Você está na página 1de 6

ASMA

GINA (GLOBAL INIATIVE IN ASTHMA) É mais comum que esses episódios ocorram de
manhã cedo ou a noite.
Doença inflamatória crônica das vias aéreas em que
várias células e elementos celulares participam. A A obstrução da via aérea é variável, ou seja, pode
inflamação crônica associa-se com hiperreatividade variar conforme o local e intensidade de obstrução.
das vias aéreas, que determina episódios recorrentes Pode também ser um processo reversível, em que o
de sibilos, dispnéia, aperto no peito e tosse, próprio organismo abre novamente as vias aéreas.
especialmente a noite e cedo pela manhã. Estes Essas características diferem de outras doenças
episódios associam-se com obstrução ao fluxo aéreo pulmonares em que a obstrução é fixa.
difusamente nos pulmões, mas variável, reversível
espontaneamente ou com medicações.
PREVALÊNCIA DA ASMA
A faixa de prevalência da asma nos países variam
A asma é uma inflamação crônica. Não existe uma
cura para ela, como por exemplo em uma pneumonia
ou infecção.

É uma inflamação das vias aéreas que atinge


principalmente a parte inferior – não pega o pulmão
inteiro.

A via aérea superior corresponde a tudo desde a ponta


do nariz até a glote. Já a via aérea inferior se estende
da traqueia para baixo.

A asma atinge principalmente brônquios e bronquíolos.


Quando nos referimos à asma, não estamos falando de
alvéolo, interstício ou pleura. O local dela é muito
muito.
específico, ou seja, via aérea inferior (sobretudo
brônquios e bronquíolos). ETIOLOGIA
A inflamação da asma está associada a hiper- Resultado da interação entre fatores genéticos,
reatividade de vias aéreas. Portanto, existe uma ambientais e outros fatores específicos, que
inflamação crônica das vias aéreas inferiores com provocam e mantêm a inflamação brônquica e, por
muitas células participando. Essa inflamação, por sua consequência, os sintomas da doença.
vez, está associada a hiper-reatividade brônquica, ou
seja, uma via aérea que reage além do normal. O indivíduo asmático deve ter um fator genético para
asma. Alguns indivíduos vão ter e outros não. É uma
“Reagir além do normal” indicam estímulos que em um doença que normalmente possui uma história dentro
indivíduo normal não causariam nenhum tipo de da família. Porém, não basta a genética, mas também
inflamação e, para os asmáticos, esse mesmo estímulo fatores ambientais que servem de gatilho para
leva a deflagração do processo inflamatório, pois reage estimular o aparecimento da doença. Existem muitas
mais que o normal. pessoas que têm a genética de asma e que muitas
vezes não manifestam a doença.
Essa hiper-reatividade gera episódios de sibilo
(chiado), dispneia, aperto no peito e tosse. Existem genes que propiciam a pessoa ter asma e
outros genes que mantêm a inflamação brônquica e
 SIBILO: inflamação  hiper-reatividade  obstrução
sintomas da doença. Por exemplo, existem pacientes
do fluxo aéreo de forma difusa, ou seja, em vários
que têm genes para hiper-reatividade brônquica
brônquios  dificuldade na entrada e saída do ar 
específica, mas não necessariamente tem asma.
sibilos
Não existe “pegar asma” de algo, por exemplo, pelo de
 DISPNEIA: devido a dificuldade de entrada e saída do
gato. A pessoa nasce com asma e o gatilho
ar por conta da obstrução
corresponde ao pelo.
 TOSSE: estreitamento da via aérea
FATORES DO HOSPEDEIRO/FATORES AMBIENTAIS Uma grande parte das pessoas asmáticas, também
tem rinite associada. A inflamação da rinite e da
asma é igual. Por isso que também se fala que a asma
acomete também a via aérea superior. Mas falando em
via aérea, a asma atinge desde os grandes brônquios
até bronquíolos de médio e pequeno calibre.

MEDIADORES INFLAMATÓRIOS

 Imunobiológicos são capazes de atuar nos sítios


específicos das vias imunológicas e inflamatórias
de diversas doenças

 LTh2 é uma célula central na inflamação da asma


Não existe um sexo mais prevalente na asma, porém,
 perpetua e comanda todo o processo
durante a vida existem períodos que se manifestam
inflamatório
mais. Na infância, a asma se manifesta mais em
homens do que mulheres. Já na idade tardia, as  Alguns asmáticos têm eosinófilos aumentados,
mulheres são mais acometidas. enquanto alguns outros praticamente não tem
eosinófilos participando
FISIOPATOLOGIA
Inflamação presente em toda via aérea (incluindo, QUADRO CLÍNICO
na maioria dos pacientes, o trato respiratório superior  Dispneia, tosse e sibilância torácica  tríade
e a mucosa nasal, mas seus efeitos são mais
pronunciados nos brônquios de médio calibre. A  Opressão ou desconforto torácico

inflamação está sempre presente, mesmo nos casos  Forma episódica ("crises"), recorrente
clinicamente intermitentes).
 Sintomas mais intensos durante a noite ou nas
 Redução do calibre das vias aéreas primeiras horas do dia

 Melhora espontaneamente ou pelo uso de

 Hiperreatividade brônquica: estreitamento das medicações específicas como broncodilatadores e

vias aéreas em resposta a estímulos que seriam antiinflamatórios hormonais (corticóide tópico ou

inócuos em uma pessoa normal sistêmico)

 Alterações estruturais nas vias aéreas  Período intercrise geralmente assintomático ou


oligossintomático
 Principalmente à lingo prazo, as paredes dos
brônquios podem ficar mais espessas e, em alguns Se a via aérea está fechada, consequentemente tenho

indivíduos, isso pode se tornar permanente, falta de ar. A tosse é devido a inflamação que ativa

gerando a ASMA REMODELATADA. Esse termo receptores do centro da tosse.

corresponde à asma do paciente que levou a uma Na maioria dos asmáticos (exceto na asma
alteração estrutural na via área, ou seja, a via remodelada), o paciente tem crises (não são
aérea se transformou/espessou de forma contínuos). Essas crises podem variar de pessoa para
permanente  estreitamento permanente com pessoa.
perda de capacidade de abrir a via aérea
FATORES PRECIPITANTES OU
AGRAVANTES
 Infecção respiratória viral

 Exposição a alérgenos ambientais ou ocupacionais


(polens, fungos, ácaros, pêlos de animais, fibras
de tecidos etc.)
 Exposição a irritantes (fumo, poluição do ar, avaliação do paciente para correlacionar a outras
aerossóis etc.), drogas (aspirina, anti-inflamatórios possíveis patologias e fazer diagnóstico diferencial.
não hormonais, beta-bloqueadores)
TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO
 Alterações climáticas, ar frio
Se a hiperresponsividade brônquica for negativa, o
 Alterações emocionais (riso, ansiedade) diagnóstico de asma pode ser praticamente excluído
(cuidado com falso negativo!).
 Exercícios
Por outro lado, a identificação de hiperresponsividade
NÃO SE PODE DAR ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO
não permite afirmar com toda certeza que o paciente
HORMONAIS (AINES) PARA ASMÁTICOS, APENAS
tem asma (atópicos, rinite, DPOC, fumantes e idosos
CORTICOIDES. Isso porque, os AINEs, em sua
podem ter).
cascata terminam liberando mais leucotrieno e, para o
asmático, é uma das substâncias que causa inflamação ESSE TESTE MEDE APENAS SE O PACIENTE TEM
na asma. HIPER-REATIVIDADE BRÔNQUICA. ELA NÃO
INFORMA SE O PACIENTE TEM ASMA.
DIAGNÓSTICO
Utilizado principalmente quando o médico está em
 Fundamentado na história clínica
dúvida. Se o teste der negativo, ou seja, indicar que o
 Não são todos os pacientes que cursam com paciente não tem hiper-reatividade brônquica, indica
apresentação típica/clássica que o paciente pode ter outras patologias na via
respiratória, menos asma. Assim, o teste é bom para
 Dúvida diagnóstica: avaliação da função
excluir o diagnóstico de asma em situações em que o
pulmonar, com identificação do distúrbio
médico está em dúvida.
obstrutivo e sua reversibilidade.
Porém, o fato de resultar positivo não indica que o
 PFE pode ser útil no diagnóstico: asmáticos
paciente é asmático, mas sim que possui uma hiper-
apresentam uma diferença percentual média entre
reatividade brônquica. A hiper-reatividade pode estar
o PFE matinal e o noturno superior a 20%
presente em pacientes
 RX de tórax: excluir outras patologias alérgicos, rinite,
associadas; nas crises; nos casos graves DPOC, idosos,
fumantes.
O DIAGNÓSTICO DE ASMA É CLÍNICO. SEU
DIAGNÓSTICO NÃO É FEITO POR EXAMES, MAS  RESULTADO
CONSTRIBUI PARA HIPÓTESE. NEGATIVO:
exclui asma (sem hipereatividade)
O PFE ou Pico de Fluxo Expiratório
corresponde a força que o indivíduo sopra  RESULTADO POSITIVO: indica hiperatividade
(não é VEF1). Quanto mais aberta a via brônquica
aérea, com mais força o paciente atinge o
Este teste é pouco utilizado. Não está disponível em
pico expiratório. Se o brônquio do paciente
clínicas e hospitais.
está fechado, por mais que tenha força, o ar
sai com dificuldade e a força é mais baixa.

Quanto num paciente existe uma variação no CLASSIFICAÇÃO DA ASMA


pico de fluxo maior ou igual a 20% entre os
GINA
horários do dia, por exemplo, entre de manhã e à
noite, isso é extremamente sugestivo de asma, pois 0: bem controlado
denota que a via aérea do indivíduo está tendo uma
1-2: parcialmente controlado
abertura e fechamento muito variável. Essa variação
não é observada em outras doenças, como por 3-4: não controlado
exemplo, no DPOC.

O RX não mostra absolutamente nada em pacientes


asmáticos, porém é importante solicitar na primeira
TESTE DE CONTROLE DA ASMA (ACT) MEDICAMENTOS

Avalia as últimas 4 semanas.  Utilizar preferencialmente a via inalatória para a


administração das medicações no tratamento da
≥ 20 = controlada
asma

QUESTIONÁRIO DE CONTROLE DA ASMA (ACQ)  Possibilidade de se obter maior efeito


terapêutico com menos efeitos sistêmicos
Avalia na última semana.
 Droga atua diretamente sobre a mucosa
< 0,75: controlada
respiratória, permitindo a utilização de dosagens
> 1,5: não controlada relativamente pequenas (30 vezes menores do
que as por via oral) e, por consequência, com
TRATAMENTO baixas concentrações séricas.
A asma consiste numa inflamação crônica. Para o
 A via inalatória permite um início de ação muito
tratamento, é necessário desinflamar através de anti-
mais rápido do que quando se emprega a via
inflamatórios esteroidais.
sistêmica
O tratamento consiste em 2 pilares: os
A via inalatória causa menos problemas sistêmicos
medicamentos e a educação.
porque age diretamente onde está o problema.
EDUCAÇÃO Através da via inalatória, o medicamento age
diretamente no brônquio.
 Evitar fatores desencadeantes (poeira, fungos,
medicamentos, poluição, tabagismo) A via aérea é uma esponja de absorção. Portanto,
devemos receitar uma dose muito pequena que tenha
 Influenza: deve-se vacinar anualmente ação apenas na via aérea e quase nada de ação
sistêmica.
 A alergia alimentar não é um fator considerado
importante na asma, mas se for identificada, deve-
se orientar o asmático a não se alimentar
Deve-se associar um corticoide inalatório em
doses pequenas de forma fixa (todos os dias
deve usar). Já nos momentos de crise, o
paciente faz uso do recomendando no STEP 1
(corticoide inalatório + formeterol).

 STEP 3: utilizar corticoide inalatório de


pequena dose associado à beta-2 de longa
duração (LABA) de forma fixa  pode ser a
mesma combinação utilizada para alívio.

Nos momentos de crise, o paciente utiliza uma


dose maior de corticoide inalatório e LABA.

 STEP 4: associação de corticoide inalatório +


Dos medicamentos citados acima, basicamente
LABA de forma fixa, porém em doses maiores
utilizamos apenas os corticoides inalatórios.
(doses de moderada à alta).
Antileucotrienos e beta-2 agonistas de ação
prolongada também são relativamente utilizados, mas Se o paciente não melhorar, posso receitar LAMA
são coadjuvantes ao tratamento, utilizados apenas em (anticolinérgico de longa ação) - tiotrópio
associação com corticoide.

Corticoides sistêmicos  crises e casos muito graves

Os beta-2 agonistas são utilizados apenas como


aliviador de crise, responsável por “abrir” o brônquio. STEP 1 CRISES: corticoide inalatório + LABA
STEP 2 FIXA: corticoide inalatório em pequenas
doses
CRISES: corticoide inalatório + LABA
STEP 3 FIXA: corticoide inalatório + LABA
CRISES: aumento da dose de corticoide
inalatório + LABA
O tratamento da asma é baseado em “steps”, STEP 4 FIXA: corticoide inalatório + LABA
conforme a necessidade e gravidade do paciente. (doses moderadas ou altas) ou LAMA
(tiotrópio)
 STEP 1: asma controlada, crises raras. Nesse
CRISES: aumento da dose de corticoide
caso, não é preciso uma medicação fixa. Receita-
inalatório + LABA
se apenas uma medicação eventual nos momentos
STEP 5 Encaminhar para centros de referência
de crise. Utilizar uma associação de corticoide de asma grave
inalatório (ICS) com formoterol (beta-2 de
longa duração). O formoterol, apesar de ser de LABA: beta-2 bloqueador de longa ação –
longa duração, também tem uma ação rápida. FORMOTEROL

Pode também ser receitado um SABA, ou seja, LAMA: anticolinérgico de longa ação – TIOTRÓPIO
beta-2 de curta duração (por exemplo,
CORTICÓIDES INALATORIOS:
salbutamol).
 Beclometasona
Alguns estudos mostram que associar o corticoide
ao formoterol é melhor, mesmo que seja apenas  Ciclesonida
para alívio, visto que se o paciente tem crise,
 Budesonida
indica inflamação (que pode ser aliviada pelo
corticoide).  Fluticasona

 STEP 2: paciente precisa de uma medicação  Mometasona


diária para ficar controlado, porém não se
trata de uma asma grave. B2 AGONISTAS CURTA DURAÇÃO:

 Fenoterol
 Salbutamol

 Terbutalina

B2 AGONISTAS DE LONGA DURAÇÃO:

 Formoterol

 Salmeterol

 Vilanterol

Você também pode gostar