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IMPORTÂNCIA DA

RIAGEM
NEONAT AL

ANEMIA FALCIFORME

FENILCETONÚRIA

FIBROSE CÍSTICA

HIPOTIREOIDISMO

NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS


Sumário

03 Introdução
04 Anemia Falciforme
10 Fenilcetonúria
15 Fibrose Cística
21 Hipotireoidismo

Montagem, edição e revisão: Amanda Pezzini Martins


Introdução: Joana D’Arc Souza Rodrigues
Professora orientadora: Cristina Souza
Colaboradores:

Amanda Pezzini Martins,


Ana Luíza Nogueira Costa,
Ana Luiza Sena Costa Brant,
Bruno Vieira de Oliveira,
Carla Rebeca Coelho Vieira,
Esther Mara Maciel Oliveira,
Gabriele Fernanda Batista Penido,
Giovanna Melo,
Helena Cristina dos Anjos Martins,
Joana D’Arc Souza Rodrigues,
Kaillany Silva dos Santos,
Lívia Vitória de Aguiar Oliveira,
Lucas Vitorino Missiagia,
Maria Laura Gonçalves dos Santos,
Millena Faria Ribeiro,
Morgana Alves Maia,
Otilha Maria Alves Fernandes,
Paulo Francisco Falcão Almeida,
Quézia Emanuelle Ferreira Rocha,
Rafaela Nayara Souza Silva,
Samara Santana Peixoto,
Sarah Pales de Pádua Pradino,
Tainá Goulart dos Santos,
Victor Matheus Costa Alves.
Vinícius Augustus Liberato Gomes Pedrosa
A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

INTRODUÇÃO
A triagem neonatal, mais conhecida como teste do
pezinho, é um exame laboratorial simples,
considerado a maior ação de saúde pública quanto TRIAGEM NEONATAL
A IMAGEM MOSTRA A REALIZAÇÃO DE UM TESTE DE TRIAGEM
à prevenção do agravo das doenças. O exame de NEONATAL.
triagem neonatal apresenta papel fundamental

desde os primeiros dias de vida do recém-nascido

identificando diversas patologias precocemente


como hipotireoidismo congênito, fibrose cística,
anemia falciforme, fenilcetonúria, hiperplasia
congênita da supra-renal, hemocistinúria,
hiperfenilalaninemia, deficiência de globulina
ligadora de tiroxina (TBG) entre outros e, assim,
intervir na patologia detectada, possibilitando mais
rapidamente o processo de cura.

Essa triagem é dividida entre básica e ampliada,


sendo a primeira responsável por detectar quatro
tipos de doença: hipotireoidismo congênito, anemia
falciforme, fibrose cística e fenilcetonúria e a
segunda por detectar as doenças do teste básico e
ainda outras quatro: hiperplasia congênita da supra-
renal; deficiência de globulina ligadora de tiroxina
(TBG); hemocistinúria; hiperfenilalaninemias. FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA A
MUCOVISCIDOSE
HTTP://WWW.ABRAM.ORG.BR/NOTICIAS/TESTE-DO-PEZINHO-SUS

TRIAGEM NEONATAL
AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O TESTE DO PEZINHO BÁSICO E
AMPLIADO.

. O obgetivo deste trabalho é descrever as


doenças do PNTN com ênfase na descrição
genetica e bioquímica e descrever os exames
diagnósticos utilizados. Foram estudadas seis
doenças triadas tais como, fenilcetonúria,
hipotireoidismo congênito, doença falciforme e
outras hemoglobinopatias, fibrose cística,
hiperplasia adrenal congenita e deficiência de
biotinidase. Cada capitulo sera dedicado a uma
doença descrevendo os sintomas, dados
epidemiológicos, etiologia, diagnostico detalhado
e tratamento.

FONTE;HTTPS://SEMPREBEM.PAGUEMENOS.COM.BR/POSTS/SAUDE/CONHECA-A-
EVOLUCAO-GENETICA-DO-TESTE-DO-PEZINHO

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A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

ANEMIA FALCIFORME
DESCRIÇÃO DA DOENÇA HERANÇA DO GENE HBS PELOS PAIS.
A IMAGEM MOSTRA OS PAIS COM TRAÇOS FALCIFORMES (HBS EM HETEROZIGOSE)

PODENDO GERAR FILHOS COM TRAÇOS FALCIFORMES (AS), COM ANEMIA

A anemia falciforme é uma doença genética FALCIFORME (SS) OU SEM QUALQUER DOENÇA FALCIFORME (AA).

autossômica de caráter recessivo que afeta,


principalmente, indivíduos afrodescendentes.
Indivíduos heterozigotos possuem o "traço
falciforme", que na maioria dos casos é
assintomático. É de extrema importância que o
parceiro do indivíduo falciforme ou com traço
realize aconselhamento hematológico para verificar
se há possibiliudiade do casal ter filhos falciformes.

É considerada doença falciforme quando o indivíduo


é homozigoto recessivo, apresentando hemácias no
formato de foice que podem ser facilmente
observadas no esfregaço sanguíneo. São
consequência da doença crises de dor, vasoclusão,
palidez, entre outras.

Não existe cura conhecida para a doença, contudo


algumas práticas podem ser adotadas para melhorar
a qualidade de vida do paciente falciforme: A
hidroxiureia é hoje uma das drogas mais usadas no
tratamento da anemia falciforme por ser capaz de
aumentar a produção de um outro tipo de
hemoglobina, conhecida como hemoglobina fetal
(mais presente no período de vida uterina). Em caso
de complicações, podem ser necessárias transfusões FONTE: HTTPS://BLOG.VARSOMICS.COM/DOENCA-FALCIFORME-A-

sanguíneas. IMPORTANCIA-DA-CONSCIENTIZACAO/

EPIDEMIOLOGIA
Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população mundial é portadora do
gene para Hemoglobinopatias, e a cada ano nascem 250.000 a 300.000 pessoas com a doença falciforme
(DF) em todo o mundo. Estima-se que essa hemoglobinopatia afeta aproximadamente 30.000 a 50.000
brasileiros, e que anualmente, de 1.000 a 3.500 crianças nascem com a doença.
Dentre os estados brasileiros, os que possuem as maiores prevalências da doença são Bahia, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, respectivamente.
ESTADOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE DF
A IMAGEM MOSTRA OS ESTADOS BRASILEIROS QUE

POSSUEM, PROPORCIONALMENTE, OS MAIORES

ÍNDICES DE ANEMIA FALCIFORME

FONTE: HTTPS://WWW.MEDICINA.UFMG.BR/WP-CONTENT/UPLOADS/SITES

/7/2018/10/INFOGRAFICO-JORNALISMO-ANEMIA-FALCIFORME-01.JPG 4
ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

ETIOLOGIA
MUTAÇÕES NO GENÓTIPO E FENÓTIPO DA HBS
A IMAGEM DESCREVE, DA MUTAÇÃO NOS AMINOÁCIDOS À

EXPRESSÃO DAS HEMÁCIAS, O CICLO DA ANEMIA FALCIFORME

A causa da doença falciforme é uma HEMÁCIA HEMÁCIA


NORMAL FALCIFORME
mutação pontual no gene β da
hemoglobina, que acarreta a substituição
do códon GAG para GTG, resultando na
troca do Glutamato (Glu) por Valina (Val).
Essa substituição produz uma molécula HEMOGLOBINA

NORMAL
anormal chamada hemoglobina S (do
inglês Sickle), que promove a modificação HEMOGLOBINA ALTERADA, FORMANDO

CADEIAS LONGAS E INFLEXÍVEIS


estrutural da hemácia para um formato de
foice, podendo resultar em vasoclusão.
HEMÁCIA HEMÁCIA
NORMAL FALCIFORME

A vasoclusão repercute no quadro clínico da


doença falciforme, que inclui fortes crises
de dor provocadas pela obstrução de
pequenos vasos sanguíneos e afeta
diretamente a vida do paciente falciforme.

FONTE: HTTPS://SICKLE-CELL.COM/CAUSES

SINTOMAS
Crise de dor: É o sintoma mais freqüente da doença falciforme, causado pela obstrução de pequenos
vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas
articulações, podendo, porém atingir qualquer parte do corpo. Essas crises têm duração variável e
podem ocorrer várias vezes ao ano. Geralmente são associadas ao tempo frio, infecções, período pré-
menstrual, problemas emocionais, gravidez ou desidratação;

Síndrome mão-pé: Nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos
sanguíneos das mãos e dos pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local;

Infecções: As pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as
crianças podem ter mais pneumonias e meningites.

Úlcera de Perna: Ocorre mais frequentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As
úlceras podem levar anos para a cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início do seu
aparecimento. Para prevenir o aparecimento das úlceras, os pacientes devem usar meias grossas e
sapatos;

Sequestro do Sangue no Baço: O baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme,
o baço pode aumentar rapidamente por seqüestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à
morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da
doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial.

ÚLCERA DE PERNA
SÍNDROME MÃO-PÉ
EM PACIENTE FALCIFORME

FONTE: HTTPS://WWW.SANARMED.COM/ARTIGOS-

FONTE: HTTPS://WWW.MEDICALZONE.NET/PEDIATRIC-

CIENTIFICOS/DIFERENCAS-CLINICAS-ENTRE-GEMEAS-

DEFINITION---FANCONI-ANEMIA.HTML
IDENTICAS-COM-ANEMIA-FALCIFORME 5
ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
O diagnóstico dessa hemoglobinopatia é bastante complexo, por isso um diagnóstico precoce é
importante para um tratamento mais completo. Os exames mais utilizados para a determinação dessa
patologia são: Hemograma, Teste de falcização, Teste de Solubilidade, Eletroforeses, Focalização Isoelétrica,
Imunoensaio, Diagnóstico em Neonatos, dosagem de Hemoglobina Fetal e Hemoglobina A2.

TESTE DE ELETROFORESE
Eletroforese: A eletroforese de hemoglobina é usada como
diagnóstico pré-natal para identificar os diferentes tipos de
hemoglobina que podem ser encontrados no sangue. A
eletroforese baseia-se na migração de íons de acordo com
um campo elétrico, e as proteínas são carregadas
negativamente e migram para o eletrodo positivo por atração
eletrostática FONTE: HTTP://WWW.HEMOGLOBINOPATIAS.

COM.BR/HEMOGLOBINOPATIAS/ANALISES.HTML

VISTA DE HEMÁCEAS COM MORFOLOGIA

ALTERADA EM MICROSCÓPIO ÓPTICO

Teste de Falcização: Avaliação qualitativa para determinar a


presença ou ausência de hemoglobina S (HbS) nas hemácias.
Devido à baixa resolução, o teste falciforme é o menos
indicativo, pois não consegue diferenciar genótipo de Hb S (Hb
FONTE: HTTPS://REPOSITORIO.FAEMA.EDU.BR/BITSTREAM/12

SS, Hb SF, Hb SC, Hb AS, Hb SD) quando positivo.


3456789/2479/1/TCC%20EDELSON%20COSTA%20DE%20SOUZA.PDF

TESDE DE SOLUBILIDADE DA HEMOGLOBINA

Teste de Solubilidade: Um teste baseado na insolubilidade da


desoxiemoglobina S, uma vez que a hemoglobina normal é
solúvel. Muitas vezes é usado como teste de triagem ou
confirmatório para HbS em emergências, mas não tem boa
sensibilidade no diagnóstico de recém-nascidos prematuros
porque suas hemácias ainda não são HBF (hemoglobina fetal). FONTE: HTTPS://SISTEMAS.UFT.EDU.BR/PERIODICOS/

INDEX.PHP/PATOLOGIA/ARTICLE/DOWNLOAD/2245/9552/

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ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

ETAPAS DA PCR

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): Um método de


amplificação in vitro de seqüências específicas de DNA,
permitindo a identificação de mutações presentes no
material genético, antes mesmo do nascimento, e análise
das variações dos produtos protéicos.

FONTE: HTTPS://WWW.BIOMEDICINAPADRAO.COM.BR/2011/10

/REACAO-EM-CADEIA-DA-POLIMERASE-PCR.HTML

CROMATOGRAMA DAS HEMOGLOBINAS

Cromatografia líquida de alta performace (HPLC): É uma técnica


molecular que viabiliza a exclusão de anomalias da Hemoglobina. A
HPLC tem a quantificação de Hb A2, Hb F, Hb A, Hb S, Hb C e triagem
para variantes. Na técnica, coloca-se um pequeno volume da amostra
em uma coluna cromatográfica com partículas porosas (fase
estacionária). Então um reagente é dispensado na coluna, fazendo com
que os componentes da mistura desloquem-se através da coluna. As
substâncias com maior afinidade pelo reagente (solvente) movem-se
mais lentamente; já as com menor afinidade movem-se mais
rapidamente. Ao sair da coluna, os componentes passam por um FONTE: HTTPS://WWW.SCIELO.BR/J/RBHH/A/ZC

WFVS36GBCRPGTTGFSHQQY/?LANG=PT
detector que emite um sinal elétrico o qual é registrado, constituindo
um cromatograma.

SAIBA MAIS

O teste do pezinho surgiu nos anos 1960 nos Estados Unidos. O


Brasil possui registros de programas de aconselhamento genético
desde a década de 1950, No entanto, os Programas de Triagem
Neonatal começaram somente em 1976. Em 1992, o Ministério da
Saúde criou o Comitê de Hemoglobinopatias, responsável pelas
primeiras medidas de divulgação e de normatização do
tratamento dessas doenças em nosso país.

RODRIGUES, D. DE OW, ET AL. "HISTÓRIA DA TRIAGEM NEONATAL PARA DOENÇA


FALCIFORME NO BRASIL–CAPÍTULO DE MINAS GERAIS." REV MED MINAS GERAIS 22.1
(2012): 1-128.

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ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

TRATAMENTO

Apesar de não ter cura, existem fatores que podem aumentar a qualidade de vida e longevidade do
paciente falciforme. Os tratamentos incluem medicamentos, transfusões de sangue e, raramente,
transplante de medula óssea.

Medicamentos podem ser divididos em analgesiantes, sendo os principais opióides e antiinflamatórios


não esteroidais. Outro medicamento muito comum na rotina do falciforme é a Hidroxiuréia, um
quimioterápico oral que é capaz de aumentar os níveis de hemoglobina fetal, quem em altos níveis de
elevação provoca a diminuição da polimerização de hemácias defeituosas diminuindo o risco de
vasooclusão. Podem ser utilizados outros medicamentos como protocolo para evitar ou tratar
complicações como ácido fólico, quelantes de ferro, dentre outros. É importante salientar que somente
médicos podem diagnosticar a doença e nenhum medicamento deve ser usado sem indicação e
orientação do profissional habilitado.

Um dos testes realizados para detecção precoce, o Programa Nacional de Triagem Neonatal Biológica
é extremamente benéfica para o paciente. Quando descoberta a doença, o bebê deve ter
acompanhamento médico adequado baseado num programa de atenção integral realizado pelo SUS.
Nesse programa, os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários
profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o doente a descobrir
rapidamente os sinais de gravidade da doença, a tratar adequadamente as crises e a praticar medidas
para sua prevenção.
MÚLTIPLOS EFEITOS BENÉFICOS DA HIDROXIUREIA NA DOENÇA FALCIFORME

(1) INDUÇÃO DA HB FETAL POR MEIO DA ATIVAÇÃO DA GUANILATO CICLASE ALTERANDO A CINÉTICA DOS
PRECURSORES ERITRÓIDES; (2) BAIXOS VALORES DE NEUTRÓFILOS E RETICULÓCITOS POR INIBIÇÃO DA
RIBONUCLEOTÍDEO REDUTASE E CITOXICIDADE DA MEDULA; (3) DIMINUIÇÃO DA ADESIVIDADE E MELHORA
DA REOLOGIA DOS NEUTRÓFILOS E RETICULÓCITOS CIRCULANTES; (4) REDUÇÃO DA HEMÓLISE PELA
MELHOR HIDRATAÇÃO DOS ERITRÓCITOS, MACROCITOSE, E REDUÇÃO DA FALCIZAÇÃO; (5) O ÓXIDO
NÍTRICO (NO) É LIBERADO E COMO POTENTE VASODILATADOR LOCAL, MELHORA A RESPOSTA VASCULAR

FONTE: HTTPS://REPOSITORIO.UNESP.BR/HANDLE/11449/111001

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REFERÊNCIAS

1. GALIZA NETO, Gentil Claudino de; PITOMBEIRA, Maria da Silva. Aspectos moleculares da anemia

falciforme. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 39, p. 51-56, 2003.

2. CANÇADO, Rodolfo D.; JESUS, Joice A. A doença falciforme no Brasil. Revista Brasileira de Hematologia e

hemoterapia, v. 29, p. 204-206, 2007.

3. DA SILVA, Neila Caroline Henrique et al. Principais técnicas para o diagnóstico da anemia falciforme:

uma revisão de literatura. Caderno de Graduação-Ciências Biológicas e da Saúde-UNIT-PERNAMBUCO, v. 3,

n. 2, p. 33-33, 2017.

4. LOBO, Clarisse; MARRA, Vera Neves; SILVA, Regina Maria G. Crises dolorosas na doença falciforme. Revista

Brasileira de hematologia e hemoterapia, v. 29, p. 247-258, 2007.

5. https://portal.fiocruz.br/noticia/anemia-falciforme-hidroxiureia-diminui-ativacao-de-celulas-de-defesa

6. https://revista.abrale.org.br/hidroxiureia-como-funciona-e-quando-usar/

7. https://bvsms.saude.gov.br/anemia-falciforme/

8. https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/sangue/programa-nacional-da-triagem-neonatal

CONTRIBUIÇÃO

Amanda Pezzini Martins,

Ana Luíza Nogueira Costa,

Ana Luiza Sena Costa Brant,

Joana D’Arc Souza Rodrigues,

Helena Cristina dos Anjos Martins,

Otilha Maria Alves Fernandes,

Victor Matheus Costa Alves.

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A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

FENILCETONÚRIA
DESCRIÇÃO DA DOENÇA
FIGURA 1: CARACTERIZAÇÃO DA HERANÇA
A fenilcetonúria (PKU - do inglês, phenilketonuria A IMAGEM EXEMPLIFICA COMO OCORRE A HERANÇA DO GENE
DEFEITUOSO
[OMIM: 261600]) é uma entre as 300 doenças
hereditárias causadas pela desordem dos processos
bioquímicos celulares. É considerada um dos erros
inatos do metabolismo, onde o defeito metabólico —
gerado geralmente da enzima fenilalanina
hidroxilase (PAH) — leva a não conversão do
aminoácido fenilalanina (Phe) em tirosina (Tyr),
importante na produção de neurotransmissores.
Com isso, provoca o acúmulo de fenilalanina no
sangue e excreção urinária de ácido fenilpirúvico,
que atribui odor desagradável característico.

É uma enfermidade caracterizada por padrão de


herança autossômica recessiva, como exemplificado
na Figura 1, sendo que os indivíduos afetados são
homozigotos recessivos (genótipo aa), filhos de pais
portadores obrigatórios do genótipo heterozigoto
(Aa). Por se tratar de uma doença com alteração em
cromossomos autossômicos, pode afetar ambos os
sexos de maneira semelhante. 97% dos casos de
PKU são resultantes de mutações no gene PAH,
sendo que os outros 3% são deficiências do cofator, a REFERÊNCIA: HTTPS://RETINABRASIL.ORG.BR/OS-TRES-
tetraidrobiopterina (BH4). PRINCIPAIS-PADROES-DE-HERANCA/

ETIOLOGIA

A fenilcetonúria é causada por mais de 1.180 mutações diferentes no gene (figura 2) que codifica a enzima
fenilalanina hidroxilase, presente no braço longo (q) do cromossomo autossômico 12 (12q22–24.1).
Esse gene é composto por 13 exons e codifica um polipeptídeo que contém 452 aminoácidos .

FIGURA 2: O GENE AFETADO


REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DO GENE AFETADO (PAH) NO CROMOSSOMO 12.

REFERÊNCIA: GOMES, K. ET AL. NOVAS ABORDAGENS PARA O TRATAMENTO DA FENILCETONÚRIA: AVALIAÇÃO


EM MODELOS CELULARES DE FORMULAÇÕES DA FENILCETONÚRIA HIDROXILASE HUMANA. 2016.
DISPONÍVEL
EM:HTTPS://REPOSITORIO.UL.PT/BITSTREAM/10451/26534/1/ULFC120723_TM_K%C3%A1TIA_GOMES.PDF

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A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

EPIDEMIOLOGIA

Mundialmente, estima-se que 0.45 milhões de indivíduos possuam fenilcetonúria, com prevalência global
de um afetado a cada 23.930 nascidos vivos. Essa prevalência varia entre diferentes regiões e etnias.
No continente europeu é encontrada uma maior prevalência, com representantes como Itália (1 caso a cada
4.000 nascidos vivos) e Irlanda (1 caso a cada 4.545 nascidos vivos). Em seguida, a região do Oriente Médio,
onde encontram-se Irã e Jordânia (1:5000). As Américas do Norte e do Sul apresentam taxas menores:
Canadá (1:15.000), Estados Unidos (1:25.000) e México (1:27.778), Argentina (1:15,715), Chile (1:19,231) e Brasil
(1:25,000).
As menores taxas registradas são encontradas em países asiáticos, Tailândia (1:227,273), Japão (1:125,000),
Filipinas (1:116,006) e Singapura (1:83,333). A figura 3 apresenta as taxas de prevalência no contexto mundial.

FIGURA 3: PREVALÊNCIA DA FENILCETONÚRIA NO MUNDO


A IMAGEM APRESENTA AS TAXAS DE CASOS DA DOENÇA EM DIVERSOS PAÍSES.

REFERÊNCIA: THE GENETIC LANDSCAPE AND EPIDEMIOLOGY OF PHENYLKETONURIA. AM J HUM GENET. 2020
DISPONÍVEL EM: HTTPS://PUBMED.NCBI.NLM.NIH.GOV/32668217/
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SINTOMAS

Na fenilcetonúria, o excesso de fenilalanina é desviado para uma via metabólica alternativa, na qual são
produzidos compostos secundários, como os ácidos fenilpirúvico, feniláctico e fenilacético, que são
considerados neurotóxicos, ou seja, provocam danos ao sistema nervoso. A fenilalanina e seus
metabólitos tóxicos são acumulados, principalmente, no sistema nervoso central, levando a PKU clássica,
leve ou HPA não PKU (também chamada de HPA benigna), como demonstrado na Figura 4.

FIGURA 4: EFEITOS DO ACÚMULO DE FENILALANINA


A IMAGEM DESCREVE POTENCIAIS MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELA DEFICIÊNCIA NEUROCOGNITIVA OBSERVADAS
NOS PORTADORES DE PKU. (BBB) BARREIRA HEMATO ENCEFÁLICA, (LAT1) TRANSPORTADOR DE AMINOÁCIDOS L DO
TIPO I, (LNAA) AMINOÁCIDOS NEUTROS DE MAIOR MASSA MOLECULAR.

REFERÊNCIA: GOMES, K. ET AL. NOVAS ABORDAGENS PARA O TRATAMENTO DA FENILCETONÚRIA: AVALIAÇÃO


EM MODELOS CELULARES DE FORMULAÇÕES DA FENILCETONÚRIA HIDROXILASE HUMANA. 2016.
DISPONÍVEL
EM:HTTPS://REPOSITORIO.UL.PT/BITSTREAM/10451/26534/1/ULFC120723_TM_K%C3%A1TIA_GOMES.PDF

Esse acúmulo de substâncias tóxicas prejudiciais ao SNC provoca sintomas como deficiência intelectual
severa, epilepsia, problemas psicomotores (ataxia: dificuldade na função motora) e de conduta
(irritabilidade, distúrbios de atenção e aprendizagem, hiperatividade), microcefalia (figura 5). Ainda, a
fenilcetonúria pode provocar hipopigmentação de pele e cabelo (figura 6), eczema, odor desagradável na
urina
FIGURA 5: MICROCEFALIA
FIGURA 6: INDIVÍDUO COM FENILCETONÚRIA
DIMINUIÇÃO DO TAMANHO NORMAL DO CRÂNIO DEVIDO
APRESENTANDO HIPOPGMENTAÇÃO DA PELE E
AO DESENVOLVIMENTO ANORMAL DO CÉREBRO
CABELOS

REFERÊNCIA: FENILCETONÚRIA - PKU | SAÚDE E A QUÍMICA DA


REFERÊNCIA: HTTPS://DOUTORNUBERTO.COM.BR/MICROCEFALIA/
CÉLULA HUMANA (SAUDECELULAHUMANA.BLOGSPOT.COM)

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MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
Para evitar sequelas irreversíveis, o diagnóstico da fenilcetonúria deve ser precoce, idealmente através de
programas de Triagem Neonatal. A triagem é realizada através da dosagem quantitativa da Fenilalanina no
sangue, obtida de amostras colhidas em papel filtro. Para que o aumento desse aminoácido possa ser
detectado, é fundamental que a criança tenha ingerido proteínas, portanto é recomendado que a coleta
seja feita após 48 horas do nascimento. Nesse momento, mesmo crianças de risco, que ainda não tiveram
contato com leite materno, podem colher material desde que estejam sob dieta rica em aminoácidos
essenciais.

Os métodos laboratoriais utilizados para avaliar o nível de fenilalanina são: espectrometria de massa em
tandem, cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC), cromatografia gasosa e fluorimetria.

Espectrometria de massa em Tandem (figura 7): as moléculas existentes na amostra biológica são
convertidas em íons em fase gasosa, e posteriormente estes íons são separados no espectrômetro de
massas de acordo com sua razão massa (m) sobre a carga (z), m/z, permitindo a identificação e
quantificação do metabólito analisado, nesse caso, a fenilalanina.

FIGURA 7: ESPECTROMETRIA DE
MASSA EM TANDEM

REFERÊNCIA: HTTPS://TESTEDABOCHECHINHA.COM.BR/TESTE-
DA-BOCHECHINHA-ESPECTROMETRIA-DE-MASSAS-EM-TANDEM-
MS/

Cromatografias (líquida de alto desempenho e gasosa): A cromatografia é uma técnica utilizada para a
análise, identificação e separação dos componentes de uma mistura. É definida pela separação dos
componentes na interação desses com a fase estacionária e com a fase móvel; líquido-líquido (alto
desempenho; figura 8) e gás-líquido (gasosa; figura 9)
FIGURA 8: CROMATOGRAFIA LÍQUIDA FIGURA 9: CROMATOGRAFIA GASOSA

REFERÊNCIA: HTTPS://FREITAG.COM.BR/BLOG/O-QUE-E-A- REFERÊNCIA:HTTPS://WWW.DCTECH.COM.BR/ENTENDENDO-UM-


CROMATOGRAFIA-LIQUIDA-DE-ALTA-EFICIENCIA/ SISTEMA-DE-CROMATOGRAFIA-GASOSA-CG/
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ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

Fluorimetria (figura 10): técnica de análise que determina a quantidade ou concentração de uma
determinada substância na amostra medindo a intensidade da luz emitida por um fluoróforo em um
aparelho chamado espectrofotômetro.

FIGURA 10: ANÁLISE FLUORIMÉTRICA

REFERÊNCIA:HTTPS://TESTEDABOCHECHINHA.COM.B
R/FLUORIMETRIA/

É possível também diagnosticar por meio análise molecular, onde o gene PAH é sequenciado para detecção
da origem da mutação, e essa genotipagem pode favorecer a correlação entre a gravidade clínica e a
instituição do melhor tratamento à cada caso.

TRATAMENTO
Não existe uma cura para a fenilcetonúria, mas quando iniciado após diagnóstico precoce, o tratamento,
quando iniciado até os primeiros três meses de vida, pode garantir a ausência de sequelas mais graves e
consequentemente, melhor qualidade de vida para o indivíduo. É realizado em duas etapas: dieta e uso
de fórmulas metabólicas. A dieta deve conter baixo teor de fenilalanina, pois a Phe é um aminoácido
essencial ao corpo humano, logo deve estar presente nem que seja em pequenas quantidades, com o
consumo de alimentos pobres em proteínas (como vegetais e frutas) e uso de fórmula metabólica rica em
aminoácidos.

O tratamento é multidisciplinar: necessita de supervisão por nutricionistas especializados e pediatras, com


avaliações clínicas, bioquímicas, estado nutricional, mudanças fisiológicas e fisiopatológico que podem
indicar o aumento ou redução da fenilalanina no sangue.

FIGURA 11: COLETA DE SANGUE NO TESTE


DO PEZINHO

SAIBA MAIS

A fenilcetonúria é, dentre
os erros inatos do
metabolismo, o mais
comum, com mais de
1.180 variações no gene REFERÊNCIA:HTTPS://CORDEIROPOLIS.CORDEROVIRT
UAL.COM.BR/NOTICIAS/14404/SAUDE/NO-DIA-

PAH já registradas. NACIONAL-DO-TESTE-DO-PEZINHO-APAE-LIMEIRA-


ALERTA-PARA-EXAME

Hillert, Alicia et al. “The Genetic Landscape and Epidemiology of Phenylketonuria.” American journal of
human genetics vol. 107,2 (2020): 234-250. doi:10.1016/j.ajhg.2020.06.006

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ANEMIA FALCIFORME A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

REFERÊNCIAS
1. HILLERT A. et al. The Genetic Landscape and Epidemiology of Phenylketonuria. American journal of
human genetics v. 107, p. 234-250. 2020

2. SANTOS, M.; HAACK, A.. Fenilcetonúria: diagnóstico e tratamento. Com. Ciências Saúde, v. 23, n. 4, p. 263-
270, 2012.

3. PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S.; ENGEL, R. G. Química orgânica experimental: técnicas de escala
pequena . 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

4.VAN SPRONSEN, F. et al. Phenylketonuria. Nature reviews. Disease primers v. 71, p.36. 2021.

5.DE MARQUI, Alessandra Bernadete Trovó. Fenilcetonúria: aspectos genéticos, diagnóstico e tratamento.
Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 15, n. 4, p. 282-288, 2017.

6. GOMES, Kátia Cristina Morais Soares et al. Novas abordagens para o tratamento da fenilcetonúria:
avaliação em modelos celulares de formulações da fenilcetonúria hidroxilase humana. 2016. Tese de
Doutorado.

7. MONTEIRO, Lenice Teresinha Bussolotto; CÂNDIDO, Lys Mary Bileski. Fenilcetonúria no Brasil: evolução e
casos. Revista de Nutrição, v. 19, p. 381- 387, 2006.

8. COSTA, Roseli Divino, et. al. IDENTIFICATION OF MUTATIONS IN THE PAH GENE IN PKU PATIENTS IN THE
STATE OF MATO GROSSO. Revista Paulista de Pediatria, v. 38, 2020.

9. RAMALHO, Antônio R. O; AGUIAR-OLIVEIRA, Manuel H. Avaliação da eficiência e desfecho da triagem e


manejo da PKU no Estado de Sergipe, Brasil. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, v. 58.
2014.

10. Programa Nacional de Triagem Neonatal, Ministério da Saúde. 2021 Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/sangue/programa-nacional-da-triagem-
neonatal/fenilcetonuria-pku

11.COSTA, Roseli Divino, et. al. IDENTIFICATION OF MUTATIONS IN THE PAH GENE IN PKU PATIENTS IN THE
STATE OF MATO GROSSO. Revista Paulista de Pediatria, v. 38, 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rpp/a/xMFgpLvfzcmB7P6nzbN4zRK/?lang=en. Acesso em: 18 set. 2022.

12. RAMALHO, Antônio R. O; AGUIAR-OLIVEIRA, Manuel H. Avaliação da eficiência e desfecho da triagem e


manejo da PKU no Estado de Sergipe, Brasil. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, v. 58. 2014.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/abem/a/7QPczgDYR87QhJnsfZSz6xj/?lang=en. Acesso em: 18 set. 2022.
CONTRIBUIÇÃO
Bruno Vieira de Oliveira,

Carla Rebeca Coelho Vieira,

Morgana Alves Maia,

Rafaela Nayara Souza Silva,

Sarah Pales de Pádua Pradino,

Vinícius Augustus Liberato Gomes

Pedrosa.
14
A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

FIBROSE CÍSTICA
INTRODUÇÃO

A fibrose cística (FC) é a doença genética mais PEDIATRA SUIÇO GUIDO FANCONI

frequente em populações brancas (descendentes de


Caucasianos), atingindo ambos os sexos. É uma
doença cujo problema está localizado em um dos
cromossomos do DNA.

Uma das menções mais antigas atribuídas a Fibrose


Cística é no folclore europeu por volta dos séculos
XVIII ou XIX (FIRMIDA, Mônica, LOPES, Agnaldo, 2011).
A lenda diz que crianças que, quando beijadas na
fronte, tivessem sabor salgado morreriam
precocemente. Esse gosto salgado na criança
provavelmente era devido a alta concentração de sal
no suor da mesma, uma das características
principais para o diagnóstico da Fibrose Cística. Mas
somente há pouco mais de 70 anos a doença foi FONTE: HTTPS://EN.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/GUIDO_FANCONI

oficialmente reconhecida.

Em 1936, Fanconi descreveu o caso de uma criança


portadora de síndrome celíaca com alterações
pancreáticas que diferia da doença celíaca clássica,
pois apresentava sintomas pulmonares e intestinais.
Ao longo dos anos, Fanconi formulou uma hipótese
da etiologia da doença e propôs a normalização do
seu tratamento.

DESCRIÇÃO DA DOENÇA

A fibrose cística é uma doença genética rara que se dá principalmente no pulmão,


para a qual atualmente não há cura. Também conhecida como mucormicose, a
Fibrose Cística, causa secreções de muco no pulmão extremamente pegajoso,
essas secreções são mais espessas que o normal e são difíceis de eliminar,
podendo causar vários problemas nos pacientes afetados. Além de afetar os
pulmões, a FC afeta as secreções do pâncreas e do sistema digestivo.

A Fibrose Cística é uma doença genética autossômica recessiva, assim, é passada


de pais portadores, ou carregadores, para seus filhos. Não é uma doença
infecciosa. Apesar de rara, a fibrose cística é uma das doenças raras mais comuns
no Brasil. De acordo com o Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC), um a
cada 10 mil nascidos vivos são afetados pela doença.

15
FIBROSE CÍSTICA A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
A Fibrose Cística é um distúrbio genético monossômico com alteração no cromossomo 7. Dispondo de
1.872 mutações registradas nas bases de dados. Tem como frequência populações de origem
Caucasiana tais quais as da Europa, América do Norte e Austrália. Afeta cerca de 70.000 pessoas em
todo o mundo. Na União Europeia, 1 em cada 2.000 a 3.000 recém-nascidos são afetados , nos EUA, esta
frequência é de 1 em cada 3.500, no sul da África, 1 em cada 42 pessoas são carreadoras e a incidência é
estimada em 1 a cada 7.056 indivíduos (FIRMIDA, LOPES, 2011). Em países com população heterogênea a
incidência da Fibrose Cística é menor por consequência da grande mistura étnica.

Os avanços das últimas décadas vêm mudando o cenário da doença, que anteriormente consideravam
um distúrbio letal, atualmente os seus portadores já possuem uma realidade melhor podendo viver até
os 50 ou 60 anos. Quanto mais cedo o paciente tem acesso a tratamento e acompanhamento em
centros especializados, melhor tende a ser sua sobrevida e maior a chance de se promover qualidade de
vida.

PAÍSES COM MAIOR INCIDÊNCIA DA DOENÇA

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

ETIOLOGIA

A fibrose cística é uma doença monogênica autossômica LOCALIZAÇÃO DO GENE CFTR

recessiva. A etiologia dessa doença é determinada pelo


gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator),
localizada do braço longo do cromossomo 7, que é
dividido em 27 exons representando cerca de 5% do DNA
genômico (Reis FJC et al, 2018). Ele codifica um RNAm que
é transcrito em uma proteína de 1480 aminoácidos,
também determinada CFTR. Esse gene pode ter mais de
1800 mutações, sendo a mais frequente a p.Phe508del,
também conhecida como DF508, ela está presente em
66% dos alelos em estatística mundial. Esta é uma
mutação que afeta o processamento da proteína CFTR,
impedindo-a de chegar à membrana celular e atuar como
FONTE: ALTERADO DE BIO.MIAMI.EDU E BLOG.VARSOMICS.COM
um canal de Cl–.

A DF508 é uma deleção de 3 pb no éxon 10 do gene CFTR, que ocasiona a perda da fenilalanina na
posição 508 da proteína. A proteína CFTR com DF508 é produzida, mas seu transporte para a
membrana celular não ocorre, pois ela apresenta dobramento incorreto (Saraiva-Pereira ML et al, 2011).

16
FIBROSE CÍSTICA A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

DIAGNÓSTICO

COLETA DA AMOSTRA DE SANGUE PARA A


Teste do pezinho: Ao nascer, os pacientes fibrocísticos TRIAGEM NEONATAL

apresentam uma quantidade elevada de tripsina, e ela se


mantém assim durante os 30 primeiros dias de vida do
recém-nascido. Na triagem neonatal, emprega-se uma
dosagem de tripsina imunorreativa (IRT) e ela detecta a
tripsina presente. Em caso de exame alterado é necessário
realizar uma nova coleta duas semanas após a primeira.
Caso essa amostra também esteja alterada, o paciente é
encaminhado para realizar o teste de suor pelo método
de Gibson&Cooke.

FONTE: HTTPS://WWW.GUIADENITEROI.COM/

EXAME CONFIRMATÓRIO NA IDENTIFICAÇÃO DA


FIBROSE CÍSTICA - TESTE DO SUOR
Teste do Suor: A análise da concentração dos íons Na
e Cl20 no suor do paciente é considerada como um
método ouro no diagnóstico da fibrose cística. A
produção de suor é estimulada por uma e iontoforese
de pilocapina, processo que consiste na aplicação de
uma corrente elétrica leve à pele, servindo para
aumentar temporariamente sua permeabilidade, o
que permite que a pilocapina passe através do que
normalmente seria uma barreira. Os resultados com
uma concentração de cloro >60 mmol/L são
considerados diagnóstico de fibrose cística até prova
do contrário. É necessário repetir o teste em ocasiões
FONTE: HTTPS://UNIDOSPELAVIDA.ORG.BR/
diferentes para confirmar o diagnóstico.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Tanto os sintomas, quanto a gravidade, da Fibrose Cística podem variar de pessoa para pessoa, devido
ao fato de que parte dos sintomas é baseado no tipo de mutação presente no gene, podendo haver
mais de 1000 tipos diferentes de mutação para esse determinado gene.

O gene defeituoso acarreta disfunção de uma proteína que se situa na membrana apical das células
epiteliais de muitos órgãos do nosso corpo, como as do trato respiratório, de glândulas submucosas e
do pâncreas exócrino. Essa proteína, conhecida como CFTR, tem como principal função ser um canal
de transporte de cloro, regulando o balanço entre íons e água através do epitélio (FIRMIDA et al, 2011).
Com o mau funcionamento da CFTR, não ocorre o balanço entre íons e água eficiente nas células do
corpo, gerando alterações nas propriedades físico químicas do muco, desidratando-o e tornando-o
mais espesso e viscoso. Esse muco hiperconcentrado pode causar uma série de problemas, podendo
obstruir ductos pancreáticos e ductos da árvore brônquica, causando graves infecções crônicas.

17
FIBROSE CÍSTICA A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

Porém, a fibrose cística tem como sintomas MAPA ESQUEMÁTICO DOS PRINCIPAIS SINTOMAS
DA FIBROSE CÍSTICA
mais comuns: pele ou suor de sabor muito
salgado; íleo meconial e obstruções intestinais;
insuficiência pancreática; tosse persistente,
muitas vezes com catarro grosso; presença de
infecções pulmonares frequentes, como a
pneumonia e a bronquite; presença de chiados
no peito ou falta de fôlego causado pelo
acúmulo de muco nos pulmões; crescimento
lento ou baixo ganho de peso, apesar de bom
apetite; presença de diarreia; surgimento de
pólipos nasais; infertilidade; e baqueteamento
digital, que é o alongamento e arredondamento
na ponta dos dedos.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

TRATAMENTO

Apesar de não existir cura para a Fibrose Cística, o tratamento pode aliviar os sintomas e reduzir as
complicações. O tratamento é realizado por uma equipe de profissionais da saúde de diversas áreas,
como médicos (geralmente pneumologistas e gastroenterologistas), enfermeiras, psicólogos,
fisioterapeutas e nutricionistas. Alguns dos métodos de tratamento são:

Drenagem postural - drenagem de secreções pulmonares sob a influência da gravitação. Esse


método é usado para tratar sintomas relacionados às secreções que normalmente se
acumulam nos pulmões dos pacientes de Fibrose Cística;

Suplemento alimentar - preparações alimentares que se destinam a fornecer nutrientes


como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos, que podem estar ausentes ou
não absorvidos em quantidades suficientes na dieta do paciente;

Medicamentos - o uso de medicamentos é muito utilizado no tratamento da FC. Os


antibióticos matam as bactérias, ou impedem o seu crescimento excessivo. A penicilina, por
exemplo, mata bactérias específicas que costumam causar infecções nos portadores da
doença. Os medicamentos para tosse bloqueiam o reflexo da tosse e podem afinar o muco e
limpar as vias aéreas;

Terapia inalatória - a nebulização ajuda a melhorar a respiração, pois consegue fazer com que
a medicação chegue diretamente nos pulmões, podendo alcançar um melhor efeito do
medicamento no órgão;

18
FIBROSE CÍSTICA A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

APARELHO USADO NA TERAPIA DE


Vibração torácica - tratamento com o uso de um VIBRAÇÃO TORÁCICA
dispositivo que vibra o corpo do paciente para a terapia
de desobstrução das vias aéreas com o objetivo de
remover o excesso de muco das vias aéreas pulmonares.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

No entanto, esses tratamentos não são a cura para a Fibrose Cística. Porém, a substituição pulmonar,
através de transplante de órgãos, poderia melhorar os sintomas relacionados aos pulmões. Essa
cirurgia é possível de ser realizada quando disponibilizada pelo SUS.

CONCLUSÃO
O aprimoramento no conhecimento, nas últimas décadas é visivelmente significativo quando falamos
de progresso nos tratamentos e diagnósticos diligentes dos pacientes, especialmente com relação às
terapias gênicas em estudo, a inclusão da dosagem da tripsina imunorreativa (IRT) na triagem neonatal,
possibilitando o diagnóstico precoce da doença e a introdução do tratamento multidisciplinar visando à
prevenção da desnutrição e da deterioração da função pulmonar.

Em suma, atualmente mesmo com o avanço nas pesquisas e nos diagnósticos, a fibrose cística ainda é
conhecida como uma doença rara de pouca divulgação nos meios sociais. E a partir disso, intensificar o
estudo sobre possíveis novas perspectivas de tratamentos para que assim, os portadores da doença
possam observar a possibilidade de melhores condições em sua vivência.

SAIBA MAIS
Lançado em 2019, o filme “A cinco passos de você" conta a
história de um casal de jovens com a doença genética
Fibrose Cística. Will, um dos protagonistas, é portador da
bactéria B, Cepacia. Para evitar contaminação cruzada e
outras complicações causadas pela bactéria, ele precisa
manter pelo menos cinco passos de distância de outros
pacientes, incluindo seu interesse amoroso Stella, devido a
vulnerabilidade que a FC causa nas vias respiratórias dos
afetados. A trama segue mostrando a vida dos
adolescentes e as dificuldades que a doença os causa nos
seus dia-a-dias. Apesar de ter várias menções recentes da
Fibrose Cística na mídia, como no filme, e em estudos, a
doença já era mencionada em contos a mais de cinco
séculos atrás.
FONTE: CBS FILMS

19
FIBROSE CÍSTICA A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

REFERÊNCIAS

1. FIRMIDA, Mônica; LOPES, Agnaldo. Aspectos Epidemiológicos da Fibrose Cística. Revista do Hospital
Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, n.4, p. 12. Dezembro de 2011.

2. ROSA, Fernanda; et al. Fibrose cística: uma abordagem clínica e nutricional. Revista Nutricional,
Campinas, v. 21, n. 6, p. 725. Novembro/Dezembro de 2008.

3. REIS, Francisco; DAMACENO, Neiva. Artigo de revisão: Fibrose cística. Jornal de Pediatria, DOI:
10.2223/JPED.489, v. 74, n. S1, p. 76. Novembro/Dezembro de 1998.

4. FIRMIDA, Mônica; MARQUES, Bruna; COSTA, Cláudia. Fisiopatologia e Manifestações Clínicas da Fibrose
Cística. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, n.4, p. 46. Dezembro de 2011.

5. CABELLO, Giselda. Avanços da Genética na Fibrose Cística. Revista do Hospital Universitário Pedro
Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, n.4, p. 36. Dezembro de 2011.

6. PEREIRA, Maria Luiza; KIEHL, Mariana; SANSEVERINO, Maria Teresa. A GENÉTICA NA FIBROSE CÍSTICA.
Clinical and Biomedical Research, v. 31, n. 2. Junho de 2011.

CONTRIBUIÇÃO

Gabriele Fernanda Batista Penido

Giovanna Melo

Kaillany Silva dos Santos

Lucas Vitorino Missiagia

Millena Faria Ribeiro

Tainá Goulart dos Santos

20
A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

HIPOTIREOIDISMO
CONGÊNITO
O hipotireoidismo congênito (HC) é uma síndrome FIGURA 1-HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
de deficiência de hormônio tireoidiano em recém- T3 e T4, também chamados de triodotironina ou tiroxina, respectivamente,
nascidos, caracterizada pela produção baixa ou são dois hormônios produzidos pela tireoide, a função destes é manter o
mesmo nula do hormônio da glândula tireoide, ou, metabolismo em equilíbrio. Hormônio tíreo-estimulante (T.S.H.) da hipófise,
ocasionalmente, pela resistência à ação deste. A aumenta a produção de hormônios tireóideos.
tireoide é a primeira glândula endócrina que surge

durante o desenvolvimento embrionário, é uma das


glândulas mais importantes do sistema endócrino,
produz os hormônios TSH, T3 e T4 (Figura 1),
responsáveis por regular a função de órgãos
essenciais como o cérebro, coração, fígado e os rins.
Nas crianças, principalmente durante os primeiros
anos de vida, esses hormônios são fundamentais
para o crescimento físico, o desenvolvimento do
cérebro, além das várias funções do organismo.

Quando é originado por razões na própria glândula,


é hipotireoidismo primário, por alterações na
hipófise, hipotireoidismo secundário, e no
hipotálamo, hipotireoidismo terciário (Figura 2). No
hipotireoidismo primário encontramos o TSH
elevado e o T4 baixo, pois quando a tiroide tem um
problema e começa a produzir pouco hormônio, a
hipófise aumenta progressivamente sua produção
de TSH para tentar contornar esse déficit. Se o
problema for central, na hipófise, encontraremos um
TSH baixo por falta de secreção e um T4 também
baixo por falta de estímulo para sua produção. Fonte: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/hipotireoidismo-e-
hipertireoidismo-afetam-desempenho-fisico.ghtml
A doença pode ser esporádica ou ter causa genética.
Pode ser permanente ou transitória e, em alguns Mais informações em: https://youtu.be/Vsw7YAdGynI
casos, sem causa definida.

EPIDEMIOLOGIA
FIGURA 2- TIPOS DE HIPOTIREOIDISMO

O hipotireoidismo congênito possui incidência de 1:2.000


a 1:4.000 crianças nascidas vivas em países com
suficiência iódica, no Brasil varia de 1:2.595 a 1:4.795,
tornando-se o distúrbio endócrino congênito mais
frequente. Os grupos étnicos influenciam diretamente na
prevalência de HC, sendo menor em negros americanos
comparando com hispânicos, além de ser um distúrbio
com maior prevalência entre as mulheres. Crianças com
Síndrome de Down possuem risco 35 vezes maior
hipotireoidismo congênito.
Em Minas Gerais o Nupad é responsável pela realização
da triagem neonatal para hipotireoidismo congênito, entre
1994 e agosto de 2022 mais de 6,8 milhões de crianças
foram triadas e 1651 fizeram o acompanhamento
ambulatorial, com incidência de aproximadamente 1:3500
em nascidos vivos.

Fonte:
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/560
8/hipotireoidismo.htm 21
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

ETIOLOGIA
Tabela 1: Causas e prevalência do HC
As causas mais frequentes de
hipotireoidismo congênito incluem a
disgenesia e defeitos na produção
hormonal (disormonogênese). O
hipotireoidismo congênito (HC) é o
distúrbio endócrino congênito mais
frequente, é uma das principais causas de
retardo mental que pode ser prevenida.
Resulta da deficiência dos hormônios
tireoidianos.
O HC pode ser transitório e resulta de
diversas causas, entre elas estão a ingestão
excessiva (ou deficiente) de iodo pela mãe;
ingestão materna de drogas
antitireoidianas em mães portadoras de
hipertireoidismo; passagem placentária de
anticorpos maternos bloqueadores do
receptor de TSH e esse diagnóstico deve ser
considerado quando houver relato de mais

de um filho com hipotireoidismo transitório Fonte: https://www.nupad.medicina.ufmg.br/wp-content/uploads/2016/12/protocolo_hipo.pdf.


detectado pela triagem neonatal
geralmente perdura 1 a 3 meses até que os
anticorpos desaparecem da circulação.
Estudos mostram que a incidência do HC
pode variar dependendo de etnias,
presença de consangüinidade ou área
geográfica. A frequência é
maior em neonatos brancos do que em
neonatos negros sendo de três a
quatro vezes mais freqüentes no sexo
feminino comparativamente ao
masculino.

O HC pode ser classificado em 4 grupos


principais: hipotireoidismo
permanente esporádico, permanente
primário, permanente hipotalâmico-
hipofisário, e transitório. (Tabela 2)

Fonte:https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-15042009-
140742/publico/Solangecneves.pdf.2008.

22
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

COMO O HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO É HERDADO?

A maioria das formas genéticas do Hipotireoidismo


Congênito Primário possui um padrão de herança
Figura 3: Causas HC
autossômica recessiva. Nesses casos, para ter a
doença, o bebê precisa herdar as duas cópias do
gene alterado, uma do pai e outra da mãe.
Quando a criança herda apenas um gene alterado,
ela é considerada "portadora”. Portadores não têm
sintomas da doença, porém podem passar o gene
alterado para seus filhos.
Em outros casos, quando a doença é causada, por
exemplo, por mutações nos genes PAX8, TSHR e
DUOX2, o hipotireoidismo congênito apresenta
um padrão de herança autossômica dominante.
Isto é, herdar apenas uma cópia do gene alterado
é suficiente para causar a doença.
A alteração genética que causa a doença em um
padrão “dominante” pode não ter sido herdada,
mas ter surgido pela primeira vez na criança. Isso
explica os casos de hipotireoidismo congênito
causados por alterações genéticas e sem histórico
Fonte: Rocha, F.E Quezia, 2022.
familiar.
O padrão de herança depende de qual gene está
alterado.
Vale ressaltar que cerca de 15-20% têm causa
genética conhecida.

SINTOMAS

Os sintomas do hipotireoidismo congênito se manisfesta de forma diferente ao longo do tempo, nas


primeiras semanas podem envolver dificuldade para se alimentar. Do primeiro ao terceiro mês os
sintomas incluem letargia e macroglossia, após o terceiro mês os sintomas se intensificam e ficam cada
vez mais evidente. O déficit de crescimento e problemas relacionados ao sistema nervoso são outros dos
sintomas característicos do hipotireoidismo congênito.

23
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

DIAGNÓSTICO

A identificação do hipotireoidismo congênito (HC) é feita durante exames de triagem neonatal,


normalmente por meio do teste do pezinho (figura 4), em que são coletadas algumas gotas de sangue
do calcanhar do bebê, e que são encaminhadas para o laboratório para que possam ser analisadas

FIGURA 4: COMO É FEITO O TESTE DO PEZINHO

FONTE: CARTAZ TESTE DO PEZINHO - DISPONIVEL EM


HTTPS://WWW.DIAGNOSTICOSDOBRASIL.COM.BR/MATERIAL-
TECNICO/TESTE-DO-PEZINHO-CARTAZ

O teste de triagem neonatal de hipotireoidismo congênito analisa somente a concentração do hormônio


tireoestimulante (TSH) no sangue dos bebês. Quanto maior a elevação do hormônio TSH, indica que
menor está sendo a quantidade de T4 produzido. Pois, o TSH é responsável por estimular e por regular a
quantidade de hormônios produzidos pela glândula tireoide (T3 e T4), garantindo que esses hormônios não
sejam insuficientes nem excessivos. (figura 5)

O teste do pezinho em si não é considerado um exame diagnóstico, por isso os bebês com o Teste do
Pezinho alterado são convocados para uma consulta médica, onde é feito exames laboratoriais.

Para a confirmação do diagnóstico é necessário


FIGURA 5: FUNÇÃO DO TSH (SIMPLIFICADA) realizar a dosagem do hormônio T4 (total e livre) e
do TSH em amostra de sangue.

Os bebês identificados na triagem neonatal, e


tratadas precocemente têm desenvolvimento físico
e intelectual dentro do esperado para a idade.

Caso não seja diagnosticado e tratado


precocemente, a partir da 2ª semana de vida a
deficiência dos hormônios tireoidianos poderá causar
sintomas neurológicos graves no bebê. Pois o T4 é
FONTE: IMAGEM ILUSTRATIVA DA ESTIMULAÇÃO DO TSH - fundamental para o funcionamento do metabolismo.
DISPONIVEL EM
BRASILESCOLA.UOL.COM.BR/BIOLOGIA/TIREOIDE.HTM

24
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

FIGURA 6: FLUXOGRAMA DA TRIAGEM NEONATAL PARA


Aproximadamente cerca de 5%-10% dos casos de HC HC DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL
não são diagnosticados no período neonatal devido à
elevação tardia do TSH.

Por isso, caso o bebê apresente sintomas sugestivos


de HC, recomenda-se realizar a dosagem hormonal
de TSH e T4L, mesmo que tenha apresentado
resultados normais no Teste do Pezinho.

A constatação de um TSH acima de 10µUI/mL, com


T4 livre normal ou diminuído, confirma o
diagnóstico da doença. Bebês com TSH menor que
5,6µUI/ mL têm o diagnóstico de HC descartado., e
são orientadas a suspender o tratamento e recebem
alta do programa. Já aquelas com elevação discreta
do TSH (entre 5,6 e 10 µUI/mL) e T4 livre normal, são
orientadas a suspender o tratamento, mas
permanecem em acompanhamento clínico-
laboratorial rigoroso, sem tratamento
medicamentoso (Figura 6).

Não há cura para o HC, mas quando o diagnostico


por precoce, e tendo o tratamento imediato, pode
impedir a ocorrência do atraso mental.

Saiba mais em: https://www.gov.br/saude/pt-


br/composicao/saes/sangue/programa-nacional-da-triagem-
neonatal
CURIOSIDADE:
Há um exame de triagem neonatal feito para
ajudar a identificar a ocorrência de HC, o Teste
da Bochechinha. É um exame de triagem FONTE: PROTOCOLO DE TRATAMENTO E
ACOMPANHAMENTO CLINICO DE CRIANÇAS COM HC
neonatal genético, capaz de identificar mais DO PTN-MG
de 340 doenças genéticas tratáveis que se
manifestam na infância. Além de
complementar o tradicional teste do pezinho.

SAIBA MAIS SOBRE O TESTE DA HTTPS://TESTEDABOCHECHINHA.COM.BR/O-TESTE-DA-


BOCHECHINHA EM: BOCHECHINHA/
25
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

FIQUE LIGADO! :)

COMO INTERPRETAR UM DIAGNOSTICO DO TESTE


DO PEZINHO?

Tabela 3: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA TRIAGEM NEONATAL NA AVALIAÇÃO DO HIPOTIREOIDISMO CONGENITO

FONTE: HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/_21369C-
DC_HIPOTIREOIDISMO_CONGENITO.PDF

Crianças com mais de 48 horas de vida, e valores de TSH neonatal menores


que 10 mUI/l no sangue total, nenhum seguimento é realizado.

Resultados de TSH entre 10 e 20 mUI/l determinam a solicitação de uma


segunda amostra do calcanhar e, na maioria das vezes, este segundo
resultado virá normal.

Quando o resultado do TSH neonatal for maior que 20 mUI/l, solicita-se que
a criança compareça para consulta clínica e realize testes de função
tireoidiana em amostras de soro. A maioria das crianças com valores de
TSH neonatal maior que 20 mUI/l apresentará a doença.

26
HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

TRATAMENTO
O hipotireoidismo congênito altera a produção do hormônio tireoidiano, por isso o tratamento consiste na reposição
diária deste hormônio. A avaliação sérica de TSH e T4livre, ATPO, TRAB e TG são determinantes para o
estabelecimento da dosagem individual do medicamento. Levotiroxina(L-T4) é a medicação mais indicada para o
tratamento, sendo ofertada já na primeira consulta pós diagnóstico e posteriormente pelos postos de saúde e
farmácias credenciadas.

O monitoramento é realizado através de exame clínico de crescimento, desenvolvimento e dosagens séricas de


T4livre e TSH, de 3 em 3 meses até os três anos e de 6 em 6 após. Aos 3 anos o tratamento costuma ser
interrompido por quatro semanas para aferição das taxas e determinação etiológica do HC.

O objetivo do tratamento é a normalização do TSH e manutenção do T4livre superior a metade do valor de


referência, com atenção especial para os seis primeiros meses. O tratamento bem executado resulta em melhoras
no desenvolvimento, o que não pode ocasionar a interrupção do tratamento, já que o mesmo é o responsável por
esse bom desenvolvimento. O acompanhamento médico e o uso correto da medicação são promordiais para bons
resultados no tratamento.
FIGURA 7: PARÂMETROS PARA TRATAMENTO DE HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO

FONTE: HTTP://WWW.RMMG.ORG/ARTIGO/DETALHES/1855

APRESENTAÇÕES COMERCIAIS DE LIVOTIROXINA DISPONÍVEIS NO BRASIL


(1) EUTHYROX®; (2) LEVOID®; (3) LEVOTIROXINA; (4) PURAN-T4®; (5) SYNTHROID®.

FIGURA 8: MEDICAMENTOS COMERCIALIZADOS

A levotiroxina atua no organismo como o hormônio tireoidiano


tiroxina (T4), regularizando quantidade hormonal no
organismo. A ação de reposição hormonal da levotiroxina
possibilita a continuidade da conversão de T4 em T3,
aproximando as taxas hormonais as recomendadas.

FONTE: GOOGLE IMAGEM

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HIPOTIREOIDISMO A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM NEONATAL NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS

REFERÊNCIAS
ALVES, Ana Lília Vieira, SAVASSI, Eric Aparecido, FERREIRA, Maria Luisa, SILVA,

Nicole Cordeiro da, COSTA, Robson Antonio da. Hipotireoidismo, 2021. Trabalho de conclusão de curso (Curso Técnico em
Farmácia) -- Etec Deputado Salim Sedeh, Leme, 2021.

ANDRADE, Caio Leônidas de et al. Prevalência de sintomas otoneurológicos em indivíduos com hipotireoidismo congênito:
estudo piloto. Cadernos Saúde Coletiva,
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BENEVIDES, Alex Mota et al. Perfil epidemiológico de portadores de hipotireoidismo congênito. Revista Paraense de Medicina,
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CASTRO, Marcos de Paula Ramos; SOARES, João César Castro. Hipotireoidismo. RBM rev. bras. med, 2014.

Ferreira, Ligia Oliva et al. Manifestações fonoaudiológicas relatadas por pais de crianças com hipotireoidismo congênito.
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La Franchi S. Thyroid function in the preterm infant. Thyroid; 1999;9:71-8.

LIMA, F. E.; CABRAL, D. M.; FERREIRA, T. S.; CARDOSO, L. P.; ROMERO, A.; LEÃO, P. O. MACHADO, L. C. S. A
importância do diagnóstico precoce e adesão terapêutica no hipotireoidismo congênito. Curitiba, 2020.

MACIEL, Léa Maria Zanini et al. Hipotireoidismo congênito: recomendações do Departamento de Tireoide da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 57, p. 184-192, 2013.

NASCIMENTO, M. L. Situação atual da triagem neonatal para hipotireoidismo congênito: críticas e perspectivas. Hospital
Infantil Joana de Gusmão, Serviço de Endocrinologia Pediátrica; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Departamento de Pediatria, Florianópolis, SC, Brasil, 2011

Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina.da Universidade Federal de Minas Gerais.
Nupad em números – Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais.

PEDRO, I. G. A.; MAGALHÃES, P. DE S.; REIS, B. C. C. Hipotireoidismo congênito diagnóstico precoce e suas complicações:
uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 12, p. e10365, 30 jun. 2022.

PEZZUTI, Isabela L.; LIMA, Patrícia P. de; DIAS, Vera. Hipotireoidismo congênito: perfil clínico dos recém nascidos
identificados pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais. Jornal de Pediatria, v. 85, p. 72-79, 2009

Schoenmakers N. The genetic basis of congenital hypothyroidism. Endocrinology.org.

CONTRIBUIÇÃO

Esther Mara Maciel Oliveira


Lívia Vitória de Aguiar Oliveira
Maria Laura Gonçalves dos Santos
Paulo Francisco Falcão Almeida
Quézia Emanuelle Ferreira Rocha
Samara Santana Peixoto

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