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• Raras: ICC, anel vascular, fistulas

traqueoesofágicas, bronquiolite obliterante,


tuberculose, imunodeficiencias

Fisiopatologia

LACTENTE SIBILANTE A fisiopatologia da sibilância recorrente ainda não está


claramente definida. Acredita-se que na criança
Definição predisposta o contato com vírus respiratórios, em
contato com fatores ambientais individuais
A sibilância em lactentes é uma manifestação desencadeiam desequilíbrio no balanço da resposta dos
comum a diferentes doenças ou condições clínicas linfócitos Th1 e Th2, levando ao processo inflamatório
mais associadas a essa faixa etária. nas vias aéreas, onde e observam-se edema da parede
brônquica, secreção de muco e contração da
São incluídas nesta classificação as crianças menores de musculatura peribrônquica.
2-3 anos de idade com quadro de sibilância contínua há
Além disso cabe ressaltar alguns fatores próprios do
pelo menos 1 mês ou, no mínimo, 3 episódios de sibilos
lactente que predispõem a sibilância:
num período de 2 meses.
• o pequeno calibre das vias aéreas determina
Epidemiologia
alta resistência ao fluxo aéreo.
• Estima-se que 40% das crianças apresentam • apresentam, relativamente, um maior número
sibilância no primeiro ano de vida e que 20% de glândulas mucosas, predispondo à
dessas serão sibilantes mais tarde hipersecreção;
• suas cartilagens de sustentação de traqueia e
Em relação aos FATORES DE RISCO: brônquios são pouco rígidas, facilitando o
• sexo masculino: devido ao menor tamanho das colapso;
vias aéreas em relação ao tamanho dos pumões • o diafragma apresenta inserção
• história familiar de atopia: associado ás formas horizontalizada, diminuindo a eficácia da
mais graves de sibilancia na infância; contração muscular e, consequentemente, a
• prematuridade ventilação de regiões inferiores dos pulmões;
• Suscetibilidade imunológica por imaturidade • o número de fibras musculares resistentes à
do sistema imunológico no primeiro ano de fadiga está reduzido, propiciando uma falência
vida respiratória mais precoce.
• exposição à fumaça do cigarro: um dos mais Manifestações Clínicas
importantes fatores de risco, é estimado que se
esses pais deixassem de fumar, o número de Em geral os sintomas predominantes são tosse,
internações por sibilância poderia ser reduzido chiado e esforço respiratório (frequentemente
em até 25%. antecedidos de infecção viral).
• animais domésticos
No EXAME FÍSICO:
• INFECÇÕES POR VÍRUS RESPIRATÓRIOS
TAIS COMO VÍRUS RESPIRATÓRIO • Podem ser evidenciados tempo expiratório
SINCICIAL E RINOVÍRUS → A maioria dos prolongado, uso de musculatura acessória,
episódios de sibilância é desencadeada por batimento de asa de nariz, tiragem
infecção viral. Até o inicio da idade pré- intercostais e subdiafragmáticas
escolar, 95% estarão infectados com o VSR. • A ausculta pulmonar pode ser normal ou
• frequentar creche (contato precoce com exibir sibilos expiratórios ou crepitações.
agentes ifecciosos) • Na pele podem ser visualizados sinais de
atopia, sendo fortemente relacionados com
Etiologia
antecedentes familiares;
Envolve qualquer processo que resulte em danos ao
Importante estar atento a possíveis SINAIS DE ALERTA,
fluxo de ar mediado pela redução do diâmetro das vias
que podem remeter a patologias mais graves:
aéreas:
• Início dos sintomas e evolução pós-
• Frequentes: Bronquiolite Viral Aguda (VSR),
bronquiolite aguda: histórico de acometimento
Asma atópica, infecções virais
desde o inicio da vida remetem a condições
• Pouco frequentes: DRGE, outras síndromes
congênitas como ma-formaçoes da via aérea
aspirativas, corpo estranho, fibrose cística,
displasia broncopulmonar;

Acadêmico de Medicina – Gabriel Cavalcante de Azevedo


• Padrões de sibilância: Quando transitório, pode (eczema, rinite, sensibilização alérgica,
estar associado a vírus respiratórios, hiper- eosinofilia e IgE elevada)
reatividade brônquica ou asma; se persistente,
O GINA NÃO PRECONIZA UTILIZAÇÃO DOS
podem- -se considerar anomalias congênitas e
FENÓTIPOS PARA SEGUIMENTO POIS HÁ GRANDE
outras doenças, como discinesia ciliar ou
TRANSITORIEDADE DO PACIENTE ENTRE AS
bronquiolite obliterante
CLASSIFICAÇÕES E NÃO HOUVE BENEFÍCIO PARA O
• Características dos sintomas associados à
PROGNÓSTICO
sibilância:
o Tosse durante a alimentação pode Exames complementares
estar associada a vômitos ou engasgos,
caracterizando distúrbio da deglutição Casos fortemente sugestivos de asma ou sibilos
o Doença do refluxo gastroesofágico associados a infecções virais podem dispensar
(DRGE) pode causar tosse logo após a
investigação.
ingestão alimentar
o Tosse seca noturna pode estar Na presença dos sinais de alerta investigação imediata
relacionada com asma atópica deverá ser realizada e indivudalizada de acordo com o
o sibilos localizados podem sugerir quadro.
aspiração de corpo estranho ou
compressão de VA (malformação ou • Rx de tórax: pode ajudar em diagnósticos,
adenopatia mediastinal). Estertores como: malformações, cardiopatias, ou
crepitantes fixos, que não mudam com aspiração de corpo estranho. O RX de tórax
a tosse, podem sugerir quadros normal sugere situações de pouca gravidade,
crônicos com bronquiectasias reduz a possibilidade de malformações
o QUALQUER SINTOMA congênitas, aspiração de corpo estranho e
RESPIRATÓRIO ASSOCIADO A displasia broncopulmonar. Geralmente é
ESTEATORREIA E DIFICULDADE DE solicitado em casos de SR não responsiva a
GANHO PONDERAL PODE ESTAR broncodilatadores
RELACIONADO À FIBROSE CÍSTICA • TC de tórax: pode definir o diagnóstico de
o Sibilância associada com cardiopatias bronquiolite obliterante. Os achados mais
congênitas e insuficiência cardíaca característicos são bronquiectasias,
pode apresentar-se clinicamente com alçaponamento aéreo e perfusão em mosaico.
taquipneia, cianose durante as • Fibrobroncoscopia rígida: a FB rígida tem sua
mamadas e baixo ganho ponderal. importância no diagnóstico e na retirada de
Presença de sopro ou cianose sugere corpos estranhos; a FB flexível auxilia no
cardiopatia congênita diagnóstico de fístulas traqueoesofágicas
• ELETRÓLITOS NO SUOR: esse teste deve ser
Por fim ainda podemos classificar o paciente de acordo realizado em todo lactente sibilante com sinais
com o padrão de siblância, conhecido como de baixo ganho ponderal, alteração nas fezes
“FENÓTIPOS DE SIBILÂNCIA” (de acordo com o ou história familiar de FC. Além disso, alguns
consenso PRACTALL): achados como baqueteamento digital, valor de
• Sibilantes transitórios: apresentam sibilancia tripsina imunor- reativa (IRT) limítrofe e doença
até o 3a ano de vida e deixam de sibilar após de característica supurativa também podem
essa idade indicar o exame
• Sibilantes não atópicos: tem crises de Tratamento
sibilancia desencadeadas por vírus e tendem a
melhorar na idade escolar Independente da causa o tratamento inicia-se com
• Sibilantes asmáticos: Apresentam sibilancia orientações sobre MEDIDAS NÃO-
associada às manifestações de atopia FARMACOLÓGICAS:
(dermatite atópica, rinite, conjuntivite e alergia
• evitar creches ou pré-escola nos primeiros 12 a
alimentar); eosinofilia e/ou IgE aumentada; IgE
24 meses;
específica a alimentos e/ou inalantes;
• evitar exposição ao tabagismo passivo;
sensibilização alérgica antes do 3a ano de vida
• promover aleitamento materno;
e pai ou mãe com asma
• cuidar do estado nutricional;
• Sibilantes intermitentes graves: apresentam
• vacinar para influenza e pneumococo
episódios de sibilancia grave associada a
períodos intercrises assintomáticos ou com
mínimos sintomas, características de atopia

Acadêmico de Medicina – Gabriel Cavalcante de Azevedo


NO CASO DE IDENTIFICADO UMA CAUSA O
TRATAMENTO SERÁ DIRECIONADO PARA A
NECESSIDADE

Tratamento na CRISE AGUDA:

• Broncodilatador B2-agonista: Salbutamol spray,


3 jatos, até 4/4h por 3-10 dias
• Corticoide oral sistêmico: Prednisona
1mg/kg/dia, 1x ao dia, 3-5 dias

PROFILAXIA (atópico e não atópico):

• Indicada na presença de:


o sintomas contínuos ou mais que 2
vezes/semana;
o crises mais que 2 vezes/mês;
o lactentes que apresentam evento
aparente ameaçador à vida com
insuficiência respiratória aguda grave;
o presença de critérios preditivos de
asma;
o sibilância persistente após episódio de
bronquiolite viral aguda.
• Feito com:
o Corticóide inalatório (Beclometasona,
budesonida, fluticasona ou
mometasona) → CONTROLE
o B2-agonistas de curta sempre que
necessário
• Pacientes com sintomas asmáticos (no final
das contas apesar de não poder dar
diagnóstico, o GINA recomenda o tratamento
semelhante ao da asma):
o Etapa 1: B2-agonista curta sempre que
necessário
o Etapa 2: ICS baixa dose + B2-agonista
de curta quando necessário
o Etapa 3: ICS dose moderada + B2-
agonista quando necessário OU ICS
dose baixa + Montelucaste + B2-
agonista quando necessário
o Etapa 4: referenciar ao especialista
• Não atópicos: costumam responder melhor ao
uso do montelucaste (segue a mesma escada
terapêutica)

ICS E B2-AGONISTAS DEVEM SEMPRE SER USADOS


COM ESPAÇADOR E MÁSCARA EM LACTENTES.
NUNCA UTILIZAR INALADOR EM PÓ NESTA IDADE

B2-AGONISTAS DE LONGA NÃO SÃO


RECOMENDADOS EM MENORES QUE 4 ANOS!

Referências: Tratado de Pediatria – SBP – 4ed; Tratado de


Pediatria e Neonatologia – Nelson – 20ed; Lactente Sibilante:
Um desafio pediátrico – Claudia Ribeiro de Andrade –
UNIMED-BH 2017;

Acadêmico de Medicina – Gabriel Cavalcante de Azevedo

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