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SENAC

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL


RIO DO SUL

PNEUMONIA

LARISSA G. WOLF, NOÉLLY PEREIRA E TIAGO VIEIRA

RIO DO SUL
2023
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1 INTRODUÇÃO

A pneumonia é uma doença caracterizada pela inflamação do parênquima


pulmonar originada através da presença de microrganismos ou partículas irritantes
nos alvéolos.
Há seis classificações principais da doença categorizadas de acordo com o
agente causador. A PAC, que ocorre tanto em comunidade quanto nas primeiras 48
horas após hospitalização é causada principalmente pelas bactérias Streptococcus
pneumoniae, H. influenzae e Mycoplasma pneumoniae e pelos vírus
citomegalovírus, herpes vírus simples, adenovírus e vírus respiratório sincicial. A
PRCS acontece em pacientes internados ou residentes em asilos, que receberam
tratamento endovenoso nos últimos 30 dias, em terapia renal substitutiva e
hospitalizados em caráter de urgência por dois ou mais dias nos últimos 90 dias. É
caracterizada pela infecção através de bactérias multirresistentes. A PAH ocorre
após 48 horas da admissão no ambiente hospitalar e é marcada pela colonização de
diversos microrganismos. Já a PAVM surge entre 48 e 72 horas após intubação
endotraqueal e instituição da ventilação mecânica (VM) invasiva. A pneumonia em
hospedeiros imunocomprometidos é causada por Pneumocystis, outros tipos de
fungos e pela Mycobacterium turbeculosis. Por último, a pneumonia por aspiração é
uma consequência da entrada de substâncias endógenas ou exógenas nas vias
respiratórias inferiores, como bactérias presentes no trato respiratório, conteúdo
gástrico, agentes químicos exógenos e gases irritantes.
Assim como há vários patógenos causadores da pneumonia, os sinais e
sintomas também variam de acordo com o agente responsável e presença ou não
de doença subjacente, sendo alguns deles febre alta ou baixa, tosse com ou sem
expectoração, dor muscular, de garganta e congestão nasal.
Como não há sintomas bem definidos nos quadros da doença, exames
auxiliares são de extrema importância para se chegar ao diagnóstico correto. Os
mais utilizados são o raio x e tomografia do tórax, oximetria e exames de sangue.
O tratamento varia de acordo com o agente causador, indo desde antibióticos
a antitérmicos e analgésicos.
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2 DESENVOLVIMENTO

A pneumonia é uma inflamação no parênquima pulmonar através da


penetração de bactérias, fungos, vírus ou reações alérgicas. A inflamação começa
na região dos bronquíolos e alvéolos, o exsudato se dissemina para os alvéolos
vizinhos proporcionando uma condição propícia para uma rápida propagação de
bactérias. Os alvéolos pulmonares se enchem de fluido, o que impede a troca
gasosa (tirar o dióxido de carbono e colocar o oxigênio).
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registra, anualmente, mais de
600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza.
Ainda, de acordo com o Ministério da Saúde, houve 44.523 mortes por pneumonia
de janeiro a agosto de 2022. No mesmo período de 2021 foram 31.027 óbitos.
A pneumonia é considerada a maior assassina infecciosa de adultos e
crianças.

2.1 FISIOPATOLOGIA

A pneumonia é uma patologia que pode se desenvolver como uma infecção


aguda ou crônica do parênquima pulmonar que prejudica a troca gasosa. Pode ser
desenvolvida pela diminuição da eficiência dos mecanismos de defesa do pulmão ou
quando os agentes saturam as barreiras de defesa do organismo. É classificada
pela etiologia, localização ou pelo tipo.
A fisiopatologia da pneumonia está diretamente ligada ao dano causado pelo
agente etiológico responsável e pelas toxinas que este produz que podem ocasionar
diversos tipos de lesões, destruir tecidos e alterar a perfusão local. Além disso,
depende da resposta inflamatória do indivíduo hospedeiro, que pode ser variada. Se
ativada a multiplicação da inflamação, esta pode causar impactos adversos na
integridade epitelial e endotelial, no tônus vasomotor, nos mecanismos de
coagulação e na ativação dos fagócitos. Ocorre ainda bloqueio das vias
respiratórias, ocasionando a captura de gases, atelectasias e alargamento do
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espaço morto e se verifica modificações na produção e composição do líquido


surfactante.
Com a disseminação rápida do patógeno os alvéolos passam a conter grande
quantidade de eritrócitos, leucócitos, macrófagos e fibrina, com congestão no lobo
pulmonar ou em parte deste. A fisiologia pulmonar se altera, no início a infecção
aparenta estar localizada somente no pulmão, tornando a ventilação alveolar
reduzida e o sangue flui normalmente, o que gera diminuição nas trocas gasosas e
na ventilação/perfusão, resultando em hipoxemia e hipercapnia. Quando a fisiologia
das vias respiratórias é comprometida ocorre a infecção dos pulmões.
Especificamente em uma pneumonia bacteriana, a infecção desencadeia
inflamação e edema alveolar, criando uma área de baixa ventilação com perfusão
normal. Os capilares ficam ingurgitados com sangue, causando estase. À medida
que as membranas alveolocapilares se rompem, os alvéolos se enchem com sangue
e exsudato, o que resulta em atelectasia.
Em uma pneumonia viral, o vírus ataca as células do epitélio brônquico,
causando inflamação e descamação. O vírus também invade glândulas mucosas e
células globosas, disseminando-se para os alvéolos, que se enchem com sangue e
líquido.

Alterações Fisiopatológicas

Temperatura elevada, dor pleurítica,


Processo infeccioso
calafrios, mal estar, taquipnéia
Tosse com escarro purulento, amarelo
Congestão pulmonar ou sanguinolento, crepitações, sons
respiratórios diminuídos
Oxigenação diminuída Dispnéia

Para conseguir chegar aos pulmões, os agentes etiológicos chegam através


da: aspiração de secreções das vias aéreas superiores, via inalatória, via
hematogênica, via de contiguidade e via de translocação.
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2.2 PRINCIPAL CAUSA

As pneumonias são provocadas por um agente infeccioso que atinge o


espaço alveolar, no interior dos pulmões. Estes podem ser microrganismos como
bactérias, fungos, vírus ou inalação de substâncias que afetam os pulmões.
Em indivíduos saudáveis os alvéolos estão repletos de ar, já em indivíduos
infectados pela pneumonia, estes estão cheios de pus e fluídos, tornando a
respiração dolorosa e limitando a troca gasosa.
A etiologia das pneumonias é subdividida em: Bacteriana, Fúngica, Viral, Não
Infecciosa e Outras Etiologias, como mostra o quadro abaixo.

As pneumonias mais comuns bacterianas são as causadas pelo


Streptococcus pneumoniae, mais encontrada em crianças, e em segundo a
Haemophilus influenzae tipo b (Hib); por meio viral, a mais comum é o Vírus sincicial
respiratório; na classe fúngica, o mais usual é o Pneumocystis carinii, responsável
por pneumonia em crianças com menos de seis meses, lactentes e portadores de
HIV/AIDS, sendo o causador de, pelo menos, uma de cada quatro mortes de soro
positivos.
As pneumonias ainda classificam-se em seis tipos: pneumonia adquirida na
comunidade (PAC), pneumonia relacionada com cuidados de saúde (PRCS),
pneumonia adquirida no hospital (PAH), pneumonia adquirida por ventilação
mecânica (PAVM), pneumonia em hospedeiros imunocomprometidos e pneumonia
por aspiração.
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2.2.1 Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)

A PAC ocorre tanto na comunidade quanto nas primeiras 48 horas depois de


uma hospitalização ou institucionalização. A necessidade de hospitalização para
PAC depende da gravidade da pneumonia.
O Streptococcus pneumoniae, também chamado de pneumococo, é a causa
mais comum de PAC em pessoas com menos de 60 anos sem comorbidades e
naquelas com 60 anos ou mais com comorbidades. Este microrganismo reside
naturalmente nas vias respiratórias superiores e a coloniza, podendo causar
infecções invasivas disseminadas, pneumonias e outras infecções nas vias
respiratórias inferiores e nas vias respiratórias superiores, como otite média e
rinossinusite. Pode ocorrer como uma forma lobar ou broncopneumônica em
indivíduos de qualquer idade, assim como após uma doença respiratória recente.
Já a bactéria H. influenzae provoca um tipo de PAC que frequentemente afeta
idosos e pacientes com comorbidades (ex. doença pulmonar obstrutiva crônica
[DPOC], alcoolismo e diabetes). A manifestação é indistinguível de outros tipos de
PAC bacteriana e pode ser subaguda, com tosse ou febre baixa por semana antes
do diagnóstico.
Ainda, existe a pneumonia por micoplasmas que é causada pelo M.
pneumoniae. Esta é transmitida por perdigotos, ou seja, gotículas respiratórias
infectadas por contato de uma pessoa para outra. Os indivíduos podem ser testados
quanto a anticorpos para micoplasma.
Os vírus também são grandes responsáveis por PAC’s e são a causa mais
comum de pneumonia em lactentes e crianças, mas relativamente incomuns em
adultos. Em indivíduos imunocomprometidos o citomegalovírus é o agente
patogênico viral mais comum, seguido pelo herpes-vírus simples, adenovírus e vírus
respiratório sincicial.
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2.2.2 Pneumonia relacionada com cuidados de saúde (PRCS)

A pneumonia relacionada a cuidados de saúde ocorre em pacientes com as


seguintes características: residentes em asilos ou tratados em sistema de internação
domiciliar, pacientes que receberam antimicrobianos por via endovenosa ou
quimioterapia nos 30 dias precedentes à atual infecção, pacientes em terapia renal
substitutiva e aqueles que foram hospitalizados em caráter de urgência por dois ou
mais dias nos últimos 90 dias antes da infecção.
Uma distinção importante da PRCS é que os patógenos causadores
frequentemente são multirresistentes (MR), consequentemente, a identificação deste
tipo de pneumonia em unidades de urgência e emergência é crucial. Por ser de
difícil tratamento, o início da medicação com antibióticos não deve demorar, sendo,
na maior parte das vezes, diferente dos recursos utilizados na PAC devido às
bactérias MR.

2.2.3 Pneumonia hospitalar (PAH)

A pneumonia hospitalar (PAH) é aquela que ocorre após 48h da admissão do


indivíduo ao ambiente hospitalar e não parece estar incubada no momento da
admissão. Geralmente é tratada na unidade de internação, não se relacionando à
intubação endotraqueal e ventilação mecânica (VM), podendo, entretanto, ser
encaminhada para tratamento em UTI, quando se apresenta ou evolui de forma
grave. Dentro deste conceito, deve ser considerado o tempo de incubação médio
característico de cada microrganismo.
Certos fatores predispõem o indivíduo à pneumonia hospitalar por causa do
comprometimento das defesas do hospedeiro, como a presença de comorbidades,
posicionamento em decúbito dorsal, aspiração, coma, desnutrição, hospitalização
prolongada, hipotensão e distúrbios metabólicos. Estes pacientes também estão
expostos a potenciais bactérias provenientes de outras fontes, por exemplo
aparelhos e equipamentos de fisioterapia respiratória e transmissão de patógenos
pelas mãos dos profissionais de saúde. Diversos fatores relacionados à intervenção
também podem atuar no desenvolvimento da pneumonia hospitalar (ex. agentes
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terapêuticos que provocam depressão do sistema nervoso central com diminuição


da ventilação; remoção de secreções prejudicada ou potencial aspiração;
procedimentos toracoabdominais prolongados ou complicados, o que pode
prejudicar a função mucociliar e as defesas celulares do hospedeiro; dentre outras).
Os indivíduos imunocomprometidos estão em maior risco.
Os patógenos mais comuns responsáveis pela PAH incluem espécies de
Enterobacter, Escherichia coli, H. influenzae, Klebsiella, Proteus, Serratia
marcescens, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus sensível a meticilina
(MSSA) ou resistente à meticilina (MRSA) e S. pneumoniae. A maior parte dos
indivíduos com PAH é colonizada por vários microrganismos. A pneumonia por
Pseudomonas ocorre em indivíduos debilitados, com estado mental alterado e com
intubação prolongada ou com traqueostomia. A pneumonia estafilocócica pode
ocorrer pela inalação do microrganismo ou disseminação por via hematogênica.
Muitas vezes é acompanhada de bacteremia e hemocultura positiva. Sua taxa de
mortalidade é elevada. Tipos específicos de estafilococos são resistentes a todos os
agentes antimicrobianos disponíveis, exceto a vancomicina.

2.2.4 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM)

A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é aquela que surge


de 48 a 72 horas após intubação endotraqueal e instituição da VM invasiva, podendo
ser considerada como um subtipo da PAH. A PAVM é classificada em precoce e
tardia, sendo a precoce a que ocorre até o quarto dia de intubação e início da VM e
a tardia a que inicia após o quinto dia da intubação e VM.
É mais comumente observada em unidades de terapia intensiva (UTI) e
responsável por 25% das infecções que ocorrem em indivíduos internados em
condições graves. Contribui significativamente para a morbidade e a mortalidade de
pacientes na UTI, com uma taxa de mortalidade atribuível estimada em 8 a 15%
(dados de 2012). A PAVM é uma complicação muito dispendiosa, sendo nos
Estados Unidos orçado o custo de US$ 40mil por paciente, além de aumentar o
tempo de internação.
Os agentes etiológicos associados à PAVM normalmente diferem de acordo
com o momento da ocorrência da infecção em relação ao início da VM. Aquela que
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acontece em 96 horas após o início da VM geralmente é decorrente de bactérias


sensíveis a antibióticos que colonizam o indivíduo antes da internação, enquanto a
pneumonia que se desenvolve depois de 96 horas em suporte ventilatório é mais
frequentemente associada a bactérias multirresistentes.

2.2.5 Pneumonia em hospedeiros imunocomprometidos

Esta pneumonia inclui a originada por Pneumocystis (PPC), outros tipos de


fungo e por Mycobacterium tuberculosis. O microrganismo que causa a PPC é agora
conhecido como Pneumocystis jiroveci, a sigla PPC significa “pneumonia por
Pneumocystis”.
A doença em hospedeiros imunocomprometidos ocorre com uso de
corticoides ou outros agentes imunossupressores, quimioterapia, depleção
nutricional, uso de antimicrobianos de largo espectro, síndrome de imunodeficiência
adquirida (AIDS), doenças imunológicas genéticas e uso prolongado de tecnologias
avançadas de suporte de vida. Os indivíduos com o sistema imunológico
comprometido comumente desenvolvem pneumonia a partir de microrganismos de
baixa virulência, que podem ser encontrados na PAC ou PAH (S. pneumoniae, S.
aureus, H. influenzae, P. aeruginosa, M. tuberculosis).

2.2.6 Pneumonia por aspiração

Esta pneumonia se refere às consequências pulmonares decorrentes da


entrada de substâncias endógenas ou exógenas nas vias respiratórias inferiores. O
tipo mais comum é a infecção bacteriana pela aspiração de bactérias que residem
normalmente na via respiratória superior, podendo ocorrer no ambiente comunitário
ou hospitalar. Os patógenos comuns são os anaeróbios, S. aureus, espécies de
Streptococcus e bacilos gram-negativos.
Outras substâncias podem ser aspiradas para dentro do pulmão, como o
conteúdo gástrico, agentes químicos exógenos ou gases irritantes.
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2.3 FATORES DE RISCO

Os fatores de risco para a infecção da pneumonia são variados e dependem


da sua classificação. Abaixo estão listados os principais:

Condições que produzem muco ou obstrução brônquica e interferem na drenagem


normal do pulmão (ex. câncer, tabagismo, doença pulmonar obstrutiva crônica);
Indivíduos imunodeprimidos e aqueles com uma baixa contagem de neutrófilos
(neutropênicos);
Tabagismo (a fumaça do cigarro compromete tanto a atividade mucociliar quanto a
dos macrófagos);
Intoxicação alcoólica (como o álcool suprime os reflexos do corpo, pode estar
associado a aspiração, e diminui a mobilização de leucócitos e o movimento ciliar
traqueobrônquico);
Idade avançada por causa da possível depressão nos reflexos glóticos e de tosse, e
depleção nutricional;
Imobilidade prolongada e padrão respiratório superficial;
Reflexo de tosse deprimido (em decorrência de medicamentos, estado debilitado ou
músculos respiratórios fracos), aspiração de material estranho para dentro dos
pulmões durante um período de inconsciência (lesão na cabeça, anestesia,
depressão do nível de consciência) ou mecanismo de deglutição anormal;
Jejum por via oral, posicionamento de tubo nesogástrico, orogástrico ou
endotraqueal;
Posicionamento em decúbito dorsal em indivíduos incapazes de proteger suas vias
respiratórias;
Antibioticoterapia (em pessoas em condição grave, a orofaringe é suscetível de ser
colonizada por bactérias gram-negativas);
Preparações de anestesia geral, sedativas ou opióides que promovem a depressão
respiratória, o que provoca um padrão respiratório superficial e predispõe ao
acúmulo de secreções brônquicas e potencial desenvolvimento de pneumonia;
Fisioterapia respiratória com equipamentos indevidamente desinfectados ou
esterilizados;
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Transmissão de microrganismos por profissionais da saúde.

2.4 REGIÃO ANATÔMICA ONDE OCORRE A PNEUMONIA

As pneumonias são causadas pela penetração de um agente infeccioso ou


irritante no espaço alveolar. Grande parte das bactérias são encontradas
naturalmente na orofaringe, podendo alcançar os alvéolos por meio de secreções,
aspiração dos patógenos e disseminação hematogênica. Estas chegam por meio de
ramificações terminais dos brônquios e, até, dos interstícios (espaço entre um
alvéolo e outro).
Assim como nas contaminações bacterianas, as infecções virais acarretam
em lesão alveolar difusa e, preferencialmente, do interstício pulmonar, resultando em
uma pneumonia intersticial (não alveolar).
A pneumonia fúngica é mais comumente encontrada em imunodeprimidos. Os
fungos levam a um infarto hemorrágico com infiltrado escasso, no qual as hifas
localizam-se na parede de vasos sanguíneos e penetrando os septos alveolares.
Ainda, pacientes que já manifestaram tuberculose e/ou bronquiectasia, podem
apresentar cavidades que serão colonizadas, formando assim uma “bola fúngica”.

2.5 SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas da pneumonia variam dependendo do tipo, do


microrganismo causal e da existência ou não de doença subjacente. Ocorrem
diferentes sinais em pacientes com doenças como o câncer e naqueles que estão
em tratamento com medicamentos imunossupressores, que diminuem a resistência
à infecção. Esses indivíduos apresentam febre, crepitações e achados físicos que
indicam a consolidação do tecido pulmonar, incluindo o frêmito toracovocal
aumentado (vibração vocal detectada a palpação), macicez a percussão, sons
respiratórios brônquicos, egofonia (quando auscultado, o E falado torna-se um A alto
e nasalado) e pectoriloquia áfona (os sons sussurrados são facilmente auscultados
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pela parede torácica). Essas mudanças ocorrem porque o som é mais bem
transmitido através do tecido normal cheio de ar.
A expectoração purulenta ou pequenas mudanças nos sintomas respiratórios
podem ser o único sinal de pneumonia em pacientes com DPOC. Pode ser difícil
determinar se o aumento dos sintomas é decorrente de uma exacerbação do
processo de doença subjacente ou de um processo infeccioso adicional.
Algumas pessoas manifestam infecção das vias respiratórias superiores
(congestão nasal, dor de garganta) e o início dos sintomas predominantes podem
ser cefaleia, febre baixa, dor pleurítica, mialgia, erupção cutânea e faringite. Depois
de alguns dias, há expectoração de escarro mucoide ou mucopurulento. Na
pneumonia grave, as bochechas são coradas e os lábios e unhas revelam cianose
central (sinal tardio de má oxigenação). Além disso, pode apresentar ortopneia
preferindo permanecer apoiado ou sentado no leito, em um esforço para alcançar as
trocas gasosas adequadas sem tossir ou respirar profundamente. O apetite é ruim,
sudorese excessiva e o paciente se cansa com facilidade.
Dependendo da virulência bacteriana e da resistência do hospedeiro, o
mesmo microrganismo pode causar broncopneumonia, pneumonia lobar ou algo
intermediário.
 Pneumonia lobar envolve essencialmente um lobo inteiro: quatro
estágios da resposta inflamatória são classificamente descritos: congestão inicial
devido ingurgitamento vascular e transudatos alveolares; hepatização vermelha
marcando uma etapa de exsudação neutrofílica massiva com hemorragia (grosso
modo, semelhante ao fígado); hepatização cinza caracterizada por desintegração de
célula vermelha, mas persistência de exsudato fibrinopurulento; resolução marcada
por digestão enzimática progressiva dos exsudatos e reabsorção de detritos pelos
macrófagos dos fibroblastos. Resolução do exsudato feramente restaura a estrutura
normal e função do pulmão, mas organização com cicatriz fibrosa pode ocorrer.
 Broncopneumonia é marcada por consolidação exsudativa do
parênquima pulmonar, de modo genérico, os pulmões exibem áreas ficais de
consolidação palpável. Histologicamente existe exsudação supurativa preenchendo
os brônquios, bronquíolos e alvéolos; isto também irá resolver eventualmente.
 Envolvimento da pleura pode se resolver ou resultar em espessamento
fibroso e aderências. Expansão da infecção do espaço pleural causa um empiema
fibrinopurulento.
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Os sintomas incluem febre alta, rigidez e tosse produtiva, ocasionalmente


com hemoptise, atrito e dor pleurítica anunciam envolvimento pleural. O aspecto
clinico é drasticamente mudado com administração antibiótica. Complicações
incluem formação de abcesso e disseminação sistêmica causando endocardite,
meningite, artrite supurativa ou abcesso metastáticos.

2.6 EXAMES PARA DETECÇÃO DIAGNÓSTICA

O diagnóstico da pneumonia se dá através de exame clínico, ausculta dos


pulmões, radiografias e tomografias de tórax.
No exame clínico e primeira consulta fisica o médico irá perguntar sobre seus
sinais e sintomas e quando eles começaram. Além disso, também perguntará se
você tem algum fator de risco para pneumonia que possam agravar sua condição,
como doença pulmonar crônica ou problema cardíaco, por exemplo. O médico
também pode perguntar sobre a sua vida pessoal e tudo que você fez e faz pra ter
um diagnóstico completo da situação e sobre o seu corpo, por exemplo se o
paciente fuma ou tem exposição com animais ou pessoas doentes em algum
ambiente. Caso seja utilizado algum remédio ou se as vacinas estão em dia também
é importante saber e provavelmente será questionado.
Após um questionário o médico responsável vai realizar um exame físico, no
qual verificará sua temperatura e ouvirá seus pulmões com um estetoscópio. Se
considerar que você tenha pneumonia, dependendo de suas condições de saúde,
ele vai iniciar o tratamento com medicações e/ou também pode solicitar alguns
exames complementares.

2.6.1 Radiografia de tórax

Esse é um teste bem comum quando se trata do diagnóstico de pneumonia.


Quem nunca precisou fazer uma “chapa do pulmão” alguma vez na vida, não é
mesmo? As imagens do raio X de tórax ajudam o médico a detectar a presença de
inflamação nos pulmões.
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PA de tórax, paciente com Pneumonia.

2.6.2 Exames de sangue

Com um hemograma completo é possível verificar se o sistema imunológico


está lutando contra uma infecção.
Já com uma cultura de sangue, é possível identificar o microrganismo que
está causando a pneumonia e também mostrar se uma infecção bacteriana se
espalhou para o seu sangue.

2.6.3 Oximetria

A pneumonia pode impedir que seus pulmões movam oxigênio suficiente para
o sangue. Para medir os níveis, um pequeno sensor chamado oxímetro de pulso é
conectado ao seu dedo ou ouvido.

Oxímetro.
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2.6.4 Outros testes

Se você estiver no hospital, tiver sintomas graves, for mais velho ou tiver
outros problemas de saúde, seu médico pode fazer outros exames para diagnosticar
a pneumonia:

Teste de gasometria: Se você estiver muito doente, seu médico pode precisar
medir seus níveis de oxigênio no sangue usando uma amostra de sangue de uma
artéria, geralmente em seu pulso. Isso é chamado de teste de gasometria arterial;

Teste de escarro: Seu médico pode testar uma amostra de escarro ou muco
de sua tosse para descobrir qual germe está causando sua pneumonia.

Teste de escarro.

Teste de reação em cadeia da polimerase (PCR): Este teste verifica


rapidamente seu sangue ou amostra de escarro para encontrar o DNA de germes
que causam pneumonia.
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PCR polimerase.

Broncoscopia: Se o seu tratamento não estiver funcionando bem, o seu


médico pode usar este procedimento para examinar as suas vias respiratórias.
Durante o procedimento, o médico também pode coletar amostras do tecido
pulmonar e do fluido dos pulmões para ajudar a encontrar a causa da pneumonia.

Broncoscopia.

Tomografia computadorizada (TC) de tórax: Este teste pode mostrar o quanto


seus pulmões foram afetados pela pneumonia. Também pode mostrar se você tem
complicações, como abscessos pulmonares ou distúrbios pleurais. Uma tomografia
computadorizada mostra mais detalhes do que uma radiografia de tórax.
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Foco de pneumonia, TC tórax corte transversal.

Cultura do líquido pleural: Neste procedimento, denominado toracocentese, o


médico usa uma agulha para tirar uma amostra do fluido do espaço pleural entre os
pulmões e a parede torácica. O fluido é então testado para bactérias.

Toracocentese.

2.7 TRATAMENTO

O tratamento depende do micro-organismo causador da doença.


Nas pneumonias bacterianas, devem-se usar antibióticos. Atualmente,
amoxicilina, azitromicina e claritromicina são usados para tratar essa doença
geralmente em pessoas mais saudaveis e normais.
Na maior parte das vezes, quando o virus é a causa da pneumonia, o
tratamento inclui apenas antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas,
podendo ser necessários medicamentos antivirais quando a doença está mais
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grave.
Nas pneumonias causadas por fungos o medicamento pode ser mais
específico. É muito importante saber que, se não tratada, a pneumonia pode evoluir
para um quadro mais grave, causando até a morte.
A melhora clínica pode começar a partir do 3º ou 4º dia.
A internação hospitalar pode ser necessária quando o paciente é idoso ou
apresenta outras doenças de base, ou ainda se começa a apresentar sinais de piora
clínica, como comprometimento da função dos rins ou dificuldade respiratória.
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3 CONCLUSÃO

A pneumonia é uma condição séria que afeta os pulmões, sendo causada


principalmente por infecções bacterianas, virais, fúngicas ou por aspiração de
substâncias irritantes. A conclusão sobre a pneumonia envolve a compreensão de
que esta é uma doença que requer atenção médica imediata e tratamento
adequado. A rápida identificação, diagnóstico preciso e tratamento eficaz são
essenciais para garantir a recuperação do paciente e prevenir complicações graves.
A promoção de medidas preventivas, como vacinação e práticas de higiene,
desempenha um papel vital na redução da incidência da doença.
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4 REFERÊNCIAS

ANTCZAK, Susan E.. et al. Fisiopatologia Básica. 1ª edição. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2005.

CHEEVER, Kerryb H.; HINKLE, Janice L. Brunner & Suddarth: Tratado de


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Alegre: AMGH Editora LTDA, 2016.

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