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Anatomia
Glândula única, que se situa anteriormente à traqueia, entre a cartilagem cricóide e a incisura supraesternal, entre a 5ª
vértebra cervical e a 1ª torácica. Possui dois lobos conectados por um istmo, e quatro glândulas paratireóides na região
posterior.
Histologia
Corte de uma tireoide mostrando os folículos cuja parede é formada por epitélio simples cúbico de células foliculares
(F). Coloide (C); Células parafoliculares (PF).
Hormônios da tireóide
Doenças da Tireóide
HIPERTIREOIDISMO
HIPOTIREODISMO
NÓDULOS TIREOIDIANOS
HIPERTIREOIDISMO
Há um predomínio pelo sexo feminino de 10:1 devido sua relação com doenças autoimunes
Outras causas: adenoma tóxico, bócio multinodular (mais prevalentes em áreas de deficiência de iodo).
* No Brasil foi promulgada a Lei nº 1.944 em 14 de agosto de 1953, obrigando a iodação do sal para consumo humano
Causas
DOENÇAS DA TIREOIDE
Quadro clínico
Manifestações clínicas: decorrentes do efeito estimulatório dos hormônios tireoidianos sobre o metabolismo e os
tecidos.
Ansiedade, insônia, emagrecimento (apesar da polifagia), taquicardia, palpitações, intolerância ao calor, sudorese
excessiva com pele quente e úmida, tremores, fraqueza muscular e hiperdefecação
- Oftalmopatia: decorre do espessamento dos músculos extraoculares e aumento da gordura retrobulbar, causando um
aumento da pressão intraorbitária. Podem ocorrer protrusão do globo ocular (proptose/exoftalmia), edema periorbital e
conjuntival (quemose) , hiperemia conjuntival, diplopia, oftalmoplegia, ptose palpebral e perda visual.
Oftalmopatia de Graves à TC, com evidente espessamento da musculatura retrorbital, sobretudo à esquerda.
- Dermatopatia (mixedema pré-tibial): espessamento da pele, particularmente na área pré-tibial, devido ao acúmulo de
glicosaminoglicanos. As lesões são em placas e, nelas, a pele está bastante espessada, com aspecto de casca de laranja e
coloração violácea.
- Acomete 5 a 10% dos pacientes e, na maioria das vezes, está associada à oftalmopatia e a títulos elevados de TRAb.
Mixedema pré-tibial em graus variados de intensidade. Em C observar o aspecto em “casca de laranja” da lesão
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
- Função tiroidiana: níveis baixos ou indetectáveis de TSH, associados à elevação das frações total e livre de T4 e T3.
Inicialmente, podemos encontrar apenas níveis baixos de TSH, com T4 e T3 normais (hipertireoidismo subclínico).
DOENÇAS DA TIREOIDE
- TRAb: Anticorpo Anti-Receptor de TSH. A presença de quantidades elevadas de anticorpos indica doença autoimune.
Recomendado na avaliação diagnóstica inicial do hipertireoidismo. Sua prença em pacientes hipertireóideos é altamente
específica para a DG (90 a 100% dos casos).
- Outros anticorpos antitireoidianos: até 50% apresentam anticorpos antitireoglobulina (anti-Tg) e até 90% anticorpos
antitireoperoxidase (anti-TPO).
- Parâmetros hematológicos e bioquímicos: podem ser observados leucopenia, hipercalciúria, hipercalcemia, elevação
de transaminases, hiperbilirrubinemia, redução do colesterol total e LDL-colesterol.
Exames de imagem
- Captação do iodo radioativo nas 24 horas (RAIU/24h): elevada em praticamente 100% dos casos. Permite realizar o
diagnóstico diferencial com tireoidite subaguda linfocítica e tireoidite pós-parto, situações em que a RAIU/24h está
muito baixa ou ausente.
- Ultrassonografia: tem sensibilidade semelhante à RAIU/24 h para o diagnóstico da DG. Vantagens - ausência de
exposição à radiação ionizante, maior precisão na detecção de eventuais nódulos tireoidianos e custo mais baixo.
- Cintilografia tireoidiana com iodo radioativo ou tecnécio: realizada em pacientes hipertireóideos com nódulos
identificados ao USG, para avaliar se são frios (hipocaptantes) ou quentes (hipercaptantes).
- Punção aspirativa por agulha fina: indicada quando forem encontrados nódulos tireoidianos normo ou hipocaptantes à
cintilografia.
Tratamento
Opções terapêuticas:
- Drogas antitireoidianas (DATs); iodo radioativo; cirurgia.
- A escolha de uma modalidade deve ser feita com base em características clínicas, socioeconômicas e preferências do
médico e paciente.
- As DATs são a terapia predominante na América Latina, Europa, Ásia e Oceania, enquanto o radioiodo tem a
preferência nos EUA.
Paciente de 20 anos de idade que desenvolveu hepatite fulminante (transaminases > 1.000 U/ℓ e bilirrubina total > 40
mg/dℓ) após o uso de propiltiouracil, com evolução fatal.
Betabloqueador: indicado em idosos com tireotoxicose sintomática e pacientes tireotóxicos com FC>90bpm ou doença
cardiovascular coexistente. São úteis na fase inicial do tratamento da DG com tionamidas, quando ainda não se alcançou
o eutireoidismo. Propranolol (40 a 120 mg/dia) é a opção mais utilizada. São geralmente suspensos após 3 ou 4
DOENÇAS DA TIREOIDE
semanas. Caso estejam contraindicados (asma brônquica, DPOC ou bloqueio cardíaco), a taquicardia pode ser
controlada com os antagonistas do cálcio (diltiazem ou verapamil).
Iodo Radioativo: tem como objetivo controlar o hipertireoidismo, tornando o paciente hipotireóideo. É facilmente
administrado por via oral, em solução ou cápsulas, e tem baixo custo. Pode ser empregado como terapia inicial ou como
terapia definitiva de segunda linha, nos casos de recidiva após o uso das DAT. Em comparação aos outros tratamento, é
considerado o de melhor custo-benefício.
- O principal inconveniente é o hipotireoidismo, cuja frequência a curto prazo depende da dose utilizada. A longo prazo,
o número de pacientes com hipotireoidismo independerá da dose de iodo, chegando a pelo menos 80% daqueles
adequadamente tratados.
- O Iodo pode precipitar ou exacerbar a doença ocular tireoidiana, sendo o tabagismo o principal fator de risco para
surgimento ou piora da oftalmopatia após radioiodoterapia. Está contraindicado para grávidas ou lactantes.
Cirurgia:
- Indicações: (1) bócios muito volumosos (> 150 g), (2) sintomas compressivos locais ou nódulos com suspeita de
malignidade após PAAF e (3) opção do paciente. Vantagens - rápida normalização de T3 e T4 e maior efetividade nos
casos com sintomas compressivos. Desvantagens - custo, necessidade de hospitalização, risco anestésico e complicações
inerentes ao ato cirúrgico (hipoparatireoidismo, lesões do nervo recorrente laríngeo, sangramento, infecção,
hipotireoidismo
- O procedimento de escolha é a tireoidectomia total que propicia taxa de cura em torno de 100% para hipertireoidismo
da DG. O risco de recorrência é de quase 0%, enquanto a tireoidectomia subtotal implica probabilidade de 5 a 20% de
persistência ou recorrência do hipertireoidismo em 5 anos.
HIPOTIREOIDISMO
Introdução
Síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos HT, com alentecimento generalizado dos processos
metabólicos;
Classificação: primário (mau funcionamento da tireoide- 95%), secundário (causa hipofisária, por deficiência de
hormônio tireoestimulante - TSH) ou terciário (deficiência hipotalâmica do hormônio liberador de tireotrofina - TRH).
Etiologia
DOENÇAS DA TIREOIDE
Tireoidite de Hashimoto: causa mais comum de hipotireoidismo. Doença crônica autoimune, caracterizada por títulos
elevados de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO). Cursa com destruição do tecido tireoidiano. Achado Patológico
de infiltrado linfocitário difuso
Tireoidites subagudas: granulomatosa, linfocítica e pós-parto (transitório na grande maioria das vezes).
Tireoidite de Riedel (devido a substituição do tecido tireoidiano por tecido fibroso.
Doenças infiltrati
Fatores de risco
Envelhecimento (>60 anos);
Sexo feminino;
Presença de bócio;
Doença tireoidiana ou extratireoidiana autoimune;
História familiar de doença tireoidiana;
Fármacos: amiodarona, lítio, tionamidas, alfa interferon;
Doenças genéticas: Síndromes de Down e de T
QUADRO CLÍNICO
Astenia, sonolência, intolerância ao frio, voz arrastada, pele seca e áspera, hiporreflexia profunda, edema periorbital,
anemia e bradicardia.
Muitos pacientes são assintomáticos ou oligossintomáticos ao diagnóstico, sobretudo aqueles com doença menos intensa
ou de menor duração, sendo detectados, muitas vezes, em exames de rotina.
Ganho de peso: pode ocorrer em até 50% dos pacientes, porém ele é geralmente modesto e consequente, sobretudo, à
retenção hídrica.
Alterações metabólicas: elevação do LDL-colesterol, hipertrigliceridemia, esteatose hepática não alcoólica, elevação da
proteína C reativa, homocisteína e lipoproteína (a), transaminases, creatinoquinase e DHL. Todas essas alterações
revertem com o tratamento do hipotireoidismo.
Alterações endócrinas: hiperprolactinemia, redução nos níveis de fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1) e
proteína ligadora de IGF (IGFBP3) e hiporresponsividade do GH aos testes de estímulo.
Manifestações neurológicas: a mais grave é o coma mixedematoso. As mais comuns são cefaleia, tontura, zumbido,
astenia, fala lenta, hiporreflexia profunda, déficit cognitivo, distúrbios visuais e auditivos, parestesias, nistagmo.
Manifestações dermatológicas: pele seca, descamativa e áspera, que pode ficar amarelada devido ao acúmulo de
caroteno. Cabelos secos e quebradiços, queda de cabelos, fragilidade ungueal, rarefação do terço distal das sobrancelhas
(madarose), edema, cicatrização lenta de feridas e ulcerações.
Fácies mixedematosa com inchaço, palidez, edema periorbital e rarefação do terço distal das sobrancelhas (madarose).
Sistema cardiovascular: bradicardia, redução do débito cardíaco, hipofonese de bulhas cardíacas, baixa voltagem do
QRS e alterações inespecíficas do ST-T. Cardiomegalia por ICC ou por derrame pericárdico e risco aumentado para
DAC. Em geral, revertem com o tratamento.
Sistema respiratório: dispneia (50% dos casos), derrame pleural, apneia do sono obstrutiva e insuficiência respiratória
em pacientes com coma mixedematoso.
Sistema musculoesquelético: fadiga muscular generalizada, mialgias, cãibras, artralgias, derrames articulares e síndrome
do túnel do carpo. Redução da remodelação óssea e da resistência à ação do paratormônio, o que justificaria a elevação
dos níveis de PTH e Vitamina D.
Sistema digestivo: anorexia, constipação intestinal e distensão gasosa. Pode haver grave retenção fecal, íleo paralítico,
megacólon, acloridria, macroglossia e ascite mixedematosa (raro).
Manifestações renais e distúrbios eletrolíticos: diminuição do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular em
função da redução do débito cardíaco e do volume sanguíneo. Como consequência, ocorre elevação de creatinina, ácido
úrico, magnésio e proteinúria discreta.
DOENÇAS DA TIREOIDE
Sistema reprodutivo: em mulheres ocorre irregularidades menstruais, anovulação e infertilidade. Em homens podem ser
observadas redução da libido, disfunção erétil e oligospermia.
Sistema hematopoético: anemia leve a moderada (pode ser normocítica ou macrocítica) e responde à reposição de
levotiroxina. Anemia hipocrômica e microcítica pode ocorrer caso haja deficiência de ferro.
Tireoide: bócio detectado nos primeiros meses ou anos de vida é indicativo de defeito congênito na síntese dos HT. Em
adultos, hipotireoidismo com bócio é quase sempre secundário à tireoidite de Hashimoto. Hipotireoidismo central cursa
sempre sem bócio.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Hipotireoidismo primário: TSH elevado e níveis baixos de T4 livre e T3. De início, observa-se apenas elevação do TSH,
caracterizando o hipotireoidismo subclínico e a seguir reduzem-se o T4 e, em uma fase posterior, o T3. Em torno de
05% ao ano evoluem para o hipotireoidismo clínico.
Hipotireoidismo central: níveis séricos de T4 livre baixos e níveis de TSH normais, baixos ou um pouco elevados.
TRATAMENTO
Em 90% dos casos o hipotireoidismo é permanente, sendo necessário a reposição por toda a vida.
Levotiroxina em dose única diária, em jejum, pela manhã, 30 a 60 minutos antes do desjejum (alimentação pode reduzir
a absorção da medicação). A dose ideal de L-T4 varia de acordo com a idade e o peso do paciente.
Este tratamento é simples, barato, bem tolerado e bastante eficaz. No entanto, 40 a 60% dos pacientes com HTP
cronicamente tratados com L-T4 se apresentam com valores anormais de TSH, sendo esse risco maior entre idosos.
Realizar dosagem HT em 06 semanas para ajuste da dose, se necessário. O TSH irá se normalizar mais tardiamente,
somente após a completa normalização do T4.
Hipotireoidismo primário antes (A) e depois (B) de 04 meses de terapia com levotiroxina.
Notar a completa reversão das alterações fisionômicas induzidas pela doença.
NÓDULOS TIREOIDIANOS
INTRODUÇÃO
São um achado clínico comum, com prevalência de 3 a 7% com base na palpação.
À USG, a prevalência na população geral é estimada em 20 a 76%, percentual similar ao relatado em estudos de
necropsia.
CAUSAS
Bócio colóide ou adenomatoso;
Cistos simples ou secundários a outras lesões da tireoide;
Tireoidites (Hashimoto, linfocítica, granulomatosa, de Riedel);
Doenças granulomatosas;
Neoplasias: adenomas, carcinomas, linfomas, metástases;
Doença tireoidiana policística.
DOENÇAS DA TIREOIDE
DIAGNÓSTICO
Quando se detecta um nódulo na tireoide é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o
status funcional e anatômico da glândula.
Essa investigação inclui história clínica completa, exame clínico cuidadoso, testes de função tireoidiana, exames de
imagem e, se necessário, punção aspirativa com agulha fina (PAAF).
Quando investigar:
Nódulos palpáveis;
Nódulos não palpáveis detectados ao exame de imagem e >1cm.
USG tireoide:
Melhor exame de imagem para detecção de nódulos, com sensibilidade de 95%, superior a outros métodos como TC e
RM.
Serve como guia para procedimentos diagnósticos (PAAF), terapêuticos (aspiração cistos, injeção etanol, laser), e para
monitoramento dos nódulos.
Cintilografia de tireoide:
Devido a sua baixa especificidade, deve ser reservada para situações específicas:
- Nódulos associados ao hipertireoidismo;
- Diagnóstico citológico ou suspeita de neoplasia;
- Suspeita de tecido tireoidiano ectópico ou bócio retroesternal.
CONDUTA
CATEGORIA I – AMOSTRA NÃO DIAGNÓSTICA:
esfregaços que não satisfaçam os critérios mínimos de representatividade do parênquima tireoidiano ou que apresentem
artefatos pré-analíticos (dessecamento, sobreposição) que impeçam uma avaliação citopatológica.
A identificação de amostras inadequadas ajuda a prevenir aumentos nas taxas de falso negativos.
DOENÇAS DA TIREOIDE
Células espumosas e hemossiderófagos. Caso sejam os únicos elementos celulares em uma amostra esta é considerada
insatisfatória.
CATEGORIA II – BENIGNO:
Esfregaços sem elementos morfológicos de malignidade e sem atipias citopatológicas. Como a maioria dos nódulos
tireoidianos é benigna, esta será a classe mais frequente. Esta categoria abrange um grupo de lesões benignas com
características citológicas semelhantes. Entre essas lesões incluem-se:
1) Bócio nodular
2) Nódulos hiperplásicos / adenomatóides
3) Nódulos colóides
4) Nódulos em doença de Graves e tireoidite de Hashimoto
5) Adenomas macrofoliculares
Esfregaço predominantemente benigno com áreas focais contendo células de núcleos grandes, claros com raras fendas
nucleares. Categoria III – Atipias de significado indeterminado.
Quando utilizado de maneira correta, essa categoria apresenta uma chance de identificar lesões neoplásicas na
ordem de 65-85% e um risco de malignidade de 15-30%. Portanto uma conduta cirúrgica limitada (lobectomia) seria a
mais indicada.
Observamos células oxifílicas formando agrupamentos sinciciais e microfolículos, este caso foi classificado como
Categoria IV, Suspeito de neoplasia folicular.
Placa sincicial de células foliculares com núcleos irregulares com eventuais fendas. Categoria V – suspeito de
malignidade (carcinoma papilar).
CATEGORIA VI – MALIGNO:
quando todos os critérios para malignidade estão presentes em um esfregaço. Essa categoria representa 4-8% de todas as
punções, sendo a maioria carcinoma papilar de tireóide. O diagnóstico citopatológico de malignidade tem elevado valor
preditivo positivo. Quando um diagnóstico definitivo de Carcinoma Papilar é feito em esfregaços citológicos, há uma
correlação com Carcinoma Papilar na peça cirúrgica em 96-100% dos casos.
Conduta
Esfregaço hipercelular composto por células plasmocitóides com cromatina salpicada e frequentes pseudoinclusões
nucleares Esse esfregaço foi classificado como Categoria VI – Maligno, compatível com Carcinoma Medular de
Tireóide.
Há infiltrado linfocitário focal, formando folículos linfóides com centros germinativos. O infiltrado inflamatório é a
expressão morfológica da natureza autoimune da doença.