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CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES

DISCIPLINA: SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PROFESSORA: ANA CARLA

ALUNOS: IAZY LIMA DO NASCIMENTO, FERNANDA RODRIGUES CHAVES E


NATALIA DE ALMEIDA MATIAS.

ESTUDO DE CASO.

MACEIÓ-AL

2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES

DISCIPLINA: SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PROFESSORA: ANA CARLA

ALUNOS: IAZY LIMA DO NASCIMENTO, FERNANDA RODRIGUES CHAVES E


NATALIA DE ALMEIDA MATIAS

ESTUDO DE CASO.

Estudo de caso elaborado para obtenção de


conhecimentos em virtude dos assuntos da
paciente do dia da aula prática, relacionada
aos assuntos de sífilis congênita e icterícia
patológica.

MACEIÓ- AL

2021
ESTUDO DE CASO

SÍFILIS CONGÊNITA

Sífilis congênita é uma infecção de múltiplos sistemas, causada pelo Treponema


pallidum e transmitida ao feto pela placenta.

A sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do Treponema


pallidum, da gestante infectada não-tratada ou inadequadamente tratada para o seu
concepto, por via transplacentária. Sabe-se que:

• A transmissão vertical do T. pallidum pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou


estágio clínico da doença materna.
• Os principais fatores que determinam a probabilidade de transmissão vertical do T.
pallidum são o estágio da sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no útero.
• A taxa de infecção da transmissão vertical do T. pallidum em mulheres não tratadas
é de 70 a 100%, nas fases primária e secundária da doença, reduzindose para
aproximadamente 30% nas fases tardias da infecção materna (latente tardia e
terciária).
• Há possibilidade de transmissão direta do T. pallidum por meio do contato da
criança pelo canal de parto, se houver lesões genitais maternas. Durante o
aleitamento, ocorrerá apenas se houver lesão mamária por sífilis.

Quando a mulher adquire sífilis durante a gravidez, poderá haver infecção assintomática
ou sintomática nos recém-nascidos. Mais de 50% das crianças infectadas são
assintomáticas ao nascimento, com surgimento dos primeiros sintomas, geralmente, nos
primeiros 3 meses de vida. Por isso, é muito importante a triagem sorológica da mãe na
maternidade.

Acreditava-se que a infecção do feto a partir da mãe com sífilis não ocorresse antes do
4º mês de gestação, entretanto, já se constatou a presença de T. pallidum em fetos, já a
partir da 9a semana de gestação. As alterações fisiopatogênicas observadas na gestante
são as mesmas que ocorrem na não-gestante. A sífilis congênita apresenta, para efeito
de classificação, dois estágios: precoce, diagnosticada até dois anos de vida e tardia,
após esse período.
SINTOMAS

Em recém-nascido- Irritabilidade; incapacidade para aumentar de peso ou incapacidade


de progredir; secreção com sangue pelo nariz; erupção precoce.

Em bebês maiores- Dores nos ossos; se nega a mover o membro dolorido; inflamação
articular; dentes anormais (dentes cortados); cicatrização da pele ao redor das lesões
precoces da boca, dos genitais e do ânus (denominada rágades); perda visual;
nebulosidade da córnea; audição reduzida ou surdez; e placas acinzentadas do tipo muco
no ânus e na vulva.

SÍFILIS CONGÊNITA PRECOCE

A síndrome clínica da sífilis congênita precoce surge até o 2º ano de vida e deve ser
diagnosticada por meio de uma avaliação epidemiológica criteriosa da situação materna
e de avaliações clínica, laboratorial e de estudos de imagem na criança. Entretanto, o
diagnóstico na criança representa um processo complexo. Como discutido
anteriormente, além de mais da metade de todas as crianças ser assintomática ao
nascimento e, naquelas com expressão clínica, os sinais poderem ser discretos ou pouco
específicos, não existe uma avaliação complementar para determinar com precisão o
diagnóstico da infecção na criança.

Nessa perspectiva, ressalta-se que a associação de critérios epidemiológicos, clínicos e


laboratoriais deve ser a base para o diagnóstico da sífilis na criança. Além da
prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais características dessa
síndrome são, excluídas outras causas: hepatomegalia com ou sem esplenomegalia,
lesões cutâneas (como por exemplo, pênfigo palmo-plantar, condiloma plano), periostite
ou osteíte ou osteocondrite (com alterações características ao estudo radiológico),
pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite
sero-sanguinolenta, icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada (principalmente
epitroclear). Outras características clínicas incluem: petéquias, púrpura, fissura
peribucal, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, convulsão e meningite.

SÍFILIS CONGÊNITA TARDIA

A síndrome clínica da sífilis congênita tardia surge após o 2° ano de vida. Da mesma
forma que a sífilis congênita precoce, o diagnóstico deve ser estabelecido por meio da
associação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Além disso, deve-se
estar atento na investigação para a possibilidade de a criança ter sido exposta ao T.
pallidum por meio de exposição sexual. As principais características dessa síndrome
incluem: tíbia em “Lâmina de Sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz
“em sela”, dentes incisivos medianos 13 superiores deformados (dentes de Hutchinson),
molares em “amora”, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite
intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado.

TESTES SOROLÓGICOS

De uma forma geral, a utilização de testes sorológicos permanece como sendo a


principal forma de se estabelecer o diagnóstico da sífilis. São divididos em testes não-
treponêmicos (VDRL, RPR) e treponêmicos (TPHA, FTA-Abs, ELISA). O significado
de testes positivos, treponêmicos ou não, no soro dos recém-nascidos, é limitado em
razão da transferência passiva de anticorpos IgG maternos que, no entanto, tendem
progressivamente a declinar até a sua negativação, ao fim de alguns meses. Na
ocorrência de sífilis congênita, ao contrário, os títulos se mantêm ou ascendem,
caracterizando uma infecção ativa. O ideal para melhorar a qualidade dos serviços e a
eficácia dos testes é que seja realizado de rotina o teste confirmatório treponêmico na
gestante a partir de todo teste não-treponêmico reagente (a partir de títulos de 1:1 o teste
não-treponêmico é considerado reagente).

A sífilis congênita tornou-se uma doença de notificação compulsória para fins de


vigilância epidemiológica por meio da portaria 542 de 22 de dezembro de 1986 (Brasil.
Portaria no 542/1986. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 24 de
Dezembro de 1986, Seção 1, p. 19827).

A investigação de sífilis congênita será desencadeada nas seguintes situações:

• Todas as crianças nascidas de mãe com sífilis (evidência clínica e/ou laboratorial),
diagnosticadas durante a gestação, parto ou puerpério;
• Todo indivíduo com menos de 13 anos com suspeita clínica e/ou epidemiológica de
sífilis congênita.
MANEJO CLÍNICO

• No período Neonatal A- Nos recém-nascidos de mães com sífilis não tratada ou


inadequadamente tratada, independentemente do resultado do VDRL do recém-
nascido, realizar: hemograma, radiografia de ossos longos, punção lombar (na
impossibilidade de realizar este exame, tratar o caso como neurossífilis), e outros
exames, quando clinicamente indicados.

• No período Neonatal B- Os recém-nascidos de mães adequadamente tratadas:


realizar o VDRL em amostra de sangue periférico do recém nascido; se este for
reagente com titulação maior do que a materna, e/ou na presença de alterações
clínicas, realizar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do LCR.

• No período Neonatal C- Nos recém-nascidos de mães adequadamente tratadas:


realizar o VDRL em amostra de sangue periférico do recém nascido.

PREVENÇÃO

Testes para sífilis no 1º trimestre devem ser realizados rotineiramente na gestante e


repetidos se, durante a gestação, for adquirida alguma doença sexualmente
transmissível. Em 99% dos casos, o tratamento adequado durante a gestação cura a mãe
e o feto. Entretanto, em alguns casos, o tratamento tardio da sífilis na gestação elimina a
infecção, mas não alguns sinas da doença que aparecem ao nascimento. O tratamento da
mãe < 4 semanas antes do parto pode não erradicar a infecção fetal.

Quando a sífilis congênita é diagnosticada, os outros membros da família devem ser


avaliados para evidências físicas e sorológicas da infecção. O retratamento da mãe em
gestações subsequentes é necessário apenas se os títulos serológicos sugerem
recorrência ou reinfecção. Mulheres que se mantêm soropositivas após tratamento
adequado devem ter sido reinfectadas e devem ser reavaliadas. A mãe soronegativa e
sem lesões, mas que teve exposição venérea a pessoa portadora de sífilis, deve ser
tratada, pois há 25 a 50% de probabilidade de ela ter adquirido sífilis.
ICTERÍCIA

É um dos sinais clínicos mais comuns observados nos recém-nascidos (RNs), ocorrendo
em 60% dos RN a termo e 80% dos RN pré-termo. É causada pelo acúmulo de
bilirrubina na esclera e na pele.

Poderá ocorrer icterícia se o fígado não processar glóbulos vermelhos de modo


eficiente, pois eles quebram. É normal em recém-nascidos saudáveis e geralmente
desaparece por conta própria. Em outras idades, pode sinalizar uma infecção ou doença
hepática. Os sintomas incluem amarelamento da pele e do branco dos olhos.

A bilirrubina é um produto de coloração amarelada proveniente da degradação da


hemoglobina. Quando degradada, a hemoglobina quebra-se em duas porções: heme e
globina. A porção heme forma a bilirrubina não conjugada. No fígado, a bile é
conjugada com ácido glicurônico, formando a bilirrubina conjugada. A bilirrubina
conjugada é excretada na bile ou então é reduzida, no intestino, em urobilinogênio e
estercobilina, que dá cor às fezes.

ICTERÍCIA PATOLÓGICA

Pode ser confundida com a fisiológica, porém algumas situações sugerem o diagnóstico
de icterícia patológica: a icterícia precoce, antes de 24h de vida; o associação com
outros sinais clínicos ou doenças do RN como anemia, plaquetopenia, letargia, perda de
peso etc.; o icterícia prolongada (>8 dias no a termo e acima de 14 dias no pré-termo); o
bilirrubina direta > 1,5mg/dl ou >10% da BT; o progressão diária da BT >5mg/dl ou
>0,5mg/dl/h.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

A digitopressão sobre a pele, sob luz natural permite a classificação da icterícia nas
zonas de Kramer (zonas dérmicas).
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

• Bilirrubina total e frações;


• Grupo sanguíneo, Rh e triagem de anticorpos maternos - realizados durante
pré-natal;
• Esfregaço de sangue periférico, com análise da morfologia eritrocitária e
contagem de reticulócitos – detecção de doença hemolítica com Coombs
negativo (por ex. esferocitose);
• Hematócrito - pode detectar policitemia ou anemia;
• Painel de anticorpos nos eritrócitos do RN (se Coombs direto positivo);
• Dosagem de G6PD;
• Na icterícia prolongada pesquisar doenças hepáticas, infecção congênita,
sepse, hipotireoidismo ou defeito metabólico;
• Se colestase presente, outros sinais poderão estar associados como acolia
fecal e colúria - nessas situações outros exames laboratoriais e de imagem
deverão ser solicitados.

COMPLICAÇÕES

O recém-nascido com níveis de bilirrubina não conjugados elevados pode desenvolver


um problema denominado de encefalopatia bilirrubínica. Entre os principais sintomas,
podemos citar a diminuição da força muscular, problemas de sucção, recusa para
alimentar-se e convulsões.

A encefalopatia bilirrubínica pode ser revertida, desde que seja adotada uma terapia
imediata e efetiva. Caso contrário, pode evoluir para uma forma crônica da doença
denominada de kernicterus. A doença ocasiona problemas neurológicos graves, tais
como paralisia cerebral e deficiência mental. Além disso, pode causar a morte.

TRATAMENTO

O tratamento da icterícia é baseado normalmente na fototerapia, em que se expõe a pele


do bebê à luz fluorescente. A luz permite uma maior excreção da bilirrubina, uma vez
que transforma a substância em sua forma solúvel, que é denominada de lumirrubina. A
fototerapia é o tratamento mais prescrito na primeira semana de vida e é prescrita, em
RN a termo ou pré-termo tardio (> 35 semanas), baseando-se na dosagem da bilirrubina
total sérica. Nos RN pré-termo, se o peso do RN for menor que 1000g, inicia-se a
fototerapia se a bilirrubina total for maior que 5mg/dL; se o RN tiver entre 1000-1500g,
à fototerapia está indicada quando a BT está entre 7-9mg/dL; se o RN tiver entre 1500-
2000g, inicia-se fototerapia quando o RN apresenta BT entre 10-12mg/dL; se 2000-
2500g, inicia-se a fototerapia com BT entre 12-14mg/dL.

Existe também o tratamento de exsanguineotransfusão é reservada para as situações


onde há risco maior de neurotoxicidade e é capaz de remover até 40% da bilirrubina
pré-existente. Está indicada quando há falha da fototerapia, para interromper hemólise,
RN prematuro, com menos de 1500g, com bilirrubina com valor maior ou igual aos 2
primeiros dígitos do peso, entre outras.
REGISTRO DE ENFERMAGEM (EVOLUÇÃO E ANOTOÇÕES)

R.N admitido no Hospital Veredas, acompanhado pela mãe S.G.B.S, parto cesário de
urgência devido a falta de força durante o parto, mãe testou positivo para sífilis e o bebê
apresentou sífilis congênita em seu nascimento. Alimentação com aleitamento materno
exclusivo. Imunização atualizada. Avaliação do C/D, Peso- 4,125 kg, Estatura- 50 cm,
Perímetro Cefálico- 37 cm. Exame Físico: Criança ativa, afebril ao toque, apresentando
icterícia e em tratamento de fototerapia iniciado no dia da consulta. Cabeça-
normocefáliaca, fontanelas abertas e normotensas. Pavilhão auricular- com implantação
na linha ocular, indolor à pressão da região do tragus, ausência de secreção no conduto
auditivo externo. Olhos- ausência de secreção e edema, pupilas isocóricas, esclerótica
azulada, conjuntiva normocorada. Narinas- íntegras, sem secreções e ausência de
mucopolissacarídeos. Boca- palato íntegro com frênulo da língua preso. Pescoço-
íntegro e sem anormalidades grosseiras. Tórax- simétricos com expansão bilateral,
mamilos simétricos, respiração eupneica, sem uso da musculatura acessória, AP: MVU
+ em AHT s/r.a, Ac: RCR, BNF em 2t, s/ sopros. Abdômen- globoso, coto umbilical
presente com boa cicatrização, com presença de eritema tóxico, ruídos hidroaéreos
normofonéticos. Genitália feminina- típica, sem aderência de lábios. Região anal-
íntegra, sem anormalidades. Membros superiores e inferiores- simétricos, sem
deformidades e com boa perfusão capilar. Pele e anexos- alteração na coloração da pele,
apresentando icterícia, tugor e elasticidade preservados, presença de pequenas pápulas
hiperemiadas na região do abdômen. Reflexos- busca e sucção + babinsk + prensão
plantar + prensão palmar.

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