruídos respiratórios;
 Ruídos brônquicos; Crepitações;
 Frémito vocal táctil: Aumentado
 Atrito pleural
Quadro clínico
Pneumonia Bacteriana
Pneumonia não grave, no exame físico podem estar presentes:
 Crepitações;
 Diminuição dos ruídos respiratórios;
 Áreas de ruídos brônquicos
Quadro clínico
Pneumonia atípica
é uma pneumonia causada por bactérias específicas como
Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae.
É uma doença de início gradual e insidioso de vários dias a semanas
Caracteriza-se por: mal-estar; Febre; Tosse seca, persistente e
lentamente agravamento; Dor de cabeça; Calafrios; Dor de garganta
coçando, Dor de peito (resultado da tosse prolongada
Quadro clínico
Pneumonia atípica
Exame Físico
 A aparência geral não tóxico.
 Aspiração na faringe, com mínima ou nenhuma adenopatia cervical,
mas não exsudato.
 Auscultação normal de pulmão com infecção precoce, mas roncos,
fervores, e / ou sibilos vários dias depois.
Quadro clínico
Pneumonia viral
Tem geralmente início gradual com:
 Tosse seca.
 Rinite e envolvimentos das vias aéreas superiores.
 O estado geral é menos comprometido.
 A febre muitas vezes não é tão proeminente.
Quadro clínico
Pneumonia viral
Exame Físico
 Tosse (com ou sem produção de expectoração).
 Taquipnéia e / ou dispneia. Taquicardia ou bradicardia.
 Retrações esternais ou intercostal. Hipóxia

Na auscultação pulmonar:
 Sibílos, roncos ou fervores na auscultação;
 Diminuição dos sons respiratórios.
Diagnóstico e Exames auxiliares
O diagnóstico é baseado na história clínica, sinais e sintomas exame
físico e eventuais exames de laboratório (hemograma, Vs, BK,
Ginexpert, Cultura) e/ou radiológicos (Raios x)

Pneumonia bacteriana pneuomonia viral


Diagnóstico diferencial
 Malária: pode haver uma pneumonia associada a malária, mas não de origem bacteriana
ou viral; a auscultação geralmente é negativa; o esfregaço da malária é positivo;
 Anemia grave: há aumento da FR e FC; há palidez e valores de hemoglobina
patognomónico;
 Insuficiência cardíaca: há aumento da FC, FR, rítmo de galope, sopro cardíaco,
crepitações nas bases pulmonares, hepatomegalia e edema das extremidades inferiores;
 Pertussis: tosse em paroxismos seguida de apneia, vómito, cianose, falta de vacinação;

 Pneumotórax: inicio súbito, hiper-ressonância a percussão de um hemitórax, desvio do


mediastino no RX;
 Bronquiolite: acontece nos primeiros dois anos de vida e é caracterizado por dispneia,
taquipneia, tiragem subcostal e intercostal e sibílos.
Tratamento medicamentoso
Pneumonia muito grave (internar paciente)
 Ampicilina (100 mg/kg, IM, 6/6h) + Gentamicina (7,5 mg/kg, IM, 1/dia) por
5 dias;
 Se boa resposta: tratamento Ambulatorio com: Amoxicilina e Ácido
Clavulanico: 50-80 mg/kg/dia de 8/8h. Em suspensão ou comp.
 Se suspeitar pneumonia por Pseudomonas: Ceftriaxona (80 mg/kg, IM ou IV,
1vez/dia) + Gentamicina (7,5 mg/kg, IM, 1/dia).
 Se Alergia: Cloranfenicol (25 mg/kg/dose, IM, ou, IV, 6/6h) até a melhoria da
criança. A seguir, continuar por via oral 4 vezes por dia até 10 dias.
Tratamento não medicamentoso
Pneumonia muito grave e grave
 Administrar oxigénio: se saturação <90%, Se não ter oximetro, manter o
oxigénio até que os sinais de hipoxemia não estejam mais presentes.
 Se febre, administrar Paracetamol por via oral 10-15mg/kg/dose
 Se houver sibilos, administrar um broncodilatador
 Se secreções espessa na garganta aspirá-la.
 Assegurar uma hidratação adequada.
 Estimular o aleitamento materno e a ingestão de líquidos por via oral.
Monitorização
Pneumonia muito grave
 Controlar a criança a cada 3 horas: se o cateter ou sondas não estão bloqueados
com secreção, se estão correctamente posicionados e se todas as conexões
estão bem fixadas.
 Na ausência de complicações, dentro de dois dias deverá haver sinais de
melhoria.
 Se a criança não melhorar dentro de 48 horas, ou se as condições clínicas da
criança se deteriorarem, deve-se investigar outras complicações subjacentes
descrito abaixo e tratá-las adequadamente
Tratamento medicamentoso
Pneumonia grave
 Ampicilina (100 mg/kg, EV6/6 h) por, no mínimo, três dias;
 Quando a criança melhorar, trocar para Amoxicilina (40-50
mg/kg/dia, 3 vezes por dia). O curso total do tratamento é de 10-14
dias;
 Se suspeitar a Chlamydia ou Mycoplasma pneumoniae:
administrar Eritromicina 50mg/Kg/dia de 6/6h durante 14 dias ou
Azitromicina 10mg/kg/dia dose única/dia por 5 dias.
Monitorização
Pneumonia grave
 A criança deve ser avaliada pela equipe de enfermagem pelo menos
de 6 em 6 horas e por um clínico pelo menos uma vez por dia:
registar a FR e a TC.
 Observar o nível de consciência.
 Observar a capacidade de beber líquidos ou de chupar ao seio.
 Na ausência de complicações, dentro de dois dias deverá haver
sinais de melhoria
Tratamento de crianças HIV-positivo
ou com suspeita de HIV
0 - 2 meses: Duração 10-14 dias
 Penicilina Cristalina 100 000 UI kg/dia, EV,6/6 h Ou Ampicilina
100 mg kg/dia, EV, 6/6 h, 10 días + Gentamicina 5mg/kg/dia,
12/12h 7 dias
>2 meses: Duração 10-14 dias com um dos seguintes:
 Penicilina Procaina 50 000 UI kg/dia , IM 12/12h ou Amoxicilina
50 mg kg/dia , VO , 8/8 h ou Ceftriaxona 100 mg, EV kg/dia, IM,
12/12 ou Cefalexina 50 mg kg/dia, VO, 6/6 h
Tratamento medicamentoso
Tratamento ambulatório
 Amoxicilina ou Amoxicilina e ác.clavulánico (50mg/kg/dia VO,
8/8 h)por sete dias. Pode adicionar Azitromicina 10mg/kg 1
dose/dia.
 Alternativa: Cotrimoxazol (4 mg/kg de trimetoprima e 20 mg/kg
de sulfametoxazol, por via oral, 2 vezes por dia) por 7 dias
 A duração da terapia pode ser aumentada de alguns dias nas
crianças com HIV até 14 dias.
DERRAME PLEURAL E
EMPIEMA
Derrame pleural
Derrame pleural é a acumulação de líquido entre os dois folhetos
que recobrem os pulmões ou seja as pleuras.
Tipos Liquidos
 Seroso: líquido transparente com linfócitos (processo reactivo, ou
infeccioso por vírus)
 Purulento ou empiema: (processo infeccioso por bactérias)
 Hemático: (trauma torácico-pulmonar, TB ou uma massa pulmonar)
Causas
 Patologia infecciosas: Por bactérias(empiema) e Por vírus
(exsudado): raras.
 Patologias das pleuras: neoplasias;
 Por reacção auto-imunitária;
 Por reacção a patologias cardiocirculatórias como uma
descompensação cardíaca, um edema pulmonar, ou uma hipertensão
hepática;
Fisiopatologia
 Aumento da permeabilidade dos capilares pleurais que determina a saída de
proteínas e consequentemente o aumento de líquido chamado exsudado rico
em proteínas e células inflamatórias como linfócitos e monócitos. Este tipo
de mecanismo acontece secundariamente a processo inflamatórios ou
neoplásticos da pleura;
 Aumento da tensão nos capilares com formação de um líquido pobre em
proteínas e células, chamado transudado ou hidrotórax, típico no caso de
descompensação cardíaca ou edema pulmonar;
 • Obstrução dos vasos linfáticos que determina falta de drenagem e
acumulação de líquido, como pode acontecer no caso de neoplasia.
Quadro clínico
Sendo uma possível complicação da pneumonia, a sintomatologia apresentada
pela criança é a mesma descrita para pneumonia grave ou muito grave.
Muitas vezes têm uma história de IVRS recente ou pneumonia.
 Febre persistente;
 Tosse;
 Falta de apetite,
 Mal-estar;
 Dor no peito ou ombros ou abdomen
Quadro clínico
Exame Físico
 Decúbito lateral da parte do derrame;
 Taquipnéia; Dispnéia

Na percussão: Maciez na área afectada pelo derrame/empiema


Na auscultação:
 Ruídos respiratórios reduzidos ou ausentes sobre a área afectada, aboliçao do
frémito vocal táctil.
 Atrito pleural pode ser auscultado em estágios iniciais
Diagnóstico e Exames Auxuliares
O diagnóstico é feito
através da anamnese e do
exame físico.
Hemograma, Vs,
Cultura de secreções.
Rx Torax ( ângulos
costrofrenicos e
cardiofrenicos borrados,
linha de damoiseau)
Punção Pleural:
Punção Pleural ou toracocentese
Para determinar a natureza do derrame e prescrever a terapêutica adequada.
 No caso em o derrame é turvo ou francamente purulento, amarelado, o
diagnóstico é de empiema e a provável origem é bacteriana, deve-se fazer
uma drenagem activa ou Pleurostomia
 No caso em que o derrame é sero-hemático a natureza do processo infeccioso
pode ser por Mycobacterium tuberculosis, deve-se fazer a pesquisa do BK e
decidir iniciar o tratamento específico da tuberculose, viral (raro) ou por
causas cardiocirculatória ou imunológicas
Diagnóstico diferencial
 Massa no peito.
 Pneumonia.
 Tuberculose.
 Atelectasia.
 Abscesso Pulmonar.
 Derrame Pericardico
Tratamento
A criança com derrame pleural ou empiema deve sempre ser internada.
O tratamento com antibióticos deve ser dado por 2-4 semanas totais.
 Ampicilina 100mg/kg/dia EV 6/6h OU Penincilina cristalina 100
000UI/kg/dia EV de 6/6h + Gentamicina 5 – 7,5mg/kg/dia EV de 12/12h para
7 dias;
 Se não melhorar passa para Ceftriaxona 80mg/kg/dia 1 vez dia EV;
Tratamento cirugica: Drenagem
O derrame pleural deve ser drenado, a não ser que seja muito pequeno. Se
houver derrame em ambos os lados do tórax, é necessário fazer a drenagem dos
dois lados. Pode ser necessário repetir a drenagem 2 ou 3 vezes se o líquido
retornar.
No caso em que não há melhoria, ou seja a febre ou outros sinais de doença
persistem, apesar da drenagem adequada do líquido e da terapia com
antibióticos, é necessário pensar em tuberculose e iniciar o tratamento
específico
Bibliografia
 Kliegman, KM, etal.Livro Didático de Pediatria de Nelson.19a
Edição. 2011.
 • OMS. Cuidados Hospitalares para criança. ARTMED
Editora, S.A; 2008.
 • OMS Orientações para os programas nacionais de
tuberculose sobre a abordagem da tuberculose nas crianças.
2006.
• OMS. Relatorio Sobre o Controle da
Tuberculoseglobal.Epidemiologia,Estratégia de Financiamento.
2009.

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