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Discente: Maria Eduarda Pinheiro Brandão

Curso: Medicina Turma: E 3° Semestre


Unidade Curricular: Tutoria - NCSIII
Tutor(a): Gabriel Venas

Palavras desconhecidas:
-

1. Explicitar as etapas de desenvolvimento do sistema imune da criança

Embriogênese
Como surgem as primeiras células de defesa do sistema imunológico?
1°: Durante o desenvolvimento embrionário e fetal há uma modulação contínua do tecido linfóide. O sistema
hematopoiético (medula óssea e órgãos linfóides: baço, timo, linfonodos, entre outros), junto com o sistema
vascular e cardíaco, é um dos primeiros a surgir durante a embriogênese.
As primeiras células sanguíneas, derivadas de células do mesoderma, estão localizadas no saco vitelino na
fase embrionária. Essas células primitivas migram para a região anterior da linha primitiva no embrião e
formam progenitores eritróides. Acredita-se que esses primeiros progenitores também deem origem tanto aos
granulócitos e macrófagos quanto aos megacariócitos.
2°: A seguir, o fígado fetal passa a ser responsável pela hematopoiese,
3°: A hematopoiese passa a ocorrer na medula óssea.

Quando ocorre a diferenciação das células progenitoras em células T?


Após 7 semanas de gestação, as células progenitoras de células T que expressam receptores CD34 migram
para o timo, onde ocorre sua diferenciação e maturação em células T com receptor (TCR) αβ. Porções
menores de progenitores de células T no fígado fetal apresentam TCRs γδ a partir da 6ª a 8a semana de
gestação e não migram para o timo para maturação. Estudos com sangue do cordão umbilical mostram que
progenitores linfóides multipotentes se diferenciam para se tornar células B.

Como ocorre a diferenciação de células B?


A maturação e a diferenciação de células B fetais envolvem a ativação de fatores de transcrição de uma
maneira gradual e recombinação V(D)J ( também conhecida como recombinação somática, é o mecanismo de
recombinação genética (do DNA) que ocorre apenas em linfócitos em desenvolvimento durante os primeiros passos da
maturação de células B e T. O processo resulta em um repertório diverso de anticorpos (Igs) e receptores de células T (TCRs),
encontrados respectivamente em células B e T. O processo é uma característica marcante do sistema imune adaptativo.) para
a origem de moléculas de IgD e IgM na superfície da célula B.
As células imunológicas semeiam outros órgãos linfóides ou periféricos – incluindo nódulos linfáticos, pele,
intestino, rim e pulmão – e se adaptam ao ambiente de cada órgão.

OBS:Diversos tipos de células imunológicas se desenvolvem e amadurecem em diferentes estágios


gestacionais, o que é necessário para estabelecer tolerância e resposta funcional com base nas
necessidades de desenvolvimento. Isso prepara o embrião e o feto em desenvolvimento para a exposição ao
antígeno durante a gravidez e após o nascimento.
O que a exposição a alérgenos, patógenos e desequilíbrio nutricional da gestante pode provocar ao
neonato?
A exposição a alérgenos e patógenos provoca uma alteração no ambiente intrauterino com um impacto tanto
na imunidade ao nascimento quanto na maturação imunológica durante o início da vida das crianças. Um
desequilíbrio nutricional da mãe, tanto deficiente quanto em excesso, pode também ter um efeito considerável
na imunidade neonatal e na maturação imunológica no início da vida. O estresse nutricional nas mães induz
elevada estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o que resulta em redução do peso do timo fetal, que
por sua vez leva a apoptose de timócitos e de células B e T imaturas. Perturbações no desenvolvimento do
sistema imunológico em neonatos causadas pelo desequilíbrio nutricional materno podem resultar em
suscetibilidade a infecções ao nascimento e/ou risco tardio de doenças imunomediadas ou inflamatórias.

Imunidade inata
Quais as células que atuam no sistema imune inato?
O sistema imunológico inato consiste em granulócitos (principalmente neutrófilos), células apresentadoras de
antígenos, células natural killer (NK) e células T γδ.
Porque o sistema inato é tão importante na vida intra-uterina?
Essas células são imediatamente disponíveis para atuar de maneira eficiente sobre uma ampla gama de
patógenos. Dada a exposição limitada a antígenos no ambiente intrauterino e a imatura resposta imunológica
adaptativa neonatal, os recém-nascidos dependem fortemente de sua resposta imunológica inata para
proteção contra infecção.
Como é a sua atuação dos neutrófilos no sistema imunológico do neonato?
Os neutrófilos são o principal componente do sistema imunológico inato e são responsáveis pela destruição
de patógenos durante a infecção. A maioria das células do sangue humano são neutrófilos (70%-75%). No
entanto, os neutrófilos neonatais têm defeitos tanto quantitativos quanto qualitativos. Ao nascimento, o
número de neutrófilos varia de 1,5 a 28 × 109 células/L de sangue, em comparação com os níveis de 4,4 ×
109/L em adultos. Além das deficiências quantitativas, os neutrófilos neonatais expressam TLR4
(Receptor-Toll-Like) em níveis mais baixos que neutrófilos de adultos; já a expressão de TLR2
(Receptor-Toll-Like) por neutrófilos de neonatos é semelhante à dessas células de adultos. A sinalização por
meio das vias MyD88 ( molécula de sinalização essencial para a maioria dos TLRs e é essencial para a indução de
citocinas pró-inflamatórias) é deficiente em neonatos após estimulação tanto de TLR2 quanto de TLR4.
O que causa uma resposta imune dos neutrófilos diminuída?
-Altos níveis de adenosina no sangue neonatal, o que aumenta os níveis de AMP cíclico (adenosina
3',5'-monofosfato cíclico, tipo de mensageiro ), levando à inibição da secreção de TNF-α (citocina que provoca
apoptose) estimulada por TLR
-Neutrófilos neonatais expressam baixos níveis de L-selectina (proteína) na superfície celular e Mac-1
(CD11b/ CD18), o que ocasiona uma redução de 50% na transmigração dessas células para locais de
infecção.
- Influxo de cálcio intracelular reduzido e à polimerização alterada de actina, limitando a capacidade dos
neutrófilos de deformar e penetrar no revestimento endotelial vascular.
-Os neutrófilos neonatais não produzem adequadamente as redes neutrofílicas (NETs), importantes na
destruição de bactérias extracelulares.
-O sistema NADPH oxidase e a capacidade de gerar radicais hidroxila também não atuam perfeitamente nos
granulócitos neonatais.
OBS: Todas essas particularidades dos neutrófilos no início da vida tornam os neonatos especialmente
suscetíveis à sepse.
O que ocorre com os neutrófilos após o nascimento?
Ao longo dos primeiros anos de vida, essas células sofrem um processo de maturação que é fundamental
para a aquisição de competência imunológica nos bebês.
Como atua o sistema complemento no feto?
Os componentes do sistema complemento são expressos inicialmente no feto durante a gravidez e
aumentam, atingindo os níveis de adulto ao longo dos primeiros 12 a 18 meses de vida. As proteínas C
encontradas no feto sob condições fisiológicas desempenham um papel crítico na capacidade de
neutralização dos anticorpos e protegem o feto do sistema imunológico materno. Recém-nascidos expressam
as frações C3, C4 e complemento hemolítico total (CH50).
OBS:A deficiência desses fatores aumenta a suscetibilidade a infecções pré- ou perinatais
Qual papel desempenham as células NK?
As células NK desempenham papel importante na resolução de infecções virais respiratórias agudas graves
causadas por influenza ou vírus sincicial respiratório. As contagens de células NK são maiores em
recém-nascidos do que em adultos, com expressão aumentada do receptor inibitório CD94/NKG2A.
Entretanto, de modo geral, as células NK de neonatos apresentam uma reduzida capacidade funcional se
comparadas às células NK de indivíduos adultos. As células Tγδ são uma das primeiras a responder a
infecções por Mycobacterium tuberculosis e Listeria monocytogenes. Elas liberam grandes quantidades de
IFN-γ e exibem uma função citotóxica. São encontradas no timo e no sangue do cordão umbilical. De maneira
geral, as células T γδ neonatais apresentam baixa capacidade de proliferação, produção de citocinas frente a
estimulação e produzem menores proporções de perforina e granzima B.
OBS:As células NK dos recém-nascidos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra
vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos.
OBS:Sistema complemento: Elas se encontram reduzidas nos recém-nascidos. Durante a gravidez, há pouca
transferência materna de proteínas do complemento.
OBS:O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose.

Imunidade adaptativa
Como atuam as células do sistema imune adaptativo?
Células T
- Existem dois subconjuntos distintos de células T que expressam os receptores de células T (TCRs) α/β e
γ/δ.
- As células que expressam TCRs γ/δ no fígado fetal não migram para o timo para maturação, mas
desempenham um papel importante na proteção contra infecções microbianas em um estágio inicial de
desenvolvimento.
- As células T α/β migram para o timo para maturação, resultando em timócitos TCR+ de linhagem T CD4+ ou
TCD8+, o que está associado ao posterior reconhecimento de antígenos e ativação de células T.
- Em humanos, as células do sangue do cordão T CD4+ neonatais proliferam em resposta à IL-7 na ausência
de estimulação de TCR. Estudos experimentais de células T CD4+ neonatais demonstram polarização para
respostas T helper 2 - Th2 (IL-4, IL-5, IL-10) com uma produção diminuída de citocinas Th1 (IFN-γ, IL-2 e
TNF-α). Por outro lado, as células Th17 desempenham um papel importante no desenvolvimento de
imunidade a infecções bacterianas e fúngicas em nível de mucosa e pele.
- Experimentos usando células do sangue do cordão umbilical mostraram que neonatos têm uma frequência
muito baixa ou ausência completa de células Th17.
- As células Th1, Th2 e Th17 desempenham um papel importante no desenvolvimento da imunidade a
patógenos intracelulares e parasitas extracelulares, enquanto as células T regulatórias (Treg) são essenciais
para a tolerância imunológica e desempenham um papel crucial na limitação das respostas imunes
excessivas exercidas pelas células Th1, Th2 e Th17.
- Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não
expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24
semanas, os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a
formação do receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de reconhecimento
do que lhes é próprio (self ).
- Embora apresente número maior de células T na circulação ao nascimento que os adultos, a maioria são
células imaturas e poucas são células de memória, fato explicado pela pequena exposição intraútero a
antígenos.
- A produção das citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A produção de
IL-12 que ativa linfócitos T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido.
- O déficit na resposta Th1 visto no neonato confere prejuízo na função de citotoxicidade.
OBS: As citocinas criam um contexto imunoinflamatório que gera amplificação de resposta e recrutamento de
células capazes de interferir em toda a resposta imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta problemas em
toda a imunidade. A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL10) em resposta a antígenos ocorre, em
parte, devido à baixa exposição intraútero, mas também devido à função secretória e inibitória da placenta.
Células B
- As células B neonatais não mostram evidência de exposição antigênica e têm apenas um repertório de
imunoglobulina (Ig) de superfície parcialmente desenvolvido.
-Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o
nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já
se inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai
drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos
níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança
apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem
materna.
Porque há deficiência na produção de anticorpos dos neonatais?
As deficiências observadas na produção de anticorpos neonatais podem ser decorrentes de várias
características intrínsecas, como imaturidade das células B, repertório de células B pobre ou força reduzida
de sinalização do receptor de células B (BCR).
Quais as peculiaridades do sistema imune adaptativo dos neonatais?
Em resumo, de modo geral, os linfócitos B e T naïves ( maduras) são programados de maneira diferente em
neonatos em comparação com seus correspondentes encontrados em adultos. Os recém-nascidos exibem
uma suscetibilidade aumentada a infecções decorrente da imaturidade de seus linfócitos, incluindo um baixo
número de células T de memória efetora, secreção reduzida de citocinas Th1 e reduzida força de sinalização
do receptor de células B. Por alguns meses após a concepção, o lactente está sob influência da IgG materna,
que diminui ao longo dos primeiros meses. Após os 2 anos de idade, a resposta adaptativa começa a se
organizar, com completo funcionamento após a primeira década de vida.

Mecanismos adaptativos do sistema imunológico no período neonatal


Diversos aspectos do sistema imunológico do neonato o caracterizam como aquele de um ser em
desenvolvimento. Embora a resposta imunológica inata neonatal seja menos eficiente que a do adulto, se
comparada à resposta adaptativa neonatal, ela parece estar mais “completa” ao nascimento. Vários exemplos
desse estágio ainda em desenvolvimento da resposta imunológica adaptativa podem ser descritos:
- O encontro de células T CD4+CD8+ circulantes;
- A preponderância do fenótipo naïve (CD45RA+ CCR7+);
- Resposta imunológica humoral reduzida frente à infecção ou vacinação.
Nesse sentido é que devem ser analisados o aumento expressivo de células polimorfonucleares circulantes
imediatamente após o nascimento, a imunidade materna transplacentária mediada por anticorpos e a
imunidade conferida pelo leite materno e, principalmente, pelo colostro, com transferência de imunoglobulinas
e de células. Esses seriam os três mecanismos adaptativos que, durante período transitório – variando de 2 a
3 dias no caso da elevação de polimorfonucleares a muitos meses, no caso do leite materno –, facilitariam a
sobrevida do recém-nascido e lactente jovem no ambiente extrauterino. Talvez não seja sem razão o fato de
dois dentre esses três fatores, o colostro/leite materno e a imunidade transplacentária mediada por
anticorpos, serem constituídos principalmente por elementos do sistema imunológico adaptativo materno,
justamente o menos maduro ao nascimento.
Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e
ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de
anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o
quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos.
Para que ocorra o “switch” de classe, ou seja, que o linfócito B apresente outras classes de imunoglobulinas
em sua superfície, é necessária a interação com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 padrão
Th2 e o linfócito B, ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito
B produz uma ou outra classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada.
Aleitamento materno
OBS: Lactentes amamentados apresentam redução de 47% no risco de morte por doenças
infectocontagiosas.
Quais os componentes do leite materno influenciam para o desenvolvimento do sistema imunológico?
São vários os componentes presentes no leite materno que influenciam o desenvolvimento do sistema
imunológico. Merecem destaque: imunoglobulinas, oligossacarídeos do leite humano (HMO), lactose,
lactoalbumina, ácidos-graxos poli-insaturados de cadeia longa (LC-PUFAS), vitaminas (A, E, C), interleucinas,
lactoferrina, lisozima, lactoperoxidase, TNF-β, antígenos alimentares oriundos da dieta materna, receptores
solúveis de CD14, TLR2, fator de necrose tumoral (TNF-α), células de defesa (macrófagos, neutrófilos) e
probióticos.
Qual a imunoglobulina mais predominante no leite materno?
Embora todas as classes de imunoglobulinas possam ser encontradas no leite materno, a IgA é considerada
a mais importante. A IgA secretora (IgAs) é produzida e transportada até o leite humano pela glândula
mamária a partir da clivagem proteolítica da IgA sérica. A IgAs corresponde a 80% a 90% do total de
imunoglobulinas no leite materno.
Sabe-se que a IgAs do leite materno é um dos principais fatores que protege o lactente contra infecções
entéricas causadas por rotavírus, E. coli, poliovírus e retrovírus. Gestantes vacinadas para meningococo,
influenza e pneumococo apresentam maiores concentrações de IgA secretoras específicas para esses
microrganismos no leite materno e redução do risco de desenvolvimento de doenças nos lactentes.
OBS: apenas 10% das IgAs são absorvidas no intestino e transferidas para a corrente sanguínea da criança;
sua ação acontece, de maneira predominante, na mucosa do trato gastrintestinal.
Porque o colostro é importante para o sistema imunológico do RN?
O colostro contém elevada concentração de imunoglobulinas, especialmente IgAs, fatores tróficos para o trato
gastrointestinal como TGF-β, além de proteínas. Essa composição diferenciada é importante para a
continuidade da transferência da imunidade materna passiva para o recém-nascido. Com o passar dos dias, a
composição do leite muda, transformando-se em leite maduro, o que inclui modificações nos fatores que
contribuem para a imunidade de mucosa. São modificações que variam de nutriz para nutriz, influenciadas
pela saúde, microbiota e dieta materna, bem como por fatores genéticos e ambientais.
Como a prática da amamentação atua na proteção contra alergias alimentares?
A prática da amamentação é um dos fatores que se associa a algum tipo de proteção contra as alergias
alimentares. O lactente amamentado ingere pequenas quantidades de vários antígenos alimentares
provenientes da dieta materna, que são apresentados ao seu trato gastrintestinal em conjunto com fatores
protetores (IgAs, TGF-β, oligossacarídios) do leite materno, que tendem a promover uma resposta
tolerogênica e não de alergia. Dessa forma, as recomendações nacionais e internacionais vigentes que
contraindicam dieta de restrição para os alimentos considerados mais alergênicos (peixe, leite, ovo,
castanhas) durante a gestação e lactação e recomendam que a alimentação da gestante e nutriz seja variada
e baseada em alimentos in natura e minimamente processados.
Como a microbiota do leite materno atua no sistema imunológico do lactente?
O leite materno contém centenas de espécies bacterianas diferentes, por volta de 1.000 unidades formadoras
de colônia por mL. Uma particularidade importante que difere da administração de probióticos por via oral em
alimentos ou medicamentos- geralmente uma única ou algumas cepas com quantidades elevadas- é que
pelo leite materno o lactente ingere pequenas quantidades de uma grande variedade de cepas. De modo
geral, as espécies mais comumente encontradas no leite materno são Streptococcus e Staphylococcus,
Bifidobacterium, Lactobacillus, Propionibacteria, Enterococcus e membros da família Enterobacteriaceae. A
microbiota do leite materno atua no sistema imunológico do lactente tanto pela presença dos microrganismos
viáveis quanto pelos metabólitos gerados por eles que agem localmente e a distância. Entre eles,
destacam-se os ácidos graxos de cadeia curta, vitamina K e do complexo B e compostos de retinoide. Além
disso, sabe-se que a produção de anticorpos (IgAs, IgM e IgG) também sofre influência da microbiota
materna. Os HMO (da sigla em inglês, human milk oligosaccharides) são carboidratos de estrutura complexa
sintetizados pela mama com função prebiótica, isto é, de favorecer a proliferação e o estabelecimento de
bactérias benéficas no trato gastrintestinal de lactentes amamentados.

Referências: Jornal de pediatria ARTIGO DE REVISÃO Sistema imunológico: desenvolvimento e aquisição


da competência imunológica.
2. Explicitar sobre a imunidade transplacentária

A placenta tem uma função extremamente importante durante toda a gestação. É uma barreira histológica
formada por três camadas: (1) sinciciotrofoblastos multinucleados (STB) com uma camada de citotrofoblasto
diretamente abaixo, (2) estroma contendo fibroblastos e células de Hofbauer e (3) células endoteliais dos
capilares fetais [3]. Existem mecanismos ativos e passivos que permitem a transferência de substâncias de
baixo peso molecular da mãe para o feto. A imunoglobulina G (IgG), embora tenha alto peso molecular, é a
única classe de imunoglobulinas capaz de atravessar a placenta e atingir a circulação fetal.

Imunidade transplacentária mediada por anticorpos

Receptores na superfície dos microvilos seriam invaginados durante o processo de fagocitose, passando a
recobrir a parede interna dos fagossomas. Parte da proteína iria ligar-se a esses receptores, sendo
posteriormente liberada das células na forma intacta para o espaço intercelular; a parte da proteína dos
fagossomas que não se ligasse aos receptores seria degradada pelas enzimas lisossomais, não atingindo a
circulação do feto/recém-nascido.
-Desse modo, a quantidade de gamaglobulina que poderia ser transmitida na sua forma intacta à circulação
seria limitada pela população de receptores disponíveis.
-A taxa de transmissão dependeria das taxas de ligação e liberação da proteína pelos receptores. O caráter
seletivo da transmissão dependeria de uma ou de ambas as taxas, podendo variar com diferentes tipos de
gamaglobulina.
-Da circulação materna rumo ao sangue fetal, a molécula de IgG precisa transpor ao menos duas barreiras
celulares: o sinciciotrofoblasto e o endotélio capilar fetal. Sabe-se que parte da IgG transportada,
especialmente os aloanticorpos dirigidos contra antígenos expressos na placenta, não atingem a circulação
fetal.
-Os complexos antígeno-anticorpo formados no estroma dos vilosos seriam eliminados através de fagocitose
dos mesmos pelos macrófagos fetais, as células de Hofbauer. O receptor responsável pelo transporte de
IgG através do sinciociotrofoblasto é o FcRn. Todas as subclasses de IgG atravessam a placenta, mas
sabe-se que IgG1 e IgG3 passam mais eficientemente, seguidas de IgG4 e, por último, IgG2.
-Embora haja evidências de transporte de IgG através da placenta em fases precoces da gestação, sabe-se
que ele ocorre eficientemente no terceiro trimestre da gestação.
Alguns fatores são conhecidos por estarem associados a uma redução do transporte transplacentário de
anticorpos. Entre eles, merecem menção especial as concentrações maternas de IgG total, especialmente
acima de 15 g/L; a prematuridade, o baixo peso ao nascimento, a infecção placentária por malária e a
infecção materna pelo HIV.
-Após o nascimento, observa-se o declínio dos anticorpos maternos. Os estudos variam no que diz respeito à
meia-vida da IgG total sérica mas, em média, ela é de 24 a 30 dias.
Por volta do 4º mês, as concentrações de IgG total começam a se elevar: é este o momento em que a
produção de IgG pela criança supera o consumo da IgG materna. Entretanto, as concentrações de IgG da
criança só atingirão as concentrações do adulto por volta de 8 anos de idade. O conhecimento da imunização
passiva adquirida por via transplacentária e o catabolismo da IgG materna nos primeiros meses de vida da
criança são fundamentais para que se estreite a janela de suscetibilidade a patógenos específicos nessa fase
da vida tanto para crianças sem comorbidades quanto para aquelas cujas mães apresentem condições que
predisponha a um transporte transplacentário reduzido ou que elas próprias apresentem uma resposta
imunológica prejudicada nos primeiros meses de vida.
A IgG é uma proteína grande com estrutura tetramérica, contendo duas cadeias pesadas e duas leves
dispostas em forma de Y. Em sua estrutura, há um sítio de ligação ao antígeno (região Fab) e uma região
constante, o fragmento cristalizável (Fc), que se liga a receptores Fc encontrados na superfície de diferentes
células do sistema imunológico, principalmente nos fagócitos. Existem quatro tipos de IgG (1-4), e todos eles
são transferidos através da placenta através de células sinciciotrofoblásticas que expressam receptores para
o domínio Fc, chamados de receptores Fc neonatais (FcRn).
A transferência transplacentária ativa começa no início da gravidez, por volta das 13 semanas de gestação, e
os níveis fetais de IgG aumentam com o avanço da idade gestacional, sendo relativamente baixos entre 17 e
22 semanas em cerca de 5 a 10% dos níveis maternos, depois em 32 semanas atingindo 50% dos níveis
maternos e, finalmente, excedendo os níveis plasmáticos de IgG materna ao nascimento.
Além da idade gestacional como fator importante na transferência de anticorpos, o processo é influenciado
por vários aspectos, como imunocompetência materna, infecções concomitantes, níveis de anticorpos
específicos adquiridos pós-imunização, integridade placentária, classe de IgG e tipo de antígeno.
Essas variáveis representam a base para estratégias de imunização materna, visando proteger os
recém-nascidos contra doenças infecciosas, e também para o desenvolvimento de protocolos especiais de
vigilância em situações como condições autoimunes ou aloimunes maternas, onde anticorpos nocivos são
transferidos através do placenta pode causar complicações fetais graves.
- O receptor Fc neonatal é uma importante molécula relacionada ao complexo de histocompatibilidade classe
I (MHC) que desempenha um papel central na regulação da homeostase da IgG e no transporte através da
barreira placentária. A expressão de FcRn em células de sinciciotrofoblasto parece ser decisiva para a
fagocitose mediada por IgG eficiente, enquanto a expressão em células endoteliais é importante para
prolongar a meia-vida de IgG por meio da reciclagem de IgG internalizada de volta à superfície.
A interação entre o domínio Fc de IgG e FcRn é influenciada por mudanças de pH, apresentando alta
afinidade em nível de pH ácido < 6,5 e baixa afinidade em pH fisiológico. Durante a gravidez, a IgG é
transferida da mãe para o feto no nível dos sinciciotrofoblastos por meio de um processo chamado
transcitose, que começa com a internalização da IgG materna nos endossomos. Nesse nível, o pH é
acidificado e permite que a IgG se ligue ao FcRn presente na superfície interna do endossoma.
O complexo é então carreado até a membrana celular basal do sinciciotrofoblasto, onde a IgG é liberada ao
ser exposta a um pH normal (7,4) e entra na circulação fetal (Figura 1). Ainda não é totalmente compreendido
como a IgG materna é transportada através do estroma viloso para as células endoteliais fetais, pois o FcRn
não é expresso nas células do estroma [13,14]. Algumas evidências mostram que os receptores Fc tipo II e III
são expressos em placentas a termo e podem estar envolvidos na transferência transplacentária de IgG [15].
Permanece controverso se o FcRn é expresso ou não nas células endoteliais fetais, mas os receptores Fc II
podem ser identificados neste nível e são considerados ligados à passagem de IgG para a circulação fetal.
Em humanos, os FcRn também são expressos em células endoteliais e derivadas da medula óssea,
desempenhando um papel no prolongamento da meia-vida de IgG e albumina, impedindo seu catabolismo.
Este achado pode ter um grande impacto na prática clínica: modulando esta interação IgGFcRn, pode-se
melhorar a farmacocinética de anticorpos terapêuticos, ou inibindo a função FcRn em algumas condições
autoimunes, um nível reduzido de anticorpos nocivos pode ser alcançado.
A transferência transplacentária de anticorpos maternos para o feto começa durante o primeiro trimestre da
gravidez. Muito pouca IgG materna atinge o embrião e pode ser encontrada no fluido celômico e no estroma
viloso já em 6 semanas [23]. Aproximadamente 10% das concentrações maternas de IgG são transferidas
para o feto entre 17 e 22 semanas de gestação, e os níveis mostram um aumento contínuo entre 17 e 41
semanas, excedendo os níveis maternos entre 37 e 40 semanas de gestação.
Devido a esta transferência acentuada de anticorpos no terceiro trimestre, mais próximo do termo, os
recém-nascidos prematuros, especialmente aqueles nascidos antes de 32 semanas, têm um nível
consideravelmente mais baixo de IgG em comparação com os recém-nascidos a termo e, portanto, maior
suscetibilidade a infecções. Bebês prematuros também apresentam uma diminuição mais rápida e precoce de
IgG no período pósparto do que bebês nascidos a termo.
Como a imunização passiva através da transferência transplacentária de IgG materna não é suficiente para
neonatos prematuros, a administração de imunoglobulina intravenosa (IV IgG) após o nascimento tem sido
considerada, embora com benefícios limitados na redução da mortalidade ou morbidade.
A IgG materna (porém não a IgM ou IgA) é transportada através da placenta a partir da 16ª semana. Isto
reflete o transporte passivo, o qual aumenta progressivamente com a gestação e é proporcional à
concentração de IgG materna. Também reflete o transporte ativo, o qual tende a normalizar a concentração
IgG neonatal, sugerindo que valores maternos baixos estimulam e que altos valores maternos inibem o
transporte. Em termos completos, os níveis de IgG no cordão umbilical podem ser iguais, ou mesmo mais
altos que os níveis maternos. Os recém-nascidos prematuros têm níveis de IgG mais baixos que os à termo.
Os anticorpos IgG passivamente adquiridos são responsáveis pela proteção dos recém nascidos e crianças
menores contra doenças virais e bacterianas.
Transferência fisiológica
-As moléculas de IgG são transferidas a nível de sinciciotrofoblastos, num processo chamado de Transcitose
(combinação de endocitose e exocitose). -
-O pH é um fator crucial para esse processo. A interação entre Fc e FcRn tem alta afinidade em pH < 6,5 e
baixa afinidade em pH fisiológico.
-A transcitose começa com a internalização de IgG materna dentro de endossomos. Neles, o pH é acidificado
e permite com que haja a ligação entre Fc da IgG com o receptor FcRn presente na membrana interna do
endossomo.
-Esse complexo é então transportado para a membrana basal da célula, onde IgG é liberada ao entrar em
contato com o pH fisiológico, e entra na circulação fetal.
-Para prolongar a meia vida de IgG e prevenir seu catabolismo, em humanos, as células endoteliais e da
medula óssea do feto também expressam o FcRn.
-O aumento dos níveis entre os isotipos de IgG é diferente. O IgG1 é transferida mais rapidamente e que IgG2
é transferida mais lentamente.
-No terceiro trimestre, os níveis fetais de IgG ultrapassam os níveis de IgG materna.Paradoxalmente, em
gestantes com altos níveis de IgG, os receptores FcRn ficam supersaturados e as moléculas de IgG não
ligadas são destruídas. Isso leva a uma menor transferência de IgG para o feto.
Transferência patológica
- A transferência de IgG é muito importante para proteger o bebê nos primeiros meses de vida.
-Porém, existem situações em que essa transferência pode provocar danos ao feto, como condições
autoimunes e aloimunes.
-Algumas dessas condições maternas são:
-Doença de Graves (anticorpos TRAb)
-Lúpus eritematoso sistêmico (anti-Ro e anti-La)
-Púrpura trombocitopênica imune (PTI)
-Miastenia gravis
-Anemia hemolítica autoimune (anticorpos quentes)
-Doença hemolítica perinatal (DHPN)
-Trombocitopenia aloimune
Referências:
Jornal de pediatria ARTIGO DE REVISÃO Sistema imunológico: desenvolvimento e aquisição da competência
imunológica.
Ciobanu AM, Dumitru AE, Gica N, Botezatu R, Peltecu G, Panaitescu AM. Benefits and Risks of IgG
Transplacental Transfer. Diagnostics (Basel). 2020;10(8):583. Published 2020 Aug 12.
doi:10.3390/diagnostics10080583.

3. Discorrer como funciona o calendário vacinal


Como deve ocorrer o calendário vacinal?
O planejamento de um calendário vacinal deve, do ponto de vista epidemiológico, evitar um grande intervalo entre
vacinas sucessivas, iniciando-se o mais precocemente possível, considerando a resposta imunológica dos
produtos em relação às idades, assim como a história das enfermidades na população. Para ser aceitável, deve-se
avaliar: hábitos de deslocamento da população; as alterações climáticas que interrompem atividades comunitárias;
crenças e costumes locais que possam representar um obstáculo à divulgação e execução. Em relação a questões
operacionais, o calendário deve prever um mínimo de visitas para um mesmo indivíduo e otimizar a administração
simultânea de várias vacinas e de vacinas combinadas. Periodicamente, deve haver uma atualização e revisão dos
critérios estabelecidos, considerando-se as respostas obtidas, assim como novas informações científicas,
demonstrando a eficácia do calendário estabelecido.

O Ministério da Saúde (MS) publicou em portaria a última revisão do calendário vacinal do Programa Nacional de
Imunizações (PNI). Essa portaria determina que o cumprimento do calendário é de caráter obrigatório e deve ser
comprovado através de atestado de vacinação emitido por serviços públicos de saúde ou pelas clínicas privadas
de vacinação, desde que estejam de acordo com a legislação vigente. O atestado deve conter a identificação da
unidade de atendimento, do imunobiológico administrado, do laboratório produtor, o número do lote e deve ser
assinado pelo médico ou enfermeiro responsável pelo serviço. O MS, através do PNI, implantou os Centros de
Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), com produtos de moderna tecnologia e alto custo, destinados a
uma parcela especial da população brasileira que, por algum motivo, é impedida de usufruir os benefícios dos
materiais disponíveis na rotina da rede pública. Esses centros especializados possibilitam a avaliação das
condições do paciente, da necessidade de vacinação e do esquema mais adequado.

Atualmente, 48 imunobiológicos são distribuídos anualmente pelo PNI (vacinas, imunobiológicos especiais,
soros e imunoglobulinas), sendo 20 vacinas oferecidas às crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes
conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Destas, 18 são vacinas só para crianças e adolescentes ofertadas
no Calendário Nacional de Vacinação. Toda a população pode se vacinar gratuitamente nas mais de 38 mil salas
de vacinação localizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Para isso, basta comparecer a um
posto de saúde com o cartão de vacinação em mãos. Para quem perdeu o cartão de vacinação, a orientação é
para procurar o posto de saúde onde recebeu as vacinas para resgatar o histórico de vacinação e fazer a segunda
via. A ausência da Caderneta de Vacinação não é um impeditivo para se vacinar. O cartão de vacinação é o
documento que comprova a situação vacinal do indivíduo, devendo ser guardado junto aos demais documentos
pessoais.Os CRIEs têm como finalidade facilitar o acesso da população aos imunobiológicos especiais,
principalmente para as pessoas com imunodeficiências congênita ou adquirida e de outras condições especiais de
morbidade ou pessoas expostas a situações de risco. Além disso, os Cries buscam garantir os mecanismos
necessários para investigação, acompanhamento e elucidação dos casos de eventos adversos graves e/ou
inusitados associados temporalmente à aplicação de imunobiológicos.O acompanhamento de eventos adversos
continua acontecendo depois que a vacina é licenciada, o que permite a continuidade de monitoramento da
segurança do produto. O Programa Nacional de Imunizações realiza ainda o monitoramento dos eventos adversos
pós vacinação de todas as vacinas oferecidas pelo programa, em parceria com a Anvisa.
Como cada tipo de vacina atua no sistema imune?
VACINAS POLISSACARÍDICAS NÃO CONJUGADAS
Processamento imunológico de antígenos timo-independentes
- Antígeno timo-independente (p. ex., polissacarídeo de pneumococo).
-Ativação de linfócitos B sem a participação de linfócitos TH.
-Linfócitos B ativados transformam-se em plasmócitos para produção de anticorpos IgM de baixa afinidade e
sem memória.
VACINAS VIVAS E NÃO-VIVAS, PROTEICAS OU CONJUGADAS
Processamento imunológico de antígenos de procedência extracelular através de células apresentadoras de
antígenos e MHC-II.
Células apresentadoras de antígenos expostas a antígenos
Os peptídeos são apresentados junto com o MHC-II pelas células apresentadoras de antígenos aos linfócitos
TH
Os linfócitos TH2 e TH 17 produzem citocinas que estimulam a imunidade humoral.
Linfócitos B ativados transformam-se em plasmócitos para produção de anticorpos com alta afinidade e
especificidade para os antígenos. Memória.

VACINAS VIVAS ( Atenuadas)


Processamento imunológico de germes de procedência intracelular pelo MHC-I. Imunidade citotóxica
Células nucleadas (inclusive as apresentadoras de antígenos) infectadas por vacinas vivas, p. ex., tríplice
viral)
Os peptídeos são apresentados junto com o MHC-I pelas células infectadas aos linfócitos Tc
Os linfócitos Tc e os macrófagos são ativados.
Os linfócitos Tc transformam-se em citotóxicos e matam todas as células alvo que apresentam o mesmo
complexo peptídeo MHC-1 em sua membrana celular (imunidade celular específica) Memória.

São constituídas de microrganismos obtidos pela seleção de cepas naturais (selvagens) que foram atenuados
por passagens em meios de cultura especiais. Provocam infecção similar à natural de maneira subclínica e,
em geral, tem grande capacidade protetora, garantindo imunidade a longo prazo, com a necessidade de
menos doses do que as vacinas inativadas.
Quando administradas por via mucosa, induzem imunidade secretora na porta de entrada natural da infecção.
A desvantagem é o risco teórico de provocarem eventos adversos em virtude de virulência residual em
pacientes com imunodepressão grave. Nesses casos, é preciso avaliar os riscos e os benefícios de
recomendar a vacina.
A resposta imunológica gerada pela aplicação de uma vacina contendo vírus atenuado gera barreira
imunológica inespecífica, que impede a invasão celular por um segundo vírus vacinal.
Logo, vacinas atenuadas injetáveis diferentes, quando não aplicadas no mesmo dia, devem ser administradas
em um intervalo mínimo de 28 dias entre elas. Fato semelhante acontece com pessoas que precisaram ser
imunizadas com soros, imunoglobulinas, plasma ou outros meios de imunização passiva.
Os anticorpos específicos contra vírus selvagens podem inativar o vírus vacinal e interferir na resposta imune,
devendo ser respeitado um intervalo de três a 11 meses para receber vacinas atenuadas.

Vacinas vivas:
Anticorpos séricos e secretórios + Imunidade celular = Resposta imune.

Vacinas não-vivas
Anticorpos séricos =Resposta imune

As vacinas polissacarídicas estimulam somente a imunidade humoral, sem participação de Li T. Induzem


anticorpos séricos de baixa afinidade e especificidade.
As vacinas não-vivas, proteicas, ou polissacarídicas conjugadas, estimulam a imunidade humoral com
participação de células apresentadoras de antígenos e Li T CD4. Induzem anticorpos séricos de alta afinidade
e especificidade
As vacinas virais vivas estimulam a imunidade humoral e celular, com participação das células
apresentadoras de antígenos e Li T CD4 e CD8. Induzem anticorpos séricos e secretórios e linfócitos
citotóxicos de alta afinidade e especificidade.
Vacinas não vivas ou inativadas
São constituídas por microrganismos não vivos ou suas frações, que não se replicam nem provocam doença
subclínica. Apesar de serem menos virulentas, algumas das vacinas inativadas são altamente imunogênicas e
conferem proteção de longa duração. Os antígenos desse tipo de vacina são obtidos de diferentes modos:

1. Microrganismos inteiros inativados por meios físicos ou químicos. Exemplos: vacina celular contra a
coqueluche e vacina inativada contra poliomielite (VIP);
2. Toxinas inativadas de microrganismos. Exemplos: vacinas adsorvidas difteria e tétano (dT);
3. Vacinas de fragmentos de microrganismos. Exemplo: alguns tipos de vacinas influenza.
4. Vacinas obtidas por meio da identificação dos componentes dos microrganismos, responsáveis tanto
pela agressão infecciosa quanto pela proteção. Os componentes potencialmente tóxicos são inativados,
como a vacina adsorvida pertússis acelular.
5. Vacinas obtidas por engenharia genética. Exemplo: vacina recombinante hepatite B e papilomavírus.
6. Vacinas polissacarídicas não conjugadas, em que os polissacarídeos são extraídos da cápsula de
bactérias invasivas como o pneumococo e o meningococo. Não estimulam imunidade celular e, por isso, não
protegem crianças com menos de dois anos, sendo ainda a sua proteção de curta duração. A imunidade não
aumenta com a repetição das doses. É o caso das vacinas polissacarídicas não conjugadas contra o
pneumococo e os meningococos A, C, W, Y.
7. Vacinas conjugadas, em que os componentes polissacarídicos são conjugados a proteínas,
criando-se um complexo antigênico capaz de provocar respostas imunológicas timo-dependentes. Exemplo:
vacinas conjugadas Haemophilus influenzae tipo b, vacina conjugada pneumococo e vacina conjugada
meningococos de tipos A, C, W e Y.
8. Vacinas obtidas por vacinologia reversa, como a vacina meningocócica B

Referências:
https://doi.org/10.1590/S0021-75572006000400002 Artigos de Revisão • J. Pediatria
Referência: Ministério da Saúde
Reinaldo Menezes Martins Consultor Científico Bio-Manguinhos/Fiocruz- Imunologia aplicada a vacina

4. Entender o desenvolvimento, maturação e passagem dos eritrócitos na corrente


sanguínea( eritropoese).

O que é a hematopoiese?
A hematopoiese, também chamada de hemopoese ou hemopoiese, é o processo contínuo de formação e
renovação dos elementos figurados do sangue ao longo de toda a vida de um indivíduo e por meio de
processos mitóticos (divisão celular).
Quando se inicia a hematopoiese?
A hematopoiese tem início com a divisão de uma célula-tronco hematopoiética em duas células; uma delas a
substitui (autorrenovação) e a outra se diferencia na célula que é necessária. Esse processo mantém em
equilíbrio a velocidade de produção das células do sangue e a sua velocidade de utilização/destruição
(demanda) pelo organismo. Em condições normais, as velocidades devem ser iguais.
Onde as células troncos estão presentes?
As células-tronco estão presentes no embrião, quando são, então, designadas células-tronco embrionárias
(blastocisto), as quais podem diferenciar-se em qualquer tipo de tecido; e também podem ser encontradas em
tecidos adultos, originando as células-tronco adultas, com menor capacidade de diferenciação. No adulto,
essas células localizam-se, principalmente, no cordão umbilical e placentário, na medula óssea, no sangue
periférico, no fígado, nos rins e na primeira dentição (dente de “leite”).
Como as células-tronco são classificadas?
As células-tronco classificam-se em totipotentes, pluripotentes e multipotentes.
-As totipotentes: podem originar tanto um organismo totalmente funcional quanto qualquer tipo celular do
organismo (inclusive sistema nervoso) e correspondem às células do embrião recém-formado.
-As pluripotentes: são células capazes de gerar qualquer tipo de tecido sem originar um organismo completo
(não podem gerar a placenta e outros tecidos de apoio ao feto); formam a massa celular interna do blastocisto
depois dos quatro dias de vida e participam da formação de todos os tecidos do organismo.
-As multipotentes: são um pouco mais diferenciadas, estão presentes no indivíduo adulto e têm capacidade
de originar apenas um limitado número de tipos teciduais.
Quais são os tipos de hematopoiese?
- Eritropoiese: a primeira célula que pode ser identificada como série vermelha é o pró-eritroblasto. A
linhagem seguinte é do eritroblasto basofílico (possui um núcleo grande, cora com corantes básicos e com
pouco acúmulo de hemoglobina). A cada divisão, o núcleo vai diminuindo de tamanho e a célula é preenchida
com hemoglobina; assim, temos o eritroblasto policromatófilo, o eritroblasto, reticulócitos (ainda contêm restos
de núcleo) e o eritrócito maduro (célula sem núcleo ou restos nucleares).
- Leucopoiese: dividida em linhagem mielocítica — mielopoiese, produção de granulócitos (granulopoiese) e
monócitos — e linhagem linfocítica — linfopoiese, formação dos linfócitos. Ambas as linhagens iniciam com
uma célula comum, o blasto (mieloblasto e linfoblasto).
- Trombocitopoiese (plaquetopoiese): formação das plaquetas, que são fragmentos dos megacariócitos.
Quais são as etapas da eritropoiese?
Diferenciação: Essa etapa consiste na diferenciação da célula progenitora em unidades formadoras de
colônia, sob estimulo da IL-3 e do fator estimulador de colônia granulocíticas (IL-9), na presença de
eritropoetina.
Célula mielóide – UFC eritróide – Rubriblasto
Multiplicação: Nesta etapa ocorrem 4 mitoses sequenciais, é o momento de maior diferenciação celular, pois
a célula foi sofrendo alterações em sua estrutura. Ocorre em aproximadamente 3 a 7 dias.
Rubriblasto – Pró-rubrícito – Rubrícito Basofílico – Rubrícito policromático – Metarrubrícito
Maturação: É a fase de maior alteração morfológica, pois ocorre o processo de enucleação, ou seja,
processo pelo qual o núcleo se condensa e é degradado, dessa forma a hemácia perde seu DNA e RNA,
reduzindo então sua capacidade de automultiplicação e seu o tamanho. Além disso, ocorre ainda alteração da
sua capacidade de afinidade do citoplasma, ou seja, antes essa célula era basofílica e agora passa a ser
acidófila.
Metarrubrícito <enucleação> Reticulócito – eritrócito

Quais fatores interferem na eritropoiese?


Dentre estes fatores estão:
- A interleucina 3 (IL-3), associada a eritropoetina e estimulantes das colônias de eritrócitos são
responsáveis por estimular a formação das células sanguíneas.
- A interleucina 9 (IL-9) é responsável pela formação de colônias eritróides. A eritropoetina (EPO),
hormônio que ao se ligar com receptores encontrados nas unidades formadoras de hemácias, induz e
mantém a proliferação de células progenitoras eritróides na medula óssea e a diferenciação de células
vermelhas maduras no sangue periférico, reduzindo também o período de transição entre pró eritroblasto a
eritrócito.
- Hormônios androgênicos, principalmente a testosterona, hormônios anabolizantes, como o hormônio de
crescimento e cobalto estimulam a produção de eritropoetina, através de mecanismos ainda
desconhecidos. Por outro lado, a policitemia tende a suprimir a eritropoiese.
- A vitamina B12 ou cianocobalamina, associada ao ácido fólico e ao cobalto, são importantes para
maturação das células vermelhas. Esses compostos são essenciais à síntese de DNA (ácido
desoxirribonucleico), visto que cada um deles é necessário para a formação de trifosfato de timidina, uma
das unidades essenciais da produção de DNA e sua deficiência resulta na diminuição de ácido
desoxirribonucleico e, consequentemente, na falha da maturação nuclear, dificultando a divisão celular na
medula, enquanto que o ácido ribonucleico (RNA) e a síntese de componentes celulares permanecem
inalterados, produzindo macrocitose.
- O ferro é o elemento essencial na síntese de hemoglobina, mioglobina, transporte de elétrons para
respiração celular, síntese de DNA e outras reações enzimáticas vitais. Os sinais mais comuns da
deficiência de ferro são letargia, depressão, fraqueza, anorexia e em casos crônicos até convulsão, além
de provocar alterações no eritrograma, como diminuição do hematócrito e VCM (volume corpuscular
médio); nas hemácias nota-se microcitose, hipocromia grave, ou seja, hemácias contendo quantidade de
hemoglobina menor que a normal, com palidez central acentuada, presença de lesões oxidativas e
fragmentação; em equinos a anemia ferropriva está associada à perda crônica de sangue, resultante de
parasitismo interno ou externo, hemorragias gastrointestinais ou distúrbios de hemostasia.
- A vitamina B6 (piridoxina) é necessária para a síntese do componente heme. Embora casos naturais de
deficiência ou excesso dessa vitamina não tenham sido documentados em animais microcítica foi
produzida experimentalmente em suínos mantidos com dieta deficiente de piridoxina.
- O cobre é importante no transporte de ferro para medula, atuando na incorporação do ferro ao
componente heme e formação da hemoglobina, pois mobiliza o ferro de tecidos, como fígado, coração e
cérebro para a corrente sanguínea, tornando-o disponível para utilização. A maior parte do cobre no
plasma liga-se a proteína ceruloplasmina, levando a reações oxidativas, que permitem a passagem do
ferro através das membranas celulares. A anemia produzida pela deficiência de cobre é geralmente
moderada, de progressão lenta e leva a anemia microcítica e hipocrômica, semelhante à causada por
deficiência de ferro.
OBS: Os eritrócitos são as células mais numerosas (especializadas no transporte de gases sanguíneos —
oxigênio e dióxido de carbono), seguidos pelas plaquetas, responsáveis pela hemostasia (coagulação) e
pelos leucócitos, que fazem parte da defesa do organismo.
OBS: A eritropoietina, de origem principalmente renal, é responsável pela regulação da produção de
eritrócitos. Qualquer condição que cause a diminuição da quantidade de oxigênio a ser transportado para os
tecidos provoca formação desse hormônio em questão de minutos, atingindo sua produção máxima em 24
horas, para que seja aumentada a produção de eritrócitos.
OBS: Os órgãos e tecidos hematopoiéticos variam entre as fases da hematopoiese ao longo da vida de um
indivíduo.
Quais são os três períodos hematopoiéticos?
-Período intrauterino ou embrionário: no início do primeiro mês da vida pré-natal, as primeiras células do
sangue surgem externamente ao embrião no mesênquima do saco vitelino (vesícula vitelínica) — local
transitório da hematopoiese. As células são eritroblastos primitivos, grandes e megaloblásticos, formados no
meio intravascular, com núcleo.
- Período hepatoesplênico ou fetal: na sexta semana de gestação, a hematopoiese inicia no fígado (maior
órgão hematopoiético nas fases inicial e intermediária do feto). Os eritroblastos definitivos, que se
transformam em eritrócitos anucleados, são formados extravascularmente e ocorrem, em menor grau, a
granulopoiese e a megacariopoiese. Até 6 e 7 meses de vida fetal, o fígado e o baço são os principais órgãos
hematopoéticos e continuam a produzir células até cerca de 2 semanas após o nascimento. Os linfonodos
(gânglios linfáticos) exercem papel minoritário na hematopoiese durante essa fase. A placenta também
contribui para hematopoiese fetal.
- Período medular fetal, infância e vida adulta: na segunda metade da vida fetal, 6 a 7 meses, a medula
óssea inicia a produção celular de modo progressivo e, no fígado, esse processo é diminuído. A
hematopoiese, após o nascimento para produção de eritrócitos, granulócitos e plaquetas, passa a ocorrer
apenas na medula óssea, ou seja, é extravascular. As células em desenvolvimento situam-se fora dos seios
da medula, as maduras são liberadas nos espaços sinusais, na microcirculação medular e, a partir daí, na
circulação geral.
O que ocorre com o passar dos anos com a hematopoética ativa?
-Hematopoética ativa, também chamada de medula vermelha, até aproximadamente 5 anos de idade.
Conforme o crescimento vai ocorrendo (fase de lactação), o espaço medular se amplia e apenas uma parte
mantém a hematopoiese, o restante é preenchido por células adiposas.
-Na infância, os ossos achatados e longos, como o crânio, as vértebras, o fêmur, continuam sendo locais de
formação celular sanguínea.
-No adulto, a medula hematopoiética é confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur
e do úmero. A medula vermelha é substituída pela medula amarela ou gordurosa e assim segue por toda a
vida do indivíduo.

OBS: Mesmo em regiões hematopoéticas, cerca de 50% da medula é composta por gordura.
O que ocorre em casos de necessidade da produção de medula vermelha?
Em casos de necessidade, a medula amarela é substituída novamente pela vermelha por meio de estímulos
intensos e contínuos. O fígado e o baço também podem retornar seu papel hematopoético quando preciso.
Hepatoesplenomegalia (fígado e baço aumentam de tamanho nessa situação) pode significar hematopoiese
extramedular e ocorrer, por exemplo, em doenças hemolíticas ou talassemias. Quando, na medula, não há
mais proliferação celular, denomina-se medula cinzenta.
O que os progenitores mielóides e linfóides originam?
Os progenitores mieloides comuns originam progenitores restritos às linhagens de granulócitos/macrófagos e
de megacariócitos/eritrócitos. Os progenitores linfóides comuns dão origem aos linfócitos B, T e às células
natural killer (NK). As células formadoras de colônias (CFC), também chamadas de unidade formadora de
colônia, são as células reconhecidas morfologicamente como as precursoras imediatas das diversas células
maduras presentes no sangue periférico.
O que ocorre com a hematopoiese na carência de vitaminas e oligoelementos?
As vitaminas e os oligoelementos são indispensáveis à hematopoiese, que é afetada pela ausência ou
diminuição deles (insuficiência na maturação da eritopoiese). A vitamina B12 e o ácido fólico, por exemplo,
são necessários para a síntese do DNA. A carência desses elementos acarreta diminuição de DNA e,
consequentemente, deficiência na divisão e na maturação nuclear. Nessas condições, as células passam por
um processo de maturação rápido, sendo produzidos eritrócitos maiores que o normal (macrocíticos) e com a
membrana celular mais frágil. São rompidas mais facilmente, de modo que apresentam um tempo de meia
vida mais curto (metade ou um terço da vida normal). Essa situação caracteriza a anemia megaloblástica.
O que ocorre com a hematopoiese na carência de ferro?
O ferro é um elemento imprescindível para a síntese da hemoglobina na eritropoiese, sua deficiência pode
provocar a produção de eritrócitos microcíticos (células menores que as normais) e hipocrômicos (células
menos coradas que as normais), o que caracteriza a anemia ferropriva.
Referências:
-Rodrigues, Adriana, D. et al. Hematologia básica. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2019.
A eritropoiese e o eritrograma - Uma Revisão. Macêdo, Luã Barbalho de ; Pimentel, Muriel Magda Lustosa ;

Santos, Fernanda Araujo dos ; Dias, Regina Valéria da Cunha; Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
2015.

TBL

-Patógenos responsáveis pelas infecções intraútero, intraparto e pós-parto estimulam a resposta imune fetal e
neonatal. Esse agentes incluem o estreptococo do grupo B, a Escherichia coli, a Listeria monocytogenes, o
herpes simples, o citomegalovírus, o vírus Epstein-Barr, o vírus varicella-zoster, o vírus respiratório sincicial, o
Toxoplasma gondii e a Candida albicans.
-O desenvolvimento imunológico somente estará completo na infância tardia.
-O leite materno é um exemplo importante de transferência de imunidade passiva no período pós-natal. Ele
possui funções antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunorreguladoras. Contém a IgA secretora, que coloniza
o trato gastrintestinal e respiratório do neonato, células ativas (fagócitos, células natural killer e linfócitos),
citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10) além de lisozima, lactoferrina, peroxidase e lípides a

ntimicrobianos.
-Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no saco vitelino desde a quarta semana de gestação, migram
para o fígado, principal órgão hematopoiético durante esse período, no qual proliferam sofrendo somente
discreta diferenciação. Posteriormente, são encontrados no baço, timo e medula óssea. ntígeno, que
modulam a intensidade e a duração da resposta imune e inflamatória.
-As citocinas são proteínas de baixo peso molecular, secretadas em resposta a um antígeno, que modulam a
intensidade e a duração da resposta imune e inflamatória.
-São produzidas pelos fagócitos (macrófagos e neutrófilos), células natural killer (NK) e linfócitos T helper.
-As principais citocinas da imunidade inata são interferon α, β e γ, fator de necrose tumoral (TNF) e
interleucinas (1, 6, 10, 12, 15, 18).
-As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e têm como função a opsonização de antígenos
e a lise celular a partir de formação do complexo de ataque à membrana.
-A célula NK é um tipo de linfócito que destrói células infectadas por vírus, microrganismos intracelulares e
células neoplásicas com base na produção do interferon γ (INF γ).
-As células mononucleares inflamatórias, especialmente mastócitos e macrófagos, são as sentinelas do
sistema de defesa contra os patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas produzem fator de necrose
tumoral α (TNF α) que recruta células do sistema inato (neutrófilos, monócitos e células dendríticas) e modula
a apresentação de antígenos aos linfócitos T.

-A resposta imune adaptativa divide-se em resposta mediada por células e resposta mediada por anticorpos.
Os linfócitos são suas células efetoras.
-A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T com seus subtipos T helper (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos
(CD3+ e CD8+). Os linfócitos T helper apresentam ainda dois subtipos, conforme seu padrão de produção de
citocinas: Th1, que modula a imunidade celular, e Th2, que estimula a imunidade humoral.
-Enquanto os linfócitos B podem reconhecer antígenos diretamente com seus anticorpos, os linfócitos T
somente reconhecem antígenos que lhe são apresentados pelas células apresentadoras de antígenos por
meio dos antígenos maiores de histocompatibilidade de classe I e II.
-As propriedades fundamentais da imunidade celular são a produção de citocinas e a atividade citotóxica. As
citocinas mais importantes da imunidade adaptativa são IL-2, 4, 5, 10 e 13 e INF γ β e TGF β.
-Imunidade humoral A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, os quais, estimulados por antígenos,
diferenciam-se em plasmócitos produtores de anticorpos. Eles são reconhecidos por apresentarem em sua
superfície os marcadores CD19 e CD20.
Resposta específica a patógenos no período neonatal

Estreptococo do grupo B (EGB): é importante causa de infecção bacteriana no período neonatal. A


colonização por estreptococos patogênicos do grupo B é facilitada pela grande capacidade de adesão às
células da mucosa epitelial de neonatos e pela ausência de IgA secretora na primeira semana de vida.
E. coli: é uma das principais bactérias Gram-negativas causadoras de meningite e sepse no período
neonatal: Sabe-se que a IgG não consegue se ligar de forma eficiente à superfície da bactéria, permitindo,
dessa forma, que a mesma escape ao mecanismo de reconhecimento do sistema imune. A deficiência na
cascata de complemento observada no sangue de cordão de recém-nascidos contribui também para o defeito
de opsonização dos neonatos contra a E. coli.
Lysteria monocytogenes: A infecção pela Lysteria em humanos ocorre mais comumente em
recém-nascidos e crianças ou em adultos imunodeprimidos. A infecção perinatal é causada normalmente pela
colonização ou infecção proveniente da mãe. A ativação macrofágica é de suma importância para a
destruição eficiente da bactéria e a ativação pelo INF γ é fundamental nesse processo, sendo sua produção
deficitária relacionada à escassez e ao atraso no desenvolvimento de células T de memória no período
neonatal.
Herpes-vírus: patógeno capaz de causar infecção sistêmica disseminada ou doença do sistema nervoso
central com altas taxas de mortalidade nas primeiras semanas de vida. O atraso na resposta das células Th 1
à infecção, na proliferação dos linfócitos T CD4, na secreção de INF γ e do fator de necrose tumoral, além da
produção deficiente de anticorpos específicos contra o vírus, permite que a infecção torne-se disseminada,
causando danos importantes a todos os órgãos.
Citomegalovírus (CMV): é a principal causa de infecção intraútero, afetando 0,3 a 2,2% dos recém-nascidos
vivos. A infecção congênita é importante causa de deficiência auditiva, visual ou paralisia cerebral no
recém-nascido. A resposta específica das células T CD4 e T CD8 à infecção primária pelo citomegalovírus
parece estar reduzida quando comparada à resposta observada em adultos. A resposta deficiente das células
T CD4 está associada à eliminação prolongada do vírus na urina dos pacientes infectados, o que sugere seu
papel fundamental no controle da replicação viral em superfícies mucosas.
Ebstein-Barr vírus (EBV): A infecção pelo EBV ocorrendo na primeira infância não está associada a algum
quadro clínico específico. No entanto, quando ocorre na adolescência ou em adultos, grande proporção de
indivíduos desenvolve o quadro clínico da mononucleose, o qual se verifica quando a infecção primária pelo
EBV não está adequadamente controlada, levando ao estímulo exagerado das células T CD8 pelos linfócitos
B infectados. Esses achados sugerem que a infecção seja mais bem controlada em recém-nascidos e
lactentes que em adultos. Isso ocorre porque a resposta dos linfócitos TCD8 parece ser reduzida em
neonatos e lactentes, o que explica a ausência de manifestações.
Vírus varicela-zoster: O envolvimento visceral e a alta mortalidade são características dessa apresentação
da doença. Durante a gestação, anticorpos maternos transmitidos por via transplacentária à criança cuja mãe
adquiriu a varicela até seis dias antes do parto desempenham papel importante na proteção do recém-
-nascido contra as manifestações da doença. A grande produção de INF γ observada nos pacientes com
infecção congênita pelo vírus da varicela sugere que a resposta dos linfócitos Th1 é importante como primeiro
mecanismo de defesa da infecção, ainda que não seja eficaz para o controle da mesma.2 A falência em se
desenvolver uma resposta imune celular adequada a partir das células T, macrófagos e células natural killer
tem se correlacionado com o óbito dos pacientes infectados.
Vírus respiratório sincicial (VRS): A infecção pelo VRS é uma das doenças mais comuns no mundo e
estima-se que toda criança esteja infectada até o terceiro ano de vida. O vírus não se replica fora da árvore
respiratória, sendo a infecção restrita à mucosa respiratória.O receptor toll-like 4 (TLR4) participa do
reconhecimento do VSR pela imunidade inata. Os recém-nascidos prematuros apresentam pouca quantidade
de TLR4 e reduzida produção de citocinas após sua ativação, o que implica mais suscetibilidade à infecção
por esse vírus.
Toxoplasma gondii: O toxoplasma é um patógeno intracelular obrigatório que acomete especialmente o feto
e o recém-nascido. A ativação dos linfócitos T leva à produção de alto número de interleucinas e à redução da
parasitemia. No entanto, sabe-se que a sobrevida no ambiente intracelular promove proteção do parasita
contra o sistema imune.14 O INF γ desempenha importante papel no controle da infecção como forte ativador
dos macrófagos infectados, limitando o crescimento intracelular dos taquizoítos. No entanto, nos neonatos a
produção do INFγ encontra-se prejudicada, sendo um importante fator relacionado à alta suscetibilidade do
recém-nascido.
Candidíase: a candida albicans é a principal espécie causadora de infecção fúngica em recém-nascidos,
sendo responsável por 40 a 70% dos casos de candidemia nessas crianças. A suscetibilidade aumentada do
neonato à infecção, em especial da cavidade oral, resulta da imaturidade da resposta dos linfócitos T CD4
comumente observada nessa idade.7 Além disso, sabe-se que o papel dos anticorpos passivamente
adquiridos na defesa do recém-nascido é insignificante.
Mycobacterium tuberculosis: A infecção tuberculosa em neonatos geralmente manifesta-se de forma
disseminada e resulta em quadros graves como a tuberculose miliar ou a meningite tuberculosa. A resposta
mediada por células T é fundamental no processo de estabelecimento da memória imunológica e de proteção.
Além disso, as citocinas produzidas são capazes de direcionar as células do sistema macrofágico de modo a
conter e destruir os bacilos infectantes. O recém-nascido é capaz de desenvolver significativo número de INF
γ produzido pelas células T CD4 em resposta ao estímulo pela vacina BCG com o bacilo vivo atenuado. No
entanto, a resposta das células T ao bacilo virulento nas infecções pelo Mycobacterium bovis ou
Mycobacterium tuberculosis ainda encontra-se deficitária.

Referências: ARTIGO DE REVISÃO /O sistema imunológico do recém-nascido/ The newborn’s immune


system/ Lílian Martins Oliveira Diniz1 Bruna de Campos Guimarães e Figueiredo/ DOI:
10.5935/2238-3182.20140056.

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