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Resumo do Atendimento

Pré-Hospitalar ao
Traumatizado
3ª ETAPA
TURMA VII

FAM – SP

2019
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
SUMÁRIO
1. Cinemática do Trauma..............2
2. Choque.....................................2
3. Via Aérea...................................6
4. Trauma Torácico.......................9
5. Trauma Abdominal..................14
6. Trauma de Crânio....................15
7. Trauma de Coluna...................17
8. Trauma Pediátrico....................19
9. Trauma Geriátrico ....................21
10. Punção Intraóssea .................. 22

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
CINEMÁTICA DO TRAUMA

❖ 70% das mortes entre 15 a 24 anos e 40% das


mortes entre 1 a 14 anos, são decorrentes do
trauma;
❖ É a 8ª principal causa de mortes em idosos –
além de causar invalidez, inatividade e sequelas
especificas osteomoleculares.
❖ O trauma não é um acidente, ele pode ser
evitado;
❖ Ele é definido como um evento nocivo em que há
liberação de formas especificas de energia física:
• Energia mecânica: Transferida de um objeto em
movimento – motorista sem cinto bate no para-
brisa durante a colisão);
• Energia química: Interação de um composto CHOQUE
químico com a pele humana – queimadura por
exposição a um ácido ou base; CHOQUE HIPOVOLÊMICO/HEMORRÁGICO
• Energia térmica: Associada ao aumento de • Choque mais comum no trauma;
temperatura; • Desidratação ou hemorragia (hemácias e
• Energia elétrica: Resultado da movimentação plasma);
de elétrons entre dois pontos – trauma direto
ou térmico (socorrista que não avalia bem a ❖ Quando o sangue é perdido da circulação, o coração
é estimulado aumentar o débito cardíaco pelo
cena de um carro que bateu em poste de luz).
aumento da força e da frequência das contrações.
❖ Fases do trauma: Este aumento da produção é causado pela liberação
• Pré evento: Antes da lesão – as circunstâncias de adrenalina pelas glândulas supra-renais;
que levaram a uma lesão. (falta de cinto de
segurança, não uso de capacete, uso de celular ❖ O sistema nervoso simpático libera norepinefrina
para contrair os vasos sanguíneos e reduzir o
no volante.)
tamanho do compartimento capilar para torná-lo
• Fase do evento: Momento exato do trauma; As mais compatível com o volume de líquido
orientações seguidas no pré evento vai remanescente;
determinar o evento;
❖ Vasoconstrição leva à oclusão de capilares
• Fase do pós evento: Lidar com as
periféricos, o que reduz a chegada de oxigênio às
consequências tramáticas; células afetadas, forçando a mudança do
❖ No trauma considera-se a 1ª e 2ª lei de metabolismo aeróbio para anaeróbio nestas células.
Newton:
• 1ª Lei – Princípio da Inércia: Um corpo em − Estes mecanismos compensatórios de defesa
movimento ou em repouso tende permanecer funcionam bem e vão manter a perfusão celular
até certo ponto;
neste estado a não ser que sobre ele atue
uma força externa; ❖ Quando os mecanismos de defesa não conseguem
• 2ª Lei: A aceleração é proporcional à compensar a redução de volume, a pressão
resultante das forças aplica a ela. ( F= m.a). sanguínea do paciente diminui. A diminuição da
pressão arterial marca a mudança do choque
compensado para o descompensado- um sinal de
morte iminente.

❖ Um doente que tem sinais de compensação, como


taquicardia, já está em estado de choque. A menos
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
que ocorra uma reanimação agressiva, o doente • muitos desses pacientes necessitam de
que entra em choque descompensado tem apenas transfusão sanguínea e intervenção cirúrgica
mais uma etapa de declínio, o choque irreversível, para reanimação e controle adequado da
que leva à morte. hemorragia.
• Administra-se cristaloide e sangue.

Sinais vitais:
 CLASSE IV:
• Pele fria e úmida;
• Perda de mais de 40% do volume de sangue
• Cianótica, pálida;
(mais de 2000 ml);
• P.A diminuída;
• Intensa taquicardia (frequência cardíaca
• Nível de consciência alterada; superior a 140 batimentos/minuto);
• TEC < 2 segundos; • Taquipneia (frequência ventilatória maior que
35 ventilações/minuto);
• Confusão mental e letargia profunda;
CLASSIFICAÇÃO: DE ACORDO COM A PERDA • Diminuição significativa da pressão arterial
SANGUÍNEA sistólica, tipicamente na faixa de 60 mmHg;
• A sobrevivência depende de controle imediato
 CLASSE I: da hemorragia e reanimação agressiva,
incluindo transfusão de sangue e plasma com
• Perda de 15% do volume de sangue no adulto o mínimo possível de cristaloide.
(até 750 ml) - esse estágio tem poucas
manifestações clínicas;
• A taquicardia geralmente é mínima;
• Pressão arterial normal;
• Compensado;
• Administra-se Cristalóide.

 CLASSE II:
• Perda de 15% a 30% do volume de sangue no
adulto (de 750 a 1500 ml);
• A maioria dos adultos são capazes de
compensar essa quantidade de perda de sangue
pela ativação do sistema nervoso simpático, o
qual vai manter a pressão sanguínea;
• Aumento da frequência ventilatória;
• Taquicardia e pressão de pulso diminuída;
• Como a pressão arterial está normal, é
considerado como um choque compensado: o
paciente está em estado de choque mas
consegue compensar por enquanto.
• Administra-se Cristalóide.

 CLASSE III:
• Perda de 30% a 40% do volume de sangue no
adulto (de 1500 a 2000ml). quando a perda de
sangue chega a esse ponto, a maioria dos
doentes não são mais capazes de compensar a
perda de volume, causando assim a hipotensão;
• Taquicardia (frequência cardíaca acima de 120
batimentos/minuto);
• taquipneia (frequência ventilatória de 30 a 40
ventilações/minuto); → Líquido de reposição: 3 litros de reposição
• Ansiedade severa ou confusão mental; para cada 1 litro de sangue perdido.
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
CHOQUE DISTRIBUTIVO/ VASOGÊNICO ❖ Pele quente seca, especialmente abaixo da área
do trauma.
❖ O compartimento vascular expande de forma ❖ Os doentes com choque neurogênico em geral
desproporcional ao aumento de volume de podem ter lesões que levem à hemorragia
líquidos - Embora a quantidade de líquido intensa. Por isso, um doente com choque
intravascular não tenha mudado, relativamente
neurogênico e sinais de hipovolemia, como a
menos líquido está disponível para o tamanho
agora aumentado do compartimento; taquicardia, deve receber tratamento adequado
como se apresentasse perda de sangue –
❖ Como resultado, o volume de líquido disponível cristaloide.
para o coração bombear (pré-carga) diminui e leva
a uma diminuição do débito cardíaco.
CHOQUE SÉPTICO:
❖ Resistência ao fluxo sanguíneo é diminuída devido
ao tamanho relativamente maior dos vasos ❖ Reação infecciosa que apresenta dilatação vascular
sanguíneos. Quando essa resistência reduzida é por liberação de citocinas liberadas em resposta a
combinada com a pré-carga diminuída e, infecção.
consequentemente, com a redução do débito ❖ As citocinas, liberada em resposta à infecção,
cardíaco, o resultado é uma redução tanto da causam danos às paredes do vaso sanguíneo,
pressão sanguínea sistólica quanto da diastólica. vasodilatação periférica e extravasamento de
líquido dos capilares para o espaço intersticial.
❖ O choque distributivo pode ser causado: ❖ Pele úmida, fria, pálida e manchada;
❖ P.A diminuída;
• Perda do controle do sistema nervoso ❖ TEC < 2 segundos.
autônomo sobre os músculos lisos que
controlam o tamanho dos vasos sanguíneos – CHOQUE ANAFILÁTICO
Neurogênico (trauma medular, simples
desmaio); ❖ Reação alérgica grave que envolve vários sistemas
orgânicos;
• Pela liberação de substâncias químicas que ❖ Antígeno causa uma reação sistêmica.
levam a vasodilatação periférica - Distributivo ❖ Sintomas: eritema, urticária, insuficiência
séptico ou anafilático (alergias, reação respiratória e obstrução das vias aéreas.
infecciosa); ❖ O tratamento envolve a administração de
epinefrina, anti-histamínicos e esteroides no
CHOQUE NEUROGÊNICO: hospital.
❖ Lesão medular que interrompe a via do sistema
simpático no regia tóraco-lombar, o que gera a
CHOQUE CARDIOGÊNICO/OBSTRUTIVO
perda do tônus simpático vascular, promovendo a
dilatação dos vasos sanguíneos abaixo da lesão; Falência da atividade de bombeamento do coração.
❖ A diminuição acentuada da resistência vascular
sistêmica e a vasodilatação periférica, que ocorre CAUSAS INTRÍNSECAS
à medida que o compartimento sanguíneo
aumenta, levam a hipovolemia relativa; ❖ Danos ao músculo cardíaco: Qualquer processo
❖ O doente não está de fato hipovolêmico, mas o que enfraquece o músculo cardíaco irá afetar a
capacidade do coração de bombear sangue.
volume de sangue normal é insuficiente para
− O dano pode resultar em um infarto (interrupção
preencher o compartimento expandido; aguda do fornecimento de sangue ao próprio
coração) ou a partir de uma lesão direta ao
❖ Como atividade parassimpática no coração não
músculo do coração (como em uma contusão
está contra regulada, uma bradicardia em geral é
cardíaca);
Vista em vez de taquicardia, mas a qualidade do
− Uma oxigenação diminuída leva uma
pulso pode ser débil. O doente apresenta-se alerta,
contratilidade diminuída, o que resulta na
orientado e lúcido.
redução do débito cardíaco e,
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
consequentemente, na diminuição da perfusão
sistêmica.
− Uma redução da perfusão leva à diminuição
contínua de oxigenação e há um recomeço do
ciclo;
❖ Arritmia: O desenvolvimento de arritmia cardíaca
pode afetar a eficiência das contrações, levando a
diminuição da perfusão sistêmica.
− A hipóxia pode levar a isquemia do miocárdio,
causando arritmia, como contrações prematuras
e taquicardia.
❖ Ruptura valvular: Um súbito golpe de
compressão forte no peito ou no abdômen pode
danificar as válvulas do coração.
− Lesões graves valvulares levam a regurgitação
valvular cardíaca aguda, em que uma quantidade
significativa de sangue reflui para dentro da
câmara a partir da qual acabou de ser bombeada.
Esses doentes geralmente desenvolvem
insuficiência cardíaca congestiva, manifestada
por edema pulmonar e choque cardiogênico.

CAUSAS EXTRÍNSECAS
❖ Tamponamento cardíaco: Acúmulo de líquido no
pericárdio (saco no qual o coração está envolvido).
Como consequência o ventrículo não consegue
abrir completamente e, portanto, menos volume
pode entrar no ventrículo para ser bombeado para
fora a cada contração.
❖ Pneumotórax hipertensivo: acúmulo de ar no
espaço pleural, comprimindo os pulmões e
diminuindo o retorno venoso para o coração.

COMPLICAÇÕES DO CHOQUE

A tríade letal do trauma é a hipotermia,


coagulopatia e acidose. Não são causas da morte, mas
sintomas indicativos. São marcadores de metabolismo
anaeróbico e perda de produção de energia.

 Insuficiência renal aguda: A circulação


comprometida altera o metabolismo aeróbio do
rim para o metabolismo anaeróbio.
• Ocorre diminuição da perfusão renal;
• As células que compõem os túbulos renais são
mais sensíveis à isquemia e podem morrer se o
fornecimento de oxigênio ficar comprometido-
necrose tubular aguda ou insuficiência renal
aguda- condição que reduz o processo de
filtração nos túbulos renais;

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• diminuição do débito urinário e redução da AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
compensação de produtos tóxicos e eletrólitos;
 Exame físico mais específico e detalhado voltado à
• Como os rins não estão funcionando, o excesso
fraturas não encontradas na primária e outras
de fluido não é excretado, podendo haver
complicações, além da reavaliação do ABCDE
sobrecarga de volume;
aplicar-se:
• Os rins perdem a capacidade para esquentar
ácidos metabólicos e eletrólitos, o que leva uma • Sinais e sintomas;
acidose metabólica hipercalemia (aumento de
potássio no sangue); • Alergias;
 Síndrome do desconforto respiratório agudo: É • Medicamentos em uso rotineiro;
causada por danos as células alveolares dos • Passado Médico;
pulmões e diminuição da produção de energia para
manter o metabolismo dessas células. • Líquido (alimentos ingeridos pré evento);
 Insuficiência hematológica: O processo de • Eventos desencadeadores.
coagulação funciona melhor em uma estreita faixa
de temperatura, próxima da temperatura normal VIAS AÉREAS
do corpo. A temperatura corporal diminuída
agrava os problemas de coagulação, o que agrava FISIOLOGIA
hemorragia e reduz ainda mais a capacidade do
corpo de manter sua temperatura;
VIAS AÉREAS SUPERIOR ES
 Insuficiência hepática: É manifestada por
❖ Nariz e boca;
hipoglicemia persistente, acidose lática persistente
❖ Faringe:
icterícia;
- Nasofaringe;
 Infecção generalizada: o risco de infecção está - Orofaringe;
associada ao choque devido a várias causas: - Laringofaringe;
❖ Laringe;
• Diminuição do número de glóbulos brancos;
❖ Traqueia (porção superior).
• Isquemia e diminuição na produção de energia
das células da parede intestinal do doente em VIAS AÉREAS INFERIORES
choque, o que pode permitir a translocação
bacteriana para cavidade peritoneal; ❖ Traqueia (porção inferior);
❖ Brônquios e bronquíolos;
• Diminuição da função do sistema imune – ❖ Pulmões;
isquemia. ❖ Alvéolos.
→ Falência múltipla de órgãos
 A cada respiração, um adulto médio inspira cerca
de 500 ml de ar – ventilação normal;
 Portanto, em repouso, cerca de 7 litros de ar
precisam entrar em sair dos pulmões a cada
minuto para manter a eliminação de dióxido de
carbono e a oxigenação adequada.
 Se o volume por minuto reduzir-se abaixo do
normal, a ventilação do doente será inadequada,
condição chamada de hipoventilação.
• A hipoventilação leva ao acúmulo de dióxido
de carbono no organismo; Ela é comum em
quando traumatismos cranianos ou torácicos
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provocam alterações no padrão respiratório ou AVALIAÇÃO DA VIA AÉR EA
incapacitam a parede torácica de movimentar-
❖ Posicionamento da via aérea e do Doente:
se adequadamente.
• A maioria das vitimas de trauma são colocados em
• Por exemplo: Um doente com fraturas de
posição supina, na prancha longa, para
costelas que respira superficial e rapidamente
imobilização da coluna. Quando se tem redução do
por causa da dor, pode ter um volume corrente
volume sanguíneo muito rápido, ocorre o
de 100 ml. (Hipoventilação);
rebaixamento do nível da consciência e com isso
• A avaliação pré-hospitalar da função
ocorre o relaxamento da língua, permitindo
ventilatória sempre inclui uma avaliação da
obstrução da hipofaringe;
capacidade do doente inalar, difundir e liberar
• Além disso, indivíduos com traumas faciais e
o oxigênio.
hemorragias ativas devem ser mantidos na posição
que foram encontrados; sua colocação na posição
FISIOPATOLOGIA supina pode provocar a obstrução da via aérea e
possível aspiração de sangue.
O trauma pode comprometer a capacidade do sistema
respiratório de fornecer oxigênio adequadamente e ❖ Emanação de Sons da Via aérea superior:
eliminar dióxido de carbono das seguintes formas:
• Tendem a ser causados pela obstrução parcial da
1. Hipoventilação: Pode resultar da falta de via aérea, seja pela língua, pelo sangue ou por
estímulos do centro respiratório, em geral por corpos estranhos em sua porção superior;
depressão neurológica, mais frequentemente • Esta obstrução pode ser anatômica, como, por
após uma lesão cerebral traumática. exemplo, pela língua caída sobre a via aérea, ou
2. Hipoventilação: Pode ser causada por obstrução pelo edema de glote ou da própria via aérea. Pode
da via aérea superior ou inferior; também ser provocada por corpos estranhos.
3. Hipoventilação: Pode ocorrer em virtude da • Corpos estranhos na via aérea pode ser objetos
diminuição da expansão pulmonar; que estavam na boca do doente no momento do
4. Hipoxemia – diminuição do nível de oxigênio no trauma – próteses dentárias, goma de mascar,
sangue: Pode ser decorrente da diminuição da tabaco, dentes e ossos.
difusão de oxigênio através da membrana
alveocapilar;  Elevação do Tórax:
5. Hipóxia – oxigenação deficiente dos tecidos: • A elevação limitada do tórax pode ser um sinal
Pode ocorrer por causa da diminuição do fluxo de obstrução de via aérea; O uso de músculos
sanguíneo para os alvéolos; acessórios e o maior esforço respiratório devem
6. Hipóxia: Pode ocorrer por causa da incapacidade levar a um alto índice de suspeita de
de o ar chegar aos capilares, geralmente porque comprometimento da via aérea.
os alvéolos estão repletos de líquidos ou
detritos; CONTROLE DA VIA AÉREA
7. Hipóxia: Pode ocorrer em nível celular por 1. Estabilização da coluna cervical, até o doente
hipofluxo sanguíneo para os tecidos. estar completamente imobilizado;
2. Inspeção visual e desobstrução manual das vias
aéreas;
3. Avaliação da intubação Difícil: LEMOM

Localização: Procurar características que


podem dificultar a intubação;

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Estimativa da regra 3-3-2 (valores Mallampati: A hipofaringe deve ser
mínimos): Para permitir o alinhamento dos adequadamente visualizada.
eixos: faríngeo, laríngeo e oral, e assim a O examinador deve olhar a boca do dente
intubação ser fácil, deve se observar: usando uma lanterna para determinar o grau de
▪ A distância entre os dentes incisivos do doente visibilidade da hipofaringe.
deve ser de, pelo menos, 3 dedos.
CLASSE I: Palato mole, úvula, porção posterior
da cavidade oral e pilares são visíveis.

▪ A distância entre o osso hioide e o queixo


deve ser de, pelo menos, 3 dedos.
CLASSE II: Palato mole, úvula e porção posterior da
cavidade oral visíveis.

▪ A distância entre a incisura da tireoide e o


assoalho da boca deve ser de, pelo menos, 2
CLASSE III: Palato mole e base da úvula visíveis.
dedos.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
CLASSE IV: Apenas o palato duro visível. 8. Antes de iniciar a intubação orotraqueal, deve-se
testar a máscara laríngea (tipo de cânula
supragótica), injetando ao no CUF, para ver se não
há extravasamento de ar; Retirar todo o ar para
então introduzir a máscara;
9. Introduzir a máscara em posição virada para
cima;

Obstrução: Qualquer condição que provoque


obstrução da via aérea dificulta a ventilação.
10. Injetar ar no CUF novamente – A quantidade de ar
Mobilidade do pescoço: Pede-se para o varia com o tamanho da máscara: +/- 30 ml de ar;
doente colocar o queixo sobre o peito e depois 11. Com o uso do Ambu proceder com a ventilação
esticar o pescoço, como se estivesse olhando mecânica;
para o teto. Doentes com colar cervical não são 12. Confirmar se o ar está indo corretamente para os
capazes de mover o pescoço, o que dificulta sua pulmões e não para o estomago:
− Ausculta da região epigástrica;
intubação.
− Ausculta dos pulmões: ápice, ápice; base, base.
4. Tração da mandíbula: permite abrir via aérea
com pouco ou nenhum movimento da cabeça e TRAUMA TORÁCICO
da coluna cervical. • O trauma torácico pode ser causado por
5. Elevação do mento: Alivia a variedade de mecanismos contusos ou penetrantes:
obstruções anatômicas.
→ Força contusa: colisões automobilísticas; quedas
− Ambas as técnicas puxam a língua para frente, de grandes alturas; agressões; lesão por
para fora da via aérea e abrem a boca. A tração esmagamento;
da mandíbula empurra a mandíbula para frente,
→ Feridas penetrantes: armas de fogo; armas
ao passo que a elevação do mento puxa a
brancas;
mandíbula.
• Os órgãos torácicos estão envolvidos na
− No momento em que um socorrista realiza a
manutenção da oxigenação, ventilação e oferta
abertura de vias aéreas, outro socorrista fica
de oxigênio.
permanentemente mantendo estável a cabeça e
Lesões torácicas que não são reconhecidas
coluna cervical.
imediatamente podem acarretar em hipóxia
6. Introduzir a cânula de Guedel para iniciar
(quantidade inadequada de oxigênio no sangue),
oxigenação mecânica com o uso do Ambu.
hipercapnia CO2 excessivo no sangue), acidose
7. Enquanto um socorrista faz a pré oxigenação,
e choque.
outro socorrista administra sedativo intravenoso
(Midazolam, Fentanyl OU Etomidato); e
paralisante químico (succinilcolina, vecurônio,
rocurônio, OU pancurônio);

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
ANATOMIA DO TÓRAX FISIOPATOLOGIA

O tórax é um cilindro oco, constituído por estruturas


ósseas e musculares, composto de 12 pares de PNEUMOTÓRAX SIMPLES:
costelas. A partir de uma lesão contusa – acidente
automobilístico; A força contusa aplicada à parede
→ Destes pares, os 10 superiores articulam-se
torácica é transmitida através da parede aos órgãos
posteriormente com a coluna vertebral torácica e
torácicos, especialmente ao pulmão.
anteriormente com o esterno ou com a costela
superior. Se a força aplicada ao tecido pulmonar também
→ Os dois pares inferiores de costelas só se lesionar a pleura parietal, o ar pode escapar do
articulam posteriormente com a coluna. pulmão para dentro do espaço pleural criando um
Anteriormente são livres, sendo então chamadas pneumotórax (com potencial de evolução para um
de “costelas flutuantes”. Elas protegem os órgãos pneumotórax hipertensivo);
da parte superior do abdome (principalmente O ar no espaço pleural rompe a aderência entre as
baço e fígado). membranas pleurais criada pelo liquido pleural.

Essa caixa fornece uma proteção acentuada aos • O pulmão sofre colabamento, impedindo uma
órgãos internos da cavidade torácica. ventilação eficaz.
→ Doente apresenta ventilação superficial e mais
→ Uma fina membrana, chamada de pleura rápida (como forma de compensar);
parietal, reveste a cavidade formada por
essas estruturas;
→ Outra fina membrana, chamada de pleura
visceral, cobre os outros órgãos da cavidade
torácica.

Normalmente não há espaço entre essas duas


membranas. Elas estão aderidas entre si por uma
pequena quantidade de liquido que as mantém
unidas. O líquido pleural cria uma tensão superficial
que se opõe a natureza elástica dos pulmões,
impedindo sua tendência natural a sofrer
colabamento. PNEUMOTÓRAX ABERTO:
Lesões penetrantes – arma de fogo, explosivos, arma
branca – provocam um pneumotórax aberto; Essas
lesões penetram a cavidade torácica e possivelmente
lesionam órgãos internos do tórax.

• Devido à grande proximidade da parede torácica


com o pulmão, é muito difícil que a parede seja
lesionada por um ferimento penetrante e o
pulmão não seja afetado;
• Uma perfuração na parede torácica produz uma
comunicação entre o ar ambiente e o espaço
pleural; Com a entrada do ar no espaço pleural, o
pulmão sofre colabamento;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
• A passagem para dentro e para fora do orifício na • Um pneumotórax simples ou aberto podem
parede torácica cria um ruído, por isso a lesão é evoluir para um pneumotórax hipertensivo;
denominada “ferimento torácico soprante”.
→ A ventilação fica superficial, pois o fluxo de ar
está indo para o espaço pleural em vez dos
alvéolos pulmonares. Apesar do doente estar
respirando, o oxigênio é impedido de entrar no
sistema circulatório. (Como forma de tentar
compensar, a ventilação é rápida.)

HEMOTÓRAX:
Em um trauma fechado de tórax (lesão contusa) pode
haver fratura de costelas, o que consequentemente
pode causar lacerações no pulmão e nos músculos
intercostais produzindo hemorragias, o que configura
um hemotórax.

• A presença de grandes volumes de sangue no


espaço pleural impede a expansão pulmonar,
dificultando a respiração. Gera uma
hipovolemia.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO:
Se a quantidade de ar no espaço pleural continuar a
aumentar, sem que haja qualquer saída, a pressão no
espaço pleural começa a se elevar, provocando um
pneumotórax hipertensivo, o que em breve impedirá
o doente de respirar.

• A maior pressão no lado acometido do tórax


pode deslocar as estruturas mediastinais para
o lado oposto do tórax, a pressão arterial
também é comprometida, provocando assim a
distensão da veia jugular; Ocorre desvio da
traqueia.
• Essa distorção anatômica pode piorar, ainda
mais, o retorno venoso ao coração, dado o
dobramento da veia cava inferior;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
TÓRAX INSTÁVEL: Ocorre quando duas ou mais − Palpação:
costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos - A parede torácica deve ser levemente palpada com
dois lugares. Isso faz com que um segmento da as mãos e os dedos para pesquisar presença de
parede torácica passe a não apresentar mais pontos dolorosos, crepitação e segmentos instáveis
continuidade com o restante do tórax. da parede torácica.

− Percussão: Técnica difícil de ser realizada no


local, pois frequentemente há muito barulho.

→ Avaliar repetidamente a frequência


ventilatória.

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA: TRATAMENTO DE


LESÕES ESPECIFICAS.
❖ PNEUMOTÓRAX SIMPLES:
Avaliação:
− Doente se queixa de dor torácica;
− Disfunção respiratória;
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO − Diminuição do murmúrio vesicular do lado da
 ABCDE do trauma; lesão;
• Suporte com máscara não reinalante; Tratamento:
• Colocação de um oxímetro no pulso para − Oxigênio suplementar;
avaliar a saturação arterial de oxigênio; − Doente deve ser continuamente monitorado,
• Avaliação rápida: Inspeção, ausculta e palpação; pois ao evoluir para um pneumotórax
hipertensivo a intervenção deve ser rápida.
− Inspeção:
- Observar quanto a palidez cutânea e ❖ PNEUMOTÓRAX ABERTO:
sudorese; - Frequência ventilatória e os sinais Avaliação:
de dificuldade para respirar – dispneia, − Insuficiência respiratória evidente;
contrações dos músculos respiratórios − Doente ansioso e taquipneico;
acessórios do pescoço, batimentos de aza de − Pulso radial: fino e rápido;
nariz. − Ruídos audíveis produzidos pela ferida (som
- Analisar se a traqueia está na linha média ou borbulhante durante a expiração).
está desviada para algum lado; Tratamento:
- Veia jugulares distendidas; − Administração de oxigênio suplementar;
− Fixação de uma bandagem oclusiva em três
− Ausculta: lados do ferimento – Isso impede o fluxo de ar
- Avaliação dos 4 quadrantes; para a cavidade torácica durante a inspiração,
- Observar ausência ou diminuição de murmúrio ao mesmo tempo que permite seu escape
vesicular de um lado em relação ao outro – a através do lado solto do curativo durante a
diminuição dos murmúrios vesiculares podem expiração.
indicar hemotórax ou pneumotórax.
- Observar se há a presença de sons crepitantes.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
− A inserção da agulha é realizada entre o
segundo e terceiro espaço intercostal na
linha hemiclavicular do tórax envolvido.
− A descompressão é realizada com uma
agulha intravenosa de grande calibre (10 a
16), de pelo menos 8 cm de comprimento;
− A agulho e o cateter devem ser introduzidos
até surgir um jato de ar, e não deve
ultrapassar esse ponto.
− Após obter a descompressão, a agulha é
❖ PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: removida e o cateter é fixado ao tórax para
Avaliação evitar seu deslocamento;
− Distensão das veias do pescoço; − Esse procedimento converte um
− Desvio de traqueia; pneumotórax hipertensivo em um
− Diminuição dos sons respiratórios do lado da pneumotórax simples.
lesão; − O doente deve ser transportado
− Cianose; rapidamente para um hospital equipado
− Taquicardia; apropriadamente, com um acesso venoso;
− Taquipneia;
Tratamento
− A prioridade é a descompressão do
pneumotórax hipertensivo;
− A descompressão deve ser realizada na
presença de três achados:
1. Piora do desconforto respiratório ou
dificuldade de ventilação;
2. Ausência ou redução unilateral dos sons
respiratórios;
3. Choque descompensado (P.A sistólica menor
que 90 mmHg).

OBS: Quando a descompressão não é uma opção,


seja por falta de manejo do socorrista, por falta de
materiais ou pelo ambiente; o auxilio ventilatório com
pressão positiva deve ser usado apenas se o doente
apresentar hipóxia, pois a ventilação pode resultar no
acúmulo de ar mais rápido no espaço pleural. – Isso
ocorre também no pneumotórax simples, por isso é
necessário ficar supervisionando a todo momento o
doente;

Descompressão com Agulha

− A inserção da agulha no espaço pleural do


lado acometido permite que o ar
acumulado sob pressão escape.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
TRAUMA ABDOMINAL gerando uma perda de sangue muito rápida
(choque hipovolêmico).
FISIOPATOLOGIA

 Os órgãos abdominais são divididos em ocos,


sólidos e vasculares;
 Quando lesionados, os órgãos sólidos e
vasculares (fígado, baço, aorta e veia cava)
sangram, ao passo que os órgãos ocos (intestino,
vesícula biliar e bexiga) derramam seu conteúdo
dentro da cavidade peritoneal ou no espaço
retroperitoneal;
 A liberação dos ácidos, enzimas digestivas ou
bactérias do TGI para o interior da cavidade
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA – ABCDE
peritoneal resulta em peritonite (inflamação do
peritônio que reveste a cavidade abdominal). ❖ Inspeção rápida, observando se há sangramentos
ativos;
 A perda de sangue para o interior da cavidade
❖ Monitorar constantemente a frequência
abdominal, independente de sua origem, pode respiratória;
contribuir ou ser a causa primária de choque ❖ Avaliar pele, pulso e perfusão; Quando hipotenso
hipovolêmico; (P.A baixa), taquicardico (btm acelerados) e pele
❖ As lesões abdominais podem ser causadas por fria, pálida e pegajosa -> Indica uma hemorragia
ferimentos penetrantes ou por trauma fechado: intra-abdominal, ocasionando um choque
hipovolêmico;
• Ferimento penetrante: Lesões causadas por
❖ Controlar a hemorragia:
armas brancas ou armas de fogo; − Curativo compressivo em forma de rosca;
− Curativo compressivo simples;
− Curativo de 3 pontas (ferida soprosa);
− Torniquete;
❖ Dois acessos venosos calibrosos:
− Morfina;
− Cristalóide ou colóide;
− Quando possível, os líquidos para uso
intramembranoso devem ser aquecidos a 30°C
antes de serem administrados. A administração
de líquidos frio ou em temperatura ambiente
contribui para hipotermia e aumento da
hemorragia.
• Trauma fechado: Lesões causadas por
❖ A avaliação neurológica do doente indica,
acidentes automobilísticos, agressões físicas,
quando há, o nível do choque que o-acomete.
quedas de escadas, marcas do cinto de
segurança em uma desaceleração brusca [...] AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
São mais difíceis de diagnosticar; Resultam de ❖ Avaliação detalhada do abdome:
forças de compressão ou de cisalhamento; − Inspeção
− Na compressão, os órgãos abdominais são − Objetos encravados;
comprimidos entre objetos sólidos, como − Marcas de pneus;
entre o volante e a coluna vertebral. − Sinal do “cinto de segurança” – equimose ou
− No cisalhamento, os órgãos sólidos ou vasos abrasão abdominal;
sanguíneos se rompem; O fígado e o baço − Edema;
podem se romper e sangrar com facilidade, − Cianose;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
− Examinar o contorno do abdome, avaliando
se ele está plano ou distendido – a distensão
do abdome pode indicar hemorragia interna
significativa.
− Ausculta
− Abdome “silencioso” – hipoatividade: pode
indicar hemorragia;
− Palpação
− Deve ser iniciada pelo quadrante menos
acometido;
− Durante a palpação de uma área dolorosa, o
socorrista observa que o doente “contrai” os
músculos abdominais da região, em decorrência
da dor: Defesa voluntária;
− Quando a região está rígida ou os músculos
abdominais desta região geram espasmos,  HEMATOMA EPIDURAL: Acúmulo de sangue entre o
mesmo quando não apalpados: Defesa espaço epidural e o crânio;
involuntária (apresentada em resposta à  HEMATOMA SUBDURAL: Acúmulo de sangue entra a
peritonite). dura-máter e a aracnoide.
→ Palpação (avaliação) da pelve: Deve ser
cuidadosamente palpada para pesquisar
instabilidade e dor. Isso é feito em três etapas:
1. Pressionar as cristas ilíacas para dentro;
2. Pressionar para fora;
3. Pressionar a sínfise púbica para trás.

TRAUMA DE CRÂNIO

ANATOMIA

❖ Embora a maior parte dos ossos que formam o crânio


seja espessa e forte, as regiões temporais e etmoidais
são especialmente finas, portanto mais suscetíveis a
fratura.
❖ Três membranas distintas, denominadas meninges,
recobrem o encéfalo:
▪ Dura-máter - membrana mais externa:
Composta por um tecido fibroso resistente que
reveste o cérebro.
FLUXO SANGUÍNEO CEREB RAL
▪ Epidural: Espaço virtual entre a dura-máter e o
crânio. (não é considerado membrana) ❖ Os neurônios do cérebro precisam receber um
▪ Subdural: Entre dura-máter e aracnoide. fluxo sanguíneo adequando para fornecer
− O espaço subdural é um espaço real oxigênio e glicose. Esse fluxo constante é mantido
localizado abaixo da dura-máter, hematomas assegurando-se de que haja:
que atingem esse espaço causam a ruptura − Pressão Adequada (pressão de perfusão
de veias, de pressão mais baixa e geralmente cerebral) para forçar o sangue para dentro da
estão associados a lesão cerebral. cabeça;
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
− Mecanismo regulador (autorregulação) que
garanta um fluxo sanguíneo constante pela
variação da resistência ao fluxo sanguíneo, à
medida que a pressão de perfusão se altere.
❖ PRESSÃO DE PERFUSÃO CEREBRAL
Corresponde à pressão necessária à circulação de
sangue pelo órgão e, assim, à manutenção do
fluxo sanguíneo e do suprimento de oxigênio e Expansão do hematoma ->
glicose às células cerebrais. efeito de massa -> elevação da
− Pressão diretamente relacionada com a PIC, PIC -> hipóxia - > hipotensão do
pois já que o espaço no interior do crânio é fluxo sanguíneo cerebral ->
imutável, qualquer coisa que ocupe espaço na apoptose -> movimentação
caixa craniana faz com que a PIC eleve. mecânica do cérebro ->
− Com a PIC elevada, a quantidade de pressão hierniação;
necessária à circulação do sangue pelo cérebro
é também elevada.
− Se a Pressão Arterial Média (pressão que
bombeia o sangue para a cabeça) não
acompanhar esse aumento da PIC, ou se o
tratamento para a redução da PIC não começar
logo, o fluxo sanguíneo pelo cérebro reduzirá,
afetando a perfusão cerebral.

FISIOPATOLOGIA

LESÃO CEREBRAL PRIMÁRIA


❖ Trauma direto no cérebro e estruturas vasculares
associadas;
→ Contusões, hemorragias, lacerações;
→ Baixa expectativa de correção das regiões
lesionadas.

LESÃO CEREBRAL SECUNDÁRIA


❖ Processos contínuos de lesão desencadeadas pela
lesão primária; No momento da lesão, iniciam-se
os processos fisiopatológicos que continuam a
lesar o cérebro por horas, dias e semanas após a
lesão.
− “Doentes que inicialmente estavam lúcidos após • Hérnia de Uncus (Tronco cerebral): Se a massa em
uma lesão traumática, mas subitamente expansão estiver ao longo do lobo temporal, como
ocorre em um hematoma epidural, o lobo temporal é
entravam em coma e morriam em consequência
forçado em direção ao centro cerebral. Forçando a
da expansão de um hematoma intracraniano não
porção medial do lobo temporal, o unco, em direção ao
identificado, produzindo uma hierniação fatal.” terceiro par de craniano, trato motor e ao tronco
cerebral SRA, produzindo assim disfunção no terceiro

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
par craniano, gerando pupilas dilatadas ou midriáticas TRAUMA DE COLUNA
no lado da hierniação;
❖ Principais causas:
• Hérnia Tonsilar (Forame magno): Ocorre à medida que
- Colisão automobilística;
o cérebro é empurrado para baixo em direção ao
- Quedas;
forame magno e empurra o cerebelo e o bulbo à sua
frente. Levando à paradas cardíacas e respiratórias. - Colisões de motocross;
- Lesões esportivas;
- Trauma violento;
- Incidentes em água rasa.

ANATOMIA

❖ A coluna vertebral possui 33 ossos (vértebras);


- C1 – Atlas
- C2 – Áxis
→ O peso da cabeça repouso sobre o Atlas; A cabeça
pesa em média 9 kg, apoiada sobre o pescoço que é
fino e flexível; contribuindo para fragilidade da
coluna cervical.
❖ Processo transverso: inserção muscular;
❖ Forame vertebral: por onde a medula óssea passa;

• Doutrina de Monro-Kellie: Mecanismo de


compensação intracraniana para uma massa em
expansão.

AVALIAÇÃO

❖ Análise rápida da biomecânica do trauma;


❖ AVALIAÇÃO PRIMÁRIA – ABCDE (avaliação
constante do nível neurológico);
❖ AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
− Reavaliação neurológica;
− Controle da PIC, PAM e PP (pressão de perfusão).
− Transporte rápido ao centro de trauma
(neurocirurgião);
▪ Cristalóides funcionam como expansores
plasmáticos, por isso não pode se administrar
em TC, pois assim irá aumentar o edema
cerebral, podendo ser fatal.

❖ Anatomia da medula

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
− Medula espinhal é uma constituição do cérebro, ❖ Mecanismo da lesão
passando pelo forame magno (base do crânio) e - Hiperflexão;
indo até a L2. - Hiperextensão;
− A medula é cercada pelo líquido - Hiper-rotação.
Cefalorraquidiano (LCR);
− O LCR protege a medula contra movimentos • CHOQUES
rápidos e intensos;
❖ Medular: fenômeno neurológico que ocorre
• Massa cinzenta: células nervosas; durante um período imprevisível após a lesão
• Massa branca: longos axônios que formam os medular.
tratos medulares (impulsos nervosos); AUSÊNCIA TEMPORÁRIA DE UMA OU TODA FUNÇÃO
▪ Tratos ascendentes: impulsos sensoriais das SENSORIAL MOTORA, FLACIDEZ MUSCULAR E
partes distais do corpo para o cérebro como dor, PARALISIA;
tato e pressão e impulsos sensitivos de − Normalmente lesão penetrante por fragmentos
movimento; ósseos e/ou compressão medular;
▪ Tratos descendentes: propagam as informações ❖ Neurogênico: quando a lesão rompe o
do cérebro para o corpo; mecanismo do sistema simpático;
− Pele quente e seca;
❖ Ramificações nervosas − Bradicardia ligeiramente;
▪ Durante a extensão da medula espinhal, os − Vasodilatação (atuação do parassimpático)
pares nervosos se ramificam. TRATAMENTO: Vasopressores e marca-passo;
▪ Esses ramos de nervos tem várias funções de Volume moderado;
controle, e seus níveis na medula são
representados por dermátomos (área
• Lesões específicas
sensitiva do corpo que fica sob o controle de − Transecção medular completa: paraplegia ou
uma raiz nervosa). Eles ajudam a determinar o tetraplegia, depende do nível atingido, ou
nível da lesão medular. seja, quanto mais alta a lesão, mais danos.
▪ O nervo frênico, por exemplo, possui − Transecção medular incompleta:
dermátomos no diafragma. Ele se ramifica de a) Síndrome medular anterior: Fragmentos;
nervos originários da medula entre os níveis Acomete função motora, dor e temperatura;
C2 e C3. Portanto, se houver uma lesão na b) Síndrome medular central: Hiperextensão;
medula acima de C2, leva à incapacidade Provoca parestesia nos membros superiores;
respiratória; c) Síndrome de brown-séquard: Lesão
penetrante; Lesão em que o lado oposto do
❖ Lesões
acometido é completamente afetado;
▪ Fraturas por compressão: achatamento da
vértebra;
❖ Tratamento:
▪ Fraturas que geram pequenos fragmentos
ósseos: ficam alojados no canal medular
PRIMARIA - ABCDE
podendo provocar algum tipo de lesão por
laceração;
❖ Retirar o doente do local do acidente com técnica
▪ Subluxação/deslocamento parcial de uma
de remoção adequada;
vertebra;
❖ Colar cervical;
▪ Superestiramento ou laceração dos
❖ GLASGOW;
ligamentos e músculos, gerando instabilidade
❖ Imobilização em bloco (palpar a coluna)
vertebral.
❖ Estabilizar a coluna.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
SECUNDÁRIA − Homicídios;
− Abuso infantil < 2 anos;
❖ Testar sensibilidade à palpação da coluna
− Maus tratos.
vertebral (“Fulano você está sentindo eu apertar
sua perta?”)
❖ Mecanismos do trauma
❖ Observar lesão evidente;
❖ Observar se paciente relata queixa de dor em
coluna;
❖ Observar se o paciente apresenta algum tipo de
alteração mental;
❖ Observar presença ou ausência de sensações dos
ombros aos pés.

 TRANSPORTE RÁPIDO AO HOSPITAL;

OBS: Erros na prancha que causam lesões:

− Tronco se move na prancha e cabeça movimenta;


− Tamanho inadequado do colar cervical; ❖ Aspectos anatômicos relacionados ao trauma
− Faixas desajustadas em alguma área do corpo. ▪ Menor massa corporal:
− Maior impacto de energia sobre a área;
− Maior força por área corporal;
TRAUMA PEDIÁTRICO − Menor proteção;
− Menos gordura;
Os óbitos pediátricos decorrentes do trauma possuem uma
− Menos tecido conjuntivo;
distribuição trimodal:
− Menor superfície corporal (fácil perda de calor
– hipotermia)
▪ Maior proximidade entre os órgãos:
− Órgão sólidos relativamente maiores em
relação à cavidade abdominal;
− Caixa torácica mais complacente;
▪ Cabeça proporcionalmente maior:
− Ossificação incompleta
− Maior flexibilidade
− Maior risco de contusões pulmonares
− Fraturas “em galho verde” – maior resistência
do periósteo (forma fissuras e não rompe);

1º Pico: 50% das mortes; não evitáveis; no local do


acidente;

2º Pico: 30% das mortes; evitáveis.

3º Pico: Falência múltiplas dos órgãos. ❖ Particularidades Fisiológicas:


− A criança traumatizada compensa um
❖ Epidemiologia sangramento aumentando a resistência vascular
− Acidentes de trânsito; sistêmica – a capacidade de vasoconstrição da
− Afogamentos; criança é muito maior que a do adulto.
− Incêndios;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
− A redução da pressão de pulso e o aumento da Máscara venturi ou não reinalante (100%);
taquicardia podem ser os primeiros sinais sutis
do choque iminente. Além disso o socorrista  Intubação Orotraqueal
deve prestar muita atenção aos sinais de Indicada em:
perfusão (diminuição da temperatura, palidez, − TCE grave;
lentidão do preenchimento capilar). − Impossibilidade de manutenção das vias
Diferentemente do adulto, esses sinais precoces aéreas;
de sangramento, em crianças, podem ser sutis e − Rebaixamento neurológico.
difíceis de identificar, fazendo com que a
apresentação do choque seja enganosa. • Pioras clínicas em pacientes intubados:
− Deslocamento;
− Obstrução;
O organismo da criança fica muito tempo − Pneumotórax;
tentando compensar uma hemorragia,
− Equipamento – com falhas.
porém, quando descompensa é muito
rápido, podendo ser fatal. B. Respiração – ventilação
❖ Efeitos a longo prazo: − Hipóxia - Causa mais frequente de Parada
− Sequelas físicas; cardiorrespiratória em crianças;
− Sequelas neurológicas – lesões cognitivas − Parede torácica mais complacente: Contusão
necrosadas, gerando hipoatividade das áreas;
pulmonar – Hemopneumotórax
− Sequelas psicológicas;
− Alterações residuais da personalidade; − Raro - Fratura de costela;
− Síndrome de estresse pós-traumático;
C. Dois acessos venosos periféricos:
− Sequelas cognitivas.
− Reposição volêmica: cristaloides
• Se não conseguir fazer os acessos após 3
AVALIAÇÃO tentativas ou com um tempo maior que 90
segundos – Fazer a punção intra-óssea.
❖ AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: ABCDE
• Controlar sangramentos;
A. Garantir Via aérea segura
Na criança a língua é proporcionalmente maior,
o que gera obstrução muito rápida;
Para abrir vias aéreas de uma crianças menor
de 2 anos: Coloca-se um coxim ou cobertor de 2
a 3 cm de espessura sob o tronco para diminuir
a deflexão do pescoço (posição do cheirador).

• Reposição sanguínea;
• Avaliação constante para ver se não vai ocorrer
algum tipo de choque – trata-lo imediatamente se
houver.

Com essa manobra é possível visualizar vias aéreas,


podendo desobstrui-las, estabiliza-las e estabilizar
coluna.
→ Ofertar O2
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa
D. Avaliar nível de consciência utilizando a escala pressão na caixa craniana (hipertensão intracraniana).
de Glasgow Adaptada – pediatria (usada apenas São eles:
por pediatras) e a Escala de Resposta AVDN
• Hipertensão (aumento progressivo da pressão
Alerta Desperta, ativa e responde aos pais; sistólica sanguínea);
Voz Responde apenas a estímulo a voz; • Bradicardia (diminuição da frequência
Responde apenas a estímulo doloroso; cardíaca);
Dor • Bradipnéia (alterações da frequência
Não Não responde a nenhum estímulo.
respiratória);
responde

E. Evitar hipotermia;
- Manter a criança aquecida a 39°C, para poder assim
aquecer o sistema.
- Não subestimar perda de calor e perdas insensíveis
de água;

TRAUMAS ESPECÍFICOS EM CRIANÇAS

❖ Trauma torácico: 8%
Em função da baixa maturação óssea os quais
ainda possuem muita cartilagem, um impacto
gerado na região torácica lesa diretamente os
pulmões; TRAUMA GERIÁTRICO
− A maioria dos traumas contusos geram
A queda é o mecanismo de lesão mais frequente entre
hemotórax e hemopneumotórax;
os idosos (40%), seguida pelo acidente automobilístico
❖ Trauma abdominal: todos os órgãos podem ser
(28%), atropelamento (10%), ferimento por arma de
lesionados.
fogo e arma branca (8,0%).
❖ Lesões Viscerais:
− Fígado; Por volta dos 80 anos, o cérebro sofre uma redução
− Pâncreas; de cerca de 10% do seu peso, com atrofia cerebral
− Ruptura de alças intestinais; progressiva. O organismo compensa a perda de
− O cinto de segura de duas pontas gera alto risco tamanho com o aumento do liquido
de lesão no TGI. cefalorraquidiano. O aumento do espaço na calota
❖ TCE: craniana explica por que o idoso ao sofrer uma
− Nas crianças até os 3 anos as fontanelas estão hemorragia cerebral, com muito sangue acumulado,
abertas, tornando o espaço intracraniano maior, apresenta sintomas mínimos, logo, a Tríade de
logo, gerando uma maior tolerância a pressões Cushing é mascarada.
intracranianas. Dessa forma, se houver uma
hemorragia cerebral, esse sangue “vai ter
espaço para preencher”, por isso é muito difícil
identificar a Tríade de Cushing, além disso o TCE
gerará muito edema, anoxia cerebral e necrose,
com rebaixamento muito rápido, sendo fatal.

OBS: A Tríade de Cushing é uma tríade de


sintomas que podem ser um sinal do aumento de

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR AO TRAUMA – Resumo 3ª Etapa

Atrofia cerebral -> Aumento de liquido


cefalorraquidiano -> Aumento no espaço na
calota craniana.

Nos idosos, todos os sistemas estão debilitados e não


conseguem compensar qualquer tipo de alteração,
hemorragia existente -> Sistema Descompensado.

Doenças preexistentes + TCE ->


Hemorragia -> Choque
hipovolêmico -> Tríade de Cushing
(mascarada) -> Sistema
Descompensado ->

PUNÇÃO INTRAÓSSEA

❖ Acesso realizado quando o acesso venoso está


impossibilidade de ser acessado. – Pacientes
debilitados com o Glasgow debilitado. Caso a
pessoa estiver acordado e não tiver acesso venoso
periférico, administra-se opioides (morfina).
❖ O acesso é realizado geralmente na tíbia anterior
proximal, abaixo do joelho ou na tíbia distal acima
do tornozelo;
❖ O acesso pode ficar até 72h;
❖ Pode ser realizado com agulha manual ou com a
pistola de injeção óssea EZ.

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