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A infecção vaginal pode ser caracterizada por corrimento e/ou prurido e/ou
alteração de odor. Daí a necessidade de indagar sobre:
› Consistência, cor e alterações no odor do corrimento;
› Presença de prurido; e/ou
› Irritação local.
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› Gravidez
› Obesidade
› Diabetes mellitus (descompensado)
› Uso de corticoides
› Uso de antibióticos
› Uso de contraceptivos orais
› Uso de imunossupressores ou quimio/radioterapia
› Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência)
› Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local
› Contato com substancias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos, perfumes, sabonetes ou
desodorantes íntimos)
› Infecção pelo HIV
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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Diante de forte suspeita de CVV, mas com citologia a fresco negativa, deve-se
realizar cultura vaginal específica em meios de Sabouraud, Nickerson ou Microstix-
candida (PAPPAS et al., 2009).
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GARDNERELLA, BACILOS
ESCORE LACTOBACILOS QUANTIFICAÇÃO
BACTEROIDES, ETC. CURVOS
0
0 4+ 0 0
Ausência de bactérias
1+
1 3+ 1+ 1+ ou 2+
<1 bactéria/campo
2+
2 2+ 2+ 3+ ou 4+
1 a 5 bactérias/campo
3+
3 1+ 3+ 6 a 30 bactérias/
campo
4+
4 0 4+
>30 bactérias/campo
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genital). O tratamento deve ser simultâneo ao procedimento, não havendo razão para
sua suspensão ou adiamento.
7.1.3 Tricomoníase
Vulvovaginite menos frequente nos dias atuais, é causada por um protozoário
flagelado unicelular, o Trichomonas vaginalis, e parasita com mais frequência a
genitália feminina que a masculina. Seus sinais e sintomas característicos consistem
em corrimento vaginal intenso, amarelo-esverdeado, por vezes acinzentado, bolhoso
e espumoso, acompanhado de odor fétido (na maioria dos casos, lembrando peixe) e
prurido eventual, que pode constituir reação alérgica à afecção. Em caso de inflamação
intensa, o corrimento aumenta e pode haver sinusiorragia e dispareunia (SOOD; CAPIL,
2008). Também podem ocorrer edema vulvar e sintomas urinários, como disúria.
Cerca de 30% dos casos são assintomáticos, mas algum sinal clínico pode aparecer.
Não há complicações sérias na mulher na grande maioria dos casos, mas a tricomoníase
pode propiciar a transmissão de outros agentes infecciosos agressivos, facilitar DIP, VB
e, na gestação, quando não tratada, pode evoluir para rotura prematura das membranas
(MANN et al., 2010).
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7.2 Cervicite
As cervicites são frequentemente assintomáticas (em torno de 70% a 80%).
Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal, sangramento
intermenstrual ou pós-coito, dispareunia, disúria, polaciúria e dor pélvica crônica
(STAMM, 1999; PATTON, 1985; PAAVONEN; EGGERT-KRUSE, 1999; MARDH, 2004;
ROBERTS et al., 2007; BAKKEN et al., 2007; BAKKEN; GHADERI, 2009; LAND et al., 2010).
Os principais agentes etiológicos são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae
(BENZAKEN et al., 2010).
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Além disso, outros sintomas, como corrimento vaginal, febre, dor pélvica, dispareunia
e disúria também podem estar associados (NDOYE et al., 1998; RYAN et al., 1998a;
SÁNCHEZ et al., 1998; SCHNEIDER et al., 1998; WI et al., 1998; BRASIL, 1999; SELLORS et
al., 2000; FONCK et al., 2000; ALARY et al., 1998; RYAN et al., 1998b; MOHERDAUI et al.,
1998; MAYAUD et al., 1998b; STEEN et al., 1998), não sendo contemplados no fluxograma.
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A conjuntivite por clamídia é bem menos severa e seu período de incubação varia de
cinco a 14 dias. A frequência relativa da infecção pelos dois agentes etiológicos depende
da prevalência dessas IST em gestantes e do uso da profilaxia ocular na primeira hora
após o nascimento, a qual é efetiva contra N. gonorrhoeae, mas frequentemente não
o é contra C. trachomatis. Na ocasião do parto vaginal, o risco de transmissão vertical
situa-se entre 30% e 50%, tanto para N. gonorrhoeae como para C. trachomatis.
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Exame ginecológico
(toque e exame especular) Fatores de risco para IST
- Idade abaixo de 30 anos
- Novas ou múltiplas parcerias sexuais
- Parcerias com IST
- História prévia/presença de outra IST
Dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento - Uso irregular de preservativo
no orifício externo do colo, edema cervical e sangramento
ao toque da espátula ou swab?
Sim Não
Ver cervicite
Corrimento vaginal confirmado?
Sim Não
Corrimento grumoso ou
eritema vulvar?
Presença de hifas Tratar candidíase
Sim Não
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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O tratamento para cada uma das infecções deve ser realizado de acordo com os
Quadros 31 a 35.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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CANDIDÍASE
TRATAMENTO
VULVOGINAL
Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um
aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias
Primeira opção OU
Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14
dias
Fluconazol 150mg, VO, dose única
Segunda opção OU
OU
OU
OU
OU
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continuação
OU
Recorrentes
Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/
dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido
bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal
100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses
• O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado.
• Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
TRICOMONÍASE TRATAMENTO
Observações:
› Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool
(efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool,
caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”).
› Durante o tratamento, devem-se suspender as relações sexuais.
› Manter o tratamento durante a menstruação.
› O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado
de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação
de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação
e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão.
Particularidades: tricomoníase
a. PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar
para a interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que
pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos
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a. VB recorrente: o triplo regime (metronidazol gel dez dias + ácido bórico 21
dias + metronidazol gel duas vezes por semana, por quatro a seis meses)
parece promissor, porém requer validação com estudo prospectivo
randomizado e controlado. O papel do ácido bórico é remover o “biofilme”
vaginal que facilitaria a persistência das bactérias patogênicas (MACHADO
et al., 2016).
c. PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar
para interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que
pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos
antirretrovirais. Para evitar tal ocorrência, recomenda-se intervalo de duas
horas entre as ingestas do metronidazol e ritonavir.
b. Dentre as reações adversas raras (entre 0,01% e 0,1%) do uso do fluconazol,
citam-se agranulocitose, leucopenia, neutropenia, trombocitopenia, anafilaxia,
angioedema, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hipocalemia,
toxicidade e insuficiência hepática.
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