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agentes causadores de
pneumonia na faixa etária
pediátrica e seus
respectivos tratamentos?
17.1 INTRODUÇÃO
A pneumonia aguda constitui uma das principais causas de
morbimortalidade, principalmente em crianças com menos de 5
anos de idade, nos países em desenvolvimento. Estimativa da
Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê 4 milhões de mortes
por infecções respiratórias agudas, dois terços em crianças
menores de 1 ano. Os principais fatores de risco para pneumonia
adquirida na comunidade são desmame precoce, desnutrição,
baixa idade, presença de comorbidades, vacinação incompleta,
entre outros detalhados no Quadro a seguir.
Quadro 17.1 - Fatores de risco para pneumonias adquiridas na comunidade
17.2 EPIDEMIOLOGIA
As pneumonias são doenças frequentes, com incidência de 3 a
4% ao ano, em crianças abaixo de 4 anos, e de 1 a 2%, em pré-
escolares e escolares. A maioria dos casos é leve e pode ser
tratada ambulatorialmente. Entretanto, casos graves podem
ocorrer, sendo pneumonia bacteriana a causa de 10 a 25% de
morte em crianças nos países subdesenvolvidos e de 1 a 3% nos
desenvolvidos. Essa diferença ocorre porque a desnutrição,
citada anteriormente como fator de risco, aumenta a incidência, a
gravidade e a mortalidade pela doença. A qualidade da
assistência médica é essencial na redução da mortalidade. Faz
parte dessa assistência médica o incentivo à atualização da
carteira vacinal. No calendário do Programa Nacional de
Imunizações (PNI) há a vacina contra pneumococo 10-valente,
administrada aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses, que
ajuda a diminuir a incidência dos casos de pneumonia.
17.3 DEFINIÇÃO
O termo “pneumonia” descreve uma inflamação dos alvéolos e
espaços aéreos terminais, bronquíolos e espaço intersticial, em
resposta à invasão por agente infeccioso introduzido no pulmão,
principalmente em decorrência da aspiração de material de
secreções infectadas das vias aéreas superiores ou, menos
frequentemente, por disseminação hematogênica. A maioria dos
casos é de natureza infecciosa, porém há pneumonias de
natureza não infecciosa, secundárias à aspiração de corpos
estranhos, substâncias irritantes e pneumonite induzida por
droga ou radiação. Vários estudos apontam que a principal
etiologia de pneumonias em crianças menores de 5 anos é viral.
17.4 CLASSIFICAÇÃO
Pode ser classificada por critérios anatômicos, ou seja, a área
pulmonar afetada, podendo ser lobar, envolvendo um lobo ou
segmento, lobular, alveolar ou intersticial. A classificação pelo
agente etiológico nem sempre é possível e, quando determinada
pela cultura, direciona melhor o tratamento.
17.5 ETIOLOGIA
Do ponto de vista etiológico, as pneumonias são classificadas em:
▶ Bacterianas: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
influenza tipo B, Staphylococcus aureus e Streptococcus
pyogenes;
▶ Virais: especialmente vírus sincicial respiratório, influenza,
parainfluenza, adenovírus e rinovírus;
▶ Atípicas: Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae.
Mais raramente, a pneumonia é causada por processos
autoimunes, hipersensibilidade, fungos, drogas, radiação, inalação
ou aspiração — líquidos, poeiras, gases ou poluentes.
De acordo com a faixa etária, alguns agentes etiológicos são
reconhecidos como mais comuns e estão expostos no Quadro
17.2.
Quadro 17.2 - Principais agentes etiológicos de pneumonias comunitárias, de
acordo com a faixa etária
#importante
A presença de sibilos não é comum em
um quadro de pneumonia adquirida na
comunidade, devendo-se pensar nos
diagnósticos diferenciais.
#importante
A taquipneia é o sinal mais importante
de um quadro de PAC.
#importante
A ausência de taquipneia tem um alto
valor preditivo negativo, isto é, na
ausência de taquipneia dificilmente tem-
se diagnóstico de pneumonia.
#importante
A radiografia de tórax não deve ser feita
de rotina para o diagnóstico de
pneumonia, mas deve ser realizada em
crianças com sinais de gravidade que
necessitam de tratamento hospitalar.
#importante
A radiografia de tórax não deve ser
solicitada para o controle de cura de PAC
que teve boa resposta clínica.
17.7.2 Exames de laboratório
O quadro clínico compatível já seria o suficiente para suspeitar de
um quadro de PAC, no entanto podem ser solicitados exames
laboratoriais. O hemograma de crianças com pneumonia de
etiologia viral tende a ser normal ou mostrar discreta leucocitose
(maior ou igual a 12.000/mm3), com predomínio de linfócitos
associados aos marcadores da fase aguda da inflamação —
Proteína C Reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação
(VHS). Já em um quadro de pneumonia bacteriana é comum a
leucocitose com predomínio neutrofílico. Leucopenia (menor que
5.000/mm3) e anemia são marcadores de mau prognóstico.
#importante
A presença de eosinofilia nos casos de
pneumonia afebril pode sugerir infecção
por Chlamydia trachomatis.
17.9 COMPLICAÇÕES
Quando a criança apresenta persistência da febre por 48 a 72
horas ou piora do quadro, deve ser avaliada a presença de
complicações. As principais são:
▶ Abscesso;
▶ Atelectasia;
▶ Pneumatocele;
▶ Pneumonia necrosante;
▶ Derrame pleural;
▶ Pneumotórax;
▶ Fístula broncopleural;
▶ Hemoptise;
▶ Septicemia;
▶ Bronquiectasia;
▶ Infecções associadas — otite, sinusite, conjuntivite, meningite,
osteomielite.
#importante
A complicação mais frequente de
pneumonia bacteriana em pediatria é o
derrame pleural.
17.9.2 Atelectasia
É considerada quando não há expansão pulmonar adequada, ou
seja, parte do pulmão não está aerada, mas o parênquima está
normal. Geralmente desaparece em até oito semanas. Após esse
período, se não há resolução da atelectasia é indicada a realização
da broncoscopia. A complicação evolutiva das atelectasias
crônicas é a fibrose pulmonar com colapso não funcional do
segmento do lobo pulmonar comprometido.
Figura 17.9 - Atelectasia do lobo médio do pulmão direito
17.9.3 Pneumatocele
Trata-se de uma lesão cística de paredes finas, que decorre
especialmente de pneumonias bacterianas, mas também possível
pós-traumas ou aspiração. A maioria resolve-se
espontaneamente. Pneumatocele simples é aquela que ocupa
menos de 50% de um hemitórax e não causa sintomas clínicos de
desconforto respiratório. Já a pneumatocele complicada é aquela
com tamanho superior a 50% de um hemitórax, persistência de
atelectasias, abscessos recidivantes, fístula broncopleural.
Nestes casos de pneumatocele complicada é indicada a
drenagem.
Figura 17.10 - Pneumatocele
Fonte: Tomatheart.