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Preparatório SESA – Técnico em Enfermagem

Paciente crítico

PROFA. JULIANA NOBRE

HEMORRAGIA
Hemorragia é o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos ou das cavidades do coração,
podendo provocar estado de choque hipovolêmico (diminuição de volume sanguíneo) e óbito. A
hemorragia pode ser externa (sangue sai para fora do corpo) ou interna (sangue sai de dentro dos
vasos sanguíneos, porém fica preso no corpo).

Hemorragia externa: ocorre devido a ferimentos abertos, onde o sangue é eliminado para o exterior
do organismo.
Sinais e sintomas de hemorragia externa:
- agitação;
- palidez;
- sudorese;
- pele fria;
- pulso acelerado e fraco (acima de 100 bpm);
- hipotensão;
- sede;
- fraqueza;
- alteração do nível de consciência; e
- estado de choque.

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Hemorragia interna: ocorre quando há lesão de um órgão interno e o sangue se acumula em uma
cavidade do organismo, como: peritônio, pleura, pericárdio, meninges ou se difunde nos interstícios
dos tecidos. Geralmente não é visível. Sinais e sintomas de hemorragia interna podem ser os
mesmos encontrados na hemorragia externa, e, ainda:
- contusões;
- dor abdominal;
- rigidez ou flacidez dos músculos abdominais;
- eliminação de sangue através dos órgãos que se comunicam com o exterior, como: nariz e/ou
pavilhão auditivo, vias urinárias, vômito ou tosse com presença de sangue.

TÉCNICAS UTILIZADAS PARA CONTER HEMORRAGIA

O PHTLS recomenda que a pressão direta seja a técnica utilizada, seguida do uso de torniquete se
não resolver com a compressão direta.
A compressão dos pontos indiretos e elevação do membro não são recomendados por essa
literatura, que por sinal, é bem referendado nas nossas provas de concursos. A justificativa consiste
em que essas duas técnicas não são comprovadas cientificamente como benéficas. Além disso, a
elevação do membro pode ser prejudicial caso haja fraturas no membro.
1. Pressão direta sobre o ferimento.
Coloque sua mão com luva diretamente sobre o ferimento e aplique pressão focalmente apertando
o ponto de hemorragia por 3 minutos se utilizado gaze hemostática e 10 minutos se utilizado gaze
simples; a pressão da mão poderá ser substituída por um curativo (atadura e gaze), que manterá a
pressão na área do ferimento.
A interrupção precoce da pressão direta ou retirada do curativo, removerá o coágulo recém-
formado, reiniciando a hemorragia.

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Atenção! É importante não trocar as gazes sujas de


sangue, pois removerá o coágulo. As gazes limpas
devem ser sobrepostas as sujas até a resolução
completa da hemorragia e na chegada ao hospital.

2. Torniquete
Os torniquetes deverão ser utilizados como segunda escolha e, somente, para controlar os
sangramentos provocados por ferimentos graves nas extremidades, quando todos os outros
métodos de controle falharem.
Lembre-se também que não se deve aplicar torniquetes sobre áreas de articulação (cotovelos e
joelhos). A localização mais segura e efetiva para a colocação do torniquete é cerca de 5 cm acima
do local da lesão.
Limite de tempo: Torniquetes arteriais podem ser usados até 120 a 150 minutos sem lesões
nervosas ou musculares significativas. Esse tempo deve ser suficiente para encaminhar o paciente
ao hospital para tratamento definitivo da hemorragia.
O ideal é colocar o torniquete antes de a pressão arterial começar a cair.
Protocolo para aplicação de torniquete PHTLS:

1. Tentativa de controle de pressão direta ou com curativo compressivo não tiver sucesso.
2. Utiliza o manguito de esfigmomanômetro imediatamente proximal ao local de origem da
hemorragia.
3. O torniquete é ajustado até que a hemorragia cesse e então é fixado no lugar.
4. A hora em que foi aplicado o torniquete deve ser escrita em um
esparadrapo que é fixado no torniquete.
5. O torniquete deve ficar descoberto para visualização do local e recidiva de hemorragia. Caso
a hemorragia continue um segundo torniquete deve ser aplicado logo acima do primeiro.
6. Deve-se avaliar o uso de medicação analgésica, exceto se paciente em choque com classe III
e IV.
7. O paciente deve ser transportado para o hospital que tenha centro cirúrgico.

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CHOQUE
O choque é uma síndrome caracterizada pela redução da perfusão tecidual sistêmica tendo como
causa diferentes etiologias. É um dos quadros clínicos mais complexos em emergência, resultando
em altos índices de letalidade devido a uma combinação entre diagnóstico tardio, terapêutica
inadequada e conhecimentos insuficientes por parte dos socorristas. Em todos os tipos de choques
ocorre a queda da pressão arterial e, consequentemente, um distúrbio na circulação sanguínea,
afetando os órgãos e tecidos do corpo.

ATENÇÃO!!
Para entender o choque: ocorre redução da PA em todos os tipos de choque.
Os outros sinais e sintomas podem ser diferentes a depender da causa.

As principais causas do Choque dependem do mau funcionamento de uma das bases do tripé
hemodinâmico:

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TIPOS DE CHOQUE
Como vimos no conceito acima, choque pode ser definido como uma síndrome caracterizada pelo
estado de hipoperfusão tecidual, ou seja, o fluxo sanguíneo encontra se inadequado para suprir as
necessidades de oxigênio e nutrientes dos tecidos.

Tome nota!! O choque da insuficiência da suprarrenal é um tipo de choque distributivo.

A suprarrenal é uma glândula que produz hormônios que ajudam na regulação da PA. O cortisol é o
hormônio mais importante para manutenção do tônus vascular, portanto, uma diminuição dos
níveis de cortisol pode acarretar uma vasodilatação geral, causando queda na pressão e na perfusão
tecidual. A aldosterona também exerce papel importante no controle da PA, através reabsorção de
sódio e água. Quando essa glândula falha por qualquer que seja a causa (uso indiscriminado de
corticoides, sepse, trauma ou tumores) ocorre ausência de mecanismo de controle da pressão,
levando ao choque.

Choque hipovolêmico
É o tipo de choque mais frequente. Acontece pela redução do volume sanguíneo (hipovolemia). Essa
redução se deve a várias causas, por exemplo, perda de sangue (hemorragia, que é a causa mais
frequente e pode ser externa ou interna), ou plasma (queimaduras) ou líquido (desidratação
provocada por vômito ou diarreia).

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O choque hipovolêmico é dividido em classes vamos relembrar?

Choque Cardiogênico
Acontece por uma na falha da bomba cardíaca, resultando na diminuição do débito cardíaco e,
portanto, numa inadequada perfusão tecidual devido à incapacidade do coração. A causa mais
comum é o IAM (enfraquecimento do músculo cardíaco ocasionada pela necrose de suas paredes),
além de falhas nas válvulas cardíacas e no sistema de condução elétrica.
Causas do choque cardiogênico: Infarto agudo do miocárdio (representa 74% das causas), arritmias
cardíacas e choques elétricos.

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Choque Distributivo
O choque distributivo é caracterizado pela falha na distribuição de sangue, relacionado a uma
vasodilatação periférica global, comprometendo o fornecimento de oxigênio para órgãos e tecidos.
ATENÇÃO! O choque distributivo é o único que apresenta vasodilatação!
Pode ser dividido em: choque séptico, neurogênico e anafilático.

a) Choque Séptico (Infecção)


Choque séptico é o mais prevalente dos choques distributivos. Acontece decorrente de uma
infecção grave, onde um foco de infecção local é transmitido para outros tecidos e órgãos do corpo
através da corrente sanguínea, caracterizando a SEPSE.
Ocorre quando agente causadores da infecção produzem toxinas e induzem a liberação de
substâncias inflamatórias pelo organismo, provocando vasodilatação severa. Há uma diminuição do
débito cardíaco (a venodilatação causa a diminuição da pré-carga) e aumento da permeabilidade
capilar, logo o volume de sangue torna-se insuficiente para preencher o sistema circulatório. Órgãos
como o fígado, os rins e os pulmões param de funcionar.
Esse tipo de choque ocorre geralmente no ambiente hospitalar e acomete principalmente
indivíduos com sistema imunológico comprometido.
O choque séptico é caracterizado por 2 fases: fase quente e fase fria.
Na fase quente os sinais e sintomas são decorrentes da vasodilatação e o paciente apresenta a pele
quente e seca, se o paciente não receber o tratamento adequado ocorre uma evolução do choque,
observando-se uma perda de plasma para o terceiro espaço (tecidos), reduzindo o volume
sanguíneo, levando a sinais parecidos com o choque hipovolêmico, pele fria e pegajosa, é a fase fria
do choque séptico.

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Choque Neurogênico (lesão medular)


O choque neurogênico é caracterizado por má perfusão tecidual causado pela perda súbita do tônus
vascular. Ocorre devido a injúrias no centro vasomotor do sistema nervoso central interrompendo a
comunicação com nervos periféricos. Pode ser proveniente de anestesia geral ou espinhal, uso de
drogas/fármacos que deprimem o SNC ou por lesões e traumas medulares. O controle do sistema
circulatório é perdido e há uma vasodilatação sistêmica, diminuindo o débito cardíaco e a pressão,
resultando em choque neurogênico.
Atenção! O choque neurogênico é o único choque que apresenta bradicardia como sintoma, todos
os demais tipos de choque apresentam taquicardia.

Choque Anafilático (alergia)


No choque anafilático o paciente desenvolve uma reação alérgica severa após ser exposto a um
antígeno (substância) na qual é sensível, seja por qualquer via: ingestão, inalação, absorção ou
injeção. Pode ser desencadeado por medicamentos, picadas de insetos, alimentos ou qualquer
substância que cause alergia no indivíduo. É claro que nem toda reação alérgica leva a um choque
anafilático, isso vai depender do grau de hipersensibilidade do indivíduo aquela determinada
substância.
Os sinais e sintomas característicos da anafilaxia são, principalmente, prurido, ardor na pele, edema
facial e generalizado (anasarca) e dispnéia (dificuldade para respirar).

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A histamina liberada pelo corpo com o objetivo de combater a alergia provoca uma vasodilatação
arterial e venosa, diminuindo o retorno venoso e a resistência vascular periférica, além de promover
um aumento da permeabilidade vascular, levando a um extravasamento de plasma e proteína para
os tecidos (é essa permeabilidade que pode produzir o edema de glote).

Choque Obstrutivo
O choque obstrutivo é causado por uma obstrução severa ou compressão dos grandes vasos e do
próprio coração.
Dentre todas as causas do choque obstrutivo, três merecem destaque: o tamponamento
pericárdico, a embolia pulmonar maciça e o pneumotórax hipertensivo.

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- Débito Cardíaco (DC) – Caracteriza-se como produto do volume sistólico (VS) versus frequência
cardíaca (FC). Os três principais determinantes do VS são: pré-carga, pós-carga e contratilidade (1).

- Pré-carga – Depende basicamente do volume sanguíneo circulante, bem como das pressões que
interferem no retorno venoso, como a ventilação mecânica. Pode também ser influenciada pela
resistência sistêmica, visto que venoconstrição aumenta a pré-carga, e pela FC, uma vez que
taquiarritmias podem diminuir o tempo de enchimento ventricular durante a diástole.
- Pós-carga – Depende da resistência e, portanto, do tônus dos vasos. Pode ser modificada por
atuação de drogas e pode variar com a viscosidade sanguínea.
- Contratilidade – Pode ser influenciada por drogas que atuem no inotropismo cardíaco
• Resistência vascular sistêmica e pulmonar – Resistências baixas são esperadas no choque
distributivo e altas no choque cardiogênico.
• Pressão venosa central (PVC) – Também chamada de pressão do átrio direito, é a pressão de volta
do retorno venoso sistêmico. Pode ser facilmente mensurada através de um cateter venoso central
colocado no pescoço ou tórax (8). É frequentemente utilizada para fazer decisões sobre
administração de fluídos ou diuréticos.
• Pressão arterial média (PAM) – A medida da pressão arterial média invasiva está indicada em
situações de instabilidade cardiovascular, manipulação direta do sistema cardiovascular, entre
outras. Recomenda-se a punção da artéria radial como primeira escolha sempre que possível. Deve-
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se avaliar a artéria a ser puncionada e recomenda-se o teste de Allen, de preferência na mão não
dominante, para testar a permeabilidade e o grau de perfusão que a artéria ulnar é capaz de manter
na mão, no caso de falência da artéria radial. Outros locais de punção alternativos são: artéria ulnar,
braquial, axilar, femoral, pediosa dorsal e tibial posterior.

Tratamento do Choque hipovolêmico no hospital


No ambiente hospitalar o objetivo terapêutico é a restauração do volume intravascular e da
perfusão/oxigenação tecidual. Visando a reposição volêmica o mais rápido possível.
Atenção para idosos e cardiopatas, que podem ter dificuldades de receber grandes volumes,
podendo evoluir para edema agudo de pulmão.
• Acesso venoso calibroso deve ser providenciado. Se não for possível acesso periférico, deve ser
providenciado um acesso venoso central. A escolha da solução ainda é tema de controvérsia. Nem
coloide, nem cristaloide parecem ser superiores um ao outro, porém o custo das soluções
cristaloides é bem menor. Durante a reposição volêmica, é comum o aparecimento de hipotermia, a
qual deve ser prevenida pelo uso de soluções cristaloides aquecidas.

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•Reposição volêmica agressiva: a pré-carga deve ser aumentada, visto que quase sempre há
hipovolemia absoluta ou relativa. A quantidade inicial de fluidos deve ser sempre pelo menos
20ml/Kg e deve ser monitorizada pela diminuição da taquicardia, melhora do volume urinário e do
nível neurológico.
• Falência respiratória: deve ser tratada, no mínimo, com suplementação de oxigênio, e todos os
pacientes com choque grave devem ser intubados e colocados em ventilação mecânica para
diminuir seu consumo de energia.
• Pós-carga: pacientes adequadamente ressuscitados do ponto de vista volêmico, que se
apresentem normotensos ou hipertensos, são candidatos às terapias que interfiram na pós-carga.
Esse princípio é mais utilizado em pacientes com choque cardiogênico, para facilitar o trabalho do
ventrículo esquerdo. Geralmente, o agente de escolha nesse caso é o nitroprussiato, que é um
vasodilatador tanto venoso, quanto arterial. Em pacientes coronariopatas, a escolha é nitroglicerina,
que produz vasodilatação das artérias coronárias. Durante a sepse, ocorre preservação do fluxo
sanguíneo em áreas de demanda metabólica normal, e baixo fluxo em outras com demandas mais
altas.

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Resumo de pontos importantes


Empiricamente repõe-se 3 ml de solução eletrolítica para cada 1 ml de perda estimada.
Ringer lactato é preferível, pois em casos de grandes volumes o SF 0,9% pode causar acidose
hiperclorêmica.
Está contraindicado o uso de soluções glicosadas.
A expansão com coloides (albumina) mostrou-se tão benéfica quanto os cristaloides, porém de
maior custo.
Sempre que possível deve-se usar sangue tipo específico, caso contrário usa-se tipo “O” negativo,
nas situações de urgência.
Inicialmente estão contraindicadas drogas vasoativas ficando reservada para os casos sem resposta
a reposição de volume. Nesse caso será indicado noradrenalina com objetivo de manutenção da
pressão arterial.

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COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES MELLITUS


O diabetes mellitus é uma doença multissistêmica crônica, relacionada à produção anormal de
insulina, ao comprometimento da utilização da insulina ou a ambos (LEWIS et al., 2013).

As complicações do DM podem ser classificadas em:


➢ complicações agudas (hipoglicemia, cetoacidose e coma hiperosmolar)
➢ crônicas, como a retinopatia, a nefropatia, e a neuropatia diabéticas.

As complicações agudas do DM incluem a descompensação hiperglicêmica aguda, com glicemia


casual superior a 250 mg/dl, que pode evoluir para complicações mais graves como cetoacidose
diabética e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica, e a hipoglicemia, com glicemia
casual inferior a 60 mg/dL.
Essas complicações requerem ação imediata da pessoa, da família ou dos amigos, e do serviço de
Saúde. A orientação adequada ao paciente e à família e a disponibilidade de um serviço de pronto
atendimento, telefônico ou no local, são fundamentais para auxiliar a pessoa a impedir que o
quadro evolua para quadros clínicos mais graves (BRASIL, 2015).

HIPOGLICEMIA (BRASIL, 2015)


Hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicêmicos – com ou sem sintomas – para valores abaixo de
70 mg/dL. Os sintomas clínicos, entretanto, usualmente ocorrem quando a glicose plasmática é
menor de 60 mg/dl a 50 mg/dl, podendo esse limiar ser mais alto, para aqueles pacientes cujas
médias de glicemias são elevadas, ou mais baixo para aqueles que fazem tratamento intensivo e
estão acostumados a glicemias mais baixas.
Geralmente, a queda da glicemia leva a sintomas neuroglicopênicos (fome, tontura, fraqueza, dor
de cabeça, confusão, coma, convulsão) e a manifestações de liberação do sistema simpático
(sudorese, taquicardia, apreensão, tremor).

Fatores de risco para hipoglicemia incluem idade avançada, abuso de álcool, desnutrição,
insuficiência renal, atraso ou omissão de refeições, exercício vigoroso, consumo excessivo de álcool
e erro na administração de insulina ou de hipoglicemiante oral.
A grande maioria das hipoglicemias é leve e facilmente tratável pelo próprio paciente. A
hipoglicemia pode ser grave quando a pessoa ignora ou trata inadequadamente suas manifestações
precoces, quando não reconhece ou não apresenta essas manifestações, ou quando a secreção de
hormônios contrarreguladores é deficiente, o que pode ocorrer com a evolução da doença. Todo
esforço deve ser feito para prevenir tais hipoglicemias graves ou tratá-las prontamente.

O tratamento precisa ser imediato, com


pequena dose de carboidrato simples (10 g a 20g), repetindo-a em 15 minutos, se necessário. Em
geral, 10 g de carboidrato simples estão presentes em duas colheres de chá de açúcar, 100 ml de
suco de fruta ou duas balas.

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Paciente consciente
Administração de 10-20 g de carboidrato de ação rápida (p. ex. 100 a 200 mL de refrigerante
normal, 1 colher de sopa de xarope de mel, 4 colheres de sopa de gelatina, 100 a 200 mL de suco de
laranja, 240 mL de leite desnatado, produtos industrializados contendo dextrose.
Repetição do tratamento em 15 minutos (se não houver melhora)
Administração de mais alimentos de ação prolongada em uma combinação de carboidratos e
proteínas ou gorduras após os sintomas recuarem, se a próxima refeição for demorar mais que 1
hora.
Notificação imediata ao médico ou ao serviço de emergência (se o paciente estiver fora do
hospital) se os sintomas não recuarem após duas ou três administrações de carboidratos de ação
rápida.

Piora dos sintomas ou paciente inconsciente


Injeção por via subcutânea ou via intramuscular de 1 mg de glucagon
Administração por via intravenosa de 25-50 mL de glicose a 50%

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AFOGAMENTOS

A Organização Mundial da Saúde estima que 0,7% de todas as mortes no mundo - ou


mais de 372 mil mortes a cada ano - são devido a afogamento. Como alguns casos não são
classificados como afogamento pela Classificação Internacional de Doenças este número subestima
em muito a realidade mesmo em países de alta renda, e não inclui situações como inundações,
acidentes de navegação e tsunamis.
Dentre todas as possibilidades de trauma, o afogamento é o de maior impacto familiar,
social e econômico, tendo um risco de óbito 200 vezes maior quando comparado aos eventos de
trânsito. O afogamento é uma das principais causas de morte em crianças e adultos jovens no
mundo, embora estejamos quantificando apenas 6% do problema.
Em geral a palavra afogamento remete ao salvamento e as medidas de primeiros
socorros como as mais importantes, no entanto a ferramenta de maior eficácia na luta contra os
afogamentos é a prevenção. O conhecimento do tamanho exato do problema, tais como o número
de pessoas que diariamente se submetem ao risco de incidentes aquáticos e os custos humanos e
financeiros destas tragédias nos permitirá elaborar estratégias que possam mitigar o fardo elevado
do afogamento, utilizando melhor os recursos disponíveis em prevenção.

O afogamento é a situações em que o líquido entra em contato com as vias aéreas da


pessoa em imersão (água na face) ou por submersão (abaixo da superfície do líquido). Qualquer
incidente de submersão ou imersão sem evidência de aspiração deve ser considerado um resgate
na água e não um afogamento.

Locais de óbitos por afogamento no Brasil (*)


Águas naturais – 90%
Praias oceânicas – 15%
Água doce - 75%
• 25% rios com correnteza
• 20% represa
• 13% remanso de rio
• 5% lagoas
• 5% inundações
• 3% baía
• 2% cachoeiras
• 2% córrego
Águas não naturais 8.5%
• 2.5% banheiros, caixas de água, baldes e similares
• 2% galeria de águas fluviais
• 2% piscinas
• 2% poço
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Durante transporte com embarcações - 1,5%

MECANISMOS DA LESÃO NO AFOGAMENTO

Quando uma pessoa está em dificuldades na água e não pode manter as vias aéreas livres de
líquido, a água que entra na boca é voluntariamente cuspida ou engolida. Se não interrompido a
tempo, uma quantidade inicial de água é aspirada para as vias aéreas e a tosse ocorre como uma
resposta reflexa (evidencia de aspiração). Em raras situações ocorre o laringoespasmo (menos de
2%), mas em tais casos, é rapidamente terminado pelo aparecimento da hipóxia.
Se a pessoa não é resgatada, a aspiração de água continua e a hipoxemia (baixa de oxigênio
no sangue) leva em segundos a poucos minutos à perda da consciência e parada respiratória
(apneia) que acontecem ao mesmo tempo. Em sequência a aceleração do coração (taquicardia)
ocorre uma redução dos batimentos/min.(bradicardia), atividade elétrica do coração sem pulso
arterial palpável, e assistolia. Geralmente o processo todo de afogamento, da imersão (parte do
corpo dentro da água) ou submersão (todo corpo dentro da água) até uma parada cardíaca, ocorre
de segundos a alguns minutos.
Se a pessoa é resgatada viva, o quadro clínico é determinado pela quantidade de água que
foi aspirada e os seus efeitos.

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CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO

Quanto ao Tipo de água (importante para campanhas de prevenção):


• 1 - Afogamento em água Doce: piscinas, rios, lagos ou tanques.
• 2 - Afogamento em água Salgada: mar.
• 3- Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar.
• 4 – Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro material e
outros.
Quanto á Causa do Afogamento (identifica a doença associada ao afogamento):
• 1 - Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa do afogamento.
• 2 - Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vítima de se
manter na superfície da água e, em conseqüência precipitou o afogamento: Drogas (36,2% -
mais freqüente o álcool), convulsão, traumatismos, doenças cardíacas e/ou pulmonares,
acidentes de mergulho e outras. Usualmente a cãibra não se caracteriza como afogamento
secundário já que não pode ser responsabilizada por um afogamento, como ex: nadadores,
surfistas e mergulhadores enfrentam cãibras dentro da água com freqüência e não se
afogam por esta razão.
Quanto á Gravidade do Afogamento (permite saber a gravidade e o tratamento)
A Classificação de afogamento permite ao socorrista estabelecer a gravidade de cada caso,
indicando a conduta a ser seguida. Foi estabelecido com o estudo de casos de afogamento no
Centro de Recuperação de Afogados (CRA) de Copacabana e seu acompanhamento no Hospital
Municipal Miguel Couto durante 20 anos. A classificação não tem caráter evolutivo, devendo ser
estabelecida no local do afogamento ou no 1o atendimento, com o relato de melhora ou piora do
quadro. O primeiro passo no entendimento do processo de afogamento é diferenciarmos entre um
caso de Resgate e Afogamento.
Resgate: Vítima resgatada viva da água que não apresenta tosse ou espuma na boca e/ou
nariz - pode ser liberada no local sem necessitar de atendimento médico após avaliação do
socorrista, quando consciente. Todos os casos podem apresentar hipotermia, náuseas, vômitos,
distensão abdominal, tremores, cefaléia (dor de cabeça), mal estar, cansaço, dores musculares, dor
no tórax, diarréia e outros sintomas inespecíficos. Grande parte destes sintomas é decorrente do
esforço físico realizado dentro da água sob stress emocional do medo, durante a tentativa de se
salvar do afogamento.
Afogamento: pessoa resgatada da água que apresenta evidência de aspiração de líquido:
tosse, ou espuma na boca ou nariz - deve ter sua gravidade avaliada no local do incidente, receber
tratamento adequado e acionar se necessário uma equipe médica a prover suporte avançado de
vida. (ver resumo da classificação e tratamento mais adiante)

O afogamento envolve principalmente a assistência pré-hospitalar prestada por leigos,


guarda-vidas, socorristas e profissionais de saúde. Portanto, é essencial que profissionais de saúde
tenham conhecimento da cadeia de sobrevivência no afogamento

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CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DO AFOGAMENTO

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Prevenção
Apesar da ênfase no resgate e no tratamento, a prevenção permanece sendo a mais
poderosa intervenção e a de menor custo, podendo evitar mais de 85% dos casos de afogamento.
Campanhas de educação na prevenção de afogamentos podem ser visualizadas em
www.sobrasa.org

2. Reconheça o afogamento e peça para ligarem 193


Qualquer atitude de ajuda deve ser precedida pelo reconhecimento de que alguém está
se afogando. Ao contrário da crença popular, o banhista em apuros não acena com a mão e
tampouco chama por ajuda principalmente o sexo masculino no qual o afogamento é mais
frequente. O banhista encontra-se tipicamente em posição vertical, com os braços estendidos
lateralmente, batendo com os mesmos na água. Indivíduos próximos da vítima podem achar que ele
está apenas brincando na água. A vítima pode submergir e emergir sua cabeça diversas vezes,
enquanto está lutando para se manter acima da superfície. As crianças geralmente resistem de 10 a
20 segundos em tal luta, enquanto os adultos resistem por até 60 segundos, antes da submersão.
Como a respiração instintivamente tem prioridade, a vítima de afogamento geralmente é incapaz de
gritar por socorro. Ao reconhecer que uma vítima está se afogando, a prioridade inicial é dar o
alarme que um incidente está em curso. Peça que alguém ligue 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192
(SAMU) e avise o que está acontecendo, aonde é o incidente, quantas pessoas estão envolvidas e o
que já fez ou pretende fazer. Só então o socorrista deverá partir para ajudar a realizar o resgate.

Fora da água
Pessoas nos extremos da idade.
Pessoas obesas ou com aparência cansada.
Alcoolizados. Pessoas com objetos flutuantes.
Turistas, imigrantes ou estranhos ao ambiente
O banhista com potencial para o afogamento
Entra na água de forma estranha.
Nada e não se desloca.
Em posição exatamente no local de maior risco.

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Nada contra a força da correnteza.


Sinais de uma vítima já se afogando
Expressão facial assustada ou desesperada.
Afunda e volta a flutuar em pé.
Cabelo na face.
Nada em pé sem bater as pernas.

3. Forneça flutuação – Evite a submersão


Depois de reconhecer que uma vítima está em perigo e pedir a alguém para chamar por
ajuda, a próxima prioridade é interromper o processo de afogamento fornecendo flutuação para a
vítima. Fornecer flutuação é uma estratégia muito importante, mas não muito utilizada, apesar de
ganhar tempo valioso para o serviço de emergência chegar, ou para aqueles que estão ajudando na
cena planejarem os esforços necessários ao resgate. A maioria das ações de resgates por leigos
tendem a concentrar-se no objetivo estratégico de conseguir retirar a vítima da água, mesmo que
para isto exista um alto risco de vida ao socorrista. Dispositivos de segurança tais como bóias salva-
vidas, foram propositadamente concebidos para proporcionar flutuação. No entanto, eles nem
sempre estão disponíveis na cena de um incidente de afogamento. Portanto, improvisar na
flutuação é fundamental na hora de ajudar. Objetos tais como: garrafas de plástico vazias, pranchas
de surf, geladeira ou outros materiais em isopor, espumas diversas e madeiras devem ser usado. É
fundamental que leigos tomem precauções para não se tornar uma segunda vítima na hora de
ajudar. Levando-se em consideração o número de leigos que se afogam e por vezes morrem nesta
tentativa de salvar outros, a prioridade é ajudar jogando o material de flutuação, sem entrar na
água, se possível.
4. Remover da água - só se for seguro
Após prover flutuação e parar o processo de submersão, retirar a vítima da água é
essencial, a fim de proporcionar um tratamento definitivo ao processo de afogamento. Várias
estratégias para esta retirada podem ser usadas. Ajudar a vítima a sair da água, apontando direções
e locais mais próximos e mais seguro para sair. Sempre que possível tentar ajudar a retirar a vítima
sem entrar totalmente na água, utilizando técnicas de salvamento, tais como, jogar algum
equipamento, tipo corda, vara, galho de arvore e outros. Se tudo mais falhar, o socorrista leigo pode
então considerar sua entrada na água sabendo que a entrada de uma pessoa inexperiente na água
para salvar alguém é extremamente perigosa e não é recomendado. A fim de mitigar o risco durante
um socorro desta natureza deve-se trazer sempre um objeto de flutuação para ajudar a vítima e
reduzir o risco ao leigo/socorrista de ser afogado junto. A decisão de realizar o suporte básico de
vida ainda dentro da água baseia-se no nível de consciência do afogado e no nível de experiência do
socorrista.
✓ Afogado consciente (99.5% das ocorrências): resgatar a pessoa até a terra sem demais
cuidados médicos, porém tenha cuidado, um banhista apavorado pode ser muito perigoso para o
socorrista. Por esta razão, é mais prudente aproximar utilizando um objeto de flutuação
intermediário (bola, Pet 2 litros, isopor).
✓ Afogado inconsciente (0.5% das ocorrências): a medida mais importante é a
instituição imediata de ventilação ainda dentro da água. A hipóxia causada por afogamento resulta
primeiramente em apnéia, ocasionando parada cardíaca em um intervalo de tempo variável, porém
curto, caso não seja revertida. A ressuscitação ainda dentro da água (ventilação apenas) proporciona
à vítima uma chance 4 vezes maior de sobrevivência sem seqüelas. Os socorristas devem checar a
ventilação e se ausente iniciar respiração boca-a-boca ainda na água. Infelizmente, compressões

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#OCURSOQUEMAISAPROVA

cardíacas externas não podem ser realizadas de maneira efetiva na água, logo só devem ser
realizadas fora da água.
5. Suporte de Vida – Hospital se necessário
O transporte da vítima para fora da água deve ser realizado de acordo com o nível de
consciência, mas preferencialmente na posição vertical para evitar vômitos e demais complicações
de vias aéreas. Em caso de vítima exausta, confusa ou inconsciente, transporte em posição mais
próxima possível da vertical mantendo-se a cabeça acima do nível do corpo sem, contudo, obstruir
as vias aéreas que devem permanecer sempre que possível abertas. O posicionamento da vítima
para o primeiro atendimento em área seca deve ser paralelo a do espelho d'água, o mais horizontal
possível, deitada em decúbito dorsal, distante o suficiente da água a fim de evitar as ondas. Se
estiver consciente, coloque o afogado em decúbito dorsal a 30º. Se estiver ventilando, porém
inconsciente coloque a vítima em posição lateral de segurança (decúbito lateral sob o lado direito).
12 As tentativas de drenagem da água aspirada são extremamente nocivas e devem ser evitadas. A
manobra de compressão abdominal (Heimlich) nunca deve ser realizada como meio para eliminar
água dos pulmões, ela é ineficaz e gera riscos significativos de vômitos com aumento da aspiração.
Durante a ressuscitação, tentativas de drenar água ativamente, colocando a vítima com a cabeça
abaixo do nível do corpo, aumentam as chances de vômito em mais de cinco vezes, levando a um
aumento de 19% na mortalidade

MÉTODO START AQUÁTICO

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Preparatório SESA – Técnico em Enfermagem

SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO AFOGAMENTO GRAU 6

• Inicie o processo com apenas um socorrista, após o 1ciclo, iniciar a alternância com 2
socorristas.
• Com 2 socorristas e somente em casos de afogamento, o protocolo de RCP após o primeiro
ciclo poderá passar a 15 compressões para 2 ventilações.
• A velocidade das compressões: 100 a 120 por minuto.
• Em crianças de 1 a 9 anos utilize apenas uma mão para as compressões.
• Os socorristas devem se colocar lateralmente ao afogado e em lados opostos.
• Aquele responsável pela ventilação deve manter as vias aéreas desobstruídas.
• O DEA não tem utilidade em casos de afogamento primário, pois a PCR é de causa
respiratória e ocorre em assistolia em quase 100% dos casos. Pode ser necessário em casos
de afogamento secundário (IAM).

Métodos de ventilação dentro da água


Sem equipamento – só é recomendável com dois socorristas ou com um socorrista em água rasa.
Com equipamento – Pode ser realizado com apenas um socorrista, mas deve ter treinamento para
tal procedimento. O tipo de material deve ser escolhido conforme o local do resgate. O material de
flutuação deve ser utilizado no tórax superior, promovendo uma espontânea hiperextensão do
pescoço e a abertura das vias aéreas.

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Preparatório SESA – Técnico em Enfermagem

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