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BRONQUIOLIT

E VIRAL
AGUDA
Discente: Raul Fiterman – 10º Período
(5º ano)
Orientadora: Dra. Katiane Trés
BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
INTRODUÇÃO:

o A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma doença


inflamatória inespecífica que afeta as vias
aéreas de pequeno calibre.

o Inflamação aguda
o Edema
o Necrose de células epiteliais do trato
respiratório das pequenas vias aéreas

o Impactação de muco intraluminal

o O termo BVA geralmente se aplica ao primeiro


episódio de sibilância em lactentes < 12
meses de vida

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
INTRODUÇÃO:

o O agente etiológico mais comum é o vírus sincicial respiratório (VSR) (cerca de 50-80% dos casos)

o A exposição ao VSR acontece nos primeiros 2 anos de idade, e reinfecções podem acontecer por toda a
vida, por não gerar resposta imunológica duradoura.

o É uma das principais causas de morbidade e internação hospitalar, no primeiro ano de vida

o Os anticorpos maternos ↓ declinam no sexto mês de vida, expondo o lactente às infecções


o Nos recém-nascidos prematuros esses níveis são ainda menores, ↑ risco de gravidade durante a
infecção

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EPIDEMIOLOGIA:

o O VSR corresponde à maioria dos casos


o Em 2º lugar, o rinovírus humano

o A maioria das crianças sofre infecção nos primeiros 2 anos de vida

o O acometimento do trato respiratório inferior e a maior gravidade são mais comuns na primo-infecção

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EPIDEMIOLOGIA:

o Outros fatores de risco para maior gravidade da BVA devido ao VSR são:

o Displasia broncopulmonar ou outras doenças respiratórias crônicas (pela redução da função pulmonar),

o Idade menor que 12 meses,

o Sexo masculino (provavelmente se deve ao menor calibre das vias aéreas),

o Ausência de aleitamento materno

o Cardiopatia congênita

o Imunodeficiência

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EPIDEMIOLOGIA:

o Outros vírus também estão envolvidos na etiologia da BVA


o Parainfluenza;
o Metapneumovírus humano;
o Coronavírus;
o Adenovírus;
o Influenza;
o Enterovírus.

o A coinfecção do VSR com outro vírus ocorre em mais de 30% dos casos, sendo a mais comum com o
rinovírus

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EPIDEMIOLOGIA:

o O VSR segue um padrão sazonal de circulação

o A circulação ocorre nos períodos de temperatura fria ou em épocas chuvosas

o Durante os períodos de frio, a aglomeração em locais fechados e alteração do clearance mucociliar pela
temperatura, favorecem a transmissão e a gravidade da doença causada pelo VSR

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EPIDEMIOLOGIA:

o A infecção pelo VSR não confere imunidade duradoura, sendo comuns infecções subsequentes, mesmo
dentro de um único período sazonal.

o Nos primeiros 2 anos de vida: gravidade na primo-infecção


o O calibre das vias aéreas inferiores menor, resposta imunológica imatura, estrutura e função das vias
aéreas em desenvolvimento

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
PATOGÊNESE:

o Transmissão:
o contato com secreção respiratória de indivíduos infectados;
o com a mucosa da nasofaringe ou da conjuntiva;
o inalação de partículas respiratórias (maiores que 5 micra) contendo o
vírus

o O vírus se espalha através da via aérea inferior (por transmissão intercelular)


e atinge as células epiteliais ciliadas da mucosa dos bronquíolos e dos
pneumócitos dos alvéolos

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
PATOGÊNESE:

o Nos bronquíolos, a replicação viral é mais eficaz


o Lesão direta no epitélio respiratório
o Necrose e exposição de fibras nervosas estimuladoras
do reflexo da tosse

o A necrose epitelial é o estímulo para se iniciar a resposta


inflamatória

o Migração de neutrófilos polimorfonucleares, sendo


substituído por infiltração linfocítica do tecido peribronquiolar,
o ↑ permeabilidade vascular e edema.

o ↓↓ clearance mucociliar = impactação do muco produzido.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


AGUDA
DIAGNÓSTICO
Apresentação clínica:
o Um quadro de infecção de via aérea superior, após 4-6 dias
de incubação
o Coriza, espirro e obstrução nasal;

o A obstrução nasal que ocorre por edema de mucosa


e produção de muco pode levar a recusa alimentar
e a desidratação;
o Associa-se à febre (menor que 39°C) em
aproximadamente 1/3 dos casos.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


AGUDA
DIAGNÓSTICO
Apresentação clínica:
o No decorrer de 2-3 dias  evolução para acometimento de VIA
AÉREA INFERIOR

o Nessa fase:
o Tosse e taquipneia leve, chegando à dispneia;
o Uso de musculatura acessória como a abdominal;
o Gemência ou batimento de aleta nasal;
o Hipoxemia

o Em lactentes jovens ou com história de prematuridade pode se


manifestar sem pródromos, apenas com apneia
o Envolvimento da atividade neural reflexa desencadeada nas vias
aéreas superiores e imaturidade do centro de controle da respiração
Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.
AGUDA
DIAGNÓSTICO
Apresentação clínica:
o Ausculta respiratória: sibilos, estertores, aumento do
tempo expiratório
o Toda sintomatologia é decorrente da resposta
inflamatória ao VSR e de sua ação citotóxica direta no
epitélio respiratório.
o Estes sinais podem estar ausentes nos
imunocomprometidos e ser substituídos por infiltrados
no parênquima pulmonar

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


AGUDA
DIAGNÓSTICO:
Apresentação clínica
o Pode haver sinais clínicos de desidratação na evolução grave por
o ↓ ingesta hídrica e aumento de perdas, como lentidão na perfusão capilar periférica, mucosas secas,
depressão de fontanela anterior e redução do turgor da pele

o O exame físico varia a cada minuto

o obstrução pelos plugs no nível bronquiolar pode mobilizar-se com a tosse e até mesmo
com o sono e a agitação do lactente

o A gravidade da doença depende da idade do paciente, da presença de comorbidades, da


exposição ambiental (exposição ao tabaco intraútero) e da presença de imunodepressão

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EXAMES COMPLEMENTARES:
o O diagnóstico é feito com base na história clínica e no exame
físico

o Radiografia de tórax: é dispensável na maioria dos quadros


de BVA,
o Pode ser normal ou apresentar sinais comuns da doença
como (hiperinsuflação, atelectasia ou infiltrado peribrônquico)
o Maior gravidade e casos com complicação (como
pneumotórax) ou naqueles em que há suspeita de outro
diagnóstico, a radiografia do tórax está indicada

o A indicação indiscriminada desse exame pode


aumentar o uso indiscriminado de antibióticos para
alterações inespecíficas do quadro viral

Bronchiolitis in children: diagnosis and management – NICE, 2021


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
EXAMES COMPLEMENTARES:
o O diagnóstico é feito com base na história clínica e no exame
físico

o Radiografia de tórax: é dispensável na maioria dos quadros


de BVA,
o Pode ser normal ou apresentar sinais comuns da doença
como (hiperinsuflação, atelectasia ou infiltrado peribrônquico)
o Maior gravidade e casos com complicação (como
pneumotórax) ou naqueles em que há suspeita de outro
diagnóstico, a radiografia do tórax está indicada

o A indicação indiscriminada desse exame pode


aumentar o uso indiscriminado de antibióticos para
alterações inespecíficas do quadro viral

Bronchiolitis in children: diagnosis and management – NICE, 2021


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO:
o Na maioria dos pacientes a evolução da doença é benigna e o processo evolui para a cura sem a
necessidade de qualquer intervenção

o Terapêutica sintomática: controle da temperatura, do status hídrico, nutricional e acompanhamento da


evolução do comprometimento respiratório

o Indicação da hospitalização: grau de comprometimento do sofrimento respiratório e fatores de risco


associados

o Pontos comuns de tratamento para pacientes hospitalizados: a oxigenoterapia, a manutenção do status de


hidratação, mínimo manuseio e a identificação precoce de complicações associadas.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO:
Medidas gerais:
o A hipertermia deve ser tratada

o A presença de febre elevada não é um achado comum na fase pulmonar da doença

o Sempre que estiver presente, deve haver atenção para complicações associadas

o Obstrução nasal e rinorreia: aliviadas com higiene e aspiração

o Comprometimento da mecânica respiratória nos lactentes muito pequenos (respiradores nasais


exclusivos)

o A aspiração nasal deve ser prescrita a partir da observação de sinais de desconforto

o Aplicação de maneira fixa e regular não parece trazer benefícios

o Alguns autores têm proposto a utilização da lavagem nasal com soro fisiológico, utilizando o princípio do
influxo das secreções, com o intuito de obter melhor permeabilidade da via aérea superior

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO:
Medidas gerais:
o Admissão hospitalar:

• apneia (observada ou relatada)

• saturação de oxigênio em ar ambiente, persistente, de:

- menos de 90%, para crianças com 6 semanas ou mais

- menos de 92%, para bebês com menos de 6 semanas

o Condições de saúde subjacentes:

• ingestão inadequada de líquidos orais

• desconforto respiratório grave persistente (gemência, tiragem subcostal)

• frequência respiratória superior a 70 respirações/minuto


Bronchiolitis in children: diagnosis and management – NICE, 2021.
BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO:
Aporte hídrico:
o Suspensão da administração de líquidos e/ou alimentos pela via oral é mandatória

o Frequências respiratórias > 60-70 irpm + obstrução nasal = ↑ aumentam o risco de aspiração para o trato
respiratório

o Reposição hídrica deve ser por via parenteral


o Algumas situações especiais podem necessitar de restrição no aporte hídrico ofertado (aumento da secreção de
ADH, edema pulmonar)
o É fundamental a monitorização (clínica e laboratorial)

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO:
Sonda nasogástrica e/ou enteral:

o Garantir aporte enteral de alimentos

o Indicada para alívio de distensão abdominal associada (risco potencial de comprometimento da mecânica pulmonar).

o A oferta de alimento por via enteral pode ser fator de tranquilização e diminuição de estresse do lactente, evitando
choro excessivo, agitação e aumento do gasto energético.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
Oxigênio:
o Deve ser considerado nos pacientes hospitalizados com BVA que apresentam desconforto respiratório.

o Necessária a monitorização da saturação de oxigênio por oximetria de pulso (manter SatO2 > 90%)

o A saturação de oxigênio nunca deve ser analisada de maneira isolada, devendo ser interpretada em
associação às manifestações clínicas presentes

o Alguns estudos têm implicado a rotina de monitorização contínua por oximetria no aumento das taxas de
permanência hospitalar.

o “O2 para conforto” pode ser útil no intuito de diminuir o esforço respiratório, presente em fase inicial do
processo obstrutivo muito importante em lactentes pequenos ou prematuros que possuem baixas reservas
energéticas

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
Oxigênio:
o Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF):

o CNAF fornecem a mistura gasosa (ar e oxigênio), aquecida e umidificada, com fluxos elevados,
capazes de diminuir o trabalho respiratório
o Maior conforto atrelado à técnica, a possibilidade de manutenção ou liberação mais precoce da via oral
do paciente e a menor quantidade de sedativos para ajuste da interface do sistema (cânula) ao paciente

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
Suporte ventilatório:
o A necessidade de ventilação mecânica pode oscilar entre 5-15% dos pacientes internados.

o Fatores de risco: lactentes (< 3 meses), pacientes com displasia broncopulmonar, portadores de desnutrição
proteico-calórica, síndrome de Down, cardiopatias congênitas e pacientes que adquiriram BVA intra-
hospitalar.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
Solução salina hipertônica:
o Com evidências de um resultado favorável em análise de eficácia e de custoefetividade, chegaram a sugerir
sua utilização no tratamento dos pacientes portadores de BVA

o O documento da Academia Americana de Pediatria (AAP), embora cauteloso quanto à recomendação,


salienta a possibilidade de diminuição do período de permanência intra-hospitalar para aqueles que recebem
a terapia

o Sob ponto de vista da evidência, a solução salina hipertônica (3%) possui recomendações para utilização,
embora estas sejam ainda fracas

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
NÃO INDICADOS:

Broncodilatadores (Beta2-Agonistas)
 Desafio para se definir quais pacientes apresentarão reversibilidade do processo obstrutivo por
constrição muscular na via aérea

Corticoesteroides

 Ausência de efeito para desfechos importantes (internação hospitalar e tempo total de hospitalização)

Fisioterapia respiratória

 Resultados controversos para benefícios (pode estar associado a maior tempo de permanência hospitalar
quando feito de maneira rotineira)

Tratado de pediatria - 5. ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
MEDIDAS PREVENTIVAS
Imunização passiva:

o Têm se mostrada efetiva na prevenção da infecção pelo VSR em populações de risco


o Imunoglobulina intravenosa específica (IGIV-VSR, RespiGamg®)

o Anticorpo monoclonal humanizado para VSR (Palivizumabe, Synagis®)

o Em nosso meio, encontra-se comercialmente disponível para uso apenas o palivizumabe.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
MEDIDAS PREVENTIVAS
Imunização passiva:
o Ministério da Saúde do Brasil tem disponibilizado o palivizumabe, em todo o território nacional, para bebês com base
nos seguintes critérios:
o Prematuros até 28 semanas e 6 dias de idade gestacional, menores de 1 ano de idade.

o Crianças portadoras de cardiopatia congênita*

o Crianças portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade, independentemente da idade gestacional,


até o segundo ano de vida.

*:com repercussão hemodinâmica demonstrada até o segundo ano de vida.

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA
MEDIDAS PREVENTIVAS
Imunização passiva:
o Sociedade Brasileira de Pediatria:
o Prematuros nascidos entre 29-31 semanas e 6 dias de Idade Gestacional

o Menores de 6 meses

o Em saúde individual, é um grupo importante para receber a profilaxia, e recomenda, sempre que possível, sua
utilização

Tratado de pediatria – 5ª ed., 2022.


REFERÊNCIAS
1. Tratado de pediatria / organização Sociedade Brasileira de Pediatria. -  5. ed. - Barueri
[SP] : Manole, 2022.

2. Bronchiolitis in children: diagnosis and management – NICE, 2021.


OBRIGADO!

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