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S14P1 – o cuidado vertical

Objetivos trimestre, podendo chegar a 100% em fetos


expostos após a 36a semana.
 Listar as principais doenças transmitidas
Sífilis: Continua sendo uma infecção de
verticalmente;
transmissão sexual (IST) muito frequente, com
 Compreender os critérios de
potencial acometimento grave do feto e do
classificação do pré-natal de alto risco;
recém-nascido, se ocorrer a transmissão
 Entender a fisiopatologia do contágio
congênita em decorrência de ausência ou da
transplacentário;
inadequação de tratamento.
 Discorrer as condutas terapêuticas e o
manejo da gravidez de alto risco; Pode ter como resultado abortos, óbitos fetais
 Elucidar as consequências do abuso de e neonatais, até recém-nascidos vivos com
álcool, drogas e fármacos; sequelas diversas da doença, que poderão se
 Revisar a triagem neonatal. manifestar até os 2 anos de vida. Outras
complicações incluem a prematuridade, o
Doenças transmitidas verticalmente baixo peso ao nascer, além da sífilis congênita
assintomática (70% dos casos).
Sob o acrônimo TORCH, foram agrupadas as
cinco infecções congênitas mais prevalentes: T Toxoplasmose: Ocorrida a primoinfecção na
= toxoplasmose, O = outras (sífilis), R = rubéola, gestante, percentual significativo dos fetos
C = citomegalovírus (CMV) e H = herpes simples pode ser contaminado por via placentária
vírus (HSV). (transmissão vertical). Esse risco varia de
acordo com o estado imunológico materno, o
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o tipo e a virulência da cepa do protozoário e o
rastreamento de rotina para sífilis, toxoplasmose trimestre gestacional em que ocorreu a
e HIV desde a primeira consulta pré-natal, infecção.
enquanto o rastreamento para rubéola apenas
se a gestante apresentar sinais sugestivos da A taxa de transmissão vertical do T. gondii é
doença. A hepatite B deve ser rastreada diretamente proporcional à idade gestacional,
próximo à 30ª semana de gestação e o enquanto a morbimortalidade fetal é
rastreamento de citomegalovirose e hepatite C inversamente proporcional ao tempo de
não é recomendado. gestação.

Rubéola: síndrome da rubéola congênita (SRC) As alterações oculares são as mais frequentes,
ainda acontece apesar da vacinação. A podendo haver repercussões neurológicas e
infecção congênita ocorre quando a viremia sistêmicas.
materna permite a disseminação hematogênica
Citomegalovírus: A transmissão vertical pode
do vírus pela placenta. Embora o vírus promova
ocorrer por via transplacentária, por secreções
uma infecção autolimitada na maioria dos
durante o parto e na amamentação. A
hospedeiros, ele pode ter efeitos
infecção por citomegalovírus na gestação
potencialmente devastadores no feto em
pode gerar abortamento e malformações,
desenvolvimento.
havendo tropismo pelo sistema nervoso central.
A SRC tem potencial altamente nocivo ao feto,
Hepatite A: A transmissão vertical é muito rara,
elevando o risco de abortamentos
mas já foi relatada.
espontâneos, infecção fetal, restrição de
crescimento fetal e até óbito do concepto. O Hepatite B, C, D e E:
vírus dissemina-se pelo sistema vascular fetal,
causando lesão vascular e isquemia orgânica. HIV:

A taxa de infecção no primeiro trimestre está Herpes simples: A transmissão transplacentária é


em torno de 81%, seguida de 25% no segundo descrita, porém é rara. A transmissão vertical
ocorre durante o trabalho de parto e parto,
pelo contato direto do recém-nascido com a
mucosa infectada. Não há excreção de HSV no
leite materno.

Parvovirose: A transmissão transplacentária do


parvovírus B19 foi reportada em torno de 33%,
e a infecção fetal por esse agente tem sido
associada com abortos espontâneos, hidropisia
fetal não imune e óbito intrauterino.

Pré-natal de alto risco

Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a


vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do
recém-nascido têm maiores chances de serem
atingidas que as da média da população
considerada”.

O objetivo da estratificação de risco é


predizer quais mulheres têm maior
probabilidade de apresentar eventos adversos
à saúde.

Algumas características individuais, condições


sociodemográficas, história reprodutiva
anterior, condições clínicas prévias à gestação
podem trazer risco aumentado de patologias
incidentes ou agravadas pela gestação.

Todavia, essas características não compõem


uma lista estática e imutável e devem ser Triagem neonatal
avaliadas segundo o perfil epidemiológico das
gestantes de determinado contexto. A triagem neonatal já estabelecida no Brasil
inclui testes e exames realizados nos recém-
nascidos (RN) que previnem e detectam
doenças precocemente, com o objetivo de
evitar morbidade e mortalidade nessa
população infantil.

O objetivo é diagnosticar doenças congênitas


ou genéticas precocemente.

A partir da criação da Política Nacional de


Triagem Neonatal (PNTN) pelo Ministério da
Saúde em 2001, aconteceu a oficialização
desse processo com a triagem biológica (teste
do pezinho), triagem auditiva e triagem ocular.

 Triagem biológica ou teste do pezinho:

Compreende 4 fases: fase I: fenilcetonúria –


hipotireoidismo congênito; fase II: doença
falciforme; fase III: fibrose cística; e fase IV:
hiperplasia adrenal congênita – deficiência de
biotinidase.

 Triagem auditiva:

A orientação é que seja realizada até os 3


meses de vida.

É feita emissões otoacústicas transientes (EOAT)


e pesquisa do reflexo cócleo palpebral (RCP).

 Triagem visual:

O pediatra deve estar atento para a


orientação e vigilância da realização do teste
do olhinho (reflexo vermelho) em todos os
recém-nascidos. Estudos demonstram que a
triagem visual em RN é um método que pode
identificar potenciais causas de anormalidades
oculares tratáveis.

A Academia Americana de Pediatria


recomenda que todo pediatra deva fazer a
avaliação da criança do nascimento até os 3
anos com exame oftalmológico: história ocular,
avaliação visual, inspeção externa do olho e
pálpebra, avaliação da motilidade ocular,
exame da pupila e reflexo vermelho.

O reflexo vermelho é o exame de rastreamento


(screening) para anormalidades oculares,
desde a córnea até o segmento posterior.
Nesse exame, pode ser detectado as
opacidades dos meios transparentes do globo
ocular. Várias doenças podem ser detectáveis:
catarata congênita; retinopatia da
prematuridade; retinoblastoma; glaucoma
congênito; descolamento de retina; hemorragia
vítrea.

Segundo orientação do Grupo de Trabalho de


Prevenção da Cegueira da SBP, o teste do
reflexo vermelho deve ser realizado:

 antes da alta da maternidade;


 na primeira consulta de puericultura;
 2 meses de vida (período ideal para a
cirurgia de catarata);
 com 6, 9 e 12 meses de vida;
 após 1º ano: duas vezes por ano

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