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SÍFILIS NA GESTAÇÃO
Ficha Técnica
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ) 2022
Coordenação de Educação
Coordenação de Ações Nacionais e de Cooperação
Coordenação Geral
Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes
Andreza Pereira Rodrigues
Isabelle Aguiar Prado
Stephanie Matos Silva
Lidianne Vianna Albernaz
Coordenação de curso
Edson Borges de Souza
Conteudistas
Carla Danielle Oberhofer Guanabens
Débora Souza Beck
Ana Lúcia dos Reis Lima e Silva
Gabriela Persio Gonçalves
Financiamento
Ministério da Saúde (MS)
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES)
Coordenação-geral de Ciclos da Vida (CGCIVI)
Coordenação de Saúde das Mulheres (COSMU)
Apoio
Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente - portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Sumário
1. Diagnóstico 03
2. Transmissão 03
3. Evolução Clínica 05
4. Diagnóstico 06
5. Tratamento e seguimento 11
Referências 13
1. Diagnóstico
Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, de caráter sistêmico, causada por
uma bactéria gram negativa do grupo das espiroquetas, chamada Treponema
pallidum¹.
2. Transmissão
O contágio se dá através do contato sexual de mucosa ou pele lesionada com lesões
sifilíticas, por hemotransfusão (de sangue contaminado não testado – forma de
transmissão rara na atualidade) ou ou por via vertical transplacentária².
A sífilis congênita pode ser evitada se a doença for tratada de forma adequada, não
existindo vacina para a doença e nem imunidade protetora para quem já teve a
doença anteriormente¹ ².
Em 95% dos casos o cancro ocorre em mucosa genital, mas pode também acontecer
na mucosa oral. A úlcera e a linfonodomegalia desaparecem espontaneamente após
algumas semanas.
Quando o diagnóstico de sífilis ocorre sem que a paciente tenha sintomas clínicos, dá-
se o nome de sífilis latente².
Exames Diretos:
Os exames diretos buscam encontrar a presença de espiroquetas em material
retirado de lesões clínicas da sífilis primária ou secundária. São eles: exames de
campo escuro e pesquisa direta com material corado².
Exames Imunológicos:
Os testes imunológicos são os mais utilizados na prática, abrangendo uma variedade
maior de exames. Esses podem ser divididos por sua vez em testes treponêmicos e
não treponêmicos².
Testes Treponêmicos:
Detectam anticorpos específicos contra o treponema. Uma vez que houve infecção, os
testes treponêmicos se manterão positivos para sempre, portanto estão indicados
para diagnóstico de primeira infecção, mas não para seguimento do tratamento ou
diagnóstico de reinfecção.
O prenatalista deve buscar encaixar o caso clínico sob seus cuidados em um destas
situações clínicas, a partir de dados epidemiológicos, clínicos e sorológicos. O
algoritmo proposto pelo Ministério da Saúde, e exposto mais a frente no texto, pode
guiar você nesta tarefa.
Como todos os testes, o VDRL pode ter resultados falsos, e o prenatalista deve ter a
capacidade de entender o curso natural do VDRL durante a infecção, para saber
interpretá-lo².
FENÔMENO PROZONA
O fenômeno prozona ocorre quanto existe excesso de anticorpos no soro testado, o
que interfere na formação do complexo antígeno-anticorpo necessário para que
aconteça a reação de floculação. Para evitar tal efeito, amostras negativas devem ser
diluídas e novamente testadas. O fenômeno prozona é observado principalmente na
sífilis secundária, fase em que há produção de grande quantidade de anticorpos.
O título de reações falso-positivas geralmente é baixo, mas em raras ocasiões pode ser
extremamente alto; portanto, o título não pode ser usado para diferenciar entre uma
reação falso-positiva e a sífilis⁴.
Veja no quadro abaixo como podem ser interpretados os exames treponêmicos e não
treponêmicos:
Fonte: DCCI/SVS/MS.
(a) Se houver histórico de tratamento adequado e resposta imunológica adequada, pode representar cicatriz sorológica.
Completar
tratamento
Situações em que a conforme
testagem de sífilis deve ser estágio clínico
solicitada para gestante, +
preferencialmente TR Realizar
Iniciar monitoramento
tratamento com +
Primeira primeira dose Caso concluído
Notificar e
consulta de de penicilina como
investigar o
benzatina diagnóstico de
pré-natal caso
imediatamente sífilis
+
Início do terceiro Repetir a
Coletar amostra
trimestre (a Resultado testagem
para realização
partir da semana reagente
28 de teste conforme
Realizar teste laboratorial indicado nas
treponêmico "Diagnóstico de Caso concluído "Situações em
sífilis após TR como ausência que o TR de
Parto/aborto
reagente" de sífilis sífilis deve ser
+ solicitado para
Testar e tratar gestante" OU
História de parceria sexual
exposição/viol Repetir
ência sexual testagem após
30 dias se
persistir a
suspeita de
sífilis
Pelo rastreio de sífilis ser preconizado nos exames de rotina da gestação, na maioria
das vezes o diagnóstico é feito em gestantes assintomáticas e sem a cronologia do
tempo de infecção determinada, sendo a sífilis latente de duração indeterminada o
mais comum.
Sífilis tardia (com duração maior Penicilina G benzatina 2.400.000 UI, intramuscular,
que 1 ano): Terciária ou latente semanal, por 3 semanas
tardia/duração indeterminada Dose total: 7.200.000 UI, IM
As parcerias sexuais dos últimos 90 dias das gestantes infectadas com sífilis devem
ser buscadas de forma ativa, para tratamento e investigação diagnóstica. Os
contactantes sexuais podem estar infectados, estando indicado o tratamento
imediato com uma dose de penicilina benzatina 2,4 milhões UI. Caso o teste da
parceira seja reagente para sífilis, deverá ser investigada a fase da doença e
avaliada a necessidade de mais doses para completar o tratamento adequado. Caso
seja negativo, interrompe-se o tratamento².
5.2 Seguimento
O acompanhamento após o tratamento adequado deve se dar tanto com a
avaliação clínica quanto com o seguimento sorológico dos testes não treponêmicos
(VRDL, RPR, TRUST – devendo sempre ser usado o mesmo tipo). O primeiro teste deve
ser realizado no início do tratamento, (colhido de preferência no dia da primeira dose
de penicilina), e então mensalmente.
Resposta adequada:
Ocorre queda de 2 diluições em até 3 meses após fim do tratamento ou queda de 4
diluições em até 6 meses após o fim do tratamento. Permite-se, porém, a demora na
queda de 2 títulos em até 6 meses para sífilis recente (primária, secundária ou
latente recente) ou em até 12 meses para sífilis tardia ou de duração indeterminada
(resposta imunológica mais lenta).
Essa queda de diluições acontece mais rapidamente em pacientes mais jovens, com
títulos muito altos e/ou em fases mais recentes da doença. A persistência de títulos
baixos (1:1, 1:2, 1:4) mesmo após 1 ano de tratamento, descartada nova exposição,
corresponde a cicatriz sorológica.
Esta definição condiz com os critérios de definição de casos para notificação de sífilis
congênita para fins de vigilância epidemiológica.
As parcerias sexuais devem ser tratadas mas o tratamento das mesmas não entra nos
critérios epidemiológicos da sífilis congênita.
Para entender melhor sobre investigação de sífilis congênita no recém nascido, orientamos a
leitura das páginas 128-187 do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral
às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, 2021.
Reação que pode ocorrer nas primeiras horas após o início do tratamento com penicilina
benzatina. Se caracteriza por febre, erupção cutânea, prurido, poliadenomegalia e/ou queda
da pressão arterial, em resposta à grande quantidade de proteínas e substâncias liberadas
da lise de espiroquetas. Ocorre resolução espontânea em 12-24h e NÃO CONFIGURA ALERGIA
A PENICILINA BENZATINA.
Referências
1.WHO Guideline on Syphilis Screening and Treatment for Pregnant Women. Geneva: World Health
Organization; 2017. 01, Introduction. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499744/
3. Boletim epidemiológico de sífilis. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/ publicacoes/boletins/boletins-
epidemiologicos-especiais/2021/boletim_sifilis-2021_internet.pdf
4. Larsen SA, Steiner BM, Rudolph AH. Laboratory diagnosis and interpretation of tests for syphilis.
Clin Microbiol Rev. 1995 Jan;8(1):1-21. doi: 10.1128/CMR.8.1.1-21.1995.
5. Shenoy ES, Macy E, Rowe T, Blumenthal KG. Evaluation and management of penicillin allergy.
JAMA 2019;321(2):188-199.