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SUMÁRIO

01 Introdução

Tipos de
02 Pneumonias

Fatores
04 Predisponentes

05 Sinais Clínicos

06 Como Prevenir

Ronda
07 Sanitária

Protocolos de
08 Tratamentos
As doenças respiratórias que acometem os
bovinos são resultantes do desequilíbrio
entre o sistema imunológico dos animais e
fatores externos. Essas enfermidades são
as causas mais importantes de mortalidade
dos animais em confinamentos, causando
grande impacto econômico na pecuária
(FARSHID et al., 2002).
Dentre as afecções respiratórias que acometem
os bovinos, as pneumonias são as que ocorrem
em maior prevalência. Por definição, pneumonia
consiste em inflamação pulmonar que
pode ser classificada de acordo com sua
evolução (agudo, superagudo ou crônico)
ou com o local do início do processo inflamató-
rio (Broncopneumonia, Pneumonia Intersti-
cial) (SANTOS E ALESSI, 2017). Além disso,
existem diversos agentes etiológicos causa-
dores (conforme a Tabela 1).

Espécie Agentes
Manheimia (Pasteurella) haemolytica
Pasteurella multocida
Histophilus somni
Bovinos e Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes
pequenos Mycoplasma bovis
ruminantes
Vírus da parainfluenza 3
Vírus sincicial respiratório bovino (BRSV)
Herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1)
Fonte: Adaptado de Santos e Alessi (2017).

 
BRONCOPNEUMONIA

A broncopneumonia é caracterizada por


uma inflamação que acomete a região da
junção bronquíolo-alveolar, chegando ao
pulmão por vias aerógenas ou broncogênicas.
De forma prática, a broncopneumonia
envolve brônquios, bronquíolos, pulmão e
pleura (figura 1), sendo causada por infecções
bacterianas e virais, que são transportadas
pelo ar (SANTOS E ALESSI, 2017). As alterações
macroscópicas da broncopneumonia são
encontradas na pneumonia enzoótica
bovina (SANTOS E ALESSI, 2017), também
conhecida como complexo respiratório
bovino.
ANATOMIA DOS PULMÕES
E DA ÁRVORE
BRÔNQUICA

Brônquios

Bronquíolos

Alvéolos
Figura 1

Dentre os agentes virais responsáveis pela pneumonia enzoótica também


conhecida como complexo respiratório bovino, o mais importante é o
vírus respiratório e sincicial bovino (BRSV), parainfluenza-3 (PI-3), herpesvírus
bovino-1 (BHV-1) e o vírus da diarreia viral bovina (BVDV). Com relação aos
principais agentes bacterianos, causadores das infecções secundárias,
destacam-se: Pasteurella haemolytica, Pasteurella multocida, Streptococcus
pneumoniae e Mycoplasma bovis. Fatores como a falta de vacinação adequada,
umidade e/ou frio excessivos, ambientes de higiene precária, ocorrência
de outras doenças e demais causas de estresse podem favorecer a
pneumonia enzoótica ou complexo respiratório bovino (RIET-CORREA et
al., 2007)

 
PNEUMONIA INTERSTICIAL

A pneumonia intersticial apresenta origens não


infecciosas, geralmente secundária a inalação
de toxinas e alérgenos ou por meio de infecções
virais isoladas como por exemplo: vírus da
parainfluenza tipo 3, vírus sincicial respiratório
bovino (BRSV) e rinotraqueíte infecciosa bovina.
Nesse tipo de pneumonia ocorre inflamação
difusa do parênquima pulmonar (GONÇALVES E
BARION, 2000). Pode ser encontrada, na síndrome
respiratória aguda dos bovinos de corte em
confinamento, no qual os animais geralmente
apresentam sinais clínicos de dificuldade
respiratória, permanecendo em estação com a
cabeça estendida (DOSTER, 1978).

PNEUMONIA VERMINÓTICA

A pneumonia verminótica consiste na inflamação


e infecção dos pulmões provocada por parasita. O
principal parasita é o Dictyocaulus sp. Vale destacar
que ocorre principalmente em bezerros de até
um ano de idade, em épocas de verão e outono,
na primeira estação de pasto e em bovinos que
não tenham passado por exposição prévia ao
parasita (EYSKER, 1994; OGILVIE, 2000).

 
Os fatores predisponentes ao desenvolvimento
das pneumonias em bovinos estão relacionados
ao desequilíbrio de três pilares: microrganismo,
animal e meio ambiente. Muitas vezes os
bovinos são submetidos à situações de estresse,
mudanças abruptas de temperatura, locais
com presença de poeira intensa geralmente
predispondo a infecções virais, a qual favorecem
o surgimento de infecções bacterianas
secundárias.

DE FORMA GERAL,
VALE DESTACAR OS
SEGUINTES FATORES:
Estresse (principalmente por transporte
e superlotação);
Frio excessivo;
Desidratação;
Doenças
pulmonares
crônicas;
Imunossupressão;
Idade dos animais
(animais muito
jovens);
Ambientes úmidos
ou com muita
poeira;
Alta taxa de
lotação.

 
Os sinais clínicos da pneumonia
incluem febre, depressão,
taquicardia, taquipneia, congestão
de mucosas, dificuldade
respiratória e corrimento nasal.
Mais especificamente, a
broncopneumonia caracteriza-se
por tosse úmida e dolorosa, em
contrapartida, na pneumonia
intersticial a tosse é de caráter
seco, estridente e curta
(HINCHCLIFF; BYRNE, 1991;
GONÇALVES et al., 2001; RADOSTITS
et al., 2002).

FEBRE
DEPRESSÃO
TAQUICARDIA
TAQUIPNEIA
CONGESTÃO
DE MUCOSAS
CORRIMENTO
NASAL
DIFICULDADE
RESPIRATÓRIA

 
Para prevenção das pneumonias
nos bovinos é importante que
haja um manejo correto,
sendo necessário diminuir a
suscetibilidade dos animais,
evitar que sejam submetidos
a mudanças abruptas de
temperatura, ter maior atenção
em épocas úmidas ou com
muita poeira. Além disso, a
vacinação é altamente eficaz,
entretanto é preciso que seja
feita em épocas adequadas
(em animais a serem confinados
deve ser feita 20 a 30 dias antes
da entrada no confinamento).

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Higiene ambiental correta.


Evitar que os animais passem por situações estressantes
(manipulação desnecessária e superlotação).
Protocolo sanitário adequado a realidade da fazenda.
Realizar divisão dos lotes.
Manter instalações adequadas para manejo.
Realizar limpeza correta das instalações após o manejo dos
animais.
Evitar umidade ou poeira excessiva.
Vacinação correta do rebanho.
Em fazendas com alto risco da doença, estabelecer um protocolo
de metafilaxia nos animais antes da entrada no confinamento.
Realizar ronda sanitária periódica a fim de identificar algum
animal doente e separá-lo do rebanho durante o período de
tratamento.

 
IMPORTANTE Nas instalações de
MÉTODO DE confinamento, são
CONTROLE conduzidas as rondas
sanitárias como parte
SANITÁRIO
dos procedimentos
regulares, com o propósito de realizar avaliações
rotineiras nos animais. O objetivo é realizar a
identificação precoce dos principais problemas
de saúde. A frequência das rondas sanitárias
podem variar de acordo com a realidade de
manejo de cada propriedade. Durante os
primeiros 20 dias de confinamento, quando há
uma maior probabilidade de ocorrência de
problemas, são realizadas duas inspeções
diárias, uma pela manhã e outra à tarde. Entre
o 21º e o 40º dia, quando a probabilidade de
problemas é considerada moderada, uma
única inspeção diária, pela manhã, é conduzida.
E, a partir do 41º dia, quando a probabilidade
de problemas é reduzida, basta uma inspeção
a cada dois dias, somente na parte da manhã.

Caso venha a surgir um surto de alguma doença,


retoma-se o esquema de duas inspeções diárias,
mas a frequência é gradualmente reduzida à
medida que a situação retorna à normalidade.
COMO A RONDA DEVE SER FEITA

 
PR OTO CO LO S D E
T R ATA M E N TO
Para o tratamento e metafilaxia das pneumonias recomenda-se o
uso de antimicrobianos de amplo espectro e de ação prolongada.

PARA OS CASOS SUPER AGUDOS

Antimicrobiano à base de Enrofloxacina,


associado a um anti-inflamatório, o Diclofenaco
de Sódio. A Enrofloxacina faz parte do grupo
das Quinolonas, que são bactericidas de amplo
espectro e agem inibindo uma enzima (DNA
girasse), que controla a formação do DNA da bactéria.

Recomenda-se aplicar 1 mL para cada 20 kg, 1 vez ao


dia, por via intramuscular ou intravenosa durante 3
a 5 dias.

PARA OS CASOS AGUDOS

Antimicrobiano de amplo espectro, à base de


Florfenicol, indicado para o tratamento de
infecções do trato respiratório em bovinos.

Recomenda-se aplicar 1 mL para cada 15 kg com


intervalo de 48 horas, 3 a 5 aplicações, por via
intramuscular.

PARA METAFILAXIA

Um antibiótico de extralonga ação, única


suspensão pronta para uso do mercado a base
de 100% Penicilina G Benzatina. É indicado no
tratamento e prevenção da pneumonia.
Recomenda-se única aplicação de 1 mL para cada
10 kg, por via intramuscular, na entrada do
confinamento.

PARA TODOS OS CASOS

Atua como estimulante do metabolismo


energético e promove incremento dos índices
produtivos e reprodutivos do rebanho.

Recomenda-se aplicar 1 mL para cada 20 kg, por via


intramuscular ou intravenosa, de uma a tres
aplicações.

 


Referências

DOSTER, A.R.et. al: Effects of 4-ipomeanol, a product from molddamaged sweet potatoes, on the bovine lung, Vet Pathol 15:367-375, 1978

EYSKER, M. Dictyocaulosis in cattle. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v.16, p.669-672, 1994.

FARSHID, M.; SHAHRIAR, E.G.; et al. Coinfection with bovine viral diarrhea virus and Mycoplasma bovis in feedlot cattle with chronic
pneumonia. Can. Vet. J., v.43, p.863–868, 2002.

GONÇALVES. C. R; BARIONI. G. Exame Clínico do aparelho respiratório de bezerros. Rev. educ. contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 3, n. 1. p. 004-013.
2000.

GONÇALVES, R.C.; KUCHEMBUCK, M.R.G.; et al. Diferenciação clínica da


broncopneumoniamoderada e grave em bezerros. Ciênc. Rural, v.31, p.263-269, 2001.

HINCHCLIFF, K.W.; BYRNE, B. Clinical examination of the respiratory


system. Vet. Clin. North Am. Equine Practice, v.7, p.1-26, 1991.

OGILVIE, T.H. Medicina interna de grandes animais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 568p.

RADOSTITS, O.M., BLOOD, D.C., et al. Veterinary medicine: a textbook of


diseases of cattle, sheep, pigs, goats and horses. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002. 1737p.

RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

SMITH, J.A. Sistema respiratório bovino em: SMITH, B. Medicina Interna de Grandes Animais. 3.ed. São Paulo: Manole 2006; Cap. 29, p.550-585.

VALARCHER, J.F.; HÄGGLUND, S. Viral respiratory infections in cattle. In: Proceedings of XXIV World Buiatrics Congress. Nice, France.
Disponível em: http://www.ivis.org/proceedings/wbc/wbc2006/valarcher.pdf?LA=1

VIRTALA, A.K. Epidemiologic and pathologic characteristics of respiratory tract disease in dairy heifers during the first three months of life. J.
Med. Assoc., v.208, p.2035, 1996.

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