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Doenças da Tireóide

PATOLOGIA DA NUTRIÇÃO II
Introdução
A tireóide é uma glândula localiza-se na porção
anterior do pescoço e responde pela
produção de hormônios como Triiodotironina
(T3) e Tiroxina (T4) que atuam na digestão,
crescimento e metabolismo.
Alterações na produção de tais hormônios
levam à manifestações clínicas de
hipotireodismo ou hipertireoidismo.
Tireóide
Anatomicamente a
glândula tireoideana é
dividida em dois lobos
ligados por um istmo.
Recebe vascularização
superior e inferiormente.

Tem relação topográfica


com os nervos laríngeos
recorrentes, artérias
carótidas e veias
jugulares lateralmente a
ela e traquéia
posteriormente à
mesma.
Regulação do metabolismo de
iodo em seres humanos
• O iodo presente nos alimentos é rapidamente
absorvido pelo estômago e pelo intestino delgado na
forma de iodeto; a glândula tireóide capta o iodeto
de forma ativa e sintetiza os hormônios
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).
• A síntese destes hormonios é regulada pelo TSH
(hormônio estimulante da tireóide) e pelo TRH
(hormônio liberador do TSH).
Regulação do metabolismo de
iodo em seres humanos
• A regulação da síntese de T3 e T4 ocorre por um
mecanismo de retroalimentação negativa: a hipófise libera
TSH (hormônio estimulante da tireóide) em resposta às
baixas concentrações de T3 e T4, estimulando a tireóide a
captar iodeto para síntese desses hormônios.
Tireóide
Regulação Hormonal
Doenças Tireoidianas
Distúrbios Funcionais
– Hipotireoidismo
– Hipertireoidismo
Distúrbios Inflamatórios
– Tireoidites(processo inflamatório)
Nódulos de tireóide
Bócio
Câncer de tireóide
Distúrbios Funcionais

Hipotireoidismo
E
Hipertireoidismo
(Doença de Graves e Adenoma Tóxico)
Hipotireoidismo
Origem primária: - ↑ TSH (hormônio estimulante da tireóide)
- ↓ T3 e T4
• Ausência congênita de tireóide, remoção cirúrgica, destruição
(autoimune, radiação ou infiltrativa).
• Deficiência de iodo, defeitos enzimáticos e inibição por drogas
(amiodarona, lítio e tionamidas).
• 5% dos indivíduos, mais comum em mulheres com idade avançada
• Causas- Países subdesenvolvidos 🡪ausência de Iodo, pode levar a
bócio endêmico e cretinismo
- Países desenvolvidos 🡪 tireoidite de Hashimoto.
Hipotireoidismo
Origem secundária: - ↓TSH
- ↓ T3 e T4
• Diminuição de TRH e TSH por tumores, irradiação e inflamação
hipotalâmicas, radiação, cirurgia ou infecção hipofisárias.
• Resistência ao hormônio tireoidiano
• Menos de 1% dos casos
• Metástases hipofisárias de neoplasias malignas primárias e nas mulheres
infarto provocado por hemorragias no momento do parto.
Hipotireoidismo
Quadro Clínico • Mulheres podem desenvolver
puberdade precoce, menorréia,
• Ganho de peso(o metabolismo fica na condição
de 30/40 % mais lento amenorréia e galactorréia
• Letargia • Bradicardia
• Fadiga
• Hipotensão diastólica(mínima)
• Rouquidão
• Constipação • Hipotermia moderada
• Fraqueza • Bulhas cardíacas distantes
• Mialgias(dores generalizadas) • Déficits cognitivos
• Parestesias
• Reflexos tendinosos profundos
• Pele seca e perda de cabelos lentificados
• Unhas quebradiças
• Edema difuso
Hipotireoidismo
Diagnóstico
• Confirma-se com níveis de TSH elevados (nl de 0,5 a
4,5 mUI/L), níveis de T4 confirmam origem primária e
caracteriza a gravidade
• Avaliação de anticorpos antitireoidianos
(antiperoxidase – antiTPO) para causa autoimune

Diagnósticos diferenciais
• Níveis elevados de TSH podem indicar recuperação
de doença sistêmica grave, insuficiência renal e
insuficiência adrenal
• Artrites, doenças musculares inflamatórias
Hipotireodismo
Tratamento

• Reposição hormonal tireoidiana

• Levotiroxina sódica (tiroxina) é a droga de escolha


independente da origem do hipotireoidismo
(1,8μg/kg/dia para adultos)

• Tratar complicações
Hipertireoidismo
Etiologia
• Doenças de Graves (doença de Basedow-Graves )

• Adenoma Tóxico (Doença de Plummer)/Bócio Multinodular

• Hipertireoidismo induzido por Iodo (amiodarona - fármaco do grupo dos


antiarritmicos )

• Adenoma hipofisário secretor de TSH / Gestacional (hCG)

• Produção Ectópica de Hormônio (raro)

• Tireoidites (viral /bacteriana /autoimune)

• Hormônio Tireoidiano Exógeno (drogas / alimentos)


Hipertireoidismo
Quadro Clínico
Hipertireoidismo
Diagnóstico
• É baseado na anamnese, exame físico e avaliação laboratorial

Exame Físico
• Aferição do peso, pressão arterial e frequência cardíaca
• Inspeção da parte anterior do pescoço
• Palpação da tireóide (determinação do tamanho, consistência e
presença de nodularidade)
• Exame neuromuscular
• Exame ocular (na busca de exoftalmia ou outros sinais de
oftalmopatia)
• Exame dermatológico
• Exame cardiovascular
Hipertireoidismo
Exames Laboratoriais
• Dosagem de TSH (< 0,1 mIU/L)
• T4 livre
• T3 livre
• Dosagem do anticorpo anti-receptor do TSH (TRAb)
– diagnóstico etiológico
• Captação de iodo radioativo (I131) – diagnóstico e
cálculo da dose terapêutica

Importante para estabelecer o diagnóstico diferencial!


Doença de Graves ou
Doença de Basedow-Graves
Epidemiologia
• Causa mais comum de hipertireoidismo
• Maior incidência entre 30 e 60 anos
• Afeta aproximadamente 2% das mulheres e 0,2%
dos homens
Doença de Graves
Fisiopatologia
• O receptor do TSH (TSHR) constitui o auto-antígeno
primário da doença de Graves, pois sofre
estimulação por anticorpos específicos;
• Caracterizada pela presença de bócio difuso,
tireotoxicose, oftalmopatia infiltrativa e dermopatia
infiltrativa (mixedema pré-tibial)
• O hipertireoidismo e o fenômeno infiltrativo podem
ocorrer juntos ou isoladamente.
Doença de Graves
Tratamento
• Medicamentoso (DAT – drogas antitireoidianas)

• Cirúrgico (tireoidectomia)

• Iodo Radioativo (I 131)


Doença de Graves
Drogas Antitireoidianas
• Usado em casos de bócio pequeno, crianças,
adolescentes e gestantes

• Propiltiouracil e metimazol – classe das tionamidas

• Inibição da síntese de T3 e T4 nas células foliculares

• Possibilidade de remissão da doença


Doença de Graves
Tireoidectomia
• Indicações
– Crianças e gestantes com efeitos colaterais às
medicações antitireoidianas

– Não aderência ao tratamento, que desejam tratamento


definitivo ou recusa do iodo radioativo

– Bócios volumosos

– Nódulo tireoidiano suspeito de malignidade


Adenoma Tóxico
Fisiopatologia:
• Geralmente, inicia como um nódulo ou múltiplos, já
existentes, que aumenta de tamanho, adquirindo
autonomia e passa a produzir hormônio fora do controle
normal do organismo.
Epidemiologia:
• Maior incidência aos 60 anos;
• Mais comum em mulheres;
• Ocorre em 20% dos pacientes portadores de nódulos
antigos.
Adenoma Tóxico
Exames Laboratoriais
Diminuição de TSH e aumento da T3/T4

Tratamento - medicamentoso
• Propiltiouracil
• Metimazol
• Iodo radioativo
Distúrbios Inflamatórios
Tireoidite
• Sub-aguda (de Quervain)
• Sub-aguda pós-parto
• Aguda
• Induzida por Drogas
• Crônica
Tireoidite
Tireoidite Sub-aguda (de Quervain)
• Causa mais comum de dor tireoidiana e mais
prevalente em mulheres (média de 40 a 50 anos)
• Caracterizada por tireoidite de células gigantes, tem
etiologia viral (caxumba, adenovírus, influenza e entre
outros), apresenta-se com tireóide edemaciada e dor
com irradiação para garganta, ouvidos e mandíbula.
• Apresenta diagnóstico diferencial com outras
tireoidites. Quase sempre o paciente tem recuperação
completa.

Tireoidite
Tireoidite Sub-aguda pós-parto-ÚNICA CONDIÇÃO QUE A MÃE NÃO
TEM A PRODUÇÃO DE LEITE
• Por inflamação indolor e auto-imune da tireóide no primeiro ano pós-parto
levando a tireotoxicose transitória seguida de hipotireoidismo.
• Diagnóstico por vezes são erroneamente interpretados pois consideram-se as
queixas comuns no pós-parto, mas pode ser detectado observando-se a
flutuação dos níveis de TSH nas diversas fases e tem diagnóstico diferencial
com Graves.
• Trata-se com β-bloqueadores e, se necessário, reposição de tiroxina.
Tireoidite
Tireoidite Aguda (Supurativa)
• Condição rara e desencadeada por infecção
bacteriana, fúngica, micobactérias. Não bacterianas
acometem geralmente imunodeprimidos.
• Cursam com febre, dor tireoidiana, calor e eritema
locais, disfagia e abscesso.
• Diagnóstico é feito com achados clínicos, exames de
imagem (US), punção aspirativa e cultura. O
tratamento se dá por drenagem e antibiótico terapia.
Tireoidite
Tireoidite induzida por drogas
Amiodarona
• Rica em iodo e usada para tratamento de arritimias.
• Em uso crônico causa distúrbios de auto-regulação
tireoidiana em resposta ao excesso de iodo e promoção de
resposta autoimune induzindo tireotoxicose. A droga diminui
a ação de enzima da síntese de hormônios tireoidianos.
• O tratamento é feito com levotiroxina, monitorização de
anticorpos e níveis de TSH, T3 e T4
Lítio
Causa em alguns casos aumento de anticorpos anti-tireóide
proporcionando hipotireoidismo.
Tireoidite
Tireoidite Crônica (Hashimoto)

• Apresenta aumento da glândula e cursa com


hipotireodismo.
• Diagnóstico é feito através de achados clínicos,
presença de anticorpos específicos (anti-peroxidase
e anti-tireoglobulina) e exames de imagens que
mostre destruição glandular.
• Trata-se com levotiroxina.
Tiroidite de Hashimoto
Doença auto-imune, que atinge mais as mulheres, na qual o próprio
organismo produz anticorpos contra a glândula tireóide, levando a uma
inflamação crônica que pode acarretar o aumento de seu volume (bócio) e
diminuição de seu funcionamento causando o hipotireoidismo.
O que pode ocorrer quando esta
doença não é tratada?
CORAÇÃO: Diminuição dos batimentos cardíacos;
CÉREBRO: Dificuldade de concentração e
depressão;
APARELHO DIGESTIVO: Obstipação (constipação
intestinal);
MÚSCULOS: Fraqueza, dor e fadiga;
RINS: Retenção de líquidos, levando à edema das
pálpebras, principalmente pela manhã;
O que pode ocorrer quando
esta doença não é tratada?
FÍGADO: Diminuição do metabolismo do colesterol com aumento dos
seus níveis sanguíneos;
ÓRGÃOS REPRODUTIVOS: Alterações menstruais, abortos naturais e
infertilidade;
PELE E CABELO: Queda de cabelos, ressecamento da pele;
OUTROS SINTOMAS: Apatia, reflexos lentos, ganho de peso ou
dificuldade de perdê-lo e dores articulares
Nódulo de tireóide
• Os nódulos são áreas de crescimento exagerado,
formando “caroços”, que se diferenciam do restante
da tireóide e podem ser de vários tamanhos , uni ou
multinodulares e benignos ou malignos.
• É geralmente assintomático
• Sintomas locais: disfagia, dispnéia, rouquidão,
compressão da artéria carótida e dos vasos da base
e dor.
• Associados ao hipo ou ao hipertireoidismo.
Nódulo de tireóide
• Benignos: múltiplos e estão associados a disfunções
da tireóide.

• Malignos: sexo masculino; idade <20 ou > 70 anos;


presença de sintomas locais; história de radioterapia
externa no pescoço; presença de linfadenopatia
cervical.
• Objetiva classificação do nódulo.
• Usa-se: anamnese, exame físico, exame laboratorial
(TSH, T4 livre e total, anticorpos específico), exames
complementares (USG + Doppler, PAAF (Punção
Aspirativa por Agulha Fina), RX, TC, RM)
Nódulo de tireóide
TRATAMENTO

• Tireoidectomia total ou parcial (Padrão Ouro).

• Iodoterapia (iodo-131)

• Radioterapia
Bócio
• É o termo que designa o aumento do volume da glândula
tireóide.
• Atáxico ou simples (82% dos casos); da glândula tireóide
• Mergulhante; aumentada de tamanho, peso e volume, que
invade a cavidade torácica total ou parcialmente, acomete
principalmente mulheres acima de 60 anos.
• Intratorácico (tireóide ectópica); qualquer tecido tireoidiano
localizado fora da sua topografia normal
• Dismórfico (falha genética das enzimas da
hormogiogênese).
Bócio
• O diagnóstico e o tratamento devem ser orientados
assim como foi descrito anteriormente em nódulos da
tireóide.
Câncer de Tireóide
• Embora a grande prevalência de nódulos de tireóide, o carcinoma
de tireóide representa 1% de todas as neoplasias malignas

• É a neoplasia endócrina mais comum

• É 3 a 4 vezes mais comum em mulheres

• A mortalidade é baixa e a sobrevida é grande

• Nos carcinomas diferenciados o crescimento é lento

• O carcinoma anaplásico é um dos tumores de mais alta


malignidade
Câncer de Tireóide
Diagnóstico Clínico
• Disfagia
• Dificuldade respiratória
• Rouquidão
• Dilatação das veias do pescoço
• Dor
• Além dos sintomas locais, podem ocorrer sinais e
sintomas de Hipotireoidismo ou de Hipertireoidismo
• Nódulos palpáveis durante exame físico de tireóide
Câncer de Tireóide
Exames Laboratoriais
-TSH; T3/T4 livre; globulina ligadora da tiroxina
Exames Complementares
-US; TC; RNM; Cintilografia e Biópsia
Câncer de Tireóide
Tratamento do Carcinoma Diferenciado
Fatores Prognósticos
• IDADE: Alto risco < 16 e > 45 anos
• TAMANHO: > 3,5 cm pior
< 1,5 cm melhor
• METÁSTASE: - Ganglionar não piora
- À distância piora
• Tratamento cirúrgico
• Tireoidectomia total
• Após 30 dias cintilografia cervical
• Dose terapêutica de 131 I
• Levotiroxina em dose supressiva
Câncer de Tireóide
Seguimento
• Seguimento com dosagens de TSH e Tireoglobulina
• Manter TSH suprimido
• Tireoglobulina suprimida
• Se tireoglobulina > 5 ng/ml fazer pesquisa de corpo inteiro
• Em casos de metástases: Dose terapêutica de 131I
• Uso de TSH recombinante

Tratamento de Outras Formas


• CARCINOMA MEDULAR: Cirurgia com esvaziamento ganglionar
cervical

• CARCINOMA ANAPLÁSICO: Tratamento paliativo; traqueostomia

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