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Bronquiolite Maria Katarina D’ Caminha

Medicina

Introdução: Fonte de infecção: geralmente membro da


família ou colega de creche ou escola, com

É a infecção do trato respiratório inferior mais enfermidade respiratória aparentemente benigna.

comum em crianças pequenas. Resulta da obstrução Transmissão:

inflamatória das pequenas vias aéreas, e possui - Contato direto ou próximo a secreções

gravidade variável, manifestando-se mais contaminadas.

frequentemente por formas leves, que podem Período de incubação:

evoluir para formas graves. - 2 a 8 dias (média de 4 a 6 dias)


Período de disseminação viral:

+ comum nos primeiros 2 anos de idade, com - Normalmente de 3 a 8 dias.

incidência maior em lactentes menores de 6 meses. As infecções pelo VSR não conferem imunidade

Grande morbidade completa, sendo comum reinfecções.

A superfície de troca gasosa nos pulmões não Outros agentes causais:

está plenamente desenvolvida e a resistência aérea - Influenza

é alta nos primeiros meses de vida. - Rinovírus

- Os anticorpos adquiridos passivamente da - Parainfluenza (tipos 1 e 3)

mãe durante a vida intrauterina e que protegem - Adenovírus

contra uma variedade de patógenos caem - Metapneumovírus

bruscamente nos primeiros meses após o - Bocavírus Humano, etc.

nascimento. Apresentações severas:

Vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal - Bebês de baixa idade: entre 1 a 3 meses de

agente etiológico vida.


- Baixo peso ao nascer
- Desnutrição
Epidemiologia:
- Idade materna
VSR:
- Amamentação inadequada
- Paramixovírus de RNA, envelopado sem
- Aglomerações
glicoproteínas de superfície (hemaglutina e
Pico de incidência:
neuraminidase).
- 2 a 5 meses de idade
- 2 grandes subtipos (A e B)
Em menores de 1 ano o risco de hospitalização é
de aproximadamente 2%.
Diagnóstico é estabelecido por bases clínico- Diagnóstico:
radiológicas. ➔ Achados clínicos:
Mortalidade: Idade:
- 1% em hígidos - Bronquiolite afeta < 2 anos
- 3,5% nas crianças com história prévia de - 90% dos casos que necessitam de
dç. cardíacas, displasias broncopulmonares, hospitalização são crianças menores de 12 meses de
prematuridade e imunodeficiência. idade.
- Pico de incidência de hospitalização é de 3
Patogênese: a 6 meses de idade.
Combinação de fatores: Febre:
- Afinidades do vírus por células específicas - Podem ter febre ou história de febre
em segmentos específicos das vias respiratórias - A ausência de febre não exclui o
(tropismo) diagnóstico de bronquiolite
-Efeito destruídos ao nível celular (virulência) Tosse:
- Calibre das vias aéreas do hospedeiro - Manifestação mais comum
- Resposta imunológica - Geralmente seca e associada à sibilância
Inoculação geralmente por mucosa nasal Taquipneia:
Mecanismos responsáveis pela lesão das vias - Sinal importante nas infecções do Trato
aéreas: respiratório inferior.
- Efeito citopático viral direto pela interação Tiragem:
celular entre o vírus e o hospedeiro - Tiragem subcostal, intercostal e
- Efeito indireto mediado pelo S. imune. supraclaviculares são comumente vistas em
Obstrução das vias aéreas: lactentes com BVA.
- O conteúdo luminal aumentado por Creptações:
secreções e dentritos, produzindo limitações no fluxo - Creptações inspiratórias disseminadas por
de ar, assim como: atelectasias e consequente todos os campos pulmonares são manifestações
desequilíbrio da ventilação-perfusão. comuns.
- Contração do músculo liso - A presença de sibilância, sem creptações,
- Anormalidades dos sistemas adrenérgico e sugere um diagnóstico definido por sibilância induzida
colinérgico comuns nas viroses repiratórias → dano por vírus.
epitelial → broncoconstrição. Sibilância:
- Sibilância aguda expiratória: achado comum, Também pode ser encontrado áreas de
mas não universal. atelectasia secundárias a tampões mucocos e
Avaliação da gravidade – Caracterização: infiltrados de baixa densidade com discreto
- Alimentação espessamento pleural.
- Frequência respiratória Pacientes podem ter formas graves de
- Presença de tiragem apresentação da doença com uma radiografia de
- Batimentos da asa do nariz/gemência tórax normal.
- Saturação de O2
- Comportamento geral. ➔ Achados Laboratoriais:
O quadro clínico inicia com rinorreia, tosse e febre Não devem ser solicitados exames laboratoriais
baixa, que evolui para dificuldade respiratória Não tem indicação de rotina para fazer a
associada a sinais de obstrução brônquica e sibilância. identificação do agente (cultura, sorologia,
A doença é autolimitada na maioria dos casos imunofluorescência ou biologia molecular).
A presença de cianose indica hipóxia e caracteriza Imunofluorescência é a mais frequentemente
gravidade utilizada por aspiração nasofarígea.
Achados clínicos e laboratoriais podem PCR:
caracterizar apresentações da doença atreladas a - Úteis, embora possuam limitações
maior gravidade. intrínsecas à técnica (custo, laboratório especializado).
Atopia não é considerado fatores de risco para
gravidade. Tratamento:
Na maioria dos casos a evolução é benigna e o
➔ Achados Radiológicos: processo evolui para cura sem a necessidade de
RX de tórax pode ser útil em casos graves intervenção.
- Piora súbita do quadro ou presença de A necessidade de internação hospitalar é
doenças cardíacas ou pulmonares prévia.s infrequente.
Achados: Critérios para indicação de hospitalização, baseia-
- Hiperinsuflação torácica difusa se no grau de comprometimento repiratório e a
- Hipertransparência presença de fatores de risco associados:
- Retificação do diafragma - Idade inferior a 4 a 6 semanas
- Broncograma aéreo com um infiltrado de - Não aceitação da ingesta
padrão intersticial - Desidratação
- Letargia
- História de apneia - Isolamento de contato
- Taquipneia (moderada a grave) ➔ Aporte Hídrico:
- Disfunção respiratória moderada a grave A suspensão da administração de líquidos e/ou
- Saturação de O2 < 91% em ar ambiente alimentos pela via oral é mandatória
- Presença de comorbidades FR > 60 a 70 irpm aumentam o risco de
- Evolução rápida da sintomatologia (< 24 a aspiração para o trato respiratório.
48hr) Na presença de desidratação e diminuição da
- Aspectos socioambientais: internação social ingesta e/ou aumento das perdas insensíveis, o
Rotina assistencial: aporte hídrico deve ser aumentado em taxas
- Oxigenoterapia superiores às de manutenção.
- Manutenção do status hídrico Deve-se sempre considerar a possibilidade de
- Mínimo manuseio ajustes ao longo da evolução da doença.
- Precoce identificação de complicações
associadas. ➔ Oxigenioterapia:
Baseia-se em: É a única terapêutica comprovadamente eficaz,
- Tto não farmacológico além das medidas de suporte.
- Tto farmacológico Deve ser considerada em pacientes hospitalizados
- Suporte ventilatório com bronquiolite.
Deve ser aquecido e umidificado e ser
➔ Tratamento não farmacológico – Medidas preferencialmente administrado por cânula nasal
gerais: É necessário a monitorização da saturação de
Tto da hipertermia oxigênio por oximetria de pulso, visando a mantê-la
- Febre elevada não é um achado comum em níveis superiores a 90%.
na fase pulmonar da doença e, sempre que estiver A indicação da oxigenioterapia pode ser
presente, é preciso atentar para complicações necessária, ainda que o paciente não apresente
associadas. níveis baixos de saturação de O2 ou hipoxemia
Cabeceira do leito elevada
Higiene e aspiração nasal em casos de obstrução ➔ Broncodilatadores (alfa e beta-adrenérgicos) e
nasal e rinorreia. Adrenalina:
Prevenção de infecção cruzada: Beta 2 agonista: não recomendado nem como
- Higienização das mãos antes e após o tentativa
contato com o doente Adrenalina inalatória
- Uso questionável - Em recém-nascidos hospitalizados com
- Pct internados e mais graves. indicação, a primeira dose deve ser dada 48 a 72 hr
antes da alta.
Não é recomendado: corticoide, fisioterapia
respiratória e antibióticos!!

➔ Suporte Ventilatório:
A necessidade de ventilação mecânica pode
oscilar entre 5 a 15% dos pct internados. Os maiores
candidatos são:
- Lactentes menores de 3 meses
- Pct com displasia broncopulmonar
- Portadores de desnutrição proteicocalórica
- Síndrome de Down
- Cardiopatias congênitas
- Pct que adquiriram bronquiolite intra-
hospitalar.
Tempo de VM varia entre 5 a 15 dias.

Medidas Preventivas:
Imunização Passiva:
- Imunoglobulina endovenosa específica e o
Evolução e Complicações:
anticorpo monoclonal humanizado para VSR
A maioria das crianças melhora em uma semana
(palivizumabe)
Evolução mais lenta em crianças com
- Deve ser avaliado o custo-benefício
comorbidades
Diminuir a exposição de crianças de risco
Mortalidade < 1%
Incentivar ambiente saudável
Hiperreatividade pós-viral
Palivizumab:
Bronquiolite obliterante
- 15 mg/Kg/dose intra-muscular (ampola = 100
mg) a cada 30 dias
- Início antes do começo da estação
- 5 doses

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