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Apg 18 – Asma e DPOC

Asma  Infecções
 Exercício
- Asma é uma doença crônica que provoca episódios de obstrução,  Inalação de agentes irritantes
hiper-responsividade brônquica (HRP) e inflamação das vias  Emoção (produzem broncoespasmo)
aéreas, podendo causar remodelação das vias aéreas  Ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não
- O principal fator de risco para o desenvolvimento de asma é esteroides (AINEs)
uma predisposição genética para a produção de uma resposta - A gravidade normalmente pode ser avaliada diretamente apenas
imune mediada por IgE (anticorpo envolvido na manifestações de antes do início do tratamento, porque os pacientes que
reações alérgicas e inflamações) responderam bem ao tratamento, por definição, têm poucos
- Outros fatores de risco incluem: sintomas. A gravidade da asma é classificada como
 Histórico familiar  Intermitente
 Exposição pré-natal a cigarro e a poluição  Persistente leve
 Múltiplas predisposições genéticas  Persistente moderada
 Persistente grave
OBS: É importante lembrar que a categoria gravidade não prevê
quão grave pode ser a exacerbação de um paciente. Por exemplo,
um paciente com asma leve com longos períodos assintomáticos
ou com sintomas leves e função pulmonar normal pode ter uma
exacerbação grave com risco de vida.

Patogênese:
- A asma é causada por uma capacidade de resposta exagerada a
estímulos. Além disso, a asma pode ser decorrente de uma
inflamação das vias respiratórias devido a manifestação de células
inflamatórias (eosinófilos, linfócitos e mastócitos) e por danos ao
epitélio do brônquio.
 Quando os mastócitos são liberados devido a inflamação Manifestações clínicas:
das vias respiratórias, há liberação de histamina, - Frequentemente os sintomas pioram durante a noite (asma
prostaglandina D2, citocinas (IL-1 a IL-5), interfona, TNF, noturna)
provocando broncoconstrição maciça e inflamação do - As manifestações de crise variam de paciente para outro, mas
endotélio vascular pulmonar de forma geral os sintomas são:
 Quando eosinófilos são liberados, eles tendem a  Sibilos
permanecer nas vias respiratórias, produzindo enzimas  Sensação de aperto no peito
inflamatória e liberando leucotrienos e enzimas pró-  Aumento da frequência respiratória
inflamatória  Tosse
- As células T1H sofrem diferenciação em resposta a micróbios,  Fadiga (com evolução da doença)
estimulando a diferenciação das células B em plasmócitos  Dispneia
produtores de IgG e IgM
- As células T2H respondem ao estímulo provocado pelos
alergênicos e parasitas intestinais, estimulando a diferenciação Asma grave ou refratária:
das células B em plasmócitos produtores de IgE - Quase 5% dos casos que envolvem pessoas com condições mais
- A citocina também tem um papel na resposta inflamatória problemáticas. Esses pacientes têm risco elevado de desenvolver
crônica e na complicação da asma, por meio do fator de necrose asma fatal ou quase fatal
tumoral alfa e as interleucinas 4 e 5 (IL-4 e IL-5). O fator de -A predisposição genética, a exposição prolongada ao alérgeno ou
necrose tumoral alfa (citocina liberada por macrófago) tem um ao fumo, infecções e sinusite intercorrentes ou refluxo
papel importante na iniciação e na amplificação do processo gastroesofágico são fatores de risco
inflamatório nas vias respiratórias em pacientes com asma.
- Todo esse processo inflamatório produz obstrução das vias Asma em idosos:
respiratórias, causando sibilo, dificuldade respiratória, eprto no
tórax e tosse que piora à noite e no início da manhã - Pacientes idosos já possuem sua função imunológica diminuída
- Os gatilhos comuns da exacerbação da asma incluem: devido ao envelhecimento. Portanto, é importante estar ciente de
 Alergênios ambientais e ocupacionais que a baixa imunidade tem intrínseca relação com inflamação
 Ar frio e seco
Apg 18 – Asma e DPOC
Asma em crianças:  Asma
- A asma é uma das principais causas de doença crônica em  Hiper-responsividade das vias respiratórias
criança e é o diagnóstico mais frequente em hospitais infantis
- A asma em criança, assim como em adultos, está comumente
associada a uma reação relacionada com IgE Patogênese:
- Vírus respiratórios, exposição a alergênicos ambientais (pelo de - Múltiplos mecanismos estão envolvidos na fisiopatologia da
animal, ácaro e cigarro) são alguns dos fatores de risco para DPOC, incluindo inflamação e fibrose da parede brônquica,
desenvolvimento de asma por crianças hipertrofia das glândulas submucosas e hipersecreção de muco,
- Os sinais e sintomas em lactentes e crianças depende do perda de fibras elásticas pulmonares e de tecido alveolar
estágio e da gravidade da crise. Entre esses sinais e sintomas, - A inflamação e a fibrose da parede dos brônquios, juntamente
encontram-se: tosse não produtiva, sibilação, taquipneia, dispneia, com o excesso de secreção de muco, obstruem o fluxo aéreo e
cianose, hiperinflação do tórax e taquicardia buscam impedir a perfusão de oxigênio
- Quando o tecido alveolar é destruído (fibrose), a área de
Diagnóstico: superfície para trocas gasosas é diminuída, aumentando a
- O diagnóstico de asma deve se basear no histórico, no exame retenção de ar e predispondo ao colapso das vias respiratórias
físico, testes laboratoriais e estudo da função pulmonar - A DPOC engloba dois tipos de doença obstrutiva pulmonar: o
- Algumas vezes, confunde-se asma com DPOC, pois esses enfisema e a bronquite obstrutiva crônica
(1) ENFISEMA: é a perda de elasticidade pulmonar e
distúrbios causam sintomas parecidos e produzem resultados
semelhantes nos testes de função pulmonar, mas diferem em aumento anormal dos alvéolos com destruição de
aspectos biológicos importantes que nem sempre são paredes alveolares Com o aumento dos alvéolos, há a
clinicamente evidentes. hiperinflação dos pulmões, aumentando a capacidade
pulmonar total (CPT).
ESPIROMETRIA: avalia a respiração a partir do volume de ar e da - O enfisema é o resultado da degradação de elastina
velocidade com que é expirado, deve-se fazer antes e depois da (proteína de fibras elásticas no pulmão que conferem a
inalação de broncodilatador de curta duração. elasticidade) pelas proteases (enzimas que degradam
TESTE PROVOCATIVO: utiliza a inalação de metacolina (ou proteínas).
alternativos, como a inalação de histamina, adenosina, bradicinina - Existem algumas enzimas antiproteases, como a alfa1 –
ou teste de esforço) para provocar broncoconstrição, é indicado antitripsina, que protegem o pulmão dessas proteases
para os casos de presunção de asma, com achados normais na que digerem a elastina.. Algumas substâncias, como o
espirometria e nos testes de volume de fluxo, presunção de tosse cigarro, estimulam células inflamatórias nos pulmões,
como variante da asma e ausência de contraindicações. resultando no aumento das proteases que vão digerir as
enzimas antiproteases e, consequentemente, diminuir a
- Outros testes podem ser úteis em algumas circunstâncias: quantidade de elastina
 Teste de capacidade de difusão do monóxido de carbono - Em fumantes, a produção e a liberação de antiprotease
(DLCO) é muito menor que a quantidade de protease e, assim, a
 Radiografia de tórax protease destrói todo o tecido elástico do pulmão,
 Teste de alergia podendo sofrer colapso
- A radiografia de tórax pode ajudar a excluir causas subjacentes - Quando um paciente tem uma condição hereditária
de asma ou diagnósticos alternativos. Na asma, a radiografia de que resulta na diminuição da alfa1 – antitripsina, o risco
tórax é habitualmente normal, mas pode revelar hiperinsuflação de desenvolver enfisema pulmonar é maior, pois essas
pulmonar ou atelectasia segmentar, um sinal de tamponamento pessoas não possuem a quantidade adequada de enzimas
mucoso. que vão proteger o pulmão das proteases
- Teste para DLCO pode ajudar a distinguir asma de doença - O tabagismo e infecções respiratórias repetitivas
pulmonar obstrutiva crônica. Os valores estão normais ou elevados também diminuem a quantidade de alfa1 – antitripsina
na asma e, em geral, reduzidos na DPOC, particularmente em caso - De maneira resumida, as antiproteases ( alfa1 –
de enfisema. antitripsina) protegem o pulmão das proteases (enzimas
que degradam a elastina do pulmão). No enfisema,
alguns fatores estimulam a produção de proteases, o que
DPOC causa a diminuição da elasticidade dos alvéolos e
- A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é causada por aumento da parede alveolar, já que o que era “enrugado”
uma obstrução crônica e recorrente do fluxo de ar nas vias passa a ser mais liso devido a perda da elastina
respiratórias pulmonares - O enfisema pode ser: centrolobular (afeta a parte
- Essa obstrução é progressiva e acompanhada de uma reação central dos brônquios - tabagismo), panlobular (afeta
inflamatória a partícula e gases nocivos todo o pulmõ - deficiência de alfa1 – antitripsina) ou
- Entre os fatores de risco da DPOC, encontra-se: parasseptal (afeta a parte periférica)
 Tabagismo (2) BRONQUITE CRÔNICA: a bronquite crônica é uma
 Deficiência hereditária (diminuição de alfa1 – obstrução das pequenas e grandes vias respiratórias,
antitripsina)
Apg 18 – Asma e DPOC
mais comumente observadas em pacientes masculinos intensidade do som brônquico. Em condições normais, é
de meia idade auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral
- Na bronquite crônica, diferentemente do enfisema, há superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Em
uma hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por
associada a hipertrofia das glândulas submucosas na compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições
traqueia e nos brônquios que originam som brônquico. Para que surja esse som é
- Essa hipersecreção de muco nas vias aéreas causa necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos
produção de escarro normais capazes de originar o som vesicular.
- Há aumento das células calciformes e um excesso de
produção de muco que obstrui o lúmen das vias Murmúrio vesicular: os ruídos respiratórios ouvidos na
respiratórias maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar
circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações
brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais
Manifestações clínicas: como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. O componente
- Início insidioso. O paciente geralmente só busca ajuda médica inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais
com 50 ou 60 anos com sinais de fadiga, intolerância ao alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é
exercício, tosse, produção de escarro e dificuldade respiratória mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há
- Tosse produtiva pela manhã intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som
- Pink puffer: pacientes com enfisema perdem a elasticidade do traqueal. Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som
pulmão e as vias respiratórias entram em colapso durante a brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave.
expiração Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com
- Blue bloater: pacientes com bronquite obstrutiva crônica exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular.
- Pacientes com DPOC apresentam mudanças progressivas na Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões
função respiratória, resultando no aumento do trabalho infraescapulares. Sofre variações em sua intensidade na
respiratório devido a obstrução do fluxo de ar dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da
- Dispneia aos esforços: necessidade de esforço maior para espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas
respirar, dificuldade respiratória musculosas ou obesas.
- Conforme a progressão da doença, a respiração se torna cada
vez mais difícil mesmo em repouso. Além disso, percebe-se que o - A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença
paciente usa músculos acessórios para a respiração de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na
- Presença de sibilos expiratórios ou crepitações cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor
torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica,
Diagnóstico: obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de
glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios
- O diagnóstico de DPOC se baseia na história clínica, no exame ou bronquíolos.
físico e em estudos da função pulmonar, radiografia de tórax e
exames laboratoriais - Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada
- A obstrução das vias aéreas pode ser determinada apenas pela prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é
ESPIROMETRIA. Faz a administração de um broncodilatador mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento
e verifica a taxa de VEF e a CVF aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada,
traduzindo dificuldade de saída de ar.
Sons pulmonares
SONS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS
SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS:
Som traqueal: audível na região de projeção da traqueia, Descontínuos: representados pelos estertores que são ruídos
no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons
fenda glótica e na própria traqueia. Há componente inspiratório – respiratórios normais. Podem ser crepitantes (finos) ou
composto por ruído soproso, um pouco rude – e expiratório – ruído subcrepitantes (grossos).
forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso. Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração
Som brônquico: som traqueal audível na zona de projeção e têm frequência alta, isto é, são agudos. Curta duração. Não se
dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído
proximidades do esterno. Assemelha-se ao som traqueal, produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Auscultados
diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da
menos intenso. gravidade quando originados por congestão pulmonar.
Som broncovesicular: somam-se características do som Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa
brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e
duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência.
um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo
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gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo,
edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma
brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas.
Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa.
Surgem e desaparecem em curto período. Os sibilos também se
originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu
conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração.
Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando
provocados por enfermidades que comprometem a árvore
brônquica, como acontece na asma e bronquite. Quando bem
localizados, indicam semiobstrução por neoplasia ou CE.
O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou
traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas,
CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é
calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto,
na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som.
Sopros: em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e
região interescapular), percebe-se sopro brando, mais longo na
expiração que inspiração. Nesses casos é normal. Porém, quando o
pulmão perde sua textura normal, como na pneumonias
bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo
ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico.
Atrito pleural: em condições normais, os folhetos parietal e
visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos
respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão
recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo,
mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger
de couro atritado.

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