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INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO SÃO JOÃO – LICHINGA

Tema:
Pneumonia

Discentes:
Esperança John Amisse
Joana Bartolomeu Zambeze
Juma Anafe Murico
Manuel Antonio

Lichinga, Setembro de 2022


INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO SÃO JOÃO – LICHINGA

Curso: Técnico de Medicina Geral Turma: TMG-08

Tema:
Pneumonia

Discentes:
Esperança John Amisse
Joana Bartolomeu Zambeze
Juma Anafe Murico
Manuel Antonio

Docente: Felisberto Ipo

Lichinga, Setembro de 2022


Índice
1. Introdução .............................................................................................................................4

2. Pneumonia ............................................................................................................................5

2.1. Definição ...........................................................................................................................5

2.2. Epidemiologia....................................................................................................................5

2.3. Classificação e Etiologia ...................................................................................................5

2.4. Factores de risco da Pneumonia ........................................................................................6

2.5.Fisiopatologia da Pneumonia .............................................................................................7

2.6. Complicações da Pneumonia .............................................................................................7

2.7. Exames auxiliares e diagnóstico ........................................................................................7

2.8. Diagnóstico diferencial ......................................................................................................8

2.9. Conduta..............................................................................................................................9

2.10. Critérios de referência/transferência ..............................................................................10

3. Conclusão ...........................................................................................................................11

4. Bibliografia .........................................................................................................................13
1. Introdução

Pneumonia é uma infecção respiratória aguda, com afecção segmentar, lobar, ou multilobar
do parênquima pulmonar. A sua etiologia infecciosa pode ser bacteriana, viral, fúngica ou
parasitária.

A pneumonia é adquirida através da aspiração de microrganismos da orofaringe.


Normalmente, 50% dos adultos aspiram durante o sono. A aspiração aumenta com a
depressão do nível de consciência (alcoólatras, usuários de drogas, pacientes com AVC ou
convulsões, entre outros).

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2. Pneumonia
2.1. Definição

Em termos gerais, pneumonia significa inflamação do parênquima pulmonar. A maior parte


das pneumonias são causadas por agentes infecciosos, mas podem também ser causadas por
agentes químicos, aspiração de alimentos ou trauma. Para fins didácticos, vamos usar o
termo pneumonia para nos referirmos à pneumonia infecciosa.

Pneumonia é definida como uma infecção respiratória aguda, com afecção segmentar, lobar,
ou multilobar do parênquima pulmonar. A sua etiologia infecciosa pode ser bacteriana, viral,
fúngica ou parasitária.

2.2. Epidemiologia

A pneumonia é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Afecta todas as
idades, mas é mais frequente em crianças, idosos e em pacientes imunocomprometidos. No
nosso meio, as pneumonias estão entre as 5 principais causas de consulta, internamento e de
mortalidade. O número de casos em adultos vem aumentando gradualmente, em associação
ao HIV.

2.3. Classificação e Etiologia

As pneumonias podem ser classificadas em:

 Pneumonias adquiridas na comunidade (PAC)

A pneumonia pode se apresentar com a forma lobar ou com a forma bronco-pulmonar.


Na pneumonia lobar o processo inflamatório localiza-se predominantemente nos
alvéolos. Na broncopneumonia o processo inflamatório alveolar estende-se aos
brônquios e bronquíolos. A afecção alveolar é irregular, sem limites claramente
definidos, e em geral é bilateral. Na prática clínica, esta distinção não afecta a conduta
terapêutica nem muda o agente etiológico.

É dividida em duas partes que são:

 Típica: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis:


caracteriza-se por início súbito de febre, tosse produtiva com escarro purulento e dor
torácica pleurítica (tipo “pontada” ou “facada” que se exarceba com os movimentos
respiratórios). À auscultação pulmonar encontra-se fervores crepitantes, sopro
tubário, broncofonia e pectorilóquia.

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 Atípica: Mycoplasma pneumoniae, Legionella spp, Chlamydea pneumoniae:
caracteriza-se por início mais gradual, tosse seca e predomínio de sintomas
extrapulmonares (cefaleia, mal-estar, mialgias, odinofagia orofaríngea, desconforto
gastrointestinal) e sinais mínimos ao exame físico (além de fervores crepitantes).

 Pneumonia hospitalar: Staphylococcus aureus, Bacilos entéricos Gram negativos ou


Pseudomonas aeruginosa, flora mista.

É uma sintomatologia semelhante a pneumonia típica ou atípica que se desenvolvem em


pacientes internados após 48 hora ou mais depois da admissão.

 Pneumonia em pacientes imunocomprometidos (incluindo em pacientes com


HIV/SIDA): fungos como Pneumocystis jirovecci, Candida albicans, Histoplasma
capsulatum, Cryptococcus neoformans e alguns vírus como o Citomegalovírus, e o
Herpes vírus HHV-8 (responsável pelo Sarcoma de kaposi)

É uma sintomatologia atípica com comprovação de imunocompressão. A pneumonia


por Pneumocystis jirovecci faz parte desta pneumonia e se caracteriza por febre,
dispneia, taquipneia e tosse seca. Ao exame físico há uma desproporção entre a
auscultação (poucos sinais auscultatórios) e severidade da apresentação clínica (será
descrita em detalhes na disciplina de Avaliação e Manejo do Doente com HIV e SIDA).

2.4. Factores de risco da Pneumonia


Factores Relacionados com o Meio
Factores Relacionados com o Hospedeiro
Ambiente
 Idade avançada  Fumo do tabaco
 Desnutrição  Poluição ambiental
 SIDA e outras síndromes de imunodepressão  Virulência do agente infeccioso
 Infecções do trato respiratório superior ou  Intensidade da infecção
infecção pulmonar pré- existente
 Consumo excessivo de álcool
 Acidente Vascular Cerebral (AVC)
 Convulsões
 Tratamentos crónicos com corticoesteróides

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2.5.Fisiopatologia da Pneumonia

O mecanismo mais comum de aquisição da pneumonia é a aspiração de microrganismos da


orofaringe. Normalmente, 50% dos adultos aspiram durante o sono. A aspiração aumenta
com a depressão do nível de consciência (alcoólatras, usuários de drogas, pacientes com
AVC ou convulsões, entre outros).

Depois de vencer todas as barreiras (pelos, cílios e actividade mucociliar, factores


antibacterianos locais, macrófagos) ocorre a inflamação. Esta inflamação é responsável pela
febre (via interleucinas, principalmente a interleucina 1 e factor de necrose tumoral),
quimiotaxia (liberação de neutrófilos e sua atracção ao local causando leucocitose
periférica), extravasamento alvéolo-capilar (líquido, eritrócitos responsáveis pela dispneia,
hemoptise, fervores crepitantes e infiltrados radiográficos) e preenchimento do espaço
alveolar (responsável pela dispneia, hipoxémia – acidose metabólica). Adicionalmente, a
síndrome de resposta inflamatória condiciona a estimulação do centro respiratório e
consequente acidose/alcalose respiratória.

2.6. Complicações da Pneumonia

 Derrame pleural e empiema;


 Atlectasia (colapso de parte ou de todo o pulmão);
 Pneumotórax;
 Abcesso pulmonar;
 Insuficiência respiratória;
 Bacteriémia e originar focos de infecção a distância (meningite, artrite, endocardite,
entre outras);
 Sépsis e morte.

2.7. Exames auxiliares e diagnóstico

O hemograma pode revelar leucocitose (com neutrofilia) nas pneumonias bacterianas.


Linfocitose ou monocitose nas pneumonias virais. Eosinofilia nas pneumonias parasitárias.
O exame da amostra de expectoração pode identificar o microrganismo (gram positivo, gram
negativo). A demonstração de flora mista no exame de Gram sugere infecção anaeróbica. O
exame de BK deve também ser solicitado na suspeita de pneumonia de etiologia tuberculosa
(veremos na aula sobre tuberculose).

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 Rx do tórax mostra:
 Pneumonia lobar – observam-se áreas (radiopacas) de consolidação homogénea
lobar ou segmentar bem delimitadas.

 Broncopneumonia – observam-se focos (radiopacos) de consolidação dispersos


e irregulares, geralmente bilaterais.

 Pneumonias fúngicas – padrão micro ou macronodular

 Pneumonia por Pneumocystis jirovecci – infiltrado intersticial bilateral difuso


ou irregular

O diagnóstico é suspeitado fundamentalmente pela clínica e exames auxiliares


(principalmente hemograma e radiologia). O diagnóstico definitivo se faz pelo isolamento
do(s) agente(s) etiológico(s).

2.8. Diagnóstico diferencial

 Tuberculose pulmonar – apresenta um quadro de Febre, Emagrecimento, Sudação


(principalmente nocturna), Tosse produtiva há mais de 2 semanas e Astenia (FESTA)
e pode ser confirmado pelo BK que é positivo (nem sempre).

 Edema pulmonar: em geral ocorre em pacientes com patologia cardíaca prévia, que
desenvolvem um quadro respiratório agudo com ortopneia, palpitações, dor torácica.
Não é comum a presença de febre. O exame físico revela alterações na dinâmica
cardiovascular e a auscultação pulmonar com roncos e fervores bolhosos dispersos.

 Asma: em geral o paciente apresenta antecedentes pessoais e familiares de asma.


Estão presentes tosse e taquipneia, mas a febre não é comum. A auscultação
pulmonar revela roncos e/ou sibilos.

 Abcesso pulmonar: apresenta geralmente a mesma sintomatologia da pneumonia,


nalguns casos há eliminação de quantidades abundantes de expectoração purulenta
por vezes hemoptóica e hálito fétido. Nos casos crónicos, pode haver hipocratismo
digitálico. O exame físico não é revelador. O raio X é fundamental para o
diagnóstico e ilustra uma ou duas cavidades de paredes finas, com nível hidroaéreo
(sinal que indica presença de líquido e gás numa cavidade).

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2.9. Conduta

Tratamento não farmacológico

 Repouso

 Hidratação (consumo de muitos líquidos – 2 – 3 litros/dia)

 Fisioterapia respiratória - é útil para aumentar a eliminação de secreções,


evitando ou diminuindo o seu acúmulo nas vias aéreas

Tratamento farmacológico

 Analgésicos e anti-inflamatórios para controlo da dor, febre e inflamação:


diclofenac ou ibuprofeno
 Oxigénio – 2-4 litros se dispneia com cianose
 Hidratação EV se desidratado (Lactato de ringer ou soro fisiológico)
 Broncodilatadores – se sinais e sintomas de broncoespasmo (vide aula sobre
asma)
 Antibioticoterapia oral ou parenteral (EV/IM)
 PAC - Casos ligeiros (não complicados):
 Amoxicilina 250 mg e ácido clavulâmico 125 mg: 500 a 1000 mg (de
amoxicilina) de 8 em 8 horas durante 7 a 14 dias (geralmente 10 dias) ou

 Eritromicina: 500 mg de 6 em 6 horas durante 7 a 14 dias ou

 Penicilina Procaína IM: 600.000 – 1.200.000 UI/dia ou de 12 em 12 horas


durante 7 a 14 dias ou

 Cotrimoxazol: 400 mg de sulfametoxazol e 80 mg de trimpetropim – 800


mg de sulfametoxazol (2 comprimidos) de 12 em 12 horas durante 7 a 14
dias

 PAC – casos moderado/graves (que requeira hospitalização ou incapacidade de


administração por via oral)

 Penicilina Cristalizada EV: 500.000 UI de 6 em 6 horas (geralmente


1.000.000 UI, mas pode se usar doses de 2.000.000 ou 3.000.000 UI) ou

 Ampicilina EV: 2 a 12 gramas/dia divididos em 4 tomas (geralmente 1


grama EV de 6 em 6 horas, mas pode se usar doses de 2 ou 3 gramas EV
de 6 em 6 horas) +

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 Gentamicina EV/IM: 80 mg de 8 em 8 horas ou 160/240 mg EV 1 vez por
dia

 Pneumonia hospitalar – geralmente associado a resistência antibiótica. Iniciar


com o esquema das PAC.

 Pneumonia em pacientes imunocomprometidos – depende do agente


etiológico suspeito, pelo que em caso de fungos (anti-fúngicos – fluconazol) ou
Pneumocystis jirovecci – o cotrimoxazol em altas doses – será abordado na
disciplina de Avaliação e Manejo do Doente com HIV e SIDA.

Logo que os sinais e sintomas melhorarem e puder ser tolerado medicação oral, passar para a
medicação acima citada pelo tempo que falta.

2.10. Critérios de referência/transferência

A decisão do internamento ou de referência para unidades sanitárias com internamento é


uma medida que pode salvar a vida de pacientes graves, pelo que os clínicos devem conhecer
os sinais de gravidade que alertam para a necessidade de aumentar o nível de prestação de
cuidados ao paciente.

 Pacientes graves, com sinais de instabilidade como ansiedade, cianose, febre alta de
difícil controlo, taquipneia, hipotensão e hipoxemia.

 Afecção extensa do parênquima pulmonar.

 Depressão do nível de consciência e outras alterações do sistema nervoso central


como confusão mental.

 Pacientes idosos (mais de 65 anos de idade).

 Pacientes que não melhoram com a antibioticoterapia instituída após 48-72h.

 Choque circulatório/séptico.

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3. Conclusão

A pneumonia (inflamação/infecção do parênquima pulmonar) é causada por agentes


biológicos (vírus, bactérias, fungos ou parasitos) ou químicos, traumas. Ela pode ser
classificada em pneumonia adquirida na comunidade (PAC – típica e atípica), pneumonia
hospitalar e pneumonia em pacientes imunocomprometidos.

O tratamento das pneumonias depende do agente etiológico, mas inicia-se com tratamento
empírico pelos prováveis agentes e em caso de não melhoria ou complicações deve-se
referir/transferir para o médico.

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4. Bibliografia
Ausiello DA, Goldman. Cecil medicina. 23ª edição. Brasil: Elsevier; 2009.
Ducla Soares JJ. Semiologia Medica – Princípios, métodos e interpretação. São Paulo:
LIDEL Edicoes; 2007
Organização Mundial de Saúde, Relatório de Controlo Mundial da Tuberculose (Global
Tuberculosis Control Report), 2010

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