Você está na página 1de 23

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012

__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
REVENDO A ANEMIA FALCIFORME: SINTOMAS, TRATAMENTOS E
PERSPECTIVAS

Viviane Marques1, Rosani Aperecida Alves Ribeiro de Souza2, Leandro José Ramos3,
Renato André Zan4, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti5.

1. Graduada em Farmácia.
2. Graduada em Odontologia, Doutora em Odontologia Preventiva e Social pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
3. Graduado em Fisioterapia, Mestrando em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela
Universidade Federal do Pará (UFPA).
4. Químico, Mestre em Química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
5. Biólogo, Mestre em Genética e Toxicologia Aplicada pela Universidade Luterana do
Brasil (ULBRA).

RESUMO:
A anemia falciforme é uma enfermidade hereditária resultante de uma mutação no gene da B-
globina que leva à substituição de ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia da
hemoglobina, originando a hemoglobina S. Além da hemólise, a vasooclusão é o achado central
da doença e responsável pelas crises dolorosas. O estudo trata-se de uma revisão bibliográfica,
do tipo exploratório, descritivo transversal, sendo discutido e fundamentado à luz do referencial
teórico pertinente. Foram utilizadas 52 bibliografias, destas 36 (69,22%) são artigos, 03 (5,77%)
livros, 02 (3,85%) dissertações de mestrado, 03 (5,77%) monografias, 02 (3,85%) teses de
doutorado, 03 (5,77%) manuais da área da saúde e 03 (5,77%) sites, onde foram utilizados as
figuras. Cem anos se passaram desde o primeiro diagnóstico da anemia falciforme e ainda hoje a
mesma apresenta uma terapêutica limitada, baseando-se principalmente na profilaxia e no
tratamento individualizado, onde as decisões devem ser compartilhadas com os pacientes e
familiares quanto à preferência por determinada terapia, podendo fazer pouco para a cura efetiva
dos pacientes. É importante ressaltar que as pesquisas têm um valor elevado, e se tratando de
uma doença que acomete em sua grande maioria pessoas de baixa renda e de origem afro
descendente, observa-se que as empresas investem pouco em busca de novas tecnológicas para
a cura da mesma, podendo ser classifica como uma doença negligenciada, visto que outras
enfermidades que tem uma menor prevalência recebem uma maior atenção das autoridades e
investidores, principalmente empresas farmacêuticas que visam em sua grande maioria apenas o
lucro.
Palavras-chave: Anemia falciforme, Hemoglobinopatias, Aconselhamento genético e
Possibilidades.

ABSTRACT
Sickle cell anemia is an inherited disease resulting from a mutation in the B-globin gene that leads
to the substitution of valine for glutamic acid at position 6 of the chain of hemoglobin, causing
hemoglobin S. The study deals with a literature review, exploratory, descriptive transverse, and
discussed in the light of reference relevant theoretical . We used 52 references, 36 of these
(69,22%) were articles, 03 (5,77%) books, 02 (3,85%) masters dissertations, 03 (5,77%)
monographs, 02 (3,85%) Ph.D. Theses, 03 (5,77%) of health manuals and 03 (5,77%) sites. One
hundred years have passed since the first diagnosis of sickle cell anemia and still today it presents
a limited therapeutic, based mainly in prophylaxis and individualized treatment, where decisions
must be shared with patients and family members as to the preference for a given therapy, can do
little to cure effectively the patients. It is important to note that research has a high value, and if

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
treating of disease that affects mostly people of low income african descent and origin, it is
observed that companies invest little in search of new technology to cure the same, can be
classified as a neglected disease, since other diseases that have a lower prevalence receive
greater attention from the authorities and investors, mainly pharmaceutical companies, that aimed
at profit only.
Keywords: Sickle cell anemia, Hemoglobinopathies, Genetic counseling and Possibilities.

1. INTRODUÇÃO se estende durante toda a vida. As


hemácias falciformes são menos
Descrita por Herrick em 1910, a flexíveis que as hemácias normais. As
anemia falciforme é originária da África manifestações clínicas mais frequentes
vindo para a América através do incluem crises dolorosas vaso-oclusivas,
comércio de escravos, disseminando-se síndrome torácica aguda e infecções
heterogeneamente pelo Brasil até bacterianas que levam a internações
metade do século XIX, sendo hoje a hospitalares e morte (LOUREIRO;
doença hereditária mais comum em ROZENFELD, 2005).
nosso país (PERIN, 2002). A persistência hereditária de
A anemia falciforme é uma hemoglobina fetal associada à HbS
anemia hemolítica grave, resultante de diminui a gravidade clínica da anemia
fatores genéticos, no que diz respeito ao falciforme. A hemoglobina fetal (HbF) é
gene da hemoglobina, que resulta da predominante na vida fetal, mas declina
substituição do ácido glutâmico por uma rapidamente após o 6° mê s de vida e
valina na posição 6 da cadeia beta da representa em adultos menos de 1%,
hemoglobina, e com subsequente mas essa proporção pode ser maior em
modificações físico-químicas na indivíduos falciformes para auxiliar no
molécula, ocorre a transformação da transporte de oxigênio (STEINBERG,
hemoglobina normal, denominada 2006; SANTOS, 2009).
hemoglobina A (HbA) em uma As manifestações clínicas que
hemoglobina anormal, denominada os pacientes falcêmicos apresentarão no
hemoglobina S (HbS), caracterizada pela decorrer da vida terminam por lesar
presença de eritrócitos em forma de progressivamente os diversos tecidos e
foice e pela hemólise acelerada órgãos, assim o acompanhamento
(AQUINO; PASSOS, 2008). ambulatorial visa avaliar periodicamente
A manifestação clinica da os diversos órgãos e sistemas, a fim de
doença apresenta grande variabilidade, que precocemente sejam detectadas
ocorre a partir do primeiro ano de vida, e alterações, devendo ser ressaltado junto

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
ao paciente e seus familiares sobre a estudos de revisão, para uma melhor
necessidade da realização dos exames compreensão dos mecanismos e efeitos
de rotina, uma vez que essas alterações ocasionados por essa enfermidade. O
podem se instalar de modo insidioso, presente estudo objetivou realizar uma
sem expressão clínica exuberante revisão bibliográfica sobre a Anemia
(BRAGA, 2007). Falciforme, destacando seus sintomas,
A detecção precoce da anemia tratamentos e perspectivas futuras para
falciforme permitiria o aconselhamento o controle da mesma.
genético, evitar custos para o sistema de
saúde. Na medida em que casais de 2. MATERIAIS E MÉTODOS
risco teriam chance de optarem ou não
por uma gestação, custos com pacientes A presente pesquisa foi
falciformes tais como, tratamento de desenvolvida através de revisão
infecções, de crises álgicas, profilaxia bibliográfica do tipo exploratória
antiinfecciosa, sobrecarga de ferro, custo descritiva transversal baseada em
transfusional entre outros, poderiam ser pesquisa de livros da biblioteca Julio
evitados ou reduzidos. Embora a anemia Bordignon, pertencente à Faculdade de
falciforme tenha sido bastante estudada Educação e Meio Ambiente (FAEMA).
no Brasil em termos de frequência Também foram pesquisados
populacional e de manifestações clínicas artigos em base de dados Scielo
os seus aspectos de saúde pública têm (Scientific Electronic Library Online),
sido pouco enfatizados (BRAGA, 2007). BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e
Diante do exposto fica claro que Google acadêmico, utilizando os
devemos garantir aos indivíduos descritores: anemia falciforme,
falciformes programas de hemoglobinopatias, aconselhamento
conscientização popular e o amplo genético e possibilidades, sendo
acesso à saúde através de uma política realizado o cruzamento entre as
de atenção integral, desde a triagem mesmas. Foram pesquisados artigos nas
neonatal até medidas profiláticas, uma línguas portuguesa e inglesa, contendo
vez que a doença tem significativa conteúdo completo, compreendidos
importância epidemiológica em virtude entre o período de 1997 a 2011, e outros
da prevalência e da morbimortalidade quando necessário devido sua grande
que apresenta e, por isso, tem sido relevância para a pesquisa.
apontada como uma questão de saúde Segundo Salomon (2004) esse
pública, reforçando a importância de tipo de pesquisa trará subsídios para o

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
conhecimento sobre o que foi quando lançados na corrente sanguínea
pesquisado, como e sob que enfoque e por cerca de mais um dia (LOURENZI,
perspectivas foram tratadas o assunto 2006).
apresentado na literatura científica. O grupo heme da hemoglobina
Foram descartados os artigos é sintetizado nas mitocôndrias a partir do
que não correspondem aos objetivos e ácido acético e da glicina, esse ácido
áreas de interesse do trabalho. acético é transformado em succinil-CoA,
Foram utilizadas 52 onde duas dessas moléculas se
bibliografias, destas 36 (69,22%) são combinam com duas moléculas de
artigos, 03 (5,77%) livros, 02 (3,85%) glicina para formar um composto
dissertações de mestrado, 03 (5,77%) pirrólico, que se combinam para formar
monografias, 02 (3,85%) teses de um composto protoporfirínico e uma das
doutorado, 03 (5,77%) manuais da área protoporfirinas, conhecida como
da saúde e 03 (5,77%) sites. Dos 36 protoporfirina IX, se juntam ao ferro para
artigos publicados em periódicos e formar a molécula do heme, que irá
revista, 13 (36,11%) foram em inglês e combinar-se com as cadeias
23 (63,89%) em português, sendo 05 polipeptídicas, denominada globinas,
(13,89%) utilizados devido sua cumprindo assim a função primária da
relevância não estando dentro do hemoglobina, que é o
período definido na metodologia. transporte de O2 dos pulmões para os
tecidos periférico (GUYTON, 2006).
Segundo Lourenzi (2006) as
3. REVISÃO DE LITERATURA cadeias de globinas são sintetizadas
pelos ribossomos, formam subunidades
3.1 PADRÃO DE HERANÇA NA denominadas cadeia hemoglobínica,
ANEMIA FALCIFORME E SEUS onde quatro dessas cadeias ligam-se
FATORES GENÉTICOS frouxamente entre si para formar a
molécula completa de hemoglobina,
3.1.1 Síntese de hemoglobina
onde suas subunidades possuem
pequenas variações, dependendo da
A síntese de hemoglobina
composição de aminoácido da fração
começa nos pró-eritroblastos e
polipetídica, que podem ser
prossegue até o estágio de reticulócitos,
denominadas cadeias alfa, beta, gama e
embora os mesmos ainda produzam
delta.
quantidades diminutas de hemoglobina

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
Durante a vida embrionária as β e δ, e por volta do 6º mês 97% a 98 %
hemoglobinas Gower II (α2 ε2) e da hemoglobina é formada pelo
Portland (ζ2γ2) são detectadas, com o tetrâmero α2β2 (HbA), enquanto a HbA2
início da vida fetal a hemoglobina (α2δ2) está presente em
predominante é a HbF (α2γ2), já após o aproximadamente 2 a 3%, como mostra
nascimento, as cadeias γ é a (Tabela 1) (TORRES; BONINI-
gradualmente substituídas pelas cadeias DOMINGOS, 2005; WATANABE, 2007).

Tabela 1: Tipos de hemoglobinas humana


Prod. no adulto normal
Estágio do Desenvolvimento Hemoglobina Estrutura
(%)
Gower I ζ2ξ2 ***
Vida Embionária Gower II α2ξ2 ***
Portland I ζ2У2 ***
Vida Fetal F α2У2 < 1%
A α2β2 97%- 98%
Idade Adulta
A2 α2δ2 < 3%
Fonte: Perin (2000)

3.1.2 Estrutura da hemoglobina aminoácidos e cadeias tipo não-alfa


normal (beta, delta, gama e épsilon) contendo
146 aminoácidos. Em sua estrutura
Segundo Lorenzi (2006), a também inclui um núcleo prostético de
molécula de hemoglobina é processada ferro, a protoporfirina IX, que forma um
no citoplasma dos eritroblástos, é complexo com um único átomo de íon
constituída por duas partes: a porção ferroso (Fe²+) que possuem propriedade
que contém ferro, denominada heme, e a de receber, ligar e liberar o oxigênio nos
porção protéica, denominada globina. tecidos. (HOLSBACH et al, 2010).
A sua estrutura é de uma As globinas possuem uma
proteína esferóide globular formada por estrutura helicoidal, devido ao rearranjo
quatro subunidades, composta de dois das quatros subunidades que se dobram
pares de cadeias globínicas, para formar uma estrutura quartenária
polipeptídicas, sendo um par tridimensional, dando origem a uma
denominado cadeia alfa com 141

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
molécula globular e funcional. (NAOUM, a1, b1 e a2, b2 importância na
2000). estabilidade da molécula, e os contatos
A (Figura 1) representa os a1, b2 e a2, b1 na movimentação da
contatos intermoleculares entre as molécula durante a oxigenação.
globinas alfa e beta, tendo os contatos (NAOUM, 2000).

Figura 1 – Estrutura quartenária da hemoglobina Fonte: (NAOUM, 2000).

3.1.3 Genética da anemia falciforme hemoglobina S (HbS) (STEINBERG,


2006).
O que caracteriza a anemia A hemoglobina mutante possui
falciforme é a alteração dos genes das propriedades físico-químicas bastante
globinas provocando defeitos diferentes da hemoglobina normal,
hereditários da síntese da hemoglobina. devido à perda de duas cargas elétricas
A mutação no gene da globina é por molécula, apresenta ainda
caracterizada pela substituição de uma solubilidade e estabilidades diferentes,
base nitrogenada (GAG para GTG) no com forte tendência de formar polímeros,
códon que codifica o sexto aminoácido quando na sua forma desoxigenada
da cadeia, originando valina ao invés de (SANTOS, 2009).
ácido glutâmico na superfície da cadeia Em estados de baixa tensão de
beta variante, com consequente oxigênio, ocorre a polimerização da HbS,
modificação da estrutura tridimensional isso ocorre devido à valina ser um
da hemoglobina, originando a aminoácido neutro, permitindo a
aproximação das moléculas de

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
hemoglobina e, consequentemente a anormal desencadeado pela
polimerização em estados polimerização da HbS e possuem maior
desoxigenados, o que não ocorre com possibilidade de se aderirem ao
ácido glutâmico por ser carregado endotélio vascular. Esta aderência
negativamente. Na conformação desoxi decorre da interações entre as células
da HbS, a valina forma um bolso endoteliais e os eritrócitos falcêmicos,
hidrofóbico na cadeia beta que pode com a participação de antígenos de
interagir com a subunidade hidrofóbica superfície celular (CD36 E CD44) e
de outra molécula de HbS vizinha, o que proteínas plasmáticas, e como
não é possível no estado oxigenado, conseqüência da elevada adesão das
sendo assim a membrana é o principal hemácias falcêmicas ao endotélio
espelho onde se refletem alterações vascular dos capilares, ocorre hipóxia
moleculares que estão ocorrendo no tecidual, fato que leva mais moléculas de
interior da célula (ADACHI et al, 1988; HbS ao estado desoxi-HbS, podendo
SANTOS, 2009; NAOUM, 2000). ocorrer oclusão total dos capilares (vaso-
A precipitação da hemoglobina, oclusão) com trombose e formação de
caracterizada pela formação de cristais, fibrose, principalmente no baço, medula
se agravam pelos constantes processos óssea e placenta, com crises dolorosas e
de oxigenação e desoxigenação da lesões crônicas de órgãos.
hemoglobina S, além da ocorrência de
3.1.4 Haplótipos da hemoglobina S
alguns fenômenos como: degradação
oxidativa da HbS, precipitação de corpos
Os segmentos cromossômicos
de Henz, geração de radicais livres.
que contem um agrupamento de genes
Todas essas alterações atuam contra a
da globina tipo beta podem conter
estrutura do citoesqueleto do eritrócito
diferentes sequências de bases
provocando alterações morfológicas em
nitrogenadas ou haplótipos que são
sua estrutura podendo levar a formação
específica para determinadas área
de células em forma de foice, ou na pior
geográfica ou grupos étnicos
situação lesarem a estrutura da
(WATANABE, 2007). O tipo de haplótipo
membrana, fenômeno conhecido como
associado ao gene da HbS têm grande
hemólise (NAOUM, 2000; BANDEIRA,
importância na gravidade clínica da
2006; MOUSINHORIBEIRO et al, 2008).
anemia falciforme, estando relacionado a
Segundo Naoum (2000) os
um quadro clínico e níveis de Hb F
eritrócitos falcêmicos em nível
variados (SILVA; GONÇALVES, 2009).
circulatório, apresentam aspecto rígido e

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
De acordo com (BRASIL, 2002), 25% de chance de gerar ma criança
os haplótipos recebem o nome da região doente, isto é homozigoto SS, portador
em que é mais prevalente: Senegal, de anemia falciforme, não existindo
Benin, Bantu, Camarões e Árabe- predominância em nenhum dos gêneros
Indiano. A doença falciforme associada (FOSTER et al, 1981; BANDEIRA,
aos haplótipos Senegal e Árabe-Indiano 2006).
representa a forma mais branda da
doença seguida pelo haplótipo Benin que 3.2. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA
representa formas com gravidade ANEMIA FALCIFORME
intermediárias e os haplótipos Bantu
desenvolve a forma mais severa da Nas primeiras duas décadas de
doença. vida do portador de anemia falciforme é
No Brasil os haplótipos mais caracterizada por períodos
frequentes encontrados foram Bantu assintomáticos intercalados com
(77%), Benin (30%) e Senegal (3%) períodos de intensa dor, envolvendo
(PERIN et al, 2000). “Como cada diversos órgãos. As manifestações
haplótipo é predominante em uma região iniciam a partir do momento que o nível
da África ou da Ásia, a proporção de de Hb Fetal (HbF) reduz-se a níveis
pacientes com diversos haplótipos inferiores a 30%, com predomínio de
divergem nas diferentes regiões da HbS no sangue, geralmente isso ocorre
América” (BRASIL, 2002). por volta do sexto mês de vida
(POWARS, 1981; BANDEIRA, 2006).
3.1.5 Modo de transmissão genética Na segunda década de vida
aumentam as chances de danos a
Os portadores podem ser órgãos como rins, pulmões e olhos, além
heterozigotos, com a presença de um de acidentes vasculares cerebrais,
único gene afetado, denominado traço problemas cognitivos e priapismo, tendo
falciforme, ou serem homozigotos com a como principais complicações as
presença de dois genes afetados, sendo infecções, principalmente por bactérias
a forma mais grave da doença, em geral encapsuladas, e as crises de
resulta da herança de um gene anormal sequestração esplênica, sem falar nos
do pai e um da mãe (DUCATTI, 2001; episódios dolorosos provocados por
SIQUEIRA et al, 2009). obstrução vascular decorrente da
Sendo o casal portador do traço falcização de hemácias, sendo taxa de
falciforme, a cada gestação eles terão mortalidade alta principalmente nos

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
primeiros 5 anos (POWARS et al, 1981; endoteliais, o que leva a uma diminuição
BANDEIRA, 2006). do fluxo sanguíneo, com subsequente
O fenômeno da vaso-oclusão polimerização da hemoglobina S, ocorre
ocorre, inicialmente, pela adesão das hipóxia tecidual que ocasiona morte
hemácias ao endotélio vascular da tecidual e dor localizada (STEINBERG,
microcirculação, mudanças na fisiologia 1999). As crises dolorosas geralmente
vasomotora e presença de determinados são de início agudo, duram em média de
fatores humorais na região afetada 3 a 5 dias, podendo ocorrer pelo frio,
exercem influência na adesão das desidratação, infecção ou consumo de
células falciformes ao endotélio, álcool, porém a causa da maioria dos
iniciando uma crise vaso-oclusiva. Com episódios não é definida (FABRON
hemácias, plaquetas e leucócitos JÚNIOR, 2001 apud WATANABE, 2007).
aderidos ao endotélio, o fluxo sanguíneo Nas crianças, a primeira
é reduzido, permitindo o afoiçamento das manifestação dolorosa é a dactilite ou
hemácias na própria microvasculatura, síndrome da mão-pé, que é
levando a oclusão dos vasos. Os caracterizada por dor e edema nas
episódios de vaso-oclusão, ao longo do extremidades, esses episódios
tempo, causarão lesões em tecidos, geralmente são autolimitados e podem
órgãos, ossos, articulações e vasos desaparecer espontaneamente,
cerebrais (ENGEL, 2008). ocorrendo antes do primeiro ano de vida,
A obstrução do fluxo sangüíneo confere um risco 2,67 vezes maior de
resulta em hipoxemia tecidual e acidose, doença grave, relativamente àquelas
criando um padrão recorrente para crianças que não a tiveram no primeiro
intensificação da falcização, progressão ano de vida (MILLER et al, 2001; VAN-
da lesão tecidual e acentuação da dor DÚNEM, 2004).
(ENGEL, 2008). O mecanismo desencadeante
As crises dolorosas constituem da dor é sempre complexo, ocorre
a principal causa de morbidade e quando os eritrócitos falcizados, são
hospitalização na anemia falciforme. aprisionados na microcirculação, levando
Iniciam-se por interação entre as células à oclusão do fluxo sanguíneo capilar, o
falcizadas, células endoteliais e que produz hipoxemia e maior grau de
componentes do plasma. Devido a esta falcização, o que produz um acúmulo de
combinação ocorre um estímulo a células que leva ao infarto, inflamação e
vasoconstrição e aderência das necrose tissular (SILVA; SILVA, 2006).
hemácias falcizadas sobre as células

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
A crise aplásica é a mais tratamento definitivo é esplenectomia
comum, sendo, muitas vezes, causada (ÂNGULO, 2003).
por infecção pelo Parvovírus B19, que A Síndrome Torácica Aguda
possui tropismo pelos precursores (STA) é caracterizada pelos sintomas
eritrocitários (WEATHRALL, 1997). como dor torácica, tosse, febre, dispnéia
Na presença de uma anemia com infiltrado pulmonar, sendo sua
hemolítica crônica, acarreta uma queda etiologia relacionada com infecções
abrupta do hematócrito e da contagem virais, por micoplasma ou Chlamydia
de reticulócitos. Manifesta-se por pneumoniae (ENGEL, 2008).
dispnéia, hipotensão, cansaço As causas não infecciosas
acentuado ou insuficiência cardíaca, com incluem o edema pulmonar por hiper-
Hb <5g/dl, podendo ocorrer morte subta hidratação, embolia gordurosa de
por colapso cardiovascular medula óssea infartada e a
(WEATHRALL, 1997). hipoventilação por uso de analgésicos
De acordo com Ângulo (2003) o narcóticos administrados para combater
sequestro esplênico é uma complicação a dor torácica, podendo evoluir
resultante da estagnação aguda das rapidamente para falência respiratória e
células falcizadas nos sinusóides do morte (FABRON JÚNIOR, 1997 apud
baço, que aumenta de volume em 2 cm WATANABE, 2007).
ou mais à palpação, isso resulta em O acidente vascular cerebral
anemia, reticulose e plaquetopenia, (AVC) é uma causa de morbilidade e
ocorrendo principalmente entre os 5 mortalidade na doença de células
meses a 2 anos de idade. falciformes, ocorrendo com uma
Os sintomas manifestados são: incidência de 10 a 25%, e tem elevados
palidez muco-cutânea de instalação índices de recorrência, ocorrendo mais
súbita, acompanhada de distensão e dor frequentemente em crianças entre 3 e 10
abdominal pela esplenomegalia, anos de idade (CLARIDADE;
podendo ocorrer polidipsia, esses MACHADO; FERREIRA, 2007; PAIVA,
episódios variam de intensidade, 2007).
podendo se resolver espontaneamente O acidente vascular cerebral é
ou evoluir a óbito em horas devido agregação das células
(WATANABE, 2007). Devendo ser falciformes, dando origem a rolhões que
tratada com transfusão rápida de ocluem o lúmen dos pequenos vasos,
eritrócitos 10-20ml/kg em uma hora, o geralmente se manifesta com o
aparecimento súbito de um déficit

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
neurológico focal, e eventualmente, com erétil permanente ou amputação do
cefaléia, perda de consciência e membro. O tratamento inicia-se com
convulsões (WATANABE, 2007). hidratação, analgesia intravenosa e uso
Os AVCs de doentes com de ansiolíticos (ÂNGULO, 2003).
anemia falciformes são tratados de
forma particular. A abordagem inicial 3.3 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
destes doentes consiste em
estabilização dos sinais vitais, A triagem neonatal (TN) é uma
hidratação, transfusão de troca, a fim de ação preventiva que permite detectar
reduzir a concentração de HbS <30% diversas patologias, é realizada por meio
(ENGEL, 2008). do teste do pezinho em população com
A febre em pacientes com idade de 0 a 30 dias (preferencialmente
anemia falciforme requer avaliação entre o 2º e o 7º dia de vida) (BICALHO,
cuidadosa, pois estão predispostos à 2009; APAE, 2010).
infecção por microorganismo A triagem neonatal foi criada
encapsulados, principalmente nos Estados Unidos na década de 50,
Streptococcus pneumoniae e em pesquisas visando à prevenção de
Haemophylus influenzae tipo B doença mental em recém-nascidos.
(ÂNGULO, 2003; PAIVA, 2007). Desde então, a TN vem se
O tratamento mais indicado é a desenvolvendo, incluindo novas
terapia profilática com penicilina, que patologias e métodos mais eficazes e
reduz o risco de septicemia e meningite capazes de identificar, além de doenças
pneumocócica, principalmente antes dos metabólicas como Fenilcetonúria,
4 meses de idade (FABRON JÚNIOR, Hipotireoidismo Congênito, doenças
1997 apud WATANABE, 2007). Falciformes e outras hemoglobinopatias
Priapismo é definido pela e também Fibrose Cística (BICALHO,
ereção peniana prolongada e dolorosa 2009).
não acompanhada de desejo ou estímulo Brasil (2002) sugere as
sexual (KEOGHANE, 2002). seguintes metodologias para o
O priapismo pode ser agudo, diagnóstico das doenças falciformes:
caracterizado por duração prolongada
- Hemograma completo
(mais de 4h) crônico, caracterizado por
- Eletroforese alcalina em acetato
crises repetidas, de curta duração de celulose
(menos de 4h), ou priapismo prolongado - Eletroforese ácida em agar ou
(de 24-48h) acarretando em disfunção agarose

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
- Teste de solubilidade ou com 15 a 25kg.
- Dosagem de Hemoglobina Fetal - 500mg VO (2 vezes ao dia) para
crianças com mais de 25 kg.
Segundo Braga (2007) para a
Penicilina benzatina - administrar
anemia falciforme não existe tratamento
Intra Muscular a cada 21 dias:
específico, assim a qualidade de vida e a - 300 000U para crianças até 10kg.
melhora da sobrevida desses pacientes - 600 000U para crianças de 10 a
se inicia com o diagnóstico neonatal que, 25kg.
aliado à penicilina profilática, educação e - 1 200 000U para indivíduos com

cuidados familiares, representa um dos mais de 25kg.

avanços mais importantes na sua


história. Em casos de alergia à

As manifestações clínicas que penicilina, pode-se administrar 20mg/kg

os pacientes falcêmicos apresentarão no de eritromicina via oral, 2 vezes ao dia.

decorrer da vida terminam por lesar Em estudos realizado por

progressivamente os diversos tecidos e (GASTON et al, 1986), usando a

órgãos, assim o acompanhamento penicilina profilática via oral,

ambulatorial visa avaliar periodicamente administrada duas vezes ao dia, em

os diversos órgãos e sistemas. A fim de crianças com HbSS de 3 a 6 meses de

que precocemente sejam detectadas idade, observou que a incidência de

alterações, devendo ser ressaltado junto bacteremia por pneumococos diminuiu

ao paciente e seus familiares sobre a em 84%, com nenhum óbito por sepse.

necessidade da realização dos exames


de rotina, uma vez que essas alterações 3.3.1 Hidratação

podem se instalar de modo insidioso,


A perda de potássio é a
sem expressão clínica exuberante
principal causa da desidratação dos
(BRAGA, 2007).
eritrócitos falciformes, essa desidratação
O esquema recomendado pelo
celular ocorre devido à disfunção da
Ministério da Saúde, no Manual de
permeabilidade da célula falciforme
Diagnóstico e Tratamento de Doenças
motivada pela falência parcial da bomba
Falciformes, 2002, é:
de sódio/potássio/ATPase, resultando na
Penicilina V (oral):
perda de potássio e ganho de sódio que,
- 125mg V.O. (2 vezes ao dia) para crianças
até 3 anos de idade ou 15 Kg. se balanceado, não altera a hidratação
- 250mg VO (2 vezes ao dia) para celular, mas, se houver desequilíbrio,
crianças de 3 a 6anos de idade haverá perda excessiva de potássio e de

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
água, com aumento da concentração A crise de dor aguda pode ser
intracelular de Hb S e consequente controlada, inicialmente com analgésicos
polimerização (NAOUM, 2000). comuns (acetaminofen ou AINES), em
Segundo Zago (2007), em doses habituais e fixas, por via oral, não
crises de dor moderadas e graves, a havendo melhora da dor, o paciente
hidratação endovenosa com salina 0,9% deve ser internado, para intensificação
é utilizada para reduzir a viscosidade desse tratamento, que deve incluir
sanguínea e corrigir possível opióides com ou sem AINE associado,
desidratação, que favorecem a sendo a morfina a droga ideal para dor
falcização das hemácias, enquanto a intensa, e a codeína na moderada
hidratação oral deve ser estimulada nos (ÂNGULO, 2003).
casos leves. Segundo Lobo, Marra e Silva
(2007), o uso frequente de opióides e
3.3.2 Analgésicos antiinflamatórios não esteróides em
pacientes falciformes, tende a responder
A dor é de surgimento agudo e
bem as crises dolorosas e promover
na maioria das vezes intensa, o que leva
analgesia esperada.
à necessidade do uso de analgésicos até
A (Tabela 2) apresenta, por
que a crise se resolva, esses
grupo farmacológico, os principais tipos
analgésicos são à base do tratamento
de analgésicos usados na prática clínica.
das crises dolorosas, porém a resposta
do paciente é individual.

Tabela 2 – Principais grupos de analgésicos


Analgésicos Opióide Opióide
Aines Adjuvante
não opióide fraco potente
Dipirona AAS Codeína Morfina Anticonvulsivantes
Acetaminofen Diclofenaco Cloridrato de Fentanila Antidepressivo
AAS Indometacina tramadol Petidina Neuroléptico
Paracetamol Ibuprofeno Buprenorfina Benzodiazepínico
Nalbufina Anticolinérgico
Metadona
Oxicodona
Fonte: Lobo, Marra e Silva (2007)

3.3.3 Hidroxiuréia

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
Vários estudos têm reduz o número de reticulócitos (COVAS
demonstrado que a concentração D.T. et al, 2004; KINNEY T.R. et al,
elevada de Hb Fetal em pacientes com 1999; SILVA; SHIMAUTI, 2006).
anemia falciforme é um fator moderador Outra resposta favorável deste
nas consequências clínicas do processo agente terapêutico tem sido a diminuição
de falcização (NAOUM, 2000). da expressão de moléculas de adesão
Assim, a hidroxiuréia (HU), uma da superfície eritrocitária e plaquetária,
droga utilizada para o tratamento das bem como a diminuição das proteínas
neoplasias hematológicas, vem sendo receptoras localizadas em células
administrada como forma alternativa ao endoteliais, com consequente redução
tratamento das doenças falciformes por das crises vaso-oclusivas, sendo o
induzir o aumento de HbF e diminuir a mecanismo pelo qual esta droga atua na
gravidade doença, entretanto, altas expressão de receptor de adesão é
doses ou tratamento prolongado com desconhecido (COVAS et al, 2004;
hidroxiuréia pode ser citotóxica ou SILVA; SHIMAUTI, 2006).
genotóxica, com um risco de O seu aumento intracelular
desenvolver leucemia aguda, e esses reduz a hemólise porque inibe a
riscos podem ser evitados através do formação do polímero da HbS,
monitoramento dos linfócitos de mostrando semelhanças entre crianças e
pacientes tratados com hidroxiuréia adultos, já os efeitos adversos mais
(KHAYAT et al, 2004). frequentes observados nesse estudo
A HU, um agente foram aqueles relacionados ao efeito
quimioterápico, cujo sua ação decorre mielossupressor (KINNEY T.R. et al,
por inibir a ribonucleotídeo-redutase, 1999; WATANABE, 2007).
uma enzima que converte Existem estudos em busca de
ribonucleotídeos em outras drogas capazes de induzir o
desoxiribonucleotídeos e impedindo a aumento da HbF, como são os casos da
divisão celular (SILVA; SHIMAUTI, eritropoietina, agentes como butiratos e
2006). derivados, ou ácidos orgânicos de
Essa droga tem efeitos cadeia curta como ácido valpróico, bem
múltiplos sobre a linhagem eritrocitária, como inibidor de DNA metiltransferase,
promovendo o aumento no nível de HbF como mostra a tabela 3 (NAOUM, 2000).
em cerca de 60% dos pacientes tratados O diagnóstico e o tratamento
(Tabela 3), eleva a taxa de hemoglobina, precoce dessas hemoglobinopatias
do VCM (volume corpuscular médio) e aumentam significativamente a

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
sobrevivência e a qualidade de vida dos precocemente as alterações e orientar
seus portadores, daí a importância do pacientes e seus familiares a respeito da
acompanhamento ambulatorial que visa doença (BRAGA, 2007; BICALHO,
avaliar periodicamente órgãos e 2009).
sistemas, a fim de detectar

Tabela 3: Drogas capazes de elevar o nível de Hb Fetal

ORIGEM DROGAS

Hormonal HCG - Progesterona


Agente Citotóxicos Aza-C, Ara-C, Metotrexato, HU
Fator eritropoiético Eritropoietina
Butirato-arginina, Isobutiratos, Fenilacetato,
Ácidos graxos de cadeia curta Fenil-butirato, Ácido valpróico
Fonte: Naoum (2000)

3.3.4 Transfusão de hemácias concentração de HbS. O aumento do


hematócrito acima de 35%, sem redução
Por ser uma anemia hemolítica do percentual de HbS, poderá levar a um
crônica, a transfusão de concentrados de aumento na viscosidade sangüínea,
hemácias é comum nessa enfermidade, ocasionando um efeito negativo da
pode prevenir a ocorrência de lesões transfusão sobre a patologia, ou através
orgânicas, reduzir o percentual de da hemodiálise, onde ocorre uma
hemácias com HbS para baixo de 30% e retirada do sangue do paciente, seguida
aumentar a oxigenação. As transfusões por transfusões de hemácias, tendo
são indicadas na presença de anemia como objetivo reduzir a concentração de
severa, anemia com repercussão hemácias com hemoglobina S entre 30-
hemodinâmica, sequestro esplênico, 50%.
aplasia pura de células vermelhas e Os pacientes acometidos estão
hiperhemólise (LOUREIRO, 2006). sob o risco de complicações
Segundo Almeida et al (2004) relacionadas a múltiplas reações
as transfusões pode ser feita através de transfusionais, imediatas e tardias como:
transfusão simples que visa aumentar a infecção transmitida pelo sangue,
capacidade de carreamento de oxigênio, aloimunização, sobrecarga de ferro e
sem reduzir significativamente a

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
reações hemolíticas, reações alérgicas, reprodução, ou a pós o nascimento de
e hiperviscosidade (LOUREIRO, 2006). um filho, ou para o diagnóstico das
As transfusões periódicas alterações corporais e cognitivas
podem provocar sensibilização ao (GUEDES; DINIZ, 2009).
paciente, que poderá formar O aconselhamento genético na
aloanticorpos, dificultando a obtenção de anemia falciforme tem como objetivo
doadores compatíveis em transfusões primordial a conduta médica assistencial
futuras. É aconselhável, portanto, a e educativa, ou seja, permitir a
transfusão de hemácias provenientes de indivíduos ou famílias a tomada de
doadores compatíveis para os principais decisões consistentes e equilibradas a
antígenos eritrocitários dos sistemas respeito da procriação. Os indivíduos
sangüíneos Rh, Kell, Kidd e Duffy são conscientizados do problema, sem
(WATANABE, 2007). serem privados do seu direito de decisão
reprodutiva, sendo um casal heterozigoto
3.4 ACONSELHAMENTO GENÉTICO orientado quanto à sua condição
genética, estando conscientes do risco
O aconselhamento genético de 25% de nascimento de uma criança
(AG) está envolvido no desenvolvimento homozigota e assim poderão decidir
de técnicas de comunicação que sobre ter filhos ou não (RAMALHO;
possibilitem informações completas e PAIVA; SILVA, 1997).
abrangentes ao paciente, garantindo É vetado ao profissional que
sigilo no diagnóstico (RAMALHO; fornece o aconselhamento genético
MAGNA, 2007). recomendar, sugerir, indicar ou exigir
O AG trata-se de um condutas dos seus aconselhandos,
procedimento opcional, uma consulta sendo de fundamental importância a
médica, cujo tema é os genes individuais discussão com os pacientes sobre vários
ou familiares. Cabe ao profissional aspectos além do risco genético em si,
geneticista ou à equipe de tais como tratamento disponível e a sua
aconselhamento sob sua supervisão eficiência, o grau de sofrimento físico,
informar sobre o significado de mental e social imposto pela doença
determinados genes para a saúde e o (RAMALHO; MAGNA, 2007).
bem-estar das pessoas. As sessões de O aconselhamento genético
aconselhamento genético ocorrem em apresenta importantes implicações
diferentes momentos do ciclo de vida de médicas, psicológicas, sociais, éticas e
um indivíduo: ou para planejar a jurídicas acarretando um alto grau de

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
responsabilidade às instituições que o independentemente da origem geográfica,
oferecem. cor ou classe socioeconômica;

Para Guimarães e Coelho • Qualidade: todos os testes


genéticos oferecidos devem ter
(2010), como a anemia falciforme é uma
especificidade e sensibilidade adequadas,
doença hereditária, o aconselhamento
sendo realizados em laboratórios
genético passou a ter grande
capacitados e com monitoração profissional
importância, pois tem o intuito de orientar
e ética.
os pacientes portadores da doença,
sobre a tomada de decisões em relação 3.5 PERSPECTIVAS FUTURAS
à reprodutividade como forma de
prevenção e ajudar a compreender 3.5.1 Transplante de Células Tronco
outros aspectos da doença como (TCTH)
sofrimento, tratamento e prognóstico, já
que não há cura para essa doença. Atualmente mais de 25
De acordo com (BRASIL, 2002), pacientes com doença falciforme foram
o aconselhamento genético, como todos transplantados em estudos clínicos na
os outros procedimentos de genética Europa e nos Estados Unidos da
humana, baseia-se em cinco princípios América. O objetivo desse estudo foi
éticos básicos: definir os riscos e os benefícios da
terapêutica e caracterizar a história
• Autonomia: os testes genéticos
natural após transplante de células
devem ser estritamente voluntários, levando
ao aconselhamento apropriado e a decisões tronco hematopoéticas. Nesse estudo,
absolutamente pessoais; os critérios de elegibilidade foram
• Privacidade: os resultados dos inicialmente: idade entre 2-16 anos e a
testes genéticos de um indivíduo não podem presença de acidente vascular cerebral,
ser comunicados a nenhuma pessoa sem o ou síndrome torácica aguda, ou dor
seu consentimento expresso, com exceção intensa recorrente, porém, pacientes
dos seus responsáveis legais;
entre 1 e 27 anos já foram
• Tutela: é garantida a proteção
transplantados, e a maioria desses
aos direitos de populações vulneráveis, tais
pacientes receberam enxerto de medula
como crianças, pessoas com retardamento
óssea, e a ciclosporina e o metotrexato
mental, ou problemas psiquiátricos ou
culturais especiais; como profilaxia para a doença do
• Igualdade: o acesso aos testes enxerto contra o hospedeiro aguda. Após
deve ser igual para todos os indivíduos, uma mediana de cinco anos de
seguimento, a sobrevivência global e a

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
sobrevida livre de doença foram de que se caracteriza pela inserção de um
aproximadamente 87,5% para pacientes gene funcional dentro do genoma
com doador de HLA compatível em humano para substituir um gene
todos os estudos (SIMÕES et al, 2010). anormal. A técnica consiste na
Para Perioni et al (2007) a cura introdução do material genético nas
da doença na maioria dos pacientes células germinativas, na qual a inserção
falciformes submetidos ao TCTH com do material genético em células
doador HLA compatível revela que os carreadoras. A molécula carreadora,
benefícios do procedimento excedem os denominada vetor é usada para levar o
riscos para pacientes selecionados, pois gene terapêutico para as células-alvo do
objetivo do TCTH em pacientes paciente. Os métodos mais utilizado e
falciformes é o de restabelecer uma mais eficientes incluem a administração
hematopoese normal, eliminando as de DNA encapsulado em lipossomas, ou
obstruções vasculares causadas pelos através de vetores virais, que podem ser
eritrócitos falcemicos e a lesão crônica fragmentos de DNA de vírus contendo o
recorrente do endotélio vascular. DNA a ser transferido, ou mesmo a
Um único estudo que partícula viral formada por proteínas
transplantou pacientes de forma virais empacotando um DNA viral
“profilática”, jovens sem complicações modificado de maneira a tornar o vetor
tiveram uma sobrevida global de 100% menos tóxico, menos patogênico ou não-
com uma sobrevida livre de doença de patogênico (DANI, [20--?]).
96% esses dados sugerem que, De acordo com Menck e
pacientes poderiam ser curados antes Ventura (2007) a introdução de genes
das complicações ocorrerem (SIMÕES em organismos através de terapia gênica
et al, 2010). pode ser realizada através de duas
estratégias básicas: in vivo e ex vivo,
3.5.2 Terapia Gênica como mostra a (Figura 2).

A terapia gênica é um
tratamento para doenças hereditárias

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article

Figura -2. Estratégia de terapia gênica in vivo e ex vivo Fonte: (MENCK E VENTURA
2007) Ex vivo: 1. Coleta e cultivo in vitro das células do paciente; 2. Transdução com vetor
carregando o gene terapêutico; 3. seleção e expansão das células com gene terapêutico; 4.
Reintrodução das células modificadas no paciente. In vivo: 1. Formulação apropriada do vetor que
carrega o gene terapêutico; 2. Injeção direta do vetor no tecido-alvo do paciente.

Em estudo realizado por foi utilizada uma técnica de reação em


Allysson et al, (1996) onde o objetivo foi cadeia da polimerase (PCR).
de obter a correção direta da mutação A eficiente e precisa conversão
responsável pela anemia falciforme, direcionada por estas moléculas
projetando o oligonucleotídeo quimérico, quiméricas pode conter a promessa de
uma molécula composta de DNA e um método terapêutico para o
resíduos de RNA em uma estrutura tratamento de doenças genéticas em um
dupla. Após a introdução da molécula futuro próximo.
quimérica em células linfoblastóides
(céluas B) homozigotas para a mutação 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
beta-S por meio de uma formulação
comercial de lipossomas, onde após seis Cem anos se passaram desde o

horas as células foram analisadas e primeiro diagnóstico da anemia

houve um nível detectável de conversão falciforme e

do gene mutante em sequência normal. ainda hoje a mesma apresenta uma

Para mensurar a eficiência da correção terapêutica limitada, baseando-se


principalmente na profilaxia e no
tratamento individualizado, onde as

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
decisões devem ser compartilhadas com prevalência recebem uma maior atenção
os pacientes e familiares quanto à das autoridades e investidores,
preferência por determinada terapia, principalmente empresas farmacêuticas
podendo fazer pouco para a cura efetiva que visam em sua grande maioria
dos pacientes. apenas o lucro.
Apesar de ser extremamente
elevado o número de nascidos vivos com 5. REFERÊNCIAS
doença falciforme em nosso país, que é
1. ADACHI, Kazuhiko et al. Facilitation of
constituído por uma população altamente
Hb S polymerization by the substitution
miscigenada, de maneira alguma poderia of Glufor Gln at b121. The Journal Biol.
Chem.,v. 263, n. 12, p. 5607-5610, 1988.
ser excluída da lista para transplantes de
medula óssea, que é uma das técnicas 2. ALLYSON, Cole-Stauss et al.
Correction of the Mutation Responsible
mais promissoras para o tratamento da
for Sickle Cell Anemia by an RNA-DNA
mesma, podendo levar os portadores a Oligonucleotide. Science , v. 273, n.
5280, p.1386-1389, 1996.
cura.
A expectativa de que novas 3. ALMEIDA, Mariana N. de et al.
Padronização para utilização de sangue
técnicas da engenharia genética venham
ehemocomponentes em adultos, no
a ser uma abordagem básica para hospital Sírio-Libanês. Comitê
Transfusional Multidisciplinar. São
promover a saúde no Brasil, ainda
Paulo: [s.n.], 2004.
parece estar distante, pois demonstra
4. AQUINO, Edna Souza; PASSOS,
uma carência de estudos e pesquisas
Núbia Cristina Rocha. Anemia
que permitam ao portador falciforme uma Falciforme: fatores ao diagnóstico e
tratamento. Revista Acadêmica da
melhor qualidade de vida e alternativas
FAMAM TEXTURA. Cruz das Almas, v.
concretas de cura. 3, n. 2, p. 23-40, 2008.
É importante ressaltar que as
5. ÂNGULO, Ivan de Lucena. Crises
pesquisas têm um valor elevado, e se Falciformes. Medicina. Ribeirão Preto. v.
36, p. 427-430, 2003.
tratando de uma doença que acomete
em sua grande maioria pessoas de baixa 6. ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS
DOS EXCEPCIONAIS DE SALVADOR
renda e de origem afro descendente,
(APAE). Manual de Práticas do
observa-se que as empresas investem Programa de Triagem Neonatal na
Bahia. Salvador: [s.n.], 2010.
pouco em busca de novas tecnológicas
para a cura da mesma, podendo ser 7. BANDEIRA, Flávia Miranda Gomes de
Constantino. Triagem familiar ampliada
classificada como uma doença
para o gene da hemoglobina S. 2006.
negligenciada, visto que outras 117 f. Tese (Doutorado em Saúde
Pública)- Centro de Pesquisas Aggeu
enfermidades que tem uma menor

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, v. 2. MedWriters, Medcurso. 2008. 1 CD-
Recife, 2006. ROM.

8. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência 16. FOSTER, Karen et al. Cord blood
Nacional de Vigilância Sanitária. Manual screening for sickle hemoglobin:
de Diagnóstico e Tratamento de evidence against a female
Doenças Falciformes. Brasília-DF, preponderance of Hb S. The Journal of
2002. Pediatrics, v. 98, n. 1, p. 79-81, 1981.

9. BICALHO, Viviane Souza. 17. GASTON, Marilyn H et al.


Manifestações Lingüísticas em Prophylaxis with oral penicillin in children
doenças cerebrovasculares por with sickle cell anemia: a randomized
Anemia Falciforme: estudo de casos. trial. N Engl J Med. 1986, n. 314,
2009. 56 f. Monografia (Especialização)- p.1593-1599.
Universidade Federal de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 2009. 18. GUYTON, Artur C. Tratado de
Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de
10. BRAGA, Josefina Aparecida Janeiro: Elsevier, 2006.
Pellegrine. Medidas gerais no tratamento
das doenças falciformes. Revista 19. GUEDES, Cristiano; DINIZ, Debora.
Brasileira de Hematologia e A Ética na História do aconselhamento
Hemoterapia. São Paulo, v.29 n.3, p. Genético: um Desafio à Educação
233 238, 2007. Médica. Revista Brasileira de
Educação Médica. Brasília, v.33, n.2, p.
11. CLARIDADE, Sofia; MACHADO, 247–252, 2009.
Álvaro; FERREIRA, Carla. Acidente
Vascular Cerebral em Doente com 20. GUIMARÃES, Cinthia Tavares Leal;
Anemia de Células Falciformes. COELHO, Gabriela Ortega. A
ArquiMed. São Marcos. v.21, n.5-6, p. importância do aconselhamento genético
155-157, 2007. na anemia falciforme. Ciência & Saúde
Coletiva. Tocantins, 2010.
12. COVAS DT, et al. Effects of
hydroxyurea on the membrane of 21. HOLSBACH, Denise R. et al.
erythrocytes and platelets in sickle cell Investigação bibliográfica sobre a
anemia. Haematologica 2004; v.89, n.3, hemoglobina S de 1976 a 2007. Acta
p. 273-280. Paul Enferm. Campo Grande, v. 23, n.1,
p.119-24, 2010.
13. DANI, Sergio U. Terapia Gênica:
vetores para terapia gênica. 22. JORGE, Stéfano Gonçalves.
Biotecnologia Ciência e Tirosinemia. Hepatologia médica. São
Desenvolvimento. Paulo, 2006.

14. DUCATTI, Ricardo P. et al. 23. KEOGHANE SR, Sullivan ME, Miller
Investigação de hemoglobinopatias em MAW. The aetiology, pathogenesis and
sangue de cordão umbilical de recém- management of priapism. BJU
nascidos do Hospital de Base de São International. 2002, v.90, p.149-154.
José do Rio Preto. Revista Brasileira de
Hematologia e Hemoterapia. 2001, 24. KHAYAT, André Salim et al.
vol.23, n.1, p. 23-29. Mutagenicity of hydroxyurea un
lymphocytes from patients with sickle cell
15. ENGEL, Cassio L. Hematologia. disease. Genet. Mol. Biol.. 2004, v.27,
Hemoglobinopatias - Anemia Falciforme. n.1. p. 115-117.

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
25. KINNEY T.R. et al. Safety of atender”. 2007. 65 f. Monografia
hydroxyurea in children with sickle cell (Especialização) Universidade Estadual
anemia: Results of the HUG - KIDS Vale do Acaraú. Belém do Pará, 2007.
Study, a Phase I/II Trial. Blood 1999. v.
94, n. 5, p.1550-1554. 34. PERIN, Christiano et al. Anemia
Falciforme. 200. 50 f. Monografia
26. LOBO, Clarisse; MARRA, Vera (Especialização)- Faculdade Federal de
Neves; SILVA, Regina Maria G. Crises Ciências Médicas de Porto Alegre 2000.
dolorosas na doença falciforme. Revista
Brasileira de Hematologia e 35. PERIONI, Fabiano et al. Transplante
Hemoterapia 2007. v.29, n.3, p.247-258. de células-tronco hemotopoéticas
(TCTH) em doenças falciformes. Revista
27. LOUREIRO, Monique Morgado; Brasileira de Hematologia e
ROZENFELD, Suely. Epidemiologia de hemoterapia. Ribeirão Preto-SP. v.29,
Internações por Doenças Falciformes no n.3, p.327-330, 2007.
Brasil. Rev. Saúde Publica. Rio de
Janeiro, v.39, n.6, p. 943-949, 2005. 36. POWARS, D. et al. Pneumococcal
septicemia in children with sickle cell
28. LOURENZI, Therezinha F. Síntese anemia. The Journal of the American
de hemoglobina. Manual de Medical Association, Chicago, v. 245,
Hematologia: Propedêutica e Clínica . 4. n. 18, p. 1839-1842, 1981.
ed. Rio de Janeiro: G. Koogan, 2006.
37. RAMALHO, Antonio Sergio; MAGNA,
29. MENCK, Carlos Frederico Martins; Luis Alberto. Aconselhamento genético
VENTURA, Armando Morais. do paciente com doença falciforme.
Manipulando genes em busca de cura: o Revista Brasileira de Hematologia e
futuro da terapia gênica. Revista USP. hemoterapia. Campinas, v.29, n.3,
São Paulo. n. 75 p.50-61, 2007. p.229-232, 2007.

30. MILLER, S. T. et al. Impact of chronic 38. RAMALHO, Antonio Sérgio; PAIVA E
transfusion on incidence of pain and SILVA, Roberto Benedito. Riscos e
acute chest syndrome during the Stroke benefícios da triagem genética: o traço
Prevention Trial (STOP) in sickle-cell falciforme como modelo de estudo em
anemia. Journal of pediatrics, v. 139, n. uma população brasileira. Caderno de
6, p. 785-789, 2001. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.13,
n.2, p.285-294, 1997.
31. MOUSINHO-RIBEIRO, Rita de
Cassia. et al. Importância da avaliação 39. SALOMON D. V. Como fazer uma
da hemoglobina fetal na clínica da monografia. 11 ed. São Paulo: Martins
anemia falciforme. Revista de Fontes, 2004.
Hematologia e Hemoterapia. Belém, v.
30 n. 2, p. 136-141, 2008. 40. SANTOS, Jean Leandro dos.
Síntese e avaliação farmacológica de
32. NAOUM, Paulo Cesar. Interferentes protótipos candidatos à fármacos
eritrocitários e ambientais na anemia para o tratamento dos sintomas da
falciforme. Revista Brasileira de anemia falciforme. 2009. 226 f. Tese
Hematologia e Hemoterapia. São Jose (Mestrado em Ciências Farmacêuticas)-
do Rio Preto, v. 22, n.1, p. 5-22, 2000. Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho. Araraquara, 2009.
33. PAIVA, Sônia Dias de. Aluno
Falciforme: O Paradoxo da Inclusão
Escolar “conhecer para melhor

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(1):39-61, jan-jun, 2012
__________________________________________________________________________________

Artigo/Article
41. SILVA, Y.P.; SILVA, J.F. Dor em 49. WATANABE, Alexandra Mitiru,
Pediatria. Rio de Janeiro: G. Koogan, Prevalência da anemia falciforme no
2006. estado do Paraná. 2007. 122 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade
42. SILVA, Lilianne B.; GONÇALVES, Federal do Paraná, Curitiba, 2007.
Romélia P. Características fenotípicas
dos pacientes com anemia falciforme de 50. WEATHRALL, David J. The
acordo com os haplótipos do gene da hereditary anaemias. ABC of clinical
βSglobina em Fortaleza, Ceará. Revista heamotology. 1997, v.314, n. 7079,
brasileira de hematologia e p.492-496.
hemoterapia. Fortaleza, 2009.
51. VAN-DÚNEM, Joaquim Carlos
43. SILVA, Michelle C.; SHIMAUTI, Vicente Dias. Fatores prognósticos
Eliana L. T. Eficácia e toxidade da associados ao óbito por anemia
hidroxiuréia em crianças com anemia falciforme em crianças internadas no
falciforme. Revista Brasileira de hospital pediátrico de Luanda-Angola
Hematologia e Hemoterapia. Maringá, (1997-2002): um estudo de coorte. 2004.
v.28, n.2, p.144-148, 2006. 102 f. Dissertação (Mestrado em Saúde
Materno Infantil)-Instituto materno infantil
44. SIMÕES, Belinda P. et al. Consenso de Pernambuco programa de pós-
brasileiro em transplante de células- graduação em saúde materno infantil.
tronco hematopoéticas: comitê de Recife, 2004.
hemoglobinopatias. Revista Brasileira
de Hematologia e Hemoterapia. 2010, 52. ZAGO, Marco Antônio; PINTO, Ana
vol.32, p. 46-53. Cristina Silva. Fisiopatologia das
doenças falciformes: da mutação
45. SIQUEIRA, Bruna R. et al. Incidência genética à insuficiência de múltiplos
da anemia falciforme, traço falcêmico e órgãos. Revista brasileira de
perfil hemoglobinico dos casos hematologia e hemoterapia. Ribeirão
diagnosticados na triagem neonatal no Preto, v.29, n.3, p.207-214, 2007.
Estado de Rondônia no ano de 2003.
Saber Científico. Porto Velho, v. 2 n. 1,
p. 43-53, 2009.

46. STEINBERG, M. H. Management of


sickle cell disease. New England
Journal of Medicine. v.340. n.13, 1999.
p. 1021-1030.

47. STEINBERG, M.H.


Pathophysiologically based drug
treatment of sickle cell disease. Trends
in Pharmacological Sciences. v. 27,
n.4, p. 204-210, 2006.

48. TORRES, F. R.; BONINI-


DOMINGOS, C. R. Hemoglobinas
humanas – hipótese Malária ou efeito
materno? Revista brasileira de
hematologia e hemoterapia. São
Paulo, v. 27, n. 1, p. 53-60, 2005.

_________________________________________________________________________________
Rev Cie Fac Edu Mei Amb 3(1):39-61, jan-jun, 2012

Você também pode gostar