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ABC do TRAUMA

Primeiros socorros
TRAUMA

Qualquer lesão ocasionada ao organismo.

Trauma físico: é uma lesão ou ferida mais ou


menos extensa, produzida por ação violenta, de
natureza física ou química, externa ao organismo.
(do grego trauma, atos: "ferida")
Terminologia

 Traumatismo: refere-se às consequências locais e


gerais do trauma para a estrutura e o
funcionamento do organismo. Em geral usa-se o
termo, "traumatismo" como sinônimo de trauma
físico.

 Politraumatizado: é o paciente que tem


inúmeros traumas.
Importante estabelecer o tipo trauma
 Fazer triagem (selecionar e separar).
 Identificar o paciente com lesões graves e risco de
morte (casos de emergência urgência)

Exemplo:
 Fratura exposta do fêmur
 Angústia respiratória
 Dermatite alérgica
Tipos de trauma
Classificar o paciente
Paciente Grau I
• Requer atendimento imediato (1 minuto)
• Parada cardio-respiratória, insuficiência respiratória, obstrução das vias
aéreas
Paciente Grau II
• Atendimento em Minutos (até 1 hora)
• Lesões múltiplas, choque, hemorragia controlada
Paciente Grau III
• Algumas horas
• Fraturas expostas, feridas abertas, convulsões
Paciente Grau IV
• 24h (não traumatizados)
Manejo do animal traumatizado
1. Alertar que um animal está a caminho do hospital;

2. Obter o histórico, incluindo o mecanismo de lesão;

3. Dar assistência ao proprietário (ele também precisa


de atenção);

4. Levar o paciente à área mais propícia para o


atendimento;
Manejo do animal traumatizado
5. Avaliar/restabelecer o ABC do trauma
6. Avaliar os sinais vitais
7. Colher amostras de sangue e urina para análises
básicas rápidas
Introdução ACB do trauma

 O animal precisa ser avaliado como um todo, tendo como


foco principal o sistema respiratório e circulatório, para
que seja possível otimizar a perfusão sanguínea e a oferta
de oxigênio para os tecidos.

 Para isso, utiliza-se o ABC do trauma como forma de


avaliação e estabilização do paciente (TELLO, 2006b).
Introdução ACB do trauma
 O conceito do ABC do trauma, atualmente, é
conduzido de forma a avaliar primeiro o sistema
respiratório, depois o circulatório, o nervoso, o
digestivo e por fim o musculoesquelético (TELLO,
2006, a).
ABC DO TRAUMA
Airway: Via aérea e controle da coluna cervical: Proteção da via
aérea contra obstrução (vômito, corpo estranho, etc.) e controle da
coluna cervical (imobilização temporária).

Breathing: Respiração e Ventilação: Avaliação da expansão


pulmonar, que pode estar prejudicada por hemotórax ou
pneumotórax, fraturas múltiplas de costelas (tórax instável), etc.

Circulation: Circulação Sanguínea e controle da Hemorragia:


Avaliação e (se possível) controle de perda sanguínea por
hemorragias, lesões cardíacas e outras causas de baixo débito
cardíaco.
ABC DO TRAUMA
A → Via aérea
 Manejo primário: Desobstrução, sucção, oxigenação
 Manejo avançado: Intubação e ventilação
 Manejo cirúrgico: Punção cricotireóidea,
traqueostomia
ABC DO TRAUMA
B → Respiração

 Movimentos torácicos simétricos


 Auscultação dos dois hemitórax
 Palpação (costelas, enfisema)
 Oximetria de pulso (acima de 90%)
 Hemogasometria
 Intubação ventilação
ABC DO TRAUMA
C → Circulação
 Estado mental do paciente
 Coloração e aspecto das mucosas
 Frequência e qualidade do pulso femoral
 Eletrocardiografia: arritmias
 Vias de acesso venoso: terapia de fluidos
Avaliar
1. Sangramento arterial
 Procurar e conter
 Procurar no local da lesão
 Cuidado com a terapia de reposição ↑ da PA, ↑ do sangramento
 Sangramento interno (baço, fígado, trato gastrintestinal, rim, aorta)

2. Sistema respiratório
 O mais importante no trauma
 Pneumotórax, contusão, hemotórax, hérnia diafragmática, tórax
instável
 Geralmente há lesões múltiplas (pneumotórax + contusão pulmonar)
Avaliar
3. Sistema cardiovascular
 Bomba cardíaca: (Arritmias, valvulopatias)
 Volume circulante: (Choque hipovolêmico,
 Hemorragia, desidratação, choque séptico)

4. Sistema nervoso
 Cérebro
 Medula espinhal
 Nervos periféricos
Avaliar
5. Sistema musculoesquelético
 As fraturas não são emergências (urgências)
 Controlar a dor (talas, analgésicos)
6. Outras lesões
 Ruptura fígado, baço, rins, uretra, ureteres,
 Hemorragia retroperitoneal (Sensibilidade abdominal,
pacientes difíceis de estabilizar)
Outras avaliações
Exame secundário
 Exame físico detalhado
 Avaliação das lesões que representam risco à vida
 Exames complementares (Rx, ultrassom, bioquímica, etc)

Exame terciário
 Reavaliação 12- 24 horas após a admissão
 Identificar lesões ocultas e evolução do quadro
CHOQUES E HEMORRAGIAS
Choque

 Estado de perfusão tecidual inadequada que gera suprimento


insuficiente de oxigênio (O2) e nutrientes aos tecidos e impede a
remoção dos produtos de excreção celular.

 Causado por anormalidades no veículo de transporte de O2


(sangue) ou no sistema de transporte (sistema cardiovascular).

 É caracterizado pelo desequilíbrio entre a perfusão e as


necessidades celulares
Tipos de choque
1. Hipovolêmico
(perda de plasma, desidratação, trauma, hemorragia)
2. Cardiogênico
(falência da bomba cardíaca, defeitos mecânicos)
3. Distributivo
(anafilático, neurogênico, insuficiência suprarrenal, séptico)
4. Obstrutivo
Aumento da pressão intratorácica, aumento da pressão
intrapericárdica, embolia pulmonar)
Choque Hipovolêmico
Por perda de plasma

 Na obstrução intestinal: A distensão intestinal bloqueia


o fluxo venoso, aumentando a pressão capilar e levando
a extravasamento para as paredes e a luz intestinal.

 Nas queimaduras: Além da perda de plasma ocorre


aumento da viscosidade sanguínea, dificultando ainda
mais a perfusão tecidual.
Choque Hipovolêmico
Hipovolemia por desidratação

 Diarreia e/ou vômito graves


 Rins nefróticos
 Ingesta inadequada de líquidos e eletrólitos
 Destruição do córtex adrenal
Choque Hipovolêmico
Hipovolemia por trauma

 O trauma tecidual pode levar a hemorragia considerável .


 Também pode ocorrer choque após traumatismo, mesmo
na ausência de hemorragia .
 A contusão tecidual ocasiona lesões capilares graves e perda
de plasma para os tecidos.
 Também pode haver choque neurogênico associado à dor.
Choque Hipovolêmico
Hipovolemia por hemorragia

Hemorragia ocasiona diminuição da pressão de enchimento cardíaco e, por


tanto, da perfusão tecidual
A hemorragia pode ser visível:
 Trauma
 Sangramento trans-cirúrgico
 Perdas agudas gastrintestinais, urinárias
Ou oculta:
 Perdas crônicas pelo trato gastrintestinal ou urinário
 Ruptura de aneurismas
 trauma e/ou ruptura de órgãos internos
Choque Cardiogênico
Ocasionado pelo comprometimento da função cardíaca.
O choque cardiogênico pode estar relacionado com:
 Falência da bomba cardíaca
 Infarto agudo do miocárdio
 Miocardite
 Insuficiência cardíaca
 Arritmias
 Etc.
Choque distributivo
Ocasionado por distúrbios na distribuição do volume
sanguíneo. Caracteriza-se por inadequado fornecimento e
extração de O2 na presença de vasodilatação.

Associado com:
 Choque anafilático
 Choque neurogênico
 Insuficiência suprarrenal
 Choque séptico
Cortisol, aldosterona
Choque distributivo
 CHOQUE ANAFILÁTICO: Ocorre quando o indivíduo entra em contato
com um antígeno para o qual foi previamente sensibilizado
(microrganismos, fármacos, alimentos).
 CHOQUE NEUROGÊNICO: Aumento acentuado da capacitância
vascular. O volume circulante não é suficiente para preencher o sistema
circulatório .
 INSUFICIÊNCIA SUPRARRENAL: Relaciona-se com a incapacidade do
paciente em produzir hormônios de estresse o cortisol. Caracteriza-se
por redução da resistência vascular sistêmica, do volume circulante e
do DC.
 CHOQUE SÉPTICO: É causado pela resposta do organismo a uma
infecção sistêmica (infecções gastrintestinais, urinárias e pulmonares
são as mais comuns).
Choque Obstrutivo
Ocasionado por compressão ou obstrução do coração ou
grandes vasos.
Aumento da pressão intratorácica
 Pneumotórax de tensão
 Ventilação com pressão positiva intermitente
Tamponamento pericárdico
 Trauma
 Infecção
Tromboembolismo pulmonar maciço
 Obstrução da câmara de saída
Estágios do choque
 Estágio não progressivo ou compensado
Os mecanismos compensadores normais atuantes conseguem
promover recuperação completa, sem a ajuda de terapia
externa.
 Estágio progressivo
Nesse estágio, o choque piora contínua e progressivamente.
 Estágio irreversível
A evolução do choque é tão grave que não é possível salvar a
vida do paciente por nenhum meio conhecido, ainda que este
esteja vivo no momento.
Alguns sinais do choque
 Gengivas descoradas ou brancas.
 Freqüência respiratória acelerada (mais de 30 movimentos por
minuto no caso dos cães e nos gatos respiração com mais de 40
respirações por minuto).
 Freqüência cardíaca rápida (nos cães, superior a 150 batimentos
por minuto e nos gatos superior a 250 batimentos por minuto).
 Inquietação ou ansiedade.
 Letargia ou fraqueza.
 Temperatura corporal abaixo do normal
 Pupilas dilatadas
 Pode ou não haver perda da consciência
Importante
 Quando o cão/gato entra em choque, a respiração e os
batimentos cardíacos estão acelerados, porém fracos.
Essa é uma condição muito grave e requer atendimento
imediato.

 É importante realizar algumas manobras para minimizar


as consequências do choque, a principal delas, a falta
de suprimento sanguíneo no cérebro. Isso pode deixar
sequelas neurológicas no animal.
Manobras para minimizar os efeitos do
choque
 Deite o animal: de lado com a cabeça estendida
 Posicione a cabeça: região do tronco mais baixos do
que a parte traseira do corpo. Isso garantirá que o
sangue chegue ao cérebro e coração.
 Aqueça o animal: enrole-o em um cobertor e coloque
uma bolsa térmica ou manta térmica próxima a ele, se
for possível. Controle a temperatura com o
termômetro.
Manobras para minimizar os efeitos do
choque
 Importante: Não ofereça nada para beber ou comer.
 Não permita que o animal, se consciente, fique perambulando,
mantenha-o confinado.
 Usando um pedaço de gaze, coloque a língua do cão para fora, de um
dos lados da boca, para garantir que a respiração não seja obstruída.
 Estanque qualquer hemorragia.
 Transporte ou movimente o animal delicadamente para evitar
traumatismos maiores e dores. Se possível, improvise uma maca com
um cobertor ou toalha grande.
Hemorragias
Hemorragia é toda perda de sangue que o organismo
pode sofrer, seja ela rápida (aguda) ou de forma
lenta e gradativa (crônica), grave ou não.
Tipos de Hemorragias
Hemorragia Interna

Hemorragia Externa

Hemorragia Superficial
Hemorragia Interna
São hemorragias não evidentes, porém são
igualmente importantes. Dependendo do local em que
houve a lesão e dos vasos comprometidos obviamente
a hemorragia será mais ou menos intensa.
Hemorragias externas

São fáceis de detectar, pois você visualiza a perda


de sangue. Ela é provocada por cortes profundos,
perfurações ou brigas entre animais.
Hemorragias superficiais
Ocorrem quando pequenos vasos que irrigam a
pele são rompidos e a perda de sangue é
considerável, mas nunca fatal. Um exemplo é o
sangramento causado por escoriação, pequeno
corte ou outro ferimento na pele.
Diferenciação de hemorragia arterial,
venosa e capilar
Fonte Cor Velocidade Efeito
Artéria Vermelho-vivo Rápida (jorrando ou Muito rápido para
pulsando) coagular; ;é mais difícil de
controlar
Veia Vermelho-escuro Fluxo estável Mais fácil de controlar.

Capilares Vermelho Lenta, fluxo uniforme ou Geralmente coagula de


gotejamento estável. forma espontânea,
causando pouca perda de
sangue.
Diferenciação de hemorragia arterial,
venosa e capilar
Importante
 Se um vaso sanguíneo for rompido (veia ou artéria), a
hemorragia pode ser grave e deve ser estancada
imediatamente. Os vasos atingidos mais facilmente
localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoço.

 A hemorragia grave pode ser fatal, por isso, ela precisa


ser interrompida o mais depressa possível e o volume de
líquido perdido pelo organismo, reposto.
Manobras para hemorragia interna

Necessitam de intervenções mais drásticas como


suturas, cirurgias mediante anestesias gerais
cuidadosas devido à perda de sangue.
Caso apresente hemorragia severa, o animal
pode entrar em choque.
Manobras para hemorragia externa
 Aplique um pano limpo ou compressas de gaze sobre o local
e pressione por alguns minutos. Mantenha a pressão até o
sangramento parar.

 Coloque compressas de gaze sobre o ferimento e proteja


com a faixa crepe, se o local permitir. Fixe com esparadrapo.
Nunca deixe a lesão aberta para evitar o acesso de moscas
ao ferimento.
Manobras para hemorragia externa
 Realize a desinfecção para preparar para a sutura. Caso
contrário, limpe o ferimento com água oxigenada,
líquido de Dakin ou iodo povidine. Aplique pomada
antibiótica;

 Se um vaso sanguíneo for atingido, o sangramento não


irá parar facilmente. Mantenha a pressão sobre a região
até o veterinário realizar o procedimento de sutura.
Manobras para hemorragia externa
 Nas patas e cauda, você pode aplicar um torniquete se
o sangramento for severo. Com um pedaço de faixa
crepe, amarre o membro um pouco acima da região do
sangramento. Afrouxe a cada 5 minutos e depois volte a
apertar.
Manobras para hemorragia superficial
 De forma geral as pequenas hemorragias se forem
devidamente estancadas com compressas frias ou faixas
compressivas podem ser contidas.

 Em alguns casos é realizada a sutura da pele.


Parada Cardíaca
Durante a parada cardíaca, o coração cessa de
bombear sangue para o restante do organismo. Ela
pode ocorrer isoladamente ou acompanhada de
parada respiratória.
Parada Cardíaca
 Geralmente quando estamos diante de uma parada
cardíaca, ela se deve a alguma outra crise mais
grave que precisa ser superada para que o animal
sobreviva.

 Enquanto se chama o veterinário, deve-se fazer


massagem cardíaca e se o animal parar de respirar,
também faça a respiração artificial.
Fatores predisponentes para uma parada
cardíaca
 Em animais que receberam forte choque ao morder fios
elétricos, após atropelamentos, quedas, afogamentos
ou traumatismos graves.

 Cães e gatos cardíacos submetidos a estresse ou


exercícios intensos podem sofrer parada cardíaca.
Sinais de parada cardíaca
 Quando o coração do animal para de bater, este quadro
também influi na coloração das gengivas, as quais deixam o
seu tom róseo normal para um tom pálido ou azulado;

 Examine colocando a mão sobre o lado esquerdo do peito


do animal. Pode-se utilizar o estetoscópio para examinar se
há batimentos cardíacos.
Importante

 O órgão mais afetado é o cérebro. Se o tecido


cerebral permanecer mais do que dois minutos sem
oxigênio, podem ocorrer lesões irreversíveis nas
células nervosas.

A reanimação cardíaca deve ser feita


imediatamente, assim que se for detectada a
ausência dos batimentos do coração.
Massagem Cardíaca
 Deite o animal de lado, de preferência com o lado direito para
baixo e com a cabeça mais baixa que o corpo.
 Segure o peito logo após o membro anterior com o polegar de
um lado e os outros 4 dedos do outro lado, se o animal for
pequeno (gatos).
 Se o animal for de porte médio, faça a massagem com uma
mão de um lado e a outra do outro.
 Se for de porte grande ou obeso, deite o animal de costas no
chão e faça a massagem com ambas as mãos (uma em cima da
outra), sobre o esterno (osso que está no meio do peito).
Massagem cardíaca
IMPORTANTE
No caso de você ter que realizar a massagem
cardíaca e a respiração artificial ao mesmo
tempo,você pode fazer uma sequência de 5 ou 6
pressões sobre o coração, intercalada por uma
respiração.
Parada Respiratória
Durante a parada respiratória, o pulmão deixa de
realizar trocas gasosas. Não há inspiração nem
expiração. Ela pode ocorrer isoladamente ou
acompanhada de parada cardíaca.
Fatores predisponentes para uma parada
respiratória
 Hemorragia intensa,
 traumatismo grave, principalmente na cabeça,
 envenenamento,
 inalação de fumaça,
 parada cardíaca,
 choque,
 asfixia,
 choque elétrico,
 após atropelamentos, quedas,
 afogamento
 etc.
Sinais de parada respiratória
Observar se o tórax do animal não tem evidência
de movimentos respiratórios.

Os pulmões realizam trocas gasosas no


organismo e, em conjunto com o coração, são
responsáveis pela oxigenação das células. Sem
oxigênio, os tecidos morrem.
Importante
A reanimação pulmonar deve ser feita
imediatamente ao se notar que não há
movimentos respiratórios.
Respiração artificial

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