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DIP – Meningites H.

influenzae, desprovido de cápsula, encontra- -


se nas vias respiratórias de forma saprófita,
MENINGITES BACTERIANAS podendo causar infecções assintomáticas ou
doenças não invasivas, tais como bronquite,
DESCRIÇÃO sinusites e otites, tanto em crianças quanto em
Processo inflamatório das meninges, membranas adultos.
que envolvem o cérebro e a medula espinhal,
causado por bactérias.
RESERVATÓRIO
AGENTES ETIOLÓGICOS
O principal é o ser humano.
Pode ser causada por uma grande variedade de
bactérias. A prevalência de cada bactéria está MODO DE TRANSMISSÃO
associada a um dos seguintes fatores:
Geralmente, de pessoa a pessoa, por meio das
 Idade do paciente, porta de entrada ou vias respiratórias, por gotículas e secreções da
foco séptico inicial. nasofaringe.
 Tipo e localização da infecção no sistema
nervoso central (SNC). PERÍODO DE INCUBAÇÃO
 Estado imunitário prévio. Em geral, de dois a dez dias; em média, três a
 Situação epidemiológica local. quatro dias, podendo haver alguma variação em
função do agente etiológico responsável.
PRINCIPAIS AGENTES BACTERIANOS
CAUSADORES DE MENINGITE PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE

É variável, dependendo do agente infeccioso e da


NEISSERIA MENINGITIDIS (MENINGOCOCO)
instituição do diagnóstico e do tratamento.
No Brasil, é a principal causa de meningite
bacteriana. SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E
IMUNIDADE
STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE
A suscetibilidade é geral. Crianças menores de 5
(PNEUMOCOCO)
anos, principalmente as menores de 1 ano, e
Bactéria Gram-positiva com característica pessoas maiores de 60 anos são mais suscetíveis
morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. É à doença. Em relação à meningite pneumocócica,
alfa- -hemolítico e não agrupável. Tem mais de 90 idosos e indivíduos portadores de quadros
sorotipos capsulares, imunologicamente crônicos ou de doenças imunossupressoras – tais
distintos, que causam doença pneumocócica como síndrome nefrótica, asplenia anatômica ou
invasiva (meningite, pneumonia bacterêmica, funcional, insuficiência renal crônica, diabetes
sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite mellitus e infecção pelo HIV – apresentam maior
média aguda, conjuntivite, bronquite e risco de adoecimento. No caso do pneumococo,
pneumonia). H. influenzae sorotipo B e M. tuberculosis, a
imunidade é conferida por meio de vacinação
HAEMOPHILUS INFLUENZAE específica.
Bactéria Gram-negativa que pode ser classificada
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
em seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da
diferença antigênica da cápsula polissacarídica. O
O quadro clínico, em geral, é grave e caracteriza- suspeita diagnóstica, tais como: febre,
se por febre, cefaleia, náusea, vômito, rigidez de irritabilidade ou agitação, choro persistente, grito
nuca, prostração e confusão mental, sinais de meníngeo (criança grita ao ser manipulada,
irritação meníngea, acompanhadas de alterações principalmente quando se fletem as pernas para
do líquido cefalorraquidiano (LCR). No curso da trocar a fralda) e recusa alimentar, acompanhada
doença, podem surgir delírio e coma. ou não de vômitos, convulsões e abaulamento da
Dependendo do grau de comprometimento fontanela.
encefálico (meningoencefalite), o paciente
poderá apresentar também convulsões, DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
paralisias, tremores, transtornos pupilares, Os principais exames para o esclarecimento
hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo. Casos diagnóstico de casos suspeitos de meningite
fulminantes com sinais de choque também bacteriana são:
podem ocorrer. A irritação meníngea associa-se
aos seguintes sinais:  Cultura (padrão-ouro): LCR, sangue e
raspado de lesões petequiais.
SINAL DE KERNIG –  Reação em cadeia da polimerase (PCR) –
LCR, soro e outros materiais biológicos.
Resposta em flexão da articulação do joelho,
 Aglutinação pelo látex: LCR.
quando a coxa é colocada em certo grau de
 Bacterioscopia direta: LCR e outros fluidos
flexão, relativamente ao tronco. Há duas formas
estéreis.
de se pesquisar esse sinal:
 Exame quimiocitológico do líquor.
 Paciente em decúbito dorsal – eleva-se o
tronco, fletindo-o sobre a bacia; há flexão TRATAMENTO
da perna sobre a coxa e desta sobre a O tratamento com antibiótico deve ser instituído
bacia. assim que possível. A adoção imediata do
 Paciente em decúbito dorsal – eleva-se o tratamento com antibiótico não impede a coleta
membro inferior em extensão, fletindo-o de material para o diagnóstico etiológico, seja
sobre a bacia; após pequena angulação, LCR, sangue ou outros espécimes clínicos, mas
há flexão da perna sobre a coxa. Essa recomenda-se que a coleta das amostras seja
variante se denomina, também, manobra feita, preferencialmente, antes de iniciar o
de Laségue. tratamento ou o mais próximo possível desse
momento. O tratamento precoce e adequado dos
• SINAL DE BRUDZINSKI – casos reduz significativamente a letalidade da
flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta doença e é importante para o prognóstico
sobre a bacia, ao se tentar fletir a cabeça do satisfatório. O uso de antibiótico deve ser
paciente. associado a outros tipos de tratamento de
suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa
• PROCESSO INFLAMATÓRIO DAS assistência. De maneira geral, o tratamento
MENINGES – antibacteriano é feito de maneira empírica, pois o
agente etiológico é desconhecido. Toma-se como
Membranas que envolvem o cérebro e a medula
base o conhecimento dos agentes bacterianos
espinhal, causado por bactérias.
prevalentes na comunidade, assim como seu
Crianças de até 9 meses poderão não apresentar perfil de suscetibilidade antimicrobiana, nas
os sinais clássicos de irritação meníngea. Nesse diversas faixas etárias. A duração do tratamento
grupo, outros sinais e sintomas permitem a com antibiótico em pacientes com meningite
bacteriana varia de acordo com o agente isolado Processo inflamatório das meninges, membranas
e deve ser individualizada de acordo com a que envolvem o cérebro e a medula espinhal,
resposta clínica. causado por vírus.

PARA LACTENTES COM ATÉ 2 MESES DE AGENTES ETIOLÓGICOS


IDADE Os principais são os vírus do gênero Enterovirus.
Nessa faixa etária, utiliza-se, inicialmente, a Nesse grupo, estão incluídos os três tipos de
associação da ampicilina com uma cefalosporina poliovírus, 28 tipos antigênicos do vírus echo, 23
de terceira geração (cefotaxima). A ceftriaxona tipos do vírus Coxsackie A, seis do vírus Coxsackie
deve ser evitada no período neonatal, por B, e cinco outros enterovírus. Entretanto, outros
competir com a bilirrubina. vírus também podem causar meningite viral.

Outra opção é iniciar o tratamento com RESERVATÓRIO


associação de ampicilina com um
O principal é o ser humano.
aminoglicosídeo – gentamicina ou amicacina.
Essa associação é empregada não só pelo MODO DE TRANSMISSÃO
espectro de cada antibiótico em si, mas também
devido ao sinergismo que apresenta contra Nas infecções por enterovírus, predomina a via
algumas enterobactérias também responsáveis fecal-oral, podendo ocorrer também por via
por meningite nessa faixa etária. respiratória.
Alternativamente, pode-se empregar, em vez da
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
ampicilina, a penicilina. Caso o diagnóstico
etiológico seja estabelecido pela cultura do LCR, Para os enterovírus, situa-se comumente entre 7
pode-se então usar um único antibiótico, e sua e 14 dias, podendo variar de 2 a 35 dias.
escolha dependerá do antibiograma.
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
PARA CRIANÇAS COM MAIS DE 2 MESES DE
No caso dos enterovírus, podem ser eliminados
IDADE
nas fezes por diversas semanas e pelas vias
O tratamento empírico de meningites bacterianas aéreas superiores por períodos que variam de 10
em crianças com mais de 2 meses de idade deve a 15 dias.
ser iniciado com cefalosporina de terceira
geração – ceftriaxona ou cefotaxima. O esquema MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
empírico clássico utilizando a associação de Quando se trata de enterovírus, as mais
ampicilina e cloranfenicol só se justifica se houver frequentes são: febre, mal-estar geral, náusea e
indisponibilidade das drogas previamente citadas. dor abdominal na fase inicial do quadro, seguidas,
após aproximadamente um a dois dias, de sinais
de irritação meníngea, com rigidez de nuca
geralmente acompanhada de vômitos. É
importante destacar que os sinais e os sintomas
inespecíficos que mais antecedem e/ou
acompanham o quadro da meningite viral por
MENINGITES VIRAIS enterovírus são: manifestações gastrointestinais
(vômitos, anorexia e diarreia), respiratórias
DESCRIÇÃO (tosse, faringite), e ainda mialgia e erupção
cutânea. Em geral, o restabelecimento do
paciente é completo, mas, em alguns casos, pode Em crianças menores de 1 ano de idade, os
permanecer alguma debilidade, como espasmos sintomas clássicos anteriormente referidos
musculares, insônia e mudanças de podem não ser tão evidentes. Para a suspeita
personalidade. A duração do quadro é diagnóstica, é importante considerar sinais de
geralmente inferior a uma semana. irritabilidade, como choro persistente, e verificar
a existência de abaulamento de fontanela.
COMPLICAÇÕES

Em geral, nos casos de enterovírus, não há CONFIRMADO MENINGITES BACTERIANAS


complicações, a não ser que o indivíduo seja  Todo caso suspeito cujo diagnóstico seja
portador de alguma imunodeficiência confirmado por meio dos exames
laboratoriais específicos: cultura, e/ou
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL PCR, e/ou látex.
O diagnóstico etiológico dos casos suspeitos de  Todo caso suspeito com bacterioscopia do
meningite viral é de extrema importância para a LCR com presença de bactérias.
vigilância epidemiológica, especialmente quando  Todo caso suspeito com exame
se trata de situação de surto. Os principais quimiocitológico do LCR sugestivo de
exames para o esclarecimento diagnóstico de meningite bacteriana.
casos suspeitos de meningite viral dependem do  Todo caso suspeito que apresente história
agente etiológico: de vínculo epidemiológico com caso
confirmado laboratorialmente para
 Isolamento viral em cultura celular: líquor Haemophilus influenzae ou
e fezes. Mycobacterium tuberculosis por um dos
 Reação em cadeia da polimerase (PCR): exames específicos, mas que não tenha
LCR, soro e outras amostras. realizado nenhum deles.
 Exame quimiocitológico do líquor.  Todo caso suspeito com clínica sugestiva
de meningite bacteriana, sem exames
TRATAMENTO
laboratoriais específicos. Meningites virais
O tratamento antiviral específico não tem sido  Todo caso suspeito cujo diagnóstico seja
amplamente utilizado. Em geral, utiliza-se o confirmado por meio dos exames
tratamento de suporte, com avaliação criteriosa e laboratoriais específicos: isolamento viral
acompanhamento clínico. Tratamentos e/ou PCR.
específicos somente estão preconizados para a  Todo caso suspeito com exame
meningite herpética (HSV 1 e 2 e VZV) com quimiocitológico do LCR sugestivo de
aciclovir endovenoso. Na caxumba, a meningite viral.
gamaglobulina específica hiperimune pode  Todo caso suspeito que apresente história
diminuir a incidência de orquite, porém não de vínculo epidemiológico com caso
melhora a síndrome neurológica. confirmado laboratorialmente para vírus
causador de meningite por um dos
DEFINIÇÃO DE CASO exames específicos, mas que não tenha
realizado nenhum deles.
SUSPEITO  Todo caso suspeito com clínica sugestiva
Crianças acima de 1 ano de idade e adultos com de meningite viral.
febre, cefaleia, vômitos, rigidez da nuca, sinais de
NOTIFICAÇÃO
irritação meníngea (Kernig, Brudzinski),
convulsões e/ou manchas vermelhas no corpo.
Doença de notificação compulsória em até 24
horas, sendo os surtos, os aglomerados de casos
(clusters) ou os óbitos de notificação imediata.

IMUNIZAÇÃO

A vacinação é considerada a forma mais eficaz na


prevenção da meningite bacteriana, sendo as
vacinas específicas para determinados agentes
etiológicos.

 São utilizadas na rotina para imunização de


crianças menores de 1 ano.

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