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[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

Manifestações clínicas
SINDROMES O paciente apresentará sinais específicos de
tireotoxicose + sinais da doença de Graves, conforme
ENDÓCRINAS tríade:

• BÓCIO DIFUSO: caracteristicamente simétrico


e difuso, com textura de borracha;
HIPERTIREOIDISMO E TIREOTOXICOSE • OFTALMOPATIA: não guarda relação com a
doença tireoidiana (é relacionada a infiltração
de anticorpos e não a questão hormonal em si);
CONCEITO • DERMOPATIA INFILTRATIVA: geralmente no
Como o próprio título deixa claro, hipertireoidismo e dorso das pernas ou dos pés, conhecida como
tireotoxicose não são sinônimos: mixedema pré-tibial. Não guarda relação com o
hipertireoidismo em si.
• TIREOTOXICOSE: decorrente da exposição
dos tecidos corporais as altas concentrações de Diagnóstico
hormônios tireoidianos, seja decorrente da Vamos dividir por passos:
síntese pela tireoide, tecidos extratireoidianos
ou até mesmo pela ingestão PASSO 1. Caracterizar o quadro de tireotoxicose:
acidental/iatrogênica de hormônios; através da dosagem do TSH, T4 e T3 livres;
• HIPERTIREOIDISMO: situações onde a
tireotoxicose é resultante da produção PASSO 2. Pesquisa de sintomas típicos: quando sinais
sustentada de hormônios PELA TIREOIDE. típicos (bócio difuso, orbitopatia e dermatopatia)
nenhum outro teste é necessário
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
PASSO 2. Pesquisa de anticorpos: Na ausência dos
sinais típicos é necessário a pesquisa dos autanticorpos

• Anti-TPO;
• Anti-TRAb (tem valor prognóstico);
DICA: Os autoanticorpos na maioria das vezes não são
necessários, especialmente nas situações de quadros
CUIDADO: Pacientes idosos, podem apresentar mais exuberantes (exoftalmia, dermopatia)
sintomas atípicos com sintomas mais parecidos
com depressão ou demência. Tratamento
ETIOLOGIA ❏ TRATAMENTO SINTOMÁTICO: A principal opção
Didaticamente costumam ser divididas em: usada são os betabloqueadores. As manifestações que
mais respondem são palpitações, ansiedade, tremores.
Perda de peso, fadiga e calor NÃO respondem. O
• Primário: ocorrida na glândula tireoide. São propranolol é a droga classicamente usada.
eles: doença de Graves, Adenoma Tóxico e
Bócio Multinodular;
❏ AGENTES ANTITIREOIDIANOS: Seu uso
• Secundário: doença no hipotálamo ou na
hipófise. Seu principal representante é o determina um bloqueio a síntese hormonal. São eficazes
adenoma hipofisário. numa fase aguda de tireotoxicose. NÃO são capazes de
prevenir a recidiva. Atentar-se aos efeitos colaterais
CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO
como rash cutâneo e agranulocitose (aplasia de medula
DOENÇA DE GRAVES óssea). Os agentes utilizados são:

Conceito • Tioureias (tionamidas): Bloqueiam a


Doença autoimune, com formação de anticorpos síntese de novos hormônios e por isso não
contra o receptor de TSH existente na tireoide. Esses possuem ação sobre aqueles já
anticorpos se ligam aos receptores de TSH, estimulando produzidos e estocados. São eles:
a liberação dos hormônios tireoidianos. o Metimazol: possui efeito mais
DICA: Os principais anticorpos são: rápido (útil na crise tireotóxica),
melhor custo-benefício e posologia
• Imunoglobulina estimuladora da tireoide: mais confortável. Por essas razoes
principal representante (mais de 90% dos casos) é considerado primeira escolha.
• Anticorpos para receptor do TSH (TRAb): São o Propiltiouracil: possui menor
presentes porem com maior frequência no passagem pela barreira
hipotireoidismo (hashimoto);
• Antitireoperoxidase (Anti-TPO): marcador placentária e por isso é escolha em
universal de doença autoimune da tireoide. gestantes (especialmente 1º
Presente em 80% dos casos; trimestre).
• Anti-Tg: revela a presença de componente
autoimune. É mais importante no Hashimoto.
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• Iodeto: diminui a sensibilidade da tireoide Diagnóstico


ao TSH, inibindo assim tanto a síntese A cintilografia confirma a presença de uma lesão quente.
como a liberação dos hormônios pela O risco de malignidade é praticamente nulo, e não há
tireoide. Possui efeito mais rápido que as necessidade de realização de PAAF.
tioureias.
Tratamento
❏ ABLAÇÃO DO TECIDO TIREOIDIANO: método O radiodo é geralmente o tratamento de escolha. Em
mais eficaz na prevenção de novas crises, porém jovens e com nódulos muito grandes a cirurgia pode ser
com a desvantagem de induzir alterações preferencial.
irreversíveis como risco de hipotireoidismo. Pode HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO
ser feito pelas técnicas:
ADENOMA HIPOFISÁRIO
• Ablação com iodo radioativo: eficaz e
Costumam se apresentar como macroadenomas (>1cm).
econômico, capaz de produzir os efeitos O diagnóstico se faz com exames de imagem e elevação
ablativos da cirurgia, sem o risco cirúrgico. da subunidade alfa do TSH.
É considerado por muitos como
procedimento de escolha. A gestação e EFEITOS CLÍNICOS COMUNS
amamentação são contraindicações EFEITO WOLFF-CHAIKOFF
absolutas. Uma complicação marcante,
Ocorre a partir da disponibilização de grandes
principalmente na doença de Graves, é a quantidades de iodo no corpo, o que resulta na
piora da oftalmopatia. diminuição da síntese dos hormônios tireoidianos e da
• Cirurgia: principalmente naqueles que não organificação do iodo, por um fenômeno
toleram o tratamento com iodo e na autorregulatório.
suspeita de neoplasia maligna. Suas EFEITO JOD-BASEDOW
principais e mais cobradas complicações
Ocorre devido a super ativação de toda a glândula
são: hipertireoidismo recorrente, paralisia tireoide, tipicamente em pacientes com doença
de corda vocal, hipocalcemia pós- tireoidiana. Com a ingestão do iodo, ocorre ativação de
operatória. toda glândula tireoide com produção excessiva de
hormônios.
BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO
ATENÇÃO: o efeito de Jod-Basedow só acomete
Conceito pessoas com alguma doença na tireoide, diferente do
Wolff-Chaikoff que pode ocorrer tanto em tireoides
Múltiplos nódulos autônomos e hiperfuncionantes, previamente normais quanto doentes.
independentes de TSH, sem fator etiológico específico.
CRISE TIREOTÓXICA
Manifestações clínicas
DEFINIÇÃO
Alguns pacientes apresentam quadro típico de
tireotoxicose, mas, na maior parte dos casos a Quadro gravíssimo, caracterizado por uma exacerbação
gravidade dos sintomas é muito menor que na doença do estado de hipertireoidismo.
de Graves. Na maioria dos pacientes a tireoide esta
aumentada de tamanho e estes costumam procurar o FATORES PRECIPITANTES
médico em função dos sintomas compressivos. São eles:
Diagnóstico • Infeccoes;
Feito pela cintilografia tireoidiana, que mostrará o • Cirurgias;
padrão de múltiplos nódulos de captação variável. Em • Traumas;
relação ao laboratório geralmente encontra-se TSH • Suspensão de drogas antitireoidianas;
baixo, T4 e T3 aumentados. • Uso de amiodarona;
Tratamento • Ingestao de hormônios tireoidianos;

As drogas antitireoidianas e os betabloqueadores MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


podem controlar temporariamente os sintomas porém a Basicamente os mesmos achados da tireotoxicose,
TIREOIDECTOMIA SUBTOTAL é o tratamento de porém tão exacerbados que levam a disfunção cerebral,
escolha. cardíaca, etc:
ADENOMA TÓXICO – DOENÇA DE PLUMMER
• Delirium, agitação, psicose;
Conceito • Coma;
• Febre alta;
Nódulo solitário e autônomo que produz quantidades • Ictericia;
excessivas de hormônio tireoidiano, independente do
estimulo do TSH. • Fibrilacao atrial;
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TRATAMENTO Hipotireoidismo subclínico


Requer abordagem em UTI. As principais drogas Caracterizado pela elevação dos níveis de TSH, sem
utilizadas são: haver ainda a queda do T3/T4
• Propitiluracil: via oral, SNE ou retal; Hipotireoidismo clínico
• Iodo (após 1hr de adminstracao do PPT).
Surgimento dos sintomas do hipotireoidismo
• Propanolol EV propriamente dito. O bócio surge em boa parte dos
• Dexametasona em altas doses (atuam inibindo pacientes, geralmente difuso e heterogêneo.
a conversão de T4 em T3)
DIAGNÓSTICO
HIPOTIREOIDISMO Quadro clínico compatível associado ao achado de
níveis aumentados de autoanticorpos, especialmente
anti-TPO. Em casos duvidosos pode ser necessário
DEFINIÇÃO biópsia (que revelará infiltrado linfocítico)
Condição de insuficiência da produção ou de
disfunção dos hormônios tiroidianos – a triiodotironina TRATAMENTO
(T3) e a tiroxina (T4). Não há tratamento específico, a conduta é a reposição
do hormônio tireoidiano ad eternum, utilizando o TSH
QUADRO CLÍNICO como meta terapêutica. Os sintomas podem ser
mantidos mesmo após redução do TSH (demoram ate 6
meses para regularizar);

Tratamento do hipotireoidismo subclínico


Devem ser tratados aqueles que apresentarem:

• níveis de TSH > 10;


CUIDADO: O hipotireoidismo pode levar a um depósito • história de doença cardiovascular;
difuso na derme de mucopolissacarídeo, denominado • tireoidite de Hashimoto confirmada;
mixedema. Não podemos confundir com o mixedema • gravidez;
pré-tibial, localizado, da doença de Graves.
CUIDADO: Pacientes > 65 anos ou > 80 anos com
ETIOLOGIA hipotireoidismo subclínico com TSH > 10 mU/L não são
recomendados a serem tratados, pois é comum nessa
Pode ser: idade que os níveis estejam altos.
• Primário: causado por doença na tireoide. a HIPOTIREOIDISMO CENTRAL
causa mais comum é autoimune. Habitualmente
resulta de tireoidite de Hashimoto Bem menos comum, e o diagnóstico se faz por exame
de imagem e pela avaliação de hipofuncao em outras
• Secundário: ocorre quando a hipófise produz glândulas dependentes do eixo hipotálamo-hipofise.
TSH insuficiente.
• Terciário: falência do hipotálamo em secretar o DICA: As dosagens de TSH indicarão a origem do
hormônio TRH hipotireoidismo:
• Subclínico: é a elevação do TSH sérico em
pacientes com sintomas ausentes ou mínimos • Primário: como a glândula está
de hipotireoidismo e concentrações séricas hipofuncionante, observamos um aumento
normais de T4 livre. compensatório de TSH;
• Central: como o problema é no próprio eixo
TIREOIDITE DE HASHIMOTO hipotálamo-hipofise, a concentração de TSH
estará reduzida;
DEFINIÇÃO
Destruição autoimune da glândula tireoide mediada por COMA MIXEDEMATOSO
células T (via humoral). Os principais autoanticorpos são:
DEFINIÇÃO
• Antitireoperoxidase (TPO); Se o extremo do hipertireoidismo é a crise tireotóxica,
• Antitireoglobulina; podemos considerar o extremo do hipotireoidismo o
• Antirreceptor de TSH; coma mixedematoso.
• Antitransportador de iodo; FATORES PRECIPITANTES
QUADRO CLÍNICO Clássicos:

Fase inicial • Reposição hormonal inadequada ou irregular;


Cursa com elevação transitória dos hormônios • Infecções respiratórias;
tireoidianos, eventualmente levando a tireotoxicose. Na • Sedativos;
maioria dos casos essa elevação é subclínica e passa • IAM;
desapercebida.
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QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICO


As principais alterações incluem prejuízo das funções do São características:
SNC somado a descompensação cardiorrespiratória,
geralmente com evolução insidiosa. Outro achado • Surge após infecção do trato respiratório
marcante é a HIPOtermia grave. superior;
• Dor moderada;
DICA: As questões sempre cobram três achados
clássicos: • Boa parte dos pacientes evoluem com
tireotoxicose;
• HIPOcortisolismo; • Comum apresentar glândula tireóidea
aumentada e dolorosa a palpação;
• HIPERcapnia;
• Associado a aumento do VHS e a captação de
• aumento de CPK iodo baixa;
TRATAMENTO TRATAMENTO
Suporte clinico/hemodinâmico e corticoterapia Objetiva alívio dos sintomas. Medicamentos não-
(paciente encontra-se em estado de hipocortisolismo). esteróides ou salicilatos são adequados para o controle
de dor moderada. Para dores mais severas, altas doses
de glicocorticóides proporcionam alívio imediato.
TIREOIDITES
TIREOIDITE PÓS-PARTO
DEFINIÇÃO
ETIOLOGIA
Qualquer condição que curse com inflamação da
tireioide, independente do estado hormonal subjacente. Provavelmente consequência de processo autoimune.

PRINCIPAIS ETIOLOGIAS QUADRO CLÍNICO


A lesão é caracteristicamente indolor e o VHS normal.
TIREOIDITE SUPURATIVA AGUDA Pode ser apresentada de 3 maneiras: apenas
hipertireoidismo transitório, apenas hipotireoidismo
ETIOLOGIA transitório ou hipertireoidismo transitório seguido de
É causada, usualmente, por infecção bacteriana. No hipotireoidismo transitório e, depois, recuperação com
entanto, infecções fúngicas, micobacterianas ou eutireoidismo.
parasitárias também podem causar.
TRATAMENTO
QUADRO CLÍNICO Sintomático, conforme evolução clínica
São características marcantes:
TIREOIDITE LINFOCÍTICA INDOLOR
• Início súbito (24-48h), usualmente ocorrendo Similar à tireoidite pós-parto, porém, a tireoidite
após infecção aguda do trato respiratório silenciosa não está relacionada à gestação e não cursa
superior; com dor na glândula.
• Febre, disfagia, sudorese, dor cervical;
• Acompanha leucocitose; TIREOIDITE FIBRÓTICA (DE RIEDEL)
• NÃO se relaciona com alterações da função
tireoidiana! ETIOLOGIA
• Possível notar sinais flógisticos no lado Distúrbio fibro-inflamatório raro que pode resultar em
acometido da tireoide; hipotireoidismo
DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO
Punção aspirativa por agulha fina é o exame de escolha Pacientes podem apresentar bócio endurecido, indolor
(infiltrado de leucócitos polimorfonucleares e linfócitos) e aderente às estruturas vizinhas, além de sintomas
relacionados à compressão traqueal ou esofágica ou
TRATAMENTO hipoparatireoidismo decorrente da extensão da
Consiste no uso de antibióticos e drenagem de fibrose. A queixa de dor não é comum.
quaisquer abscessos; DIAGNÓSTICO
TIREOIDITE GRANULOMATOSA SUBAGUDA Feito por meio de biópsia a céu aberto.
(TIREOIDITE DE QUERVAIN)
TRATAMENTO
ETIOLOGIA Nos casos de sintomas compressivos ou malignidade, o
Não possui causa elucidada. O resultado dessa tratamento é cirúrgico. No entanto, a terapia com
tireoidite é um aumento doloroso da glândula tireóide, glicocorticóide se apresenta benéfica nos estágios
bem como liberação de grandes quantidades de iniciais da doença.
hormônio no sangue.
TIREOIDITE INDUZIDA POR MEDICAMENTOS
Os principais medicamentos sabidamente capazes de
provocar são:

• Amiodarona;
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• Lítio; exógeno induzisse uma supressão do eixo e


• interferon-alfa; consequente redução do cortisol da manhã. No
hipercortisolismo observaríamos um cortisol
aumentado mesmo assim.
SUPRARRENAL • Cortisol plasmático ou salivar noturno;

Passo 2: Analise do ACTH


BASES ANATOMICAS
As glândulas suprarrenais possuem basicamente duas Uma vez confirmado o hipercortisolismo, o objetivo é
porções principais: descobrir a causa. Em um primeiro momento, deve-se
analisar o ACTH plasmática:
• Córtex: responsável pela síntese de
mineralocorticoides, glicocorticoides e ❏ACTH SUPRIMIDO: patologia primária da
androgênios; suprarrenal. Solicita-se uma TC de abdome superior.
Um tumor <3 cm provavelmente é um adenoma,
• Medula: síntese de catecolaminas; enquanto que >6 cm representa um carcinoma;
SÍNDROMES RELACIONADAS AO CORTEX ❏ACTH AUMENTADO: patologia do eixo hipotálamo-
SD DE CUSHING (HIPERCORTISOLISMO) hipófise ou secreção ectópica de ACTH/CRH. Solicita-
se RM de sela túrcica e o teste de Liddle 2 (teste de
ETIOLOGIA supressão do ACTH em doses de dexametasona mais
altas):
A causa mais comum é a iatrogênica, pela
administração de glicocorticoides. Excluindo essa • Se a RM for normal e não houver supressão do
possibilidade (pela história clínica), dividimos em dois cortisol com o teste de Liddle 2: secreção
grandes grupos: ectópica de ACTH.
• Se a RM for normal, mas houver supressão do
• ACTH-dependente: doença de Cushing cortisol plasmático pelo teste de Liddle 2:
• ACTH-independente: adenoma adrenal; adenoma hipofisário pequeno.
ATENÇÃO: Sobre a doença de Cushing: É causada por ❏ACTH NORMAL: estimular a hipófise com CRH
um adenoma hipofisário secretor de ACTH. Mais comum
em mulheres. O diagnóstico é feito por exames de exógeno. Nas doenças primárias da suprarrenal o ACTH
imagem (TC/RNM de sela túrcica) mostrando não aumenta após o estímulo. Nas doenças da hipófise
microadenoma hipofisário. Tratamento cirúrgico; (doença de Cushing), ocorre um aumento exagerado de
ACTH.
QUADRO CLÍNICO
HIPOCORTISOLISMO
As manifestações são geralmente inespecíficas, sendo
comumente encontradas em pacientes ETIOLOGIAS
obesos. Entretanto, duas características reforçam a
suspeita: Autoimune
• Desenvolvimento SIMULTÂNEO dos múltiplos Principal causa, consiste na destruição autoimune da
sinais e sintomas, com piora progressiva de glândula, sendo mais comum no sexo feminino. Em
todos ao mesmo tempo. geral, devemos suspeitar quando há presença de
• Presença de fraqueza muscular proximal, atrofia insuficiência adrenal concomitante a outras doenças
cutânea, estrias violáceas >1 cm e gibosidade na autoimunes como DM1, Tireoidite de Hashimoto,
região supraclavicular. Vitiligo, entre outras.

ATENÇÃO: pistas clínicas para lembrar de Cushing: Infecciosa


Os patógenos mais comuns a acometer a adrenal
• Obesidade centrípeta progressiva; são: Paracoccidiodomicose e Tuberculose.
• face em lua cheia; Outra etiologia clássica é a Síndrome de Waterhouse-
• gibosidade supraclavicular; Friderichsen: necrose hemorrágica da adrenal por
• retardo no crescimento linear (crianças). meningococcemia.

ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Doenças metastáticas


Tópico mais cobrado em provas em relação ao Sendo as principais: pulmonar, mama, trato
hipercortisolismo. Segue o passo a passo: gastrointestinal e melanoma.

Passo 1: demonstrar o estado de Doenças congênitas:


hipercortisolismo São mais comuns no universo da pediatria. A mais
Existem 3 exames para o diagnóstico de comum delas é a HAC, Hiperplasia Adrenal
hipercortisolismo, sendo necessário a positivação de 2 Congênita, causada por um defeito enzimático
deles para se confirmar o diagnóstico: impedindo a produção adequada desses hormônios.

• Cortisol livre na urina de 24h;


• Teste de supressão com dexametasona em
dose baixa: utiliza o mecanismo de feedback
negativo. O normal é que esse corticoide
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Efeitos colaterais de fármacos síntese aumentada de renina (tumor de células


justaglomerulares) como pela redução do volume
Os principais medicamentos que geram alteração na circulante e hipoperfusão renal (IC, cirrose).
função da adrenal: cetoconazol, fluconazol, rifampicina
e fenobarbital; QUADRO CLÍNICO
Iatrogênica Atente-se aos indicativos:

A principal causa é a suspensão abrupta da • Hipertensão refrataria;


corticoterapia. • Sem edema;
• Hipocalemia;
Síndrome de Sheehan
• Alcalose metabólica;
Necrose hemorrágica da hipófise após hemorragia pós
parto de grande monta. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Devemos caracterizar o estado de elevação de
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA aldosterona e redução da renina (hiperaldo primário).
Assim como no hipercortisolismo é um tópico bastante Essa caracterização é feita pela relação
cobrado em provas. aldosterona/atividade de renina plasmática.

Passo 1: documentar o hipocortisolismo Diferenciando causas


Dosagem de cortisol sérico pela manhã (entre 7h e 8h); As duas principais condições de hiperaldosteronismo
primário são o adenoma e a hiperplasia idiopática. Para
Passo 2: dosagem do ACTH diferenciá-las solicitamos a TC ou RNM abdominal.
Usado para definir fonte da insuficiência: TRATAMENTO

• ACTH alto: insuficiência primária: como a • Hiperplasia: tratamento medicamentoso com


glândula não produz cortisol, não há feedback antagonista da aldosterona (espironolactona);
negativo e por isso o ACTH será alto; • Adenoma: tratamento cirúrgico por ressecção
• ACTH normal ou baixo: insuficiência central; laparoscópica.

TRATAMENTO DICA: A hipocalemia geralmente melhora, mas a


hipertensão tende a persistir.
Crise adrenal HIPOALDOSTERONISMO
O tratamento consiste no mnemônico em inglês de 4 A redução de renina é a principal causa, ocorrendo em
S’s: idosos diabéticos ou nas nefropatias tubulointersticiais.
Devemos pensar naqueles pacientes com
• Salt: hidratação vigorosa com SF 0,9% hipercalemia desproporcional a perda de função renal.
• Steroids: hidrocortisona endovenosa na dose
100 mg bolus + 50mg 6/6h SINDROMES RELACIONADAS AS ADRENAIS
• Sugar: correção da hipoglicemia
HIPERPLASIA ADRENAL CONGENITA
• Search: procura do fator precipitante e tratar a
causa; CONCEITO
Insuficiência adrenal crônica Distúrbio autossômico recessivo, caracterizado por
falta de alguma enzima fundamental para síntese do
• Menor dose possível de corticoterapia para cortisol.
controle de sintomas, de
preferência hidrocortisona, podendo FISIOPATOLOGIA
ser prednisona. A falta do cortisol é respondida por um aumento do
ACTH que estimula a adrenal, acumulando metabolitos
• Associação de fludrocortisona apenas se intermediários não alterados pela enzima sendo os
etiologia de insuficiência adrenal primária, pelo principais:
seu maior efeito mineralocorticóide
• Mineralocorticoides: perda de sal e volume;
HIPERALDOSTERONISMO
• Androgenios: virilização feminina e
ETIOLOGIAS androgenização prematura masculina;
ETIOLOGIA
Hiperaldosteronismo primário (doença de Conn)
A causa mais importante que devemos saber é a
Resultam da produção autônoma de aldosterona pela deficiência da 21-hidroxilase.
suprarrenal. Esse aumento leva a consequente redução
na produção de renina. As principais causas são o QUADRO CLÍNICO
adenoma e a hiperplasia adrenal idiopática;
Forma virilizante
Hiperaldosteronismo secundário
• Menino: normal ao nascimento, porem com
Resultam no aumento da aldosterona por hiperativação sinais de puberdade precoce aparecendo nos
do sistema renina-angiotensina. Pode ser tanto por uma primeiros seis meses. Se não diagnosticada,
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pode determinar baixa estatura no adulto • Plasma (catecolaminas e metanefrinas). É a


(fechamento precoce de epífises); opção inicial em quadros de alto indice de
• Menina: já ao nascimento observamos sinais de suspeição;
virilizacao (hipertrofia de clitoris, fusão labial) e
pseudo-hermafroditismo. ATENÇÃO: O ideal é a combinação dos dois testes!

Forma clássica perdedora de sal Localizar o feocromocitoma


Além da forma virilizante também apresentam Pode ser feito com a TC ou RNM de abdome. Se
deficiência mineralocorticoide. A partir da segunda imagens normais OU lesões muito grandes (>10cm), a
semana o neonato apresenta sinais de desidratação, probabilidade de malignidade é considerável e a
vômitos, cianose e dispneia. É uma forma grave que sem identificação de paraganglioma é importante, para isso
diagnostico e tratamento evolui para óbito. é indicada a cintilografia com marcador I-MIBG.
DICA: atente-se para os sinais laboratoriais clássicos: TRATAMENTO
Ressecção cirúrgica (adrenalectomia),
• Níveis elevados de 17-OH progesterona; preferencialmente laparoscópica.
• Níveis baixos de cortisol;
• Atividade de renina plasmática aumentada DICA: Um ponto por vezes abordado em provas é o
(níveis baixos de aldosterona); controle pressórico pré-operatório, feito com
• Hiponatremia; bloqueadores alfa-adrenérgicos (fenoxibenzamina,
prazosin).
• Acidose metabólica;

Forma não clássica (tardia) INCIDENTALOMA


Não ocorre virilizacao nas meninas ao nascimento, mas CONCEITO
na infância/adolescência pode simular uma síndrome do Nódulos ou massas suprarrenais (>1cm) encontrados
ovário policístico. durante exames radiológicos de rotina.

SINDROMES DA MEDULA ETIOLOGIA


FEOCROMOCITOMA A principal causa é o adenoma da suprarrenal,
geralmente não funcionante.
CONCEITO
ATENÇÃO: A grande questão aqui é excluir causas
Neoplasia das células cromafins, sintetizadoras de malignas. A principal são as lesões metastáticas.
catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) geralmente
aparece em provas associada a hipertensão arterial ABORDAGEM
resistente.
EXCLUIR MALIGNIDADE
QUADRO CLÍNICO
Pesquisa através da história clínica. Caso sugestiva,
Atenção a tríade clássica, geralmente acontece em solicitar biópsia por agulha fina guiada por TC.
paroxismos, com duração de 20min:
ATENÇÃO: Se suspeita de feocromocitoma ou de
• Cefaleia carcinoma adrenocortical não fazer biópsia!
• Sudorese
• Palpitação EXCLUIR CUSHING E FEOCROMOCITOMA
Dosar metanefrinas plasmáticas e realizar teste de
Outros sintomas são ansiedade, sensação de morte supressão com dexametasona
iminente, epigastralgia, hipertensão...
EXCLUIR CARCINOMA
Neoplasias endócrinas múltiplas (NEM)
São sinais de alarme:
O feocromocitoma pode vir associado a algumas
neoplasias endócrinas, compondo síndromes clinicas • Lesões grandes (4-6cm);
classicamente cobradas em provas: • Margens irregulares;
• Calcificacao visível;
• NEM 2A: Feocromocitoma + carcinoma medular
de tireoide + hiperparatireoidismo primário; • Coeficiente de atenuação
aumentado/densidade aumentada;
• NEM 2B: Feocromocitoma + neuroma de
mucosa + fenótipo marfanoide; • Desaparecimento de contraste tardio;

DIAGNÓSTICO Nesses casos não indica-se biópsia e sim cirurgia!

Bioquímico
Provar o estado de hiperprodução de catecolaminas.
Temos disponíveis:

• Urina de 24h (catecolaminas, metanefrinas e


acido vanilmandélico). Geralmente usado
como teste inicial;

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