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Toxoplasmose gestacional

e congênita
Afonso Pires Dias – Iesc módulo II
Professora Marcele
Anamnese e Exame Físico
J. H. T., feminino, 21 anos, solteira, branca, residente e procedente de São Joao da Boa Vista.
QUEIXA PRINCIPAL: “acompanhamento de pré-natal”
HDA: Paciente com idade gestacional de 30 sem e 4 dias (descrição do
prontuário do atendimento), diagnosticada com toxoplasmose através do
rastreio do pré-natal no dia 22/07 – 05/08 atendimento. Está fazendo uso de
Espiramicina. encaminhada para pré-natal de alto risco. Retorna para
resultados de exames de toxaplasmose. Refere náuseas e vômitos. Nega
sangramento e perda de liquido ou outras intercorrências. movimentos fetais
presentes.
Nega contato proximo com gatos ou focos de contaminação
EXAME LABORATORIAL TOXO 24 /5 IGM e IGG não reagente
TOXO 27/6/19 IGM + 1,29 IGG não reagente
IS: nada digno de nota
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS:
Menarca aos 11 anos, sexarca aos 15 anos, tinha ciclo menstrual irregular,
com irregulade menstrual mantida mesmo ao isso de anticoncepcional oral,
com dismenorreia durante os períodos. Faz uso irregular de preservativo
masculino, parceiro fixo há 5 anos.
ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS:
G3P(C)1A1, relata que a cesárea foi de emergência (com 41 semanas e 5 dias)
por diminuição de liquido amniótico, fez pré-natal normalmente. Refere que
no final da gestação houve aumento da PA. Aborto espontâneo, com retirada
por curetagem. Nega outras cirurgias prévias.
ANTECEDENTES PATOLÓGICOS:
Nega Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica, nega uso de
medicação Crônica. Em uso de Ácido fólico e Sulfato Ferroso.
HÁBITOS DE VIDA: Nega tabagismo e etilismo, refere dieta desequilibrada e
ingesta hídrica regular, refere realizar caminhadas ao levar sua filha a escola,
nega contato próximo com gatos ou focos de contaminação.
EXAME FÍSICO GERAL: BEG, LOTE, hidratada, corada, acianótica, anictérica,
afebril ao toque, eutrófica, eupneica, marcha, fácies e posição atípicas.

Altura: 1,61
Peso: 102,150 kg
PA: 110/80

EXAME FÍSICO ESPECIFICO:


Ausculta cardíaca: BNFR2T SEM SOPROS;
Ausculta pulmonar: MV+ S/RA;

AU: 32cm TU: normal DU: ausente MF presente BCF: 142 MMII: sem edemas
Aspectos Gerais
A toxoplasmose é uma infecção muito comum, mas a manifestação clínica da doença
é rara. (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2003).

Em humanos a principal causa da infecção é o consumo de carne contaminada sem


processamento térmico adequado. (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2003, CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION, 2015)

Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixa incidência. (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA
DE LA SALUD, 2003).

Quanto à infecção crônica, estima-se que a prevalência varie de 10-75% na


população de diversos países do mundo. (DANA, 2014).

Atualmente, o Brasil possui incidência que esta entre as mais altas descritas na
literatura, e a vigilância epidemiológica específica para a toxoplasmose está em fase
de estruturação.
Etiologia e Ciclo
Toxoplasma gondii, é um protozoário intracelular obrigatório (possui três formas
principais:(ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2003).

Taquizoítos;
Bradizoítos;
Esporozoítas;

As principais vias de transmissão são: “oral” e “congênita”. Em casos raros pode haver
transmissão por inalação de aerossóis contaminados, pela inoculação acidental, transfusão
sanguínea e transplante de órgãos (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2003; CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2015; TEUTSCH, 1979).
Sinais e Sintomas
Após a infecção aguda, o parasito persiste por toda a vida do
hospedeiro sob a forma de cistos teciduais podendo ocasionar ou
não repercussões clínicas em pessoas imunocompetentes (BRASIL, 2014).

A maioria dos casos de toxoplasmose é assintomática ou apresenta


sintomas bastante inespecíficos, confundindo, principalmente, com
sintomas comuns a outras doenças como dengue, citomegalovírus
ou mononucleose infecciosa.
Sinais e Sintomas
Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção
pelo Toxoplasma gondii na gravidez é extremamente importante,
tendo como objetivo principal a prevenção da toxoplasmose
congênita e suas sequelas (BRASIL, 2013; BRASIL, 2010; E. BAHIA-OLIVEIRA, 2017).

Imunocomprometimento (imunossupressão ou imunodepressão)


pode reativar a doença. As condições como HIV, doença de
Hodgkin e o uso de imunossupressores. Inclusive podendo levar à
infecção congênita(CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2014).
Triagem sorológica na Gravidez
O objetivo principal do rastreamento é a identificação de gestantes
suscetíveis para acompanhamento durante a gestação. Idealmente, a
sorologia para toxoplasmose deve ser conhecida em mulheres previamente à
concepção. (BRASIL, 2013).

O acompanhamento visa à prevenção da infecção aguda por meio de


medidas de prevenção primária. Já a detecção precoce objetiva prevenir a
transmissão fetal e também proporcionar o tratamento, caso haja
transmissão intrauterina (BRASIL, 2006).
Triagem sorológica na Gravidez
Busca a prevenção da por prevenção primária. Já a detecção precoce
objetiva prevenir a transmissão fetal e o tratamento, caso haja
transmissão intrauterina (BRASIL, 2006).

A sorologia deve ser solicitada na primeira consulta ou no primeiro


trimestre. Os casos confirmados são encaminhados ao pré-natal de
alto risco
(BRASIL, 2010; BRASIL, 2012; BRASIL 2013;).
Toxoplasmose congênita
85% dos recém-nascidos (RN) com toxoplasmose congênita não
apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento.
 Restrição do crescimento intrauterino;
 Prematuridade;
 Anormalidades liquóricas;
 Cicatrizes de retinocoroidite (85% apresentarão cicatrizes – na 1° década de vida);
 50% evoluirão com anormalidades neurológicas;
 70% desses RN desenvolverão novas lesões oftalmológicas ao longo da vida (GILBERT, 2008).

Outras alterações fetais são: ventriculomegalia, microcefalia, calcificações intracranianas,


hepatoesplenomegalia, ascite, catarata, hidropsia e intestino ecogênico. O quadro clínico é encontrado
em um terço dos casos e a ausência de alterações ultrassonográficas não exclui a doença.
A notificação, investigação e o diagnóstico oportuno dos casos agudos
em gestantes viabilizarão a identificação de surtos, o bloqueio rápido da
fonte de transmissão e a tomada de medidas de prevenção e controle
em tempo oportuno, além da intervenção terapêutica adequada e
consequente redução de complicações, sequelas e óbitos.
Referências
Ministério da Saúde. Gestação de Alto Risco: Manual Técnico. 5ª ed.
Brasília, 2012. 301 p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Paraná). Cibele Domingues Prado da Luz
Iolanda Novadzki Luciana Hatschbach Maria Angélica Curia Cerveira
Tatiana Gomara Neves. 2018. CADERNO DE ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL
TOXOPLASMOSE, Paraná, 2018.
AIRTON JOSÉ PETRIS, Fabiana Burdini Margonato. Toxoplasmose na
gestação: diagnóstico, tratamento e importância de protocolo
clínico. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 2007, p. 381-386,
3 ago. 2007.

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