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IPIMO

CADEIRA: Pediatria III


TURMA: TMG 18

DOCENTE: BUDJARNE ABDUL ISMAEL

MEDICO DE CLINICA GERAL


FARINGOAMIGDALITE
FARINGOAMIGDALITE (definição)
Faringite é uma inflamação, geralmente devida a infecção da
mucosa da faringe, que pode afectar a nasofaringe, orofaringe e
laringo-faringe isoladamente ou em concomitância.
Amigdalite é a inflamação, geralmente secundária a infecção,
das amígdalas. As amígdalas, são duas proeminências de tecido
linfóide com cerca de 3 a 5 cm de diâmetro, localizadas nas faces
laterais do segmento médio da faringe ou orofaringe.
Etiologia
Vírus
 É mais frequente até aos 2-3 anos. Os vírus incluem: Rhinovírus, influenza
A e B vírus, Vírus parainfluenzae; outros menos implicados são Coxackie
vírus, Coronavírus, Adenovírus, Enterovírus, Epstein Bar virus e vírus herpes
simplex;
Bactérias
 Mais frequentes após os 2-3 anos incluem: Estreptococco Beta hemolítico
de grupo A (o mais frequente), Estafilococo, Mycoplasma pneumoniae,
Chlamydia pneumoniae, Corinebacterium diphtariae (em pacientes não
vacinados) Streptococco pneumoniae, Haemofilus influenzae
Quadro clinico
A criança apresenta-se com sinais/sintomas comuns as duas condições:
 Sensação de prurido a nível da garganta/orofaringe: frequentemente é o primeiro
sintoma;
 Faringodinia ou dor tipo ardor da garganta,
 Disfagia ou dor na deglutição de alimentos sólidos ou líquidos. A criança recusa
alimentar-se ou aceita somente alimentos líquidos e não quentes;
 Febre: que é mais elevada em caso a origem for bacteriana,
 Hiperemia da mucosa da faringe e em particular dos pilares palatinos,
 Aumento dos gânglios cervicais laterais que doem a palpação.
Quadro clinico
Sinais característicos de amigdalite:
 Hiperemia e hipertrofia das amígdalas: no
caso de amigdalite viral ou no primeiro
estadio de amigdalite bacteriana;
 Presença de exsudado nas amígdalas,
 Presença de placas amareladas nas
amígdalas: típico da amigdalite por
Estreptococo.
Quadro clinico
Complicações bacterianas
Abscesso periamigdaliano
É uma acumulação de pús ao lado da amígdala, geralmente é unilateral. Esta
condição é caracterizada pelo:
 Aumento da dor, sobretudo na deglutição, Aumento do volume da amígdala
afectada, Febre alta, Dificuldade em abrir a boca, A cabeça fica inclinada para
o lado afectado;
 No exame físico observa-se a amígdala afectada desviada para o centro; O
palato mole, edematoso e hiperemiado; A úvula edemaciada e desviada para o
lado oposto ao do abcesso; A presença de adenopatias dolorosas
retromandibulares
Complicações bacterianas
Abcesso retrofaríngeo
É uma acumulação de pús por trás da parede posterior da faringe. Esta condição é
caracterizada pelo:
 Faringotomia, Disfagia;
 Febre alta; Estridor;
 Dor do pescoço posterior e rigidez da nuca;
 Dispneia, Salivação abundante

Constitui uma urgência médica


Complicações bacterianas
Glomerulonefrite aguda
É uma afecção que causa danos aos glomérulos. Caracterizada pelo:
 Hematúria;
 Proteinúria leve;
 Oliguria;
 Hipertensão;
 Edema dos membros inferiores ou generalizado;
 Hipernatremia
Complicações bacterianas
Febre reumática aguda
É caracterizada por:
 Artrite;
 Coreia (movimentos dos membros superiores,
involuntários de origem cerebral);
 Miocardite;
 Lesões da pele podendo ser nódulos cutâneos,
 Eritema marginato
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na história clínica e no exame
físico da cavidade oral e pescoço, investigando os sinais
acima descritos.
No caso em que há suspeita de faringo-amigdalite por
Estreptococo é possível fazer uma zaragatoa das
amígdalas para recolher uma amostra de exsudado para a
coloração Gram e a cultura
Diagnóstico diferencial
Tratamento não medicamentoso
Caso a etiologia seja viral:
 Tratamento de suporte
 Hidratação
 Alimentação
 Paracetamol se houver febre. 10-15 mg/kg por dose de 6/6h
Tratamento medicamentoso
Caso a etiologia seja bacteriana:
 Amoxicilina e Ácido Clavulânico 50mg/kg/dia a cada 8h por 7-10 dias
sobretudo para prevenir a febre reumática
 Se alérgica a Penicilina como alternativa pode ser usada a Eritromicina
oral 50mg/Kg/dia a cada 6h durante 10 dias..
 O abcesso periamigdalino trata-se com Penicilina G EV, nas crianças
>12 anos: 500.000 U.I. de 6/6 h, aumentando se necessário para
1.000.000 U.I. ou mais de 6/6 h; crianças de 1 mês -12 anos: 50.000-
100.000 U.I./kg/dia 6/6h
Tratamento medicamentoso
Caso a etiologia seja bacteriana:
Em caso de um ataque de febre reumática é necessário
iniciar a profilaxia para prevenir sua repetição administrando
Penicilina Benzatinica IM, crianças com menos de 30 kg:
600.000 U.I. uma vez por mês.
Tratamento cirúrgico
Indicações para amigdalectomia:
 Paciente com 3 ou mais infecções de amígdala e/ou adenoidites por ano.
 Hipertrofiaamigdaliana causando mal-oclusão dentária ou afectando
adversamente o crescimento orofacial, documentado por ortodontista.
 Hipertrofia causando obstrução das vias aéreas superiores, disfagia severa,
desordem do sono ou complicações cardiovasculares.
 Abcesso peri-amigdalino sem resposta ao tratamento médico e drenagem.
 Gosto ou hálito desagradável devido a amigdalite crônica, que não responde ao
tratamento médico.
Critérios de referência
 Desidratação grave;
 Incapacidade para se alimentar ou beber;
 Sinais de septicemia (calafrios, febre alta, respiração rápida,
batimento cardíaco rápido, aparência muito doente, confusão
ou outras alterações do estado mental);
 Todos os casos de abcesso periamigdaliano ou retrofaríngeo
devem ser transferidas para um centro de nível mais superior.
HIPERTROFIA DAS ADENÓIDES
Hipertrofia das adenóides
 É o aumento do tamanho das glândulas adenóides, que
são do tecido linfóide, localizadas na parte superior da
nasofaringe.
 É uma condição frequente que acomete as crianças entre os
3 e 5 anos.
 O tecido linfóide está presente nestas idades pois é uma das
primeiras barreiras protectoras.
Fisiopatologia
 Pode resultar de infecções recorrentes ou alergia ou estímulos
inespecíficos com obstrução parcial ou total da nasofaringe
Mecanismos de reacção do tecido linfóide:
 Em resposta aos agentes patogénicos e/ou estranhos, as adenóides
reagem produzindo linfócitos e células de defesa, aumentando deste
modo de tamanho;
 Após os 5-6 anos de idade este tecido linfóide regride fisiologicamente e
é por isso que na adolescência e idade adulta este problema de hipertrofia
das adenoides não existe.
Quadro Clínico
 Nos casos leves a criança pode não apresentar nenhum sinal/sintoma.
 Nos casos moderados a criança pode apresentar voz anasalada como
resultado da infecção das vias aéreas superiores.
 Nos casos graves a criança apresenta voz anasalada sempre, não
consegue respirar com as narinas, mas respira através da boca e
portanto tem uma fácies característica com a boca sempre
semiaberta. Durante a noite pode apresentar episódios de apneia que
podem durar vários segundos e com respiração ruidosa (roncos).
Quadro Clínico
 Secreção nasal, com muco permanente no nariz.
 Tosse nocturna.
 Otites agudas frequentes.
 Gânglios no pescoço.
 Repercussão geral e perda de peso, principalmente nos
lactantes (falência de crescimento).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da história e do exame físico
das vias aéreas superiores.
Diagnóstico diferencial
 Amigdalite.
 Rinite Alérgica.
 Infecção respiratória das vias aéreas superiores
Conduta
Tratamento da hiperplasia das adenóides se há obstrução das
vias aéreas (sintomatologia grave) é a excisão cirúrgica e
deve ser referido para um nível superior.
DIFTERIA
Difteria
A difteria é uma infecção bacteriana das vias aéreas
superiores nomeadamente a nasofaringe causada por a
bactéria.
O agente etiológico é a bactéria Corynebacterium
diphtheriae .
Transmite-se através de inalação de gotículas áreas contendo
o microorganismo
Fatores de risco
 Contacto com um doente,
 No caso de um surto, as crianças que não foram imunizadas
com a vacina contra a difteria terá um risco maior de
adquirir a doença;
 Como as crianças ficam mais velhas (> 15 anos de idade), a
imunidade da vacina também diminui a menos que uma
dose de reforço é dada.
Quadro Clínico
 Estridor e obstrução destas vias áreas.
 Uma secreção nasal sanguinolenta.
 Há aumento dos gânglios da região cervical.
 Paralisia muscular.
 Miocardite.
 A miocardite e a paralisia podem ocorrer de 2 a 7 semanas
após o início da doença
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da história mas sobretudo
através do exame físico da cavidade oral epescoço. O
clínico deve pesquisar os seguintes sinais:
 Membrana acinzentada e aderente a nível das
amígdalas, que não é facilmente removida por uma
espátula. Remoção da membrana é seguida por
sangramento.
 Edema importante da região cervical anterior,
denominada aparência de “pescoço de touro”
Tratamento não medicamentoso
 Oxigénio: somente se houver obstrução da via aérea.
 Encorajar a criança a alimentar-se e a beber líquidos. Se
houver dificuldade de deglutição, é necessária a
alimentação por sonda nasogástrica
 Evitar examinar a criança com muita frequência ou
perturbá-la sem necessidade.
Tratamento medicamentoso
 Antitoxina diftérica (se disponível): logo que o clínico tiver a
confirmação do diagnóstico de difterite deve administrar 40.000
unidades da antitoxina diftérica (IM ou EV).
 Penicilina Procaína (50.000UI/kg, IM) 1x/dia por 7 dias ou
Penincilina Cristalina 100 000UI/kg/dia de 6/6h por 7 dias
 Se alergia Eritromicina: Crianças 30-50 mg/kg/dia divididos em 4
tomas por 7 dias.
 Se febre Paracetamol
Prevenção
 Vacinação segundo o calendário vacinal nacional com a vacina contra o tétano
e pertussis.
 Manter a criança em isolamento, sendo cuidada por pessoal totalmente
imunizado contra difteria.
 Administrar um reforço do toxóide diftérico para todos os contactos
domésticos imunizados.
 Administrar para todos os contactos domésticos não-imunizados uma dose IM
de Penicilina Benzatina (600.00UI para crianças com ≤5 anos; 1.200.000UI
para >5 anos) e imunização com toxóide diftérico; controlar diariamente
durante cinco dias quaisquer sinais de difteria nos contactos.
LARINGITES
Laringite
 A laringite é a inflamação, geralmente de origem
infecciosa, da mucosa da laringe.
Classificação
Laringite subglótica ou simplesmente laringite: que afecta
as cordas vocais e a parte da laringe abaixo das cordas
vocais. É a mais frequente.
Laringotraqueobronquite ou crupe a inflamação
infecciosa da mucosa da laringe, traqueia e brônquios.
Laringite supraglotica ou epiglotite: que afecta a parte
acima das cordas vocais. É rara.
Etiologia
A causa mais comum é o vírus Parainfluenza, mas pode ser
causada por outros vírus (Influenza vírus tipo A, Vírus
respiratório sycitial, Adenovírus).
Transmite-se e através da inalação de gotículas respiratórias
contendo bactérias que colonizam a laringe e a epiglote
levando a infecção.
Todas as idades são afectadas com pico entre os 6 meses e 3
anos.
Quadro Clínico
Fase prodrómica
 Rinite, tosse e febrícola durante 2 dias seguida por
rouquidão, tosse como se fosse o ladrar de um cão,
estridor inspiratório e retracções supraclaviculares.
Nas formas graves pode haver consciência comprometida
com letargia e pouca reactividade da criança, cianose,
agravamento do estridor inspiratório e da tiragem.
Laringotraqueobronquite ou crupe
A causa mais comum, causadas pelo vírus parainfluenza (1 ou 2).
Os sintomas e sinais característicos são:
 Estridor inspiratório,
 A voz pode ser normal ou com rouquidão,
 Uma tosse que se parece com o ladrar de um cão, muito fácil de
identificar logo que o paciente entra no consultório;
 A criança apresenta-se irritada, agitada; taquicardica, taquipneica;
 Há estridor inspiratório com retracção dos músculos intercostais marcada.
Epiglotite
Trata-se de uma infecção da supraglote que pode conduzir a
asfixia e morte sendo assim uma emergência médica.
O agente causal mais frequente é o Haemophilus
influenzae tipo B, sobretudo se as crianças não foram
vacinadas, mas pode ser causada por Estreptococo,
Pneumococo e Estafilococo.
É mais frequente entre 2 e 7 anos.
Epiglotite
Inicio a progressão da sintomatologia é rápida e grave e os sintomas e sinais
característicos são:
 Febre elevada; Salivação abundante; Disfagia;
 Voz afónica: a criança nem consegue falar por estar ocupada a respirar;
 Dificuldade respiratória grave caracterizada por:
• Estridor;
• Dispneia com retracções dos músculos intercostais, área supraclavicular, arejamento
nasal,
• A criança está sentada com a boca aberta para tentar respirar
 Agitação, cianose e letargia; aquicardia; taquipneia.
Diagnóstico
Laringite e do crupe
 É feito na base da história clínica mas sobretudo ouvindo o paciente
tossir e reconhecendo a característica tosse “de cão”.
 No exame físico é necessário avaliar as vias respiratórias superiores
(ver acima) e as inferiores.
 A auscultação dos pulmões geralmente é normal
Diagnóstico
Epiglotite
 É baseada na história clínica caracterizada pelo aparecimento súbito dos
sintomas graves de dificuldade respiratória, juntamente com o exame
físico.
 É absolutamente contra-indicado inspeccionar a cavidade oral e colocar a
espátula para inspeccionar a orofaringe, isto pode piorar o espasmo da
laringe aumentando a dificuldade de respiração
 Na auscultação pulmonar há redução da entrada do ar, roncos bilaterais
podem estar presentes
Diagnóstico
Epiglotite
 Hemograma pode ser usado para ajudar a
diagnosticar uma infecção bacteriana; uma
leucocitose pode ser visto com um
neutrofilia
 Uma Radiografia lateral do pescoço (A
epiglote inchado parece um polegar
inchado)
Diagnóstico Diferencial de Laringite
Abcesso peri-amigdalino
Abcesso retrofaríngeo.
Corpo estranho.
Tratamento
O tratamento não medicamentoso da laringite e do crupe é
o mesmo:
 Aconselhar os pais se houver água quente em casa quando a criança
tiver outro ataque deve ficar na casa de banho com as torneiras ou
chuveiro aberto de maneira que o vapor humidifique as vias aéreas
Tratamento
Tratamento medicamentoso da laringite e do crupe é o
mesmo:
 Aerossol com 3ml soro fisiológico e Adrenalina 5-10mg, que pode
ser repetido a cada 2h;
 Dexametasona IM 0,6mg/Kg para os casos moderados e graves.
 Prednisolona 1mg/Kg/dia uma vez por dia por 3-5 dias.
Tratamento
Tratamento da Epiglotite
 É necessário reconhecer imediatamente o quadro de epiglotite pois
pode levar à morte ou asfixia do paciente em poucas horas.
 O clínico deve portanto iniciar logo a terapia antibiótica e referir o
paciente para o nível superior visto que 90% dos casos será
necessária a intubação ou traqueostomia.
Tratamento
Tratamento da Epiglotite
 Terapia antibiótica com Cloranfenicol E.V: 100 mg /kg/dia
divididos em 4 doses por 7 dias.
 Inicia se a terapêutica antibiótica e transfere-se para unidade
sanitária com melhores condições e médicos especializados.
Bibliografia
 Manual de Formação Para Técnicos de Medicina Geral,
Neurologia, 2013, pag 12 – 22.
 Moore D. Anatomia orientada para a clínica. 5ª edição. Brasil:
Guanabara Koogan; 2007.
 Guyton AC. Tratado de Fisiologia Médica. 8ª edição. Brasil:
Guanabara Koogan; 1992.

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