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Histórico gestacional: FDT G3PC2A0. Gestação prévia de TPP. Gestação de 33 sem e 1 dia
pelo USG de 1º trimestre. Mãe de 30 anos de idade, O+. Referido quadro de “virose” no 1°
trimestre (febre + dores no corpo) – com testes rápidos para dengue, zika e chicungunya
negativos – fez uso de Tamiflu. Teve ameaça de TPP, fazendo uso de progesterona e duas
doses de Betametasona. Pré-natal de 5 consultas.
EXAMES PRÉ-NATAIS
USG morfológico de 23 sem com laudo “normal” – mas apresentando foto de imagem
cerebral com sinais de ventriculomegalia discreta;
Sorologias:
HIV: NR (1º Trimestre);
Sífilis: NR (1º Trimestre);
Hepatite B e C: NR (1º trimestre);
Toxoplasmose: (1º Trimestre): IgG (10,14/ml) + IgM neg: MÃE IMUNE;
CMV: NR (1º Trimestre);
HTLV: NR (1º Trimestre);
Chagas: Não realizado;
Testes rápidos na maternidade: HIV e Sífilis não reagentes;
DADOS DO PARTO
Data do nascimento: 28/6/2019;
RN prematuro/AIG/baixo peso (Idade gestacional:33s e 1d por USG 1º trimestre / Peso ao Nascer:
1.955g / Comprimento de 42,5cm e PC de 33cm);
Sexo masculino;
Parto cesárea, trabalho de parto prematuro + malformação fetal (em 28/06/19 às 17:59h);
ABD: semigloboso, flácido, fígado a 2 cm do rebordo costa direito, extremidades aquecidas, sem edema,
pulsos cheios.
Aparelho gênito urinário: ânus bem implantado, testículos em canais inguinais, micropênis??
Neuro: olhos fechados, ativo e reativo, fontanelas e suturas cranianas amplas, presença de movimentos
de membros superiores direitos descoordenados (movimentos coréicos??).
RELEMBRANDO...
RN de FDT, nascido de parto cesáreo em posição pélvica, com líquido amniótico meconial
fluído, em condições regulares, hipotônico, cianótico, sendo necessário VPP sob máscara
(O2 a 21%) com aspiração de conteúdo de vias aéreas superiores ao nascimento. Apresentou
desconforto respiratório precoce.
CONDUTA E EVOLUÇÃO
Encaminhado à UTI neonatal, em incubadora, realizado suporte ventilatório em CPAP via
cateter nasal por 24 horas. Realizado acesso venoso umbilical, para hidratação e iniciada dieta
por sonda OE com 12 horas de vida.
Com 50h de vida teve uma piora clínica (vômitos, distensão abdominal e quedas de
saturação), associada a 2 hemogramas alterados (anemia + neutropenia + plaquetopenia),
sendo iniciada antibioticoterapia (Ampicilina 200mg/kg/dia + Gentamicina 4mg/kg/dia).
Foi realizada punção lombar (com líquido amarelo ouro e proteinorraquia), ecotransfontanelar,
TC de crânio, solicitado Rx de ossos do crânio; fundoscopia; audiometria; novo hemograma;
bilirrubinas; função renal; função hepática e sorologias.
RESULTADOS DE EXAMES
Laboratoriais alterados: Hb (12,7 / 11,0 / 10,8), Pqt (111 mil / 94 mil / 90 mil), Bilirrubinas (BT 9,4 mg% [BD: 1,4; BI: 7,9] / 8,1 mg% [BD:1,6;
BI:6,5] / 8,7 mg% [BD: 2,0; BI: 6,7])
Rx de tórax e Abdome (01/07): Cateter mal posicionado; sonda orogástrica em terço distal do esôfago. Demais sem alterações.
Ecografia Transfontanelar (29/06): Presença da foice na linha média, separando os hemisférios cerebrais em duas partes, porém o manto
cortical apresenta-se globalmente afilado, sem definição dos sulcos e giros (e os hemisférios repletos por conteúdo anecóico – líquido). Corpo
caloso e septo pelúcido ausentes. Tálamos presentes?? (de difícil avaliação, e aparentemente sem sinais de fusão). Presença da tenda do
cerebelo. Cerebelo de aspecto hipoplásico.
TC de crânio sem contraste (02/07): Presença de foice cerebral, o que descarta a possibilidade de holoprosencefalia, com calcificações, que
também são evidenciadas, nas várias regiões, de ambos hemisférios cerebrais, com maior concentração, nas regiões frontais. Observamos
perda da substância encefálica, com substituição por líquor, sendo as principais possibilidades diagnósticas hidranencefalia acentuada /
hidrocefalia. Calcificações em ambos hemisférios cerebelares. Estruturas ósseas visualizadas preservadas.
Líquor (03/07): coloração amarelo ouro / Proteína 139mg% / Cl 131 / Glic 23 mg% / Pesquisa para Toxo negativa.
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA
Toxoplasmose
CONDUTA:
Suspensa antibiótico terapia;
Mantido aporte sintomático;
Sulfadiazina 100 mg/kg/dia VO de 12/12h.
Pirimetamina 2 mg/kg/dia VO (por 2 dias de 12/12h e após 1 mg/kg/dia dose única).
Ácido folínico 10 mg 3x/semana (manter por 1 semana após suspensão da pirimetamina).
Prednisona 0,5 mg/kg/dose VO de 12/12h (por quatro semanas).
Mantido em supervisão;
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Toxoplasma gondii é um protozoário adquirido por via oral ou transplacentária
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Risco de Transmissão: Em torno de 40%, aumenta com o avançar da gestação.
Entretanto, o grau de comprometimento do concepto é maior quando a infecção
ocorre no inicio da gestação
Gestantes com infecção não tratada adquirida no primeiro trimestre:
Taxa de transmissão para o feto: 17% (quadro grave, podendo evoluir para o óbito
fetal ou neonatal, ou nos que sobrevivem ao período neonatal, para sequelas
importantes)
Gestantes com infecção não tratada adquirida no terceiro trimestre:
Taxa de transmissão para o feto de 65% (quadro leve, apresentam manifestações
subclínicas e, mais raramente, um quadro grave de parasitemia)
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Epidemiologia:
O índice de infecção na população está relacionado aos hábitos alimentares, hábitos
higiênicos, contato com gatos e climas quentes.
A prevalência da infecção varia de região para região sendo mais comum em países
tropicais.
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA Tríade clássica: Tríade de Sabin
o Coriorretinite
o Hidrocefalia
SINAIS: o Calcificações cerebrais
Hidrocefalia em RN por
Toxoplasma gondii
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Diagnóstico: O acompanhamento da gestante por meio de testes sorológicos aparenta ser a medida mais
importante no que se refere à prevenção e à detecção precoce da infecção, fato que favorece a redução de
sequelas graves no RN.
Fetal:
oUSG + PCR do líquido amniótico
RN:
oIdentificação do toxoplasma no sangue ou fluidos corpóreos
oSorologia:
oIgM ELISA
oIgM ISAGA
Ou
oTeste de avidez igG
o
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
EXAMES DE IMAGEM:
oRaio x de crânio
oUltrassonografia de crânio
oTomografia de crânio (avaliar riscos e benefícios)
oRaio x de tórax
oEcocardiograma
oOutros exames:
oEstudo do liquor, oftalmoscopia, audiometria com emissões otoacústicas, hemograma, perfil
hepático e perfil renal;
oEletroencefalograma em suspeita de convulsão
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
PROGNÓSTICO :
•Assintomáticas ao nascer, mas se não tratadas adequadamente, podem desenvolver
sequelas na infância ou vida adulta
•Os déficits de aprendizado foram mais descritos em crianças com microcefalia do
que naquelas com presença de microcalcificações
•O déficit visual foi descrito em 85% das crianças infectadas em um estudo
colaborativo feito em Chicago
•80% de crianças tratadas têm função motora normal e e 73% tem o QI maior que 70
aos 4 anos
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
TRATAMENTO:
Pirimetamina (2m/kg/dia, VO por dois dias, cada 12h e posteriormente 1mg/kg/dia
1x ao dia) + sulfadiazina (100mg/kg/dia VO de 12/12h) + ácido folínico (5-10mg, 3x
na semana)
oDuração: Durante 1 ano
ano de publicação