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 RELATO DE CASO: LINFOHISTIOCITOSE

HEMOFAGOCÍTICA ASSOCIADA À DENGUE

Monografia apresentada ao Programa de Residência Médica em Pediatria


Médica Residente: Reila Freitas Silva
Orientadora: Dra. Letícia Alves Vervloet
INTRODUÇÃO
 Síndrome hemofagocítica ou linfohistiocitose hemofagocítica

• ativação imune excessiva


• confundida com sepse/disfunção multiorgânica
• alta taxa de mortalidade

• Classificação:
Primária - associada a um distúrbio genético
Secundária - não há uma mutação genética conhecida, mas ocorre devido a
algum gatilho como infecção, doença autoimune, neoplasia e etc.

Nos últimos anos a infecção pelo vírus da dengue está sendo reconhecida
como um desencadeante de HLH
INTRODUÇÃO
 DENGUE

• Doença aguda, infecciosa, não contagiosa, sistêmica e de etiologia viral,


causada por quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV2, DENV-3 e DENV-4)

• Aedes aegypti (vetor primário)

• No Brasil, 2000 a 2015, a taxa de incidência aumentou em 184,3% e a taxa de


mortalidade aumentou 500%, passando de 0,04 a 0,24 óbitos por 100.000
habitantes

(ARAÚJO et al., 2015; KOSHY et al., 2016; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)


INTRODUÇÃO

 A infecção pelo vírus dengue pode ser assintomática ou sintomática.


Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo
espectro clínico.

 Menos de 2% dos pacientes com dengue apresentam as formas graves


da doença

 Nos últimos anos, houve aumento de relatos de manifestações atípicas,


algumas com grave evolução.

(AVIRUTNAM et al., 2006; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016; KOSHY et al., 2016)


OBJETIVO

 Relatar um caso Linfohistiocitose Hemofagocítica associada à dengue em


paciente internado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes
(HUCAM) em 2016.

 Destacar a importância de se pensar neste diagnóstico frente a um caso


de dengue grave com apresentações atípicas.

 Enfatizar a importância do diagnóstico, bem como a instituição do


tratamento precoce a fim de reduzir a mortalidade.
MÉTODO
 
 TIPO DE ESTUDO
Estudo descritivo, retrospectivo, observacional do tipo relato de caso.

 DEFINIÇÃO DE CASO
Trata-se de uma criança com diagnóstico de dengue com evolução atípica, onde foi diagnosticado síndrome
hemofagocítica.

 COLETA DE DADOS
Revisão retrospectiva do prontuário do paciente.

 ANÁLISE DE DADOS
Descritas as alterações clínicas, os exames laboratoriais, a evolução e os métodos propedêuticos e terapêuticos
adotados na abordagem do caso.

 ASPECTOS ÉTICOS
Comitê de Ética em Pesquisa
CASO CLÍNICO
 ID: L.H.L.S, masculino, 7 a e 8 m, proveniente da Serra, nascido na Bahia.

 HG e perinatal: 06 consultas de pré-natal, parto normal, IG 40 s, peso 4.100 g, sem


intercorrências.

 HP: Anemia ferropriva, internação em 2005 por abscesso em perna. Alergia a picada de
inseto. Sibilância 1-2 anos. Não teve mais crises.

 Desenvolvimento neuropsicomotor: Dificuldade de aprendizagem.

 HF: Mãe - anemia crônica. Pai - anemia falciforme (traço?- não faz acompanhamento). Irmão
- traço falcêmico. Avô - Ca de pulmão. Avó - “reumatismo”.
CASO CLÍNICO

 MI: Dengue com sinais de alarme

 HDA: No dia 12/04/16 a criança apresentou febre (38°C) e náusea, porém


mantinha regular estado geral.
 No dia 13/04, evoluiu com mialgia, dor retro-orbitária, prostração e febre. Mãe
usou analgésicos por conta própria.
 No dia 15/04/2016, persistiu com quadro clínico anterior mais dor abdominal,
vômitos, hiporexia e febre alta (39°C). Procurou a UPA de Carapina onde foi
realizado hemograma, hidratação venosa e liberado com sintomáticos. Orientado
retornar em 48 horas.
 No dia 17/04/2016 retornou a UPA e foi feito novo hemograma que mostrou
plaquetas em queda. Mantido em acompanhamento ambulatorial.
 No dia 19/04/2016 decidiram por internar a criança devido sinais de alarme.
CASO CLÍNICO
 Encaminhada do PA para o HUCAM em 19/04/2016 com diagnóstico de
dengue com sinais de alarme (sangramento, dor abdominal,
plaquetopenia) e queda do estado geral
 Neste dia, a criança apresentou epistaxe moderada e mantinha vômitos,
hiporexia, dor abdominal, astenia, porém relatava melhora da mialgia,
cefaléia e dor retro-ocular. Nos dois dias seguintes, a criança manteve
dor abdominal, febre (aprox. 37,9), epistaxe e 01 episódio de
gengivorragia.
 Exames do PA:
EXAME FÍSICO NA ADMISSÃO
 REG, hipocorado 2+/4+, hidratado, acianótico, sem edemas.
Linfonodos pequenos, móveis, indolores, fibroelásticos palpáveis em
região cervical anterior e posterior, bilateralmente e em região axilar
esquerda. Linfonodos de aprox. 2,0 cm, palpáveis em região inguinal,
bilateralmente e em região anterior da coxa esquerda. Máculas hipo e
hipercrômicas em membros inferiores, residuais. Petéquias em fossa
cubital direita (local de punção). Sonolento. ECG 15. Cáries em dentes.
Sem mais alterações em oroscopia e otoscopia. Não observei equimoses.
Resíduos de sangue em narinas, sem sangramento ativo.
 SCV: RCR 2T, BNF, s/sopros, FC: 85 , PA: 90/60 mmhg
 SR: MVF, SRA. FR: 21
 Abdome: plano, RHA+, fígado palpável a 2,0 cm do BCD e baço
palpável a 2,5 cm BCE.
 Genitália: tipicamente masculina
CASO CLÍNICO
 No dia 20/04/2016 foram repetidos os exames e de acordo técnicos do laboratório havia
muitos blastos no sangue periférico.

 Suspeita de leucemia – iniciado prevenção para Sd Lise tumoral (alopurinol+ hiper-


hidratação).
 Iniciado também albendazol.
 Neutopenia febril – isolamento e iniciado cefepime. Criança mantendo 1 – 2 episódios
diários de febre e prostração, sonolência.
 No dia 25/04 foi encaminhado ao hospital infantil para realização de mielograma.
MIELOGRAMA NORMAL !!!
CASO CLÍNICO

 A ultrassonografia de abdome revelou hepatoesplenomegalia.

 As sorologias para HIV, Toxoplasmose, Hepatites e Epstein-barr foram


negativas.

 A sorologia para dengue foi IGM positivo.


DIAGNÓSTICO FINAL:
DENGUE + LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA

Critérios diagnósticos de HLH


(HLH-2004)
EVOLUÇÃO CLÍNICA
 Devido à neutropenia febril, a criança foi tratada com cefepime.
 Além disso, foi feito tratamento de suporte para dengue - hidratação venosa e
antipiréticos.
 Não necessitou de transfusões de hemoderivados.
 Não necessitou de terapia específica para HLH.
 No 15° dia de doença a criança apresentava melhora significativa dos sintomas e
do estado geral, diminuição da linfadenopatia, desaparecimento da febre e
normalização do hemograma, com exceção da hemoglobina - 9,4 mg/dl. LDH
diminui para 982 e CPK 673.
 Recebeu alta médica no dia 02/05/16 (21 dias de doença/ 14 dias de IH)
 Retorno no ambulatório no dia 05/05/16
CONSULTA AMBULATORIAL
 3 dias após alta médica
 Queixas: dores em região glútea direita, dorso lateral direito e nos olhos.
Sem febre. Alimentação adequada.
Exame 28/04: HB 9,4; HT 27,2; Leuco 7840, plaquetas 466.000
 Exame físico:
BEG, hipocorado 2+/4+, hidratado, anictérico e acianótico
Oroscopia: dentes com cáries
ACV: RCR 2 T, BNF, sem sopros, FC: 74 bpm
AR: MVF, SRA, FR: 18
Abdome: flácido, sem massas, fígado 1,0 cm RCD
 CD: exames de controle
 Não retornou ao ambulatório
REFERENCIAL TEÓRICO
 DEFINIÇÃO
- Linfohistiocitose hemofagocítica (HLH)

- Síndrome da ativação macrofágica ou Síndrome hemofagocítica reativa quando está associada a


artrite idiopática juvenil ou outras doenças reumatológicas

- Histiocitose hemofágica e linfohistiocitose eritrofagocítica familiar (FEL)

- Síndrome hemofagocítica associada a vírus (VAHS)

• Doença sub-diagnosticada

• Resposta inflamatória sistêmica grave e exagerada

(DUBUC et al., 2015; MCCLAIN et al., 2017; ROSADO & KIM, 2013; SCHRAM & BERLINER, 2015)
REFERENCIAL TEÓRICO
 Classificação e Etiologia

• Primária:
Forma primária familiar (FHLH) - mutações genéticas
Forma primária ligada a imunodeficiências

• Forma secundária ou adquirida


Não há mutações genéticas
Gatilho desencadeia a reação imune exagerada

Tanto a forma genética quanto à forma adquirida, podem ser


precipitadas por processos infecciosos ou outros eventos que
ativem a imunidade e, ambas têm alto risco de mortalidade
FORMA PRIMÁRIA
 Forma primária familiar (FHLH)

• Autossômica recessiva, com história familiar geralmente negativa -


mutação em ambos os alelos de um gene é necessária para manifestar a
doença.

• HLH é a única manifestação

• 70-80% dos casos de HLH ocorre em menores de 1 ano de idade. Mas,


pode iniciar na adolescência e na idade adulta.

• Mutação principalmente no gene PRF1 que codifica a perforina (FHL2),


mas se conhecem cinco genes relacionados a síndrome- FHL
FORMA PRIMÁRIA

(MACHACZKA, 2011; BEREIKIENĖ, 2017)


Forma primária ligada a imunodeficiências
Na infância, a HLH secundária pode ser o primeiro sintoma de
imunodeficiência.

 Chédiak-Higashi - mutação ocorre no gene LYST


 Síndrome de Gricelli - mutação no gene RAB27A
 Doença linfoproliferativa ligada ao X
 Síndrome de Hermanski-Pudlak
 Deficiência de cinase de células T indutíveis com interleucina-2
 Doença granulomatosa crônica

(JANKA, 2007; MACHACZKA et al., 2011; MCCLAIN et al., 2017; ROSADO & KIM, 2013)
Forma secundária
 Qualquer idade

 Associadas à
- Vacinação
- Infecções (virais, fúngicas, bacterianas e parasitárias)
Grupo herpes (Epstein-Barr e citomegalovírus); febre amarela e dengue
- Protozoários (como a Leishmania)
- Neoplasias (tumores sólidos, linfomas e leucemias)
- Drogas
- Doenças auto-imunes
LES, artrite reumatoide, poliarterite nodosa, síndrome de Sjögren, esclerose sistêmica
e doença de Kawasak

OBS: * Mutação heterozigótica ou digênica – produção parcial ou defeituosa de certa


proteína envolvida

(BEREIKIENĖ et al., 2017; JANKA, 2007)


FORMA SECUNDÁRIA

(MACHACZKA, 2011)
EPIDEMIOLOGIA
 Uma revisão de casos HLH dos maiores hospitais pediátricos no Texas revelou uma incidência
de 1 em 100.000 crianças. (Primária)

Prevalência varia nos diversos locais do mundo


Suécia - forma familiar ocorre em 1/50.000 bebês nascidos vivos
Japão - 0,342/ 100.000 casos

 A frequência da HLH secundária não é exatamente conhecida

A relação do aparecimento da doença em meninos e meninas é de 1:1


Em pessoas mais velhas há uma maior prevalência no sexo masculino

(ROSADO & KIM, 2013)


FISIOPATOLOGIA
Atuação fisiológica do sistema imune

Destruição das células do


sangue
Hemofagocitose sozinha não é patognomônico
HEMOFAGOCITOSE de HLH, nem necessária para o diagnóstico.

Várias células sendo fagocitadas (BEREIKIENĖ, 2017)


FISIOPATOLOGIA
Atuação do sistema imune na síndrome hemofagocítica
FISIOPATOLOGIA
Secreção de
ferritina –
macrófagos
são fonte
primária

Ativa
plaminogênio

Aumento de
plasmina

Coagulação
intravascula
Hiperfibrinólise
r
disseminad
a
FISIOPATOLOGIA

Agentes
infecciosos

Febr
e
citocinas
TNF-α e IL-

Insuficiênci
IL-1β
a Renal
FISIOPATOLOGIA
(também por não metabolização hepática)

IFN-γ, TNF-α e
Diminuição da IL-1β
Hemofagocitos hematopoeise
e
eritrócitos,
plaquetas e
leucócitos

Aumento de
triglicerídeos
PANCITOPEN
IA

(diminuição da
metabolização
hepática)
MECANISMOS GENÉTICOS

(BEREIKIENĖ et al, 2017)


- Células efetoras estimulas
continuamente
- Linfocinas
- Incapacidade de destruir as células-
alvo infectadas
- Estímulo exagerado -> estimula a
hemofagocitose com suas
consequências

(JANKA, 2007; JOBIM et al, 2010; MCCLAIN


et al, 2017, WHEELER, 2010)
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
 Início súbito e inexplicado de febre (93%), mal-estar, hepatoesplenomegalia
(95%), linfoadenomegalia generalizada (33%), icterícia, sintomas
neurológicos (33%), manifestações cutâneas (rash-31%) e citopenias.

 Qualquer uma das formas de HLH pode imitar doenças infecciosas ou uma
sepse bacteriana.

 A apresentação inespecífica dos achados clínicos e laboratoriais, comuns a


outras doenças, é a causa do atraso no diagnóstico e agravamento da
situação.

(ANSUINI et al., 2013; JOBIM et al., 2010; ROSADO & KIM, 2013)
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
 A febre (>38,5 °C) presente em aproximadamente 91-93% dos pacientes com HLH pode
durar de 4 a 41 dias.
 No período neonatal, a febre pode estar ausente o que pode levar a confusão com sepse.
 Cerca de 6 a 65% dos pacientes apresentam erupção cutânea maculopapular, petéquias,
púrpura ou edema
 O acometimento do SNC é observado em 33 a 75% dos pacientes e a sintomatologia inclui
convulsão, meningite, encefalopatia, ataxia, hemiplegia, paralisia do nervo facial, alteração do
estado mental ou simplesmente irritabilidade.
 Os macrófagos ativados podem destruir o colágeno causando neuropatia periférica que
geram dor e fraqueza.
 Os recém-nascidos podem desenvolver alterações do nervo óptico e da retina

(BEREIKIENĖ et al., 2017; ROSADO e KIM, 2013)


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Hepatite – alteração da função hepática, incluindo enzimas hepáticas (AST,


ALT, GGT), LDH (85%) e bilirrubina (80%)
 Leve disfunção hepática à insuficiência
 Hipoalbunemia e insuficiência renal
 O aumento de triglicerídeos (68%)
 Distúrbios da coagulação (especialmente D-dímero elevado) // CIVD
 Trombocitopenia (80%)

(BEREIKIENĖ et al., 2017)


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Ferritina - Níveis elevados podendo chegar a valores maiores que 10.000 ng/ml
 Alta sensibilidade e especificidade, principalmente em crianças.
Ferritina > 500 ng/ml tem uma sensibilidade de 84%
acima de 2.000 ng/ml tem 70% de sensibilidade e 68% de especificidade
ferritina > 10 000 ng/ml atinge 90% de sensibilidade
 Ferritina baixa (menor que 500 ng/ml) não exclui HLH.
 Hiperferritinemia pronunciada (> 50,000 ng / ml), geralmente está associada a
insuficiência renal, infecção, doenças hematológicas, tumores e doenças
reumatológicas

(BEREIKIENĖ et al., 2017)


DIAGNÓSTICO HISTOLÓGICO

 Áreas de hemofagocitose em medula óssea, linfonodos, baço, fígado, pulmões,


cérebro, pele, sendo que algumas delas só serão vistas em material de necropsia

 A hemofagocitose é encontrada em 25-100% dos doentes com HLH e embora seja


um critério diagnóstico, não é obrigatório.

 Os pacientes que apresentam hemofagocitose na medula óssea podem ter esta


manifestação ausente no início da doença - 30% dos casos

(AB-RAHMAN et al., 2015; MAAKAROUN et al., 2010; . RAJAGOPALA & SINGH, 2012; RIVIÈRE et al., 2014;
BEREIKIENĖ et al., 2017; MOURA et al., 2017)
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE
HLH
É considerado HLA a presença de
pelo menos cinco dos oito critérios
presentes
ESTUDOS
MOLECULARES
TRATAMENTO
 A instituição precoce de terapia é de extrema importância para o controle da hipercitocinemia,
impedindo a falência orgânica e óbito.

 O tratamento consiste em combater precocemente o gatilho inflamatório, nos casos em que há


tratamento específico .

 Os casos severos da doença são tratados com imunossupressores ou quimioterápicos.

 Transplante alogênico de medula óssea é a última escolha nos casos refratários.

 O primeiro protocolo de tratamento da HLH foi instituído em 1994 (HLH-94) e propunha o uso de
Etoposido e corticosteróides, além de pulsos de ciclosporina.

 Metotrexato e prednisolona intratecal também são usados em casos de comprometimento


neurológico.

(BEREIKIENĖ et al., 2017; ANSUINI et al., 2013; ROSADO & KIM, 2013)
Dengue
SINTOMAS INESPECÍFICOS

FEBRE
DOR CEFALÉI
RETRO- A
ORBITÁRIA

EXANTEM
Quadr MIALGI
A
PRURIDO
o A

ANOREXIA
clínico
PROSTRAÇÃO
NÁUSEAS
VÔMITOS
ARTRALGIA
ASTENIA
FASE FEBRIL
 Febre (39ºC a 40ºC), com duração de dois a sete dias de início abrupto
 Cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias e dor retroorbitária.
 Exantema está presente em 50% dos casos - máculo-papular em face, tronco
e membros de forma aditiva, não poupando plantas de pés e palmas de mãos
 Pode vir ou não acompanhado de prurido
 Anorexia, náuseas e vômitos podem estar presentes
 Diarreia está presente em percentual significativo dos casos
 Após a fase febril, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente com
melhora do estado geral e retorno do apetite

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)


FASE CRÍTICA

 Possibilidade de evolução para formas graves

 Devem ser instituídas medidas de suporte caso surjam sinais de alarme

 Tem início com a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia


do início da doença

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)


DENGUE COM SINAIS DE ALARME
 Aumento da permeabilidade vascular

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)


DENGUE GRAVE

Intensa
resposta Aumento de
inflamatória
-Extravasamen
hematócrito -
hipovolemia
Choque
to de plasma

Acúmulo de
Sangramento
Disfunçã
líquidos em
órgãos
grave - CIVD o de
órgãos

Evolução
rápida Morte
FASE DE RECUPERAÇÃO

 Nos pacientes que tiveram a fase crítica, acontecerá reabsorção gradual do


conteúdo extravasado e melhora clínica progressiva.

 É importante estar atento às possíveis complicações relacionadas à hiper-


hidratação.

 Nesta fase o débito urinário começa a se normalizar ou aumentar, mas pode


ainda ocorrer bradicardia e mudanças no eletrocardiograma.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)


ASSOCIAÇÃO DA DENGUE COM HLH

 Intensa resposta inflamatória e liberação de citocinas

 Na maioria dos casos, a hemofagocitose está associada à dengue grave,


com prognóstico desfavorável

 Muitos pacientes com dengue e HLH contraem infecções por outros


microorganismos complicando ainda mais o quadro clínico

(LAKHOTIA et al., 2016; RATHORE et al., 2012; AB-RAHMAN et al., 2015)


DISCUSSÃO

 A liberação de citocinas durante o choque na dengue pode contribuir para o


desenvolvimento de hemofagocitose, levando ao prognóstico geralmente
desfavorável.

 Embora considerada rara a HLH em pacientes com dengue, cada vez mais
cresce o número de relatos de casos na literatura.

 Há vários relatos na literatura de pacientes que tiveram resolução total da doença


apenas com tratamento de suporte, ou seja, sem terapias específicas para HLH.

(LARBCHAROENSUB et al, 2011; AB-RAHMAN et al, 2015; LAKHOTIA et al, 2016; RATHORE et al, 2013; TAN
et al, 2012; KHURRAM et al, 2015; RIVIÈRE et al, 2002)
DISCUSSÃO

 Geralmente, os casos são diagnosticados por causa do curso atípico da


dengue, principalmente pela febre persistente por mais de 8 dias.

 RIVIÈRE et al (2002) relata o caso de uma menina de 05 anos que teve


duração da febre por 18 dias.

 Outras manifestações menos comuns na dengue, mas que chamam a atenção


para HLH são citopenias persistentes e visceromegalias. Nestes casos é
preciso excluir as doenças linfoproliferaticas.

(RIVIÈRE et al, 2002; BEREIKIENĖ, 2017; KHURRAM et al, 2015; RATHORE et al, 2013)
DISCUSSÃO
 Muitos casos podem ser graves e não preencherem os critérios, retardando o
tratamento e levando o paciente ao óbito.

 Alguns dos critérios podem estar ausentes no início da doença, como por exemplo,
o achado de hemofagocitose na medula óssea.

 No início da doença, até 30% dos pacientes podem não ter hemofagocitose
detectada no mielograma.

 Devido a gravidade da doença, o tratamento não deve ser retardado caso o


paciente não preencha todos os critérios.

(AB-RAHMAN et al, 2015; KHURRAM et al, 2015; MAAKAROUN et al, 2010; RIVIÈRE et al, 2002; RAJAGOPALA
& SINGH, 2012)
CONCLUSÃO
 Devidos as características inespecíficas da HLH, muitas vezes ela é
subdiagnosticada.

 Muitos casos podem ser graves e não preencherem os critérios diagnósticos,


retardando o tratamento e levando o paciente ao óbito.

 Portanto, a HLH pode ser atípica, e os critérios diagnósticos só aparecerem em


estágios posteriores da doença, por isso é importante iniciar o tratamento e
acompanhar a progressão dos sinais clínicos e laboratoriais, a fim de evitar a morte.

 Os médicos devem estar atentos para a HLH como uma possível complicação de
dengue, principalmente nos casos com evolução atípica.

 O reconhecimento da síndrome permite o que o tratamento seja precoce e que a


mortalidade diminua.
OBRIGADA!!

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