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PRINCIPAIS DOENÇAS NEONATAIS – CLÍNICAS E CIRURGICAS

Existe uma tabela que compara os sinais do RN e dá a pontuação para ver se a criança é grave
ou não.

● Taquipneia transitória do RN :

Está entre as causas mais frequentes de desconforto respiratório em RN a termo. É uma


condição comum, benigna e autolimitada e acomete RN pré-termos tardios e a termo,nascidos
de parto cesaria (34-38 semanas) que apresentam dificuldade respiratória logo após o
nascimento, com resolução clínica em 3 a 5 dias. O bebê geralmente nasce bem, com APGAR
de 9 ou 10.

Em geral, quando o bebê nasce ,ele tem o pulmão cheio de liquido amniótico ( produzido pelo
xixi dele). O ar então, empurra para fora o liquido e os vasinhos ajudam a absorver. Mas nessa
doença, três fatores estão associados: deficiência leve de surfactante, pequeno grau de
imaturidade pulmonar e falha na absorção de líquido pulmonar fetal.

Mas em resumo : A taquipneia transitória do recém-nascido é uma dificuldade temporária


para respirar frequentemente acompanhada de níveis baixos de oxigênio no sangue devido
ao excesso de líquido nos pulmões após o nascimento.

Quadro : Os bebês iniciam com taquipneia/desconforto respiratório, logo após o nascimento (


iniciam nas primeiras horas ), com uma frequência respiratória que pode chegar a 100 a 120
movimentos por minuto, gemência, batimentos de asas de nariz, tiragem intercostal e aumento
do diâmetro anteroposterior do tórax. Podemos encontrar também hipercapnia e acidose
respiratória nas primeiras horas de vida. Necessidade de oxigênio ( mas entubar, pode ser
outro diagnóstico)

Principais fatores de risco : Cesárea ( eletiva / ausência de trabalho de parto), sexo masculino,
diabetes materna ( atua no surfactante), RN PIG ou GIG, mãe com asma, obesidade materna.

Diagnóstico : O diagnóstico aqui é clinico, de exclusão. Se faz também uma radiografia ( que
também é pra exclusão), mas os achados são inespecíficos, com o quadro radiológico
característico mostra hiperinsuflação pulmonar.
Tratamento : É o suporte clínico ( o suporte geral- não tem um especifico, é suporte e esperar).
Que inclui, oxigenoterapia através de capacete ou CPAP nasal. O bebê taquipneico não
consegue mamar direito, então se faz uma sonda orogastrica

● Síndrome de desconforto respiratório do RN:

Também chamada de doença da membrana hialina. Corresponde a 47% dos quadros de


desconforto respiratório no RN. A principal causa da SDR é a deficiência de quantidade
adequada de surfactante pulmonar. Manifesta-se por dificuldade respiratória de grau variável
resultante do colapso alveolar, associado a shunt intrapulmonar direito-esquerdo, por aumento
da resistência vascular pulmonar. O deficit de surfactante permite o colapso alveolar e a
formação de múltiplas pequenas atelectasias, incapacidade em manter uma capacidade
residual funcional eficiente e uma diminuição da capacidade pulmonar total. Ou seja, causa um
atelectotrauma (Quando partes do pulmão colapsam no final da expiração, devido a uma
combinação de um estado pulmonar doente e uma baixa capacidade residual funcional,
reabrem novamente na inspiração, esse colapso e reabertura repetidos causam tensão de
cisalhamento que tem um efeito prejudicial no alvéolo. Ou seja, alvéolo colaba e, na outra
respiração, abre, e com isso causa uma inflamação, que pode evoluir para uma fibrose-
processo crônico)

Fatores de risco: Prematuros ( principalmente 28 semanas, o pulmão se forma total 34


semana), asfixia perinatal, diabetes materno, ausência de trabalho de parto, não uso de
corticoide antenatal, sexo masculino.

Fisiopatologia : Imaturidade pulmonar. Insuficiencia ou disfunção de surfactantes pulmonar >


colapso dos alvéolos. Consequencias : Atelectasias generalizadas > processo inflamatório >
membrana hialina ; disfunção entre perfusão e aeração; levando a : hipoxemia e acidose
respiratória.

Sufactante : 90% lipídios, 10% proteínas; Principal fosfolipideo – lectina; pneumócitos tipo II

Quadro : Taquipneia, desconforto respiratório, hipoxemia e acidose respiratória.

Evolução : RNs com peso ao nascimento <1250g e/ou sem suporte adequado, tem o maior
risco de evolução para processo inflamatório crônico com enfisema e fibrose -> displasia
broncopulmonar

Tratamento: nutrição adequada ( ela é especifica e geralmente não é oral), controle de


temperatura, hidratação, antibióticos se risco infeccioso, suporte ventilatório e de oxigênio,
surfactante exógeno ( produzido em porco/vaca)

Prevenção : A prevenção da prematuridade é o pré-natal. Evitar asfixia.

Corticoide antenatal ( quando a mãe usa corticoide, isso induz uma maturação ( inclusive
pulmonar e cardiovascular) no bebê, entre 32-34 semanas) : reduz mortalidade, SDR, NEC,HPIV
sem maleficio à mãe ou RN – primeira dose já com efeito em poucas horas. Indicado em
gestações com risco de PPT com menos de 34 semanas. Betametasona- idealmente mais de
24hrs do parto ( 2 doses com 24 hrs de distância), repete semanal se necessário.Sem evidencia
de risco materno

Evitar prematuridade e CPAP precoce ( é a mascara nasal. diminui a atelectasia, porque meio
que da ar e evita o colabamento )
● Hipoglicemia Neonatal :

A hipoglicemia refere-se a redução dos níveis circulantes de glicemia no sangue. Ocorre


porque, ao nascimento, há uma interrupção abrupta de fonte de glicose ( o bebê tinha uma
oferta grande de glicose, e quando se corta o cordão umbilical, ele perde isso). Esse quadro é
pior nas primeiras 24 horas, e é importante controlar porque pode causar convulsões. Depois
desse corte, inicia a manutenção de homeostase glicêmica por conta própria. ( é desejado que
a criança faça isso mesmo, mas não a ponto de hipoglicemia)

Com a liberação abrupta > liberação de glucagon, cortisol e catecolaminas ( Glicogenólise e


gliconeogênese)

Fator de risco : Prematuros/ RCIU > Baixa reserva de glicogênio e gordura ( no terceiro
trimestre, o bebê engorda, e os prematuros não tem esse tempo de engordar, assim como o
RCIU não tem espaço pra engordar)

Sepse/hipotermia/asfixia > Aumento da demanda de glicose. Processos inflamatórios precisam


de energia pra se curar e isso aumenta a demanda de glicose.

Condições maternas : diabetes, mãe que recebe glicose, que usa alguma
medicação,pre-eclampsia/ hipertensão. Condições neonatais : prematura, PIG, GIG, hipoxia,
sepse, hipotermina,Policitemia, síndromes, RCIU

Diagnóstico: NÃO há consenso quanto ao corte para hipoglicemia. Contudo, para muitos
autores, valores de glicemia < 47 mg/dl impõem a necessidade de maior atenção ao neonato.
Mas realmente depende da situação clinica :

45 para RNs sintomáticos; 63 para RNs com diagnostico de hiperinsulinismo; 36 para RNs de
risco assintomáticos em boa evolução. É comum que desapareça logo

Sinais e sintomas : Inespecificos ! letargia, tremores, apneia, recusa alimentar, desconforto


respiratório, convulsões, coma

Tratamento : Como não há um valor estabelecido que defina a hipoglicemia neonatal, as


recomendações também variam quanto ao nível mínimo de glicose aceitável e quando a
intervenção será necessária. As medidas empregadas visam sempre a redução do risco de lesão
cerebral e déficits no desenvolvimento neurológico. O início precoce da amamentação é
importante para toda criança, devendo ser iniciado na primeira hora vida. A Dextro ( Exame de
sangue que, realizado com um aparelho digital, mede a quantidade de glicose presente no
sangue) deve ser instituída cerca de 30 minutos depois para o RN de risco. Olhar tabela.

● Ictericia neonatal:

Trata-se de uma das manifestações mais frequentes do período neonatal, ocorrendo em


recém-nascidos (RN) de todas as idades gestacionais. Designa a coloração amarelada da pele e/
ou conjuntivas, sendo definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) > 1,5 mg/
dL ou de bilirrubina direta (BD) > 1,5 mg/dL, desde que esta represente mais do que 10% do
valor de bilirrubina total (BT). É visível na avaliação clínica quando o nível de BT sérica excede 5
mg/ dL

No RN, a maioria dos casos de icterícia decorre de um aumento da fração indireta, ou livre, da
bilirrubina (BI) e apresenta uma evolução benigna. Na prática, 85% dos RN a termo, e também
a maior parte dos prematuros, desenvolvem icterícia clínica. Uma pequena parcela de
pacientes, no entanto, que apresenta níveis “críticos” elevados de BI, pode desenvolver a
encefalopatia bilirrubínica, complicação grave denominada kernicterus (A bilirrubina pode
impregnar no tálamo e fazer lesões neurológicas permanente , sendo uma forma crônica da
lesão cerebral)

A icterícia fisiológica no RN termo, reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo da


bilirrubina. Ela tem seu pico no 3º dia de vida (6/ máximo 12,9) e declina em uma semana. A
literatura classicamente atribui o valor de 13 mg/dL como o máximo para delimitar a icterícia
fisiológica, porém os níveis indicativos de tratamento com fototerapia têm sido mais
permissivos.

Quase todas as icterícias não fisiológicas acontecem devido à exacerbação dos mesmos
mecanismos causadores da icterícia fisiológica, podendo ser divididas em 5 grupos principais:
distúrbios da produção, distúrbios da captação, distúrbios da conjugação, distúrbios da
excreção e alteração da circulação entero-hepática. O principal é quando ocorre a baixa
ingesta, e o intestino fica cheio de bilirrubina indireta e mecônico, e o RN reabsorve uma parte
dessa bilirrubina ( recirculação hepática) .

Suspeitamos que a icterícia seja patológica nas seguintes situações:

Quando ocorre nas primeiras 24 horas de vida ( ou menos- é o fator de MAIOR risco ) e por
tempo prolongado (mais de 1 semana em RN a termo e 2 semanas no prematuro); Quando a
bilirrubina direta é maior do que 2 mg/dL e a bilirrubina total exceda 15mg/dL; Quando o RN
apresenta sinais clínicos de infecção; quando dura mais de 12 dias – INVESTIGAR !

Na presença de céfalo-hematoma, equimoses ou outros sangramentos, a hiperbilirrubinemia


manifesta-se 48 a 72 horas após o extravasamento sanguíneo e pode causar icterícia
prolongada. Olhar quadro no celular.

Diagnóstico : Se pede exames laboratoriais para investigar a BI : Bilirrubina total e frações


indireta e direta, hemoglobina, hematócrito, morfologia de hemácias, reticulócitos e
esferócitos, tipagem sanguínea da mãe e RN ( sist. ABO e RH- antígeno D), Coombs direto no
sangue de cordão umbilicar ou do RN, pesquisa de anticorpos anti-D se mãe Rh (D ou Du)
negativo, pesquisa de anticorpos maternos para antígeno irregular se mãe
multigesta/transfusão sanguínea anterior e RN com Coombs direto positivo, dosagem
sanguínea quantitativa de glicose-6-fosfato desidrogenase, dosagem sanguínea de hormônio
tireoideano e TSH ( teste do pezinho). Zona de Krammer

A fototerapia com proteção ocular é o método mais utiliza- do nas últimas décadas. Visa a
reduzir os níveis de bilirrubinas que poderiam indicar EST. A eficácia desse tratamento depen-
de do comprimento de onda da luz, da irradiância espectral e da superfície corpórea exposta à
luz. Quando a bilirrubinemia é superior ao percentil 95, é preferível indicar fototerapia de alta
intensidade, de preferência com lâmpadas azuis especiais, para aumentar a irradiância e a
superfície corpórea exposta à luz. Nesses casos, não deve haver interrupção de exposição do
RN ao aparelho sequer para mamar. A doença hemolítica grave por incompatibilidade Rh tem
sido a principal indicação de EST. A EST é quando tira o sangue do bb e bota o do doador ((
Hemacias O negativas e plasma AB rh negativo) .A realização desse procedimento invasivo
pode produzir elevada morbidade, que inclui complicações metabólicas, hemodinâmicas,
infecciosas, vasculares, hematológicas, além das reações pós-transfusional e
enxerto-hospedeiro, ou seja é uma medida extrema.

● Sepse neonatal :

A sepse neonatal é uma síndrome clínica em uma criança de 28 dias de vida ou mais jovem,
que se manifesta por sinais sistêmicos de infecção e/ou isolamento no sangue de um agente
patogênico. Recém-nascidos são mais vulneráveis a desenvolverem sepse do que crianças mais
velhas e adultos, pois apresentam sistema imunológico imaturo, sendo os prematuros de maior
risco para a patologia. A sepse é uma das principais causas de morte no período neonatal. Mas
ainda assim, no RN, é uma doença rara e difícil diagnóstico ( sendo o risco, por vezes, suficiente
pra iniciar o tratamento). A sepse neonatal é caracterizada por precoce e tardia. Cerca de 85%
dos recém-nascidos com sepse precoce apresentam manifestações nas primeiras 24 horas de
vida e o restante até 72 horas de vida. No recém-nascido prematuro, as manifesta- ções clínicas
são ainda mais precoces. A sepse precoce está as- sociada com organismos adquiridos da mãe,
via placentária, via ascendente do colo uterino, adquirida, de uma infecção urinária materna
ou, ainda, durante a passagem no trajeto do canal de parto. Os organismos mais associados
com infecção precoce são o estreptococo do grupo B (EGB, S. agalactie) e a Escherichia coli.

⮚ Sepse de inicio precoce :

Sepse de início precoce é habitualmente ocasionada por transmissão vertical de bactérias do


líquido amniótico contaminado ou durante o parto vaginal por bactérias do trato genital
materno. Embora haja variabilidade da idade de início, alguns especialistas a definem como
infecção da corrente sanguínea em ≤ 72 horas de vida, embora, como referido anteriormente,
a maioria, 85%, manifeste-se nas primeiras 24 horas de vida.
Fatores de risco :

Fatores intrauterinos: • Desnutrição materna e fetal; • abortos recorrentes; • febre materna; •


ruptura prematura de membranas amnióticas > 18 horas; • falta de pré-natal ou pré-natal
incompleto; • mães com membranas íntegras mas que foram submetidas a cerclagem ou
amniocentese; • mãe portadora de EGB sem profilaxia intraparto ou profilaxia incompleta; •
corioamnionite;5 • taquicardia materna (> 100 bpm); • taquicardia fetal (160 movimentos/min)

Intraparto: • Parto prolongado; • líquido amniótico fétido. Infecção urinária materna

ITU materna : • Mãe internada em UTI; • febre materna; • ruptura prematura de membranas.
Fatores neonatais: • Sexo masculino; • índice de Apgar baixo; • prematuridade, principalmente
muito baixo peso e extremo muito baixo peso; • líquido amniótico tinto de mecônio; • mão
colonizada com EGB não tratada no intraparto; • recém-nascido que teve necessidade de
ressuscitação

Relevância : Sinais subjetivos; sem critério, diagnósticos como no adulto.

Manifestações clinicas :

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