Você está na página 1de 46

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CURSO DE MEDICINA
INTERNATO

CONVULSÕES EM PEDIATRIA

ARIMA ARRUDA JUCÁ


RAQUEL OLIVEIRA
NADJA NADINE
DEFINIÇÕES

Crises epilépticas: causadas por descargas elétricas anormais, excessivas e síncronas de um agrupamento

neuronal, ocorrendo de modo espontâneo ou secundária a eventos exógenos.

Convulsões: crises epilépticas com manifestações motoras.

Epilepsia: condição crônica caracterizada pela presença de crises epilépticas recorrentes, na ausência de

eventos externos desencadeantes.

Estado de mal epiléptico (EME): definido como mais que 30 minutos de atividade convulsiva contínua ou duas

ou mais crises epilépticas sequenciais sem total recuperação do nível de consciência entre elas.
EPIDEMIOLOGIA

• 1 a 5% dos atendimentos em serviços de urgência em pediatria

• 80% das crises agudas cessam antes do atendimento hospitalar

• Epilepsia: menos que 1/3 das crises

• O EME é a emergência neurológica mais frequente em UTI pediátrica


FISIOPATOLOGIA

Aumento da atividade
↑ de estímulo excitatório: Mecanismos muscular excessiva
• Glutamato compensatórios: ↓
30 min
• Aspartato • Hipertermia
• Acetil-Colina • Hiperglicemia • Complicações renais
• ↑ FC • Hipotensão arterial
↓ de estímulo inibitório: • ↑ PA sistêmica e pulmonar • Bradicardia
• GABA • Hipoxemia
• Hipotermia
• ↑ das catecolaminas
circulantes
• Contração muscular

Crises epilépticas prolongadas → excesso de penetração de Ca 2+ para o interior da


célula → ativação de enzimas intracelulares → lesão neuronal
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES

Generalizadas: atividade epiléptica simultânea nos 2 hemisférios


(perda de consciência)
• Tônico-clônica generalizada (grande mal):
 perda súbita de consciência → contração tônico-clônica
generalizada.
 grito epiléptico, liberação esfincteriana e estado pós-ictal
• Ausência (pequeno mal): perda de consciência súbita com
duração < 20 seg.
 Pode ocorrer várias vezes ao dia
 Automatismos – piscar os olhos
• Clônica, tônica, mioclônica, atônica

FOCAIS: atividade epiléptica se inicia em um hemisfério cerebral, podendo ser simples ou complexa
(com perda de consciência ). Pode evoluir com generalização secundária.
ETIOLOGIA DAS CRISES EPILÉPTICAS
ETIOLOGIA DAS CRISES EPILÉPTICAS

Principais causas reconhecíveis de crises por idade


Injúria neonatal
Infecção
0 – 2 anos
Metabólicas
Congênitas
Idiopática
Infecção
2 – 10 anos
Trauma
Malformação arteriovenosa
Idiopática
Trauma
Adolescentes
Drogas
Malformação arteriovenosa
CONVULSÕES FEBRIS

• Convulsões + comuns na infância (3 a 4% das crianças pequenas)


• Bom prognóstico
• Idade – entre 6 meses e 5 anos
• História familiar +
• Principais doenças associadas: IVAS, Roséola (exantema súbito) e OMA
CONVULSÕES FEBRIS

Simples
Complexa ou complicada
• ↑ rápido da temperatura corporal
• Duração < 15 minutos
• generalizada, tônico-clônica
• Vários episódios em 24 horas
• Pequena duração (máximo de 15
• Focal
minutos)
• 1 única vez em 24 horas

Status epilepticus
+ Provável meningite viral ou bacteriana
Febre
CONVULSÕES FEBRIS

• 30 a 50% de probabilidade de um novo episódio:

• Fatores de risco para recorrência


 < 12 meses
 Padrão complexo da crise
 História familiar +
 Tax que não se eleva demais antes da crise
Solicitar EEG?

TC ou RM de crânio?
TRATAMENTO

• Passar segurança aos pais (quadro benigno)


• Medidas para controle da febre

Pais ansiosos
• Diazepam via oral ao longo da doença febril
Síndrome de West

 Início entre 3 e 7 meses.


 Espasmos + deterioração mental
+ atraso psicomotor.
 Espasmos extensores (jack-kinfe
ou salaam), flexores ou mistos.
 Etiologias variadas.
 EEG: hipsarritmia.
 Tratamento com ACTH.
Síndrome de Lennox-Gastaut

 Início entre 3-5 anos.


 Múltiplos tipos de crises convulsivas +
EEG com descargas difusas do tipo
ponta-onda < 3Hz + alterações
neuropsicomotoras.
 Associação com patologias estruturais
graves → prognóstico reservado e má
resposta ao tratamento.
Epilepsia mioclônica
juvenil

 Síndrome de Janz.
 Início geralmente aos 12-16 anos.
 Mioclonias bilaterais + complexos ponta-onda difusos em EEG.
 Relação com o sono.
 Outras formas de crise associadas, principalmente ausência.
 Boa resposta ao tratamento.
Crises de ausência – pequeno Mal
 Incidência entre 6 e 7 anos, em
crianças previamente normais.
 44% dos casos: antecedentes de
epilepsia.
 EEG típico.
 As crises podem ser desencadeada
por hiperventilação.
 Geralmente tem bom prognóstico e
remissão até os 12 anos.
Diagnóstico da convulsão na
infância
 Sugere crise convulsiva:
 Aura;
 Movimentos tônicos, clônicos ou
tônico-clônicos;
 Movimentos anômalos dos olhos;
 Perda de consciência;
 Perda do controle esfincteriano.
 Período pós-ictal.
Diagnósticos diferenciais

 Doenças que cursam com alteração


aguda do nível de consciência;

 Distúrbios paroxísticos do movimento;

 Distúrbios do sono;

 Distúrbios psiquiátricos;

 DRGE – síndrome de Sandifer.


Fatores precipitantes
 Doença sistêmica atual, febre ou
infecção;
 Sintomas neurológicos ou convulsões
prévias;
 Trauma;
 Ingestão de alimentos, medicamentos
ou tóxicos;
 Vacinação recente;
 Doenças crônicas.
Exame físico
 Sinais vitais;  Sinais externos de trauma;
 Sinais de infecção e  Alteração do ritmo
irritação meníngea; respiratório;
 Sinais de hipertensão  Edema de papilas
intracraniana;
Crises sutis
Tremores
 Pode haver: X
Convulsão
 - nistagmo;
 - movimentos de sugar,
piscar, nadar, pedalar, etc.;
 - soluços;
 - apneia;
 - taquipneia;
 - bradi/taquicardia.
Exames complementares
 Principais:
 Glicemia capilar à beira do leito: imediatamente em pacientes
em EME.
 Eletrólitos e gasometria arterial.
 Hemograma e hemocultura.
 Triagem toxicológica: crises convulsivas sem causa aparente;
 Amônia sérica e pesquisa de erros inatos do metabolismo: sinais
de doença sistêmica ou pacientes sem causa identificada.
 Dosagem sérica de drogas antiepilépticas: pacientes que usam
essas drogas habitualmente.
Indicações de punção liquórica

 Sinais e sintomas de irritação


meníngea.
 Toxemia.
 Período pós-ictal prolongado ou
diminuição do nível de
consciência mantida.
 < 6 meses.
 Antibioticoterapia.
Indicações de exames de
imagem
 História ou sinais externos de trauma.
 Doença neurocutânea.
 Derivação ventriculo-peritoneal.
 Sinais de hipertensão intracraniana.
 Crises focais.
 Déficits neurológicos focais.
 Período pós-ictal prolongado.
Precisa ser
 Estados hipercoaguláveis. antes da coleta
 Doenças hemorrágicas. do LCR.

 Imunosupressão.
Eletroencefalograma
 Indicado principalmente em pacientes com suspeita de EME
não convulsivo ou pacientes com crises refratárias.
Em RNs

 Dissociação eletroclínica:
 - monitorização do EEG de longa
duração, com auxílio de vídeo +
avaliação de outros parâmetros
fisiológicos;
 - EEG de amplitude integrada.
TRATAMENTO
COMO AGIR?
De que forma a criança se apresenta na emergência?

• Com uma convulsão ativa:


- Iniciar o tratamento da convulsão (A, B, C, D)

• Com história de uma crise recente:


- Pós-ictal
- Não responde (estado epilético não convulsivo, AVC, coma, etc...)
Emergência Clínica

M ONITOR

O XIGÊNIO

V EIA
Atendimento
inicial
Estado de mal epiléptico
Sequelas?

• Se não houver atendimento rápido e especializado;


• Crises recorrentes sem tratamento;

+ comuns:
- retardo mental;
- distúrbio do comportamento;
- déficit motor focal;
- epilepsia crônica.
Seguimento do paciente pediátrico

• Suspeita de etiologia
aguda
Seguimento • Foram duas ou mais crises
em 15 dias epilépticas com intervalo
de dias ou semanas

• Se não houver uma causa


clara e a pessoa tiver tido
Seguimento uma crise única
em 3 meses • Epilepsia diagnosticada
Fixando...
É importante que o pediatra diferencie convulsões febris benignas de
episódios convulsivos de cunho neurológico mais complexos. Assinale a
opção que apresenta um dado que indica não se tratar de um
episódio de convulsão febril benigna:
a) convulsão predominantemente focal
b) segundo episódio
c) crise convulsiva com menos de 10 min de duração
d) crise convulsiva em paciente com menos de doze meses de idade
e) episódio convulsivo com temperatura do paciente abaixo de 38,5º C
Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Pernambuco (2017) Juliana, 4
anos, apresenta quadro de crises epilépticas diárias há um ano, apesar do
uso de três medicamentos antiepilépticos. As crises são do tipo
mioclônica, de ausência, atônica e tônica. Tem Eletroencefalograma
(EEG) que demonstrou complexos espícula-onda de 1,5 a 2,5 Hz. Pais
referem que a paciente já apresentou espasmos, e EEG demonstrava
anteriormente hipsarritmia, quando tinha 5 meses de vida. Qual o
diagnóstico atual da paciente?
a) Síndrome de West.
b) Síndrome de Lennox-Gastaut.
c) Epilepsia – ausência.
d) Crise Febril plus.
e) Epilepsia mioclônica grave.
REFERÊNCIAS
OBRIGADA

Você também pode gostar