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Assistência à Saúde da Mulher

Docente: Thaís Vieira


IST : AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
São causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas,
principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso
de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada. A
transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a
gestação, o parto ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST também
podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não
íntegra com secreções corporais contaminadas.
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada em
substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a
possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e
sintomas.
1- SÍFILIS
É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano,
causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações
clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos
estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.
Pode comprometer múltiplos órgãos (pele, olhos, ossos, sistema cardiovascular,
sistema nervoso).
O importante a ser considerado aqui é a sua lesão primária, também chamada de
cancro de inoculação (CANCRO DURO), que é a porta de entrada do agente no
organismo da pessoa.
✔ Formas de transmissão
A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa
infectada, ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto.
✔ Sinais e sintomas
❖ Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo
uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o
contágio. Essa lesão é rica em bactérias.
Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada
de ínguas (caroços) na virilha ou de secreção serosa (líquida, transparente) escassa e que
pode ocorrer nos grandes lábios, vagina, clitoris, períneo e colo do útero na mulher e na
glande e prepúcio no homem, mas que pode também ser encontrada nos dedos, lábios,
mamilos e conjuntivas
Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
❖ Sífilis secundária
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e
cicatrização da ferida inicial.
Caracterizada pela disseminação dos treponemas pelo organismo e ocorre de 4 a 8
semanas do aparecimento do cancro. Podem ocorrer manchas no corpo, que
geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são
ricas em bactérias.
Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. As manifestações nesta
fase são essencialmente dermatológicas e as reações sorológicas continuam positivas
❖ Sífilis latente – fase assintomática
Não aparecem sinais ou sintomas.
É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente
tardia (mais de dois anos de infecção).
A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas
da forma secundária ou terciária.
Sífilis Adquirida Tardia ou Terciária
Pode surgir de 2 a 40 anos após o início da infecção. Considerada tardia após o
primeiro ano de evolução em pacientes não tratados ou inadequadamente tratados.
Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas,
cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
❖ Sífilis Congênita
É uma doença transmitida para criança durante a gestação (transmissão vertical).
Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando
o resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual,
para evitar a transmissão.
As manifestações da doença, na maioria dos casos, estão presentes já nos primeiros
dias de vida e podem assumir formas graves, inclusive podendo levar ao óbito da
criança
Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em 3 momentos:
▪ Primeiro trimestre de gestação
▪ Terceiro trimestre de gestação
▪ Momento do parto ou em casos de aborto
✔ Sinais e sintomas
Pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de
vida da criança. São complicações da doença: aborto espontâneo, parto prematuro,
má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer.
✔ Diagnóstico
Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os
resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais.
O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo
prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem
a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo
Departamento de Condições Crônicas Infecciosas/Secretaria de Vigilância em Saúde/
Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a
cobertura diagnóstica.
Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e
encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para
confirmação do diagnóstico.
Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser
iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado
do segundo teste.
✔ Tratamento
Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais
rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de
prevenir a transmissão vertical. A parceria sexual também deverá ser testada e
tratada para evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento adequado à
gestante:
• Administração de penicilina benzatina
• Início do tratamento até 30 dias antes do parto
• Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis
• Respeito ao intervalo recomendado das doses
2- CANDIDÍASE
Especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas mais frequentes de infecção
genital.
Sinônimos: Monilíase, Micose por cândida, Sapinho
✔ Sinais e Sintomas:
Caracteriza-se por prurido (coceira), ardor, dispareunia (dor na relação sexual) e pela
eliminação de um corrimento vaginal em grumos brancacentos, semelhante à nata do
leite. Com frequência, a vulva e a vagina encontram-se edemaciadas (inchadas) e
hiperemiadas (avermelhadas). As lesões podem estender-se pelo períneo, região
perianal e inguinal (virilha). No homem apresenta-se com hiperemia da glande e
prepúcio (balanopostite) e eventualmente por um leve edema e pela presença de
pequenas lesões puntiformes (em forma de pontos), avermelhadas e pruriginosas.
✔ Transmissão:
Em geral está relacionada com a diminuição da resistência do organismo da pessoa
acometida. Ocorre transmissão pelo contato com secreções provenientes da boca, pele,
vagina e dejetos de doentes ou portadores.
A transmissão da mãe para o recém-nascido (transmissão vertical) pode ocorrer
durante o parto. A infecção, em geral, é primária na mulher, isto é, desenvolve-se em
razão de fatores locais ou gerais que diminuem sua resistência imunológica.
✔ Prevenção
▪ Higienização adequada.
▪ Evitar vestimentas muito justas.
▪ Investigar e tratar doença(s) predisponente(s).
▪ Camisinha.

3- HERPES
Infecção recorrente (vem, melhora e volta) causadas por um grupo de vírus que
determinam lesões genitais vesiculares (em forma de pequenas bolhas) agrupadas que,
em 4-5 dias, sofrem erosão (ferida) seguida de cicatrização espontânea do tecido
afetado. As lesões com frequência são muito dolorosas e precedidas por eritema
(vermelhidão) local. A primeira crise é, em geral, mais intensa e demorada que as
subsequentes. O caráter recorrente da infecção é aleatório (não tem prazo certo)
podendo ocorrer após semanas, meses ou até anos da crise anterior
✔ Agente: Vírus do Herpes Genital ou Herpes Simples Genital ou HSV-2.
✔ Fatores de Risco:
As crises podem ser desencadeadas por fatores tais como stress emocional,
exposição ao sol, febre, baixa da imunidade etc. A pessoa pode estar contaminada
pelo vírus e não apresentar ou nunca ter apresentado sintomas e, mesmo assim,
transmiti-lo a(ao) parceira(o) numa relação sexual
✔ Complicações/Consequências:
Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso, endometrite pós-parto.
Infecções peri e neonatais. Vulvite. Vaginite. Ulcerações genitais. etc
✔ Transmissão:
Frequentemente pela relação sexual. Da mãe doente para o recém-nascido na hora
do parto.
✔ Prevenção:
Não está provado que a camisinha diminua a transmissibilidade da doença.
Higienização genital antes e após o relacionamento sexual é recomendável. Escolha
do (a) parceiro (a).
4- GONORREIA E INFECÇÃO POR CLAMÍDIA
São IST causadas por bactérias (Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis,
respectivamente). Na maioria das vezes estão associadas, causando a infecção que
atinge os órgãos genitais, a garganta e os olhos. Os sintomas causados por essas
bactérias também podem ser provocados por outras bactérias menos frequentes,
como Ureaplasmas e Mycoplasmas.
✔ Sinônimos: Uretrite Gonocócica, Blenorragia, Fogagem
✔ Sinais e sintomas
Dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento amarelado ou claro, fora da
época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual.
A maioria das mulheres infectadas não apresentam sinais e sintomas.
Os homens podem apresentar ardor e esquentamento ao urinar, podendo haver
corrimento ou pus, além de dor nos testículos.
✔ Complicações/Consequências:
Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso, endometrite pós-parto.
Doença Inflamatória Pélvica. Infertilidade. Etc
✔ Transmissão:
Relação sexual.
Da mãe contaminada para o bebê durante o parto.
✔ Prevenção: Camisinha. Higiene pós-coito.
5-PAPILOMAVIRUS HUMANO (HPV)
Infecção causada por um grupo de vírus (HPV - Human Papilloma Viruses) que
determinam lesões papilares (elevações da pele) as quais, ao se fundirem, formam
massas vegetantes de tamanhos variáveis, com aspecto de couve-flor (verrugas).

Os locais mais comuns do aparecimento destas lesões são a glande, o prepúcio e o meato
uretral no homem e a vulva, o períneo, a vagina e o colo do útero na mulher. Em ambos os
sexos pode ocorrer no ânus e reto, não necessariamente relacionado com o coito anal.
✔ Sinônimos: Jacaré, jacaré de crista, crista de galo, verruga genital.
✔ Agente: Papilomavirus Humano (HPV) - DNA vírus. HPV é o nome de um grupo de
vírus que incluem mais de 100 tipos.
✔ Complicações/Consequências:
Câncer do colo do útero e vulva e, mais raramente, câncer do pênis e também do ânus.
✔ Transmissão:
Contato sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra penetração vaginal
ou anal o vírus pode ser transmitido. O recém-nascido pode ser infectado pela mãe
doente, durante o parto. Pode ocorrer também, embora mais raramente, contaminação
por outras vias (fômites) que não a sexual: em banheiros, saunas, instrumental
ginecológico, uso comum de roupas íntimas, toalhas etc.
✔ Prevenção:
Camisinha usada adequadamente, do início ao fim da relação, pode proporcionar
alguma proteção. Exame ginecológico anual para rastreio de doenças pré-invasivas do
colo do útero. Avaliação do(a) parceiro(a). Abstinência sexual durante o tratamento.
Imunização
6- LINFOGRANULOMA VENÉREO
Caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital (lesão primária) que tem curta
duração e que se apresenta como uma ulceração (ferida) ou como uma pápula
(elevação da pele). Esta lesão é passageira (3 a 5 dias) e frequentemente não é
identificada pelos pacientes, especialmente do sexo feminino. Após a cura desta lesão
primária, em geral depois de duas a seis semanas, surge o bubão inguinal que é uma
inchação dolorosa dos gânglios de uma das virilhas (70% das vezes é de um lado só).
Se este bubão não for tratado adequadamente ele evolui para o rompimento
espontâneo e formação de fístulas que drenam secreção purulenta.
✔ Sinais e sintomas
Feridas nos órgãos genitais e outros (pênis, vagina, colo do útero, ânus e boca), as
quais, muitas vezes, não são percebidas e desaparecem sem tratamento.
Entre uma a seis semanas após a ferida inicial, surge um inchaço doloroso (caroço ou
íngua) na virilha, que, se não for tratado, rompe-se, com a saída de pus.
Pode haver sintomas por todo o corpo, como dores nas articulações, febre e mal-estar.
Quando não tratada adequadamente, a infecção pode agravar-se, causando
elefantíase (acúmulo de linfa no pênis, escroto e vulva).
✔ Sinônimos: Doença de Nicolas-Favre, Linfogranuloma Inguinal, Mula, Bubão.
✔ Agente: Chlamydia trachomatis.
✔ Complicações/Consequências: Elefantíase do pênis, escroto, vulva. Proctite
(inflamação do reto) crônica. Estreitamento do reto.
✔ Transmissão: Relação sexual é a via mais frequente de transmissão. O reto de
pessoas cronicamente infectada é reservatório de infecção.
✔ Prevenção: Camisinha. Higienização após o coito.

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