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CORRIMENTO VAGINAL/LEUCORREIAS

Definição:

Mudança de cor, cheiro e ou aumento do volume da secreção vaginal resultantes de uma infecção
vaginal ou cervical.

É importante diferenciar uma secreção vaginal normal (fisiológicas) da secreção provocada por
ITS.

Etiologia

A vulvo vaginite e a vaginose são as causas mais comuns de corrimento vaginal patológico.

Os agentes etiológicos mais frequentes são fungos, principalmente a Candida albicans; bactérias
anaeróbicas, em especial a Gardnerella vaginalis; e o protozoário Trichomonas vaginalis.

A infecção vaginal pode ser caracterizada por corrimento e/ou coceira e/ou alteração de odor.

Variação da Secreção Vaginal

A secreção vaginal varia com o período do ciclo menstrual em que a mulher é observada:

 Leitosa durante os dias pré e pós menstruais


 Clara e aquosa no meio do ciclo.
A secreção vaginal relacionada com uma ITS é de cor e cheiro anormal, pode ser acompanhada
de prurido, edema vulvar e dor pélvica

Flora Vaginal Normal

 Streptococcus
 Staphylococcus
 Difteroides
 Lactobacilus - têm um papel importante na manutenção da acidez da vagina PH
Normal : 4,5-5
Sintomas

 Corrimento vaginal
 Dor do baixo ventre
 Dispareunia
 Disúria
 Prurido
Sinais clínicos mais comuns

 Mucopus cervical
 Colo friável
 Dor à mobilização do colo
 Corrimento vaginal
 Inflamação vulvar e vaginal

Causas mais comuns

CERVICITE

 Gonorreia (N. gonorrhoeae)


 Cervicite por C. trachomatis.
VAGINITE

• Tricomoníase (T. vaginalis)


• Vaginose bacteriana (Gardnerella vaginalis, anaerobes e outros)
• Candidíase (Candida albicans)
Nos homens

Sintomas comuns
• Corrimento uretral
• Polaquiúria
• Disúria
Sinais comuns

• Corrimento uretral
Causas mais comuns (etiologia)

• Uretrite gonocócica- Gonorreia (N. gonorrhoeae)


• Uretrite não gono -(C. trachomatis ou U.urealyticum)
• Tricomoníase

Gonorreia

A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria


gonorrhoeae que infecta o revestimento da uretra, do colo do útero, do recto ou da garganta ou
das membranas que cobrem a parte frontal do olho (conjuntiva e córnea).

Agente Causador: Neisseria gonorrhoeae, infecta as superfícies mucosas de revestimento


epitelial de tipo colunar ou cilíndrico de transição:

• Uretra no homem e mulher;


• Cérvix uterino na mulher;
• Mucosa rectal ambos sexos;
• Orofaringe ambos sexos;
• Conjuntiva ambos sexos;

Período de incubação: 4 - 7 dias;

Ocasionalmente, pode ser mais curto - 24h; Incubação mais prolongada 1 mês ou > é cada vez
mais comum.

Idade: Todas as idades, mas >90% entre 15 e 35 anos.

Risco:
• Homem infectado para mulher são - 50 a 60.5%;
• Mulher infectada para homem são - 20%.
• 80% das mulheres infectadas são assintomáticas e 10% dos homens são assintomáticos
Clamydia Trachomatis

• Cerca de 40-60% das Uretrites não gonocócica (UNG).


• 2/3 das parceiras estáveis de Homens com UNG por Chlamydia são portadoras de C.
trachomatis e podem reinfectar o parceiro.
Período de incubação: 8 a 10 dias;

Ocasionalmente, pode ser mais curto ou mais prolongada 70-75% das mulheres permanecem
assintomáticas.

Candidíase vulvovaginal

É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo que habita a mucosa vaginal e
digestiva, e que, por um desequilíbrio na flora bacteriana, cresce quando o meio se torna
favorável para o seu desenvolvimento.

Formas de transmissão

A relação sexual não é a principal forma de transmissão, já que esses organismos podem fazer
parte da flora endógena.

A candidíase é causada principalmente pelo fungo Candida albicans, no entanto, há


outras espécies não albicans (glabrata, tropicalis, krusei, parapsilosis) e Saccharomyces
cerevisae.

Factores que podem causar a candidíase vulvaginal

 Gravidez;
 Obesidade;
 Diabetes mellitus (descompensado);
 Uso de corticoids;
 Uso de antibióticos;
 Uso de contraceptivos orais;
 Uso de imunossupressores ou quimio/radioterapia;
 Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência);
 Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local;

Contacto com substancias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos, perfumes, sabonetes ou
desodorantes íntimos);

Infecção pelo HIV

A maioria dos casos não são complicados e respondem a vários esquemas terapêuticos. No
entanto, a candidíase pode ser recorrente.

Sinais e sintomas

 Prurido vaginal (coceira intensa).


 Sensação de ardência ou queimação, principalmente ao urinar.
 Corrimento branco, geralmente grumoso, sem cheiro, com aspecto de “leite coalhado”.
 Vermelhidão e inchaço vulvar, fissuras e maceração da vulva.
 Dor durante a relação sexual.

Diagnóstico e tratamento

Recomenda-se procurar o serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento


adequado.

O tratamento pode ser feito com antifúngicos na forma de creme vaginal ou por via oral.

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é a desordem mais frequente do trato genital inferior entre mulheres em
idade reprodutiva (gestantes ou não) e a causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor
fétido. É um conjunto de sinais e sintomas resultante de um desequilíbrio da flora vaginal, que
implica a diminuição dos lactobacilos e um crescimento de bactérias, principalmente
a Gardnerella vaginalis.
Não se trata de infecção de transmissão sexual; apenas pode ser desencadeada pela relação
sexual em mulheres predispostas, ao terem contacto com o sémen, que possui pH mais elevado.

Sinais e sintomas

• Corrimento vaginal com odor fétido (semelhante a “peixe podre”), mais acentuado após
a relação sexual e durante o período menstrual.
• Corrimento vaginal de cor branco-acinzentada, de aspecto fluido ou cremoso e algumas
vezes bolhoso.

Diagnóstico e tratamento

Recomenda-se procurar o serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento


adequado.

As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, somente se apresentarem sinais e sintomas.

Complicações

A vaginose bacteriana aumenta o risco de aquisição de IST (incluindo o HIV), e pode trazer
complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (associada com rotura prematura de
membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea).

Quando presente nos procedimentos invasivos, como curetagem uterina, biopsia de endométrio e
inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de doença inflamatória pélvica (DIP).

Factores de risco

São Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) causadas pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae
e Chlamydia trachomatis.
CORRIMENTO URETRAL

São Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) causadas pelas bactérias Neisseria


gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Na maioria das vezes as duas estão presentes e podem
estar associadas a infecções que atingem os órgãos genitais, uretra, garganta e os olhos.

Fig.2: Corrimento uretral

Corrimento uretral

 Presença de secreção anormal a nível da uretra anterior.


Qual o agente causador da síndrome corrimento uretral

A principal forma de transmissão dos agentes infecciosos que causam uretrite, com consequente
indução de corrimento uretral, é a relação sexual desprotegida com indivíduo infectado, seja essa
relação oral, vaginal ou anal (BRASIL, 2020a).

 Neisseria Gonorrhoeae
 Chlamydia trachomatis
 Trichomanas vaginalis
 Mycoplama Genitalium

Como identificar corrimento uretral?

• Corrimento de pus ou muco da uretra.


• Dor ou desconforto durante a micção.
• Sensação de queimação ou coceira na uretra.
• Dor ou desconforto durante a relação sexual.
Formas de contágio

• A transmissão é sexual e o uso da camisinha masculina ou feminina é a melhor forma de


prevenção.
Sinais e sintomas

Dor ao urinar ou no baixo ventre (“pé da barriga”), corrimento amarelado ou claro, fora da
época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual.

A maioria das mulheres infectadas não apresentam sinais e sintomas.

Os homens podem apresentar ardor e “esquentamento” ao urinar, podendo haver corrimento ou


pus, além de dor nos testículos.

Diagnóstico e tratamento

Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessas IST, recomenda-se procurar um serviço de


saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado.

As parcerias sexuais devem ser tratadas, ainda que não apresentem sinais e sintomas.

Conjuntivite neonatal

Há possibilidade de transmissão dessas infecções no parto vaginal, resultando em conjuntivite na


criança, que pode levar à cegueira se não for prevenida ou tratada adequadamente.

Deve-se aplicar colírio nos olhos do recém-nascido na primeira hora após o nascimento (ainda na
maternidade) para prevenir a conjuntivite (oftalmia) neonatal.

Além da conjuntivite, a infecção no recém-nascido pode atingir órgãos internos, com aumento da
gravidade da infecção, o que por vezes implica a necessidade de internação hospitalar para
tratamento.

Complicações do corrimento uretral

No Homem

• Epidedimites;
• Estenose uretral.
• Orquites HIV/SIDA.
• Esterilidade.

Na Mulher

• DIP;
• Infertilidade
• Abortos
• Nados morto;
• Conjutivite do RN;
• Gravidez Ectópica;
• HIV/SIDA;

Complicações em Ambos Sexos

• Artrite gonocócica
• Síndrome de Fitz-Hug-Curtis (peri-hepatite)
• Lesões dermatológicas
• Vasculites sépticas – pústulas necróticas
• Endocardite e meningite

Tratamento para: Gonorréia, Clamídia e Tricomonas

• Ciprofloxacina 500 mg via oral - Dose única


• Azitromicina 1 g via oral - dose única
• Metronidazol 2g via oral - dose única

Factores de risco

São Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) causadas pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae
e Chlamydia trachomatis
Úlcera genital

Definição

Perda de continuidade do revestimento cutâneo – uma ou várias ulcerações nos órgãos genitais.

Principais agentes:

• Treponema pallidum (cancro duro)


• Haemophilus ducreyii (cancro mole)
• Herpes simplex tipo 2 (lesões vesiculosas)
• Chlamidia trachomatis (serotipos L1-L2)
• Calymmato Bacterium Granulomatosis
Quadro clinico

Uma ou várias úlceras genitais dolorosas ou não

Homem - sulco balanoprepucial, prepúcio e glande

Mulher - face interna dos pequenos e grandes lábios, vagina, clítoris, colo e região perineal

• Disúria, Dispareunia,
• Corrimento vaginal
• Linfadenopatia inguinal
Sífilis

Etiologia:

• Treponema pallidum
• Família: Spirochaetaceae
• Género: Treponema
• Não cultivável in vitro

Visível à microscopia em campo escuro, colorações com Sais de Prata ou Giemsa e técnicas de
imunoflorescência

Vias de transmissão:

Sífilis adquirida

• Contacto sexual
• via parenteral

Sífilis congénita

• Intra-uterino
• Ao nascimento
• Período puerperal

Quadro clinico

• Sífilis primária - Cancro primário


• Sífilis secundária - Lesões exantemáticas, maculopapulosas, generalizada na pele e
mucosas – roséola sifilítica

Manifestações sistémicas: cefaleias, febre discreta, dores musculares e articulares, anemia e


albuminúria moderadas e linfadenopatia.

Sífilis latente

Pode durar 20-30 anos;

Apenas os testes serológicos são +


Sífilis tardia

Gomas e tubérculos que afectam os ossos, língua e palato

Manifestações sistémicas: tabes dorsalis, paralisia geral progressiva, aortite, aneurismas, etc.

Diagnóstico

Todas as fases da sífilis:

Testes serológicos

• Não treponémicos antígeno não específico de Treponema pallidum (cardiolipina):


• Floculação: RPR (Rapid plasma reagin),
• VDRL (Venereal Diseases Research Laboratory);
• Fixação de complemento (Wasserman, Kolmer)

Treponémicos

• Usam o próprio Treponema pallidum como antigénio.


• Micro-Hemaglutinação de Treponema pallidum (MHA-TP);
• Teste de absorção de anticorpo fluorescente (FTA Abs);
• Teste de Imobilização de Treponema pallidum.

Visualização do Treponema em campo escuro ou imunoflurescência

Teste não treponémicos:

• VDRL (Venereal Disease Research Laboratory)


• RPR ( Reagina plasmática rápida)

Herpes Genital

• Causada pelo vírus Herpes simplex (HSV) e transmitido predominantemente pelo


contacto sexual (inclusive oro-genital)

• Período de incubação de 3 a 14 dias (primo infecção sintomática).


• HSV tipos 1 e 2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do
tipo 2 nas lesões genitais, e do tipo 1 nas lesões periorais.

• Causam quadros agudos, seguidos de longos períodos de latência e reactivação

Diagnostico clinico

• A infecção pode não produzir sintomas

• As lesões inicialmente se manifestam com pápulas eritematosas de 2 a 3 mm, seguindo-se


de vesículas agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem dando origem a ulcerações.

• Pode estar presente adenopatia inguinal dolorosa bilateral

• Podem ocorrer sintomas gerais, como febre e mal-estar.

Herpes Genital Localização das Lesões

No homem

• Glande

• Prepúcio

Na mulher

• Nos pequenos lábios,

• Clitóris,

• Grandes lábios

• Colo do útero

Após a infecção primária, o HSV ascende pelos nervos periféricos, penetra nos núcleos das
células ganglionares e entra em estado de latência.

Tratamento
Tratamento para Sífilis e Cancróide

• Penicilina benzatina 2,4 milhões IM 1x


• Azitromicina 1g VO Dose Única

Tratamento para Sífilis e Cancróide e Herpes

• Penicilina benzatina 2,4 milhões IM Dose única


• Azitromicina 1g VO Dose Única
• Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias

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