Como diagnosticar clinicamente a Síndrome de Guillain-Barré? Qual a
propedêutica (exames) mais adequada? O que encontramos na Punção Lombar destes pacientes?
O diagnóstico é dado principalmente pelo quadro clínico, às vezes
necessitando da exclusão de uma síndrome medular pelo exame de imagem. Os exames complementares servem tanto para diagnosticar os subtipos de Guillain-Barré ou outras doenças que estejam desencadeando a síndrome. Seguindo o protocolo utilizado na Mayo Clinic, de acordo com a história e apresentação do paciente, podemos utilizar os seguintes exames para o diagnóstico de Guillain-Barré: Exames laboratoriais; Eletroneuromiografia; Líquor; Exames de Imagem; e Teste de Função Pulmonar.
O exame de líquor apresenta uma alteração característica: dissociação
albuminocitológica (aumento de proteínas sem aumento da celularidade), contudo, tal achado só estará presente após uma semana do início dos sintomas. A eletroneuromiografia mostra uma polineuropatia com padrão desmielinizante na maioria dos casos.
Relação Teórico-Prática
A síndrome de Guillain-Barré é um fenômeno autoimune desencadeado
por uma infecção respiratória ou gastrointestinal. Os agentes infecciosos mais relacionados são o Campylobacter jejuni (intestinal), o citomegalovírus e o EBV (respiratórios). Em cerca de 75% dos casos, pode-se detectar a infecção 1-3 semanas precedendo a doença. A patogênese provavelmente depende da imunidade humoral, já que em até 50% dos casos podem ser detectados autoanticorpos anti-GM1 (glicofosfolipídeo 1). Na síndrome de Miller-Fisher (uma variante da SGB), mais de 90% dos casos têm autoanticorpos anti-GQ1b!
No tratamento da SGB o paciente deve estar internado, de preferência
no CTI. Deve-se fazer a profilaxia do tromboembolismo venoso e manter cuidados gerais com a pele, além de suporte nutricional enteral e fisioterapia motora para evitar contraturas. A causa mais comum de óbito são as complicações pulmonares secundárias (pneumonia nosocomial, por causa do longo tempo de ventilação mecânica). As arritmias podem levar à morte súbita.
O tratamento específico deve ser iniciado com uma das seguintes
opções: (1) Imunoglobulina intravenosa (IgIV) (2 g/kg fracionados em 5 dias) ou plasmaférese (40 a 50 mL/kg/ dia, por 4 a 5 dias). Cerca de 80% dos pacientes apresenta boa recuperação durante os próximos meses.
Referências:
KASPER, Dennis L. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto