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Dr.

Flávio Melo
Autor do Blog Pediatra do Futuro
CRMPB 5239 - RQE 3065

A Tosse do seu
filho não deixou você
dormir. E agora?
Bônus: Lavagem Nasal
e outras dicas

*Este produto não substitui o parecer médico profissional. Sempre


consulte um médico para tratar de assuntos relativos à saúde.

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1 - A tosse é um mecanismo de defesa das
vias aéreas do seu filho. Ela é um sintoma
e não a doença.

Eu sei que às vezes a tosse é enlouquecedora, mas é a maneira que o corpo


dele tem de ajudar a eliminar secreções e proteger as vias aéreas das com-
plicações do seu acúmulo.

Ela também pode ser desencadeada como reação à agentes agressores ou


irritantes das vias aéreas, como o frio, poluição, fumaça de cigarro, lenha e
quaisquer substâncias voláteis, até mesmo o mais chique e caro perfume.

Nos alérgicos e nos bebês muito pequenos, as vias aéreas são muito reati-
vas ou imaturas, e a maioria das complicações vem daí, o reflexo que era
protetor se torna excessivo ou ineficaz.

Combater a tosse, a ponto de suprimir o reflexo, pode ser mais maléfico do


que benéfico, mas isso será motivo de explicação na sequência desse
e-book.

Quem sabe, conhecer um pouco os mecanismos e causas, possa fazer a


diferença na hora de lidar com esse sintoma tão comum e incômodo.

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2 - As causas mais comuns de tosse aguda são as
infecções respiratórias virais, como o resfriado comum
(mais leve) e a síndrome gripal (mais intensa).

Em crianças com diagnóstico ou antecedentes alérgicos, a tosse aguda


também pode vir como uma manifestação da crise, na rinite alérgica ou
asma, por exemplo.
Quando a tosse aguda vem acompanhada de febre alta, dificuldade para
respirar ou cansaço e abatimento intenso, é frequente que o pulmão
esteja afetado e a possibilidade de pneumonia bacteriana demanda mais
atenção.
Nos bebês pequenos, o que era um simples resfriado, pode complicar
com mais facilidade e se ele começar a ficar com tosse aguda e dificul-
dade para respirar, podemos ter o diagnóstico de bronquiolite viral
aguda, outro quadro que demanda avaliação do pediatra.
Eu sempre tento explicar aos pais como lidar com a tosse aguda leve em
casa. Na maioria das vezes, a limpeza nasal com soro e a nebulização
com soro levemente aquecido (se não sabe o porquê, tem post nesse
perfil), além de aquecer mais a criança e posicionar com a cabeceira ele-
vada, são suficientes para a melhora.
No parte sobre medicações, tentarei explicar porque o uso de xaropes
deve ser bastante criterioso e sem automedicação.
Sempre que o quadro for intenso ou com piora progressiva, é
importante que o bebê ou criança seja auscultado. O problema
aumenta quando a tosse se torna prolongada, por mais de 2 semanas,
mas aí já é assunto para o próximo ponto.

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3 - Quando a tosse se torna prolongada, com mais que duas sema-
nas de duração,começamos a considerar complicações dos quadros
respiratórios agudos, alergias e outras causas mais incomuns, como
tuberculose, refluxo, fibrose cística e outras.

Em crianças, a tosse prolongada noturna, com catarro, pode ser o único sinal indicativo de
uma rinossinusite bacteriana, como nossos avós gostam de chamar, a tal "gripe mal
curada".
Essa complicação é mais comum nas crianças menores, que têm dificuldade para expelir o
catarro e vias aéreas mais estreitas, e nesse caso teremos que indicar o uso de antibióticos.
Quando a tosse prolongada é seca, acompanhada de espirros frequentes, coceira nasal e nos
olhos e uma espécie de pigarro, os quadros alérgicos, como a rinossinusite alérgica e a asma
devem ser considerados.

Em bebês, é comum que após uma infecção respiratória viral, que normalmente se cura até 2
semanas, possa persistir um quadro chato de tosse seca eventual, entupimento nasal e até
mesmo chiado no peito.
Você pensa que o menino está bom e volta tudo de novo!
Isso ocorre porque os vírus podem deixar as vias áereas de alguns bebês bastante sensívaos
estímulos externos (temperatura, fumaça, poluição) e se demorar demais para melhorar, será
importante investigar a síndrome do bebê chiador.
Nesses casos, o diagnóstico mais comum é a hiperratividade pelo vírus mesmo, mas outros,
como a doença do refluxo gastroesofágico (incomum!), as alergias alimentares (raro!),
entram nas possibilidades diagnósticas.

Escuto muito que o diagnóstico de uma criança foi "tosse alérgica", mas
sinto muito, esse não é o nome da doença. Por quê????? No próximo ponto
do Decálogo da Tosse eu respondo.

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4 - E essa tal “tosse alérgica”, existe?
Pois é, esse diagnóstico é mais um daqueles imprecisos, que não significam
nada, além da junção de um sintoma (tosse), com um grupo de doenças (alergias).
Normalmente, ele é dado quando as crianças estão com aquelas tosses secas de
endoidar todo mundo, que não param nem com reza brava e que retumbam na
madrugada insone.
Ela pode ser causada tanto por uma infecção respiratória aguda, como uma sín-
drome gripal, quanto por uma exacerbação de um quadro alérgico que a criança
tenha, como uma crise de rinite alérgica ou de asma.
Na agonia da emergência, fica mesmo difícil para o médico diferenciar
entre uma infecção e uma alergia, então às vezes o diagnóstico termina do
vago termo “tosse alérgica” e a prescrição de remédios atirando para todos
os lados.
Há prescrição frequente de anti-histamínicos de primeira geração, que podem dar
sonolência, corticoides, anti-tussígenos, enfim, o escambau medicamentoso, juntos,
misturados ou separados.
Mas, por exemplo, se o caso for uma rinite alérgica exacerbada, talvez apenas a
prescrição de um anti-histamínico de segunda geração, que não causa sonolência,
seja suficiente e não a farmácia inteira.
Já se for uma crise de asma, não prescrever um broncodilatador e/ou corticoide em
spray, poderá fazer a diferença entre uma noite de sono e uma noite de terror. No
caso das infecções virais, quase sempre medidas mais simples, como lavagens
nasais, nebulização com soro aquecido, elevação da cabeceira da cama e xaropes
caseiros com mel (maiores de 1 ano), podem resolver a situação.
É contraindicado o uso de associações entre descongestionantes e antialér-
gicos em menores de 2 anos (.....gex) e também dos demais expectorantes, pois
além de ineficazes, podem piorar o quadro respiratório.
Nos maiores de 2 anos, cada caso deve ser avaliado individualmente, mas em geral,
quanto menos remédios na prescrição, menos risco de efeitos adversos e
menos dor no seu bolso.

No próximo: a ciência do lambedor.


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5 - A ciência por trás dos lambedores
para tosse aguda
Aqui no nordeste, onde moro, o uso dos lambedores caseiros é uma
tradição familiar. As receitas são as mais diversas possíveis, cada um ostentando a eficá-
cia e infalibilidade do seu remédio de tradição.

Na verdade, o uso de xaropes para tosse vem de muito longe, desde a tradição dos precur-
sores da medicina, os árabes, de cuja língua (sharab) derivou etimologicamente o termo
em português.
Mas aí vem a pergunta: existe ciência, evidência e uma explicação mais cartesiana
para o seu efeito?
Sim, como você já leu em nas outras partes desse decálogo, durante uma inflamação
aguda das vias aéreas, as terminações nervosas do "tapete" por onde o ar passa ficam
hipersensíveis.
Os xaropes, pela alta concentração de açúcares, formam uma espécie de filme protetor ao
longo das vias aéreas, diminuindo esse efeito de reatividade das vias aéreas. Seria como a
capa que protege o fio desencapado de dar choques.
Além do uso do açúcar, pode ser usado o mel. Importante lembrar que o mel não
deve ser utilizado na alimentação, como adoçante ou na confecção desses xaropes
para os menores de 1 ano, pelo risco de botulismo.
Mesmo havendo a restrição do uso do mel entre 1 e 2 anos de idade para adoçar alimen-
tos, não há nenhum motivo para restringí-lo para esse uso medicamentoso.
Uma revisão da Cochrane, publicada em 2018, concluiu: o mel provavelmente alivia os
sintomas em maior extensão que nenhum tratamento, difenidramina (um anti-alérgico) e
placebo.
O mel reduz a duração da tosse melhor do que o placebo e o salbutamol (um bron-
codilatador). Não há evidência forte à favor ou contra o seu uso. Não houve difer-
ença nos eventos adversos entre o mel e os grupos controle.
Enfim, parece fazer bem e definitivamente não faz mal e nesse caso, opino que a tradição
consagra seu uso.
Depois do mel ou do açúcar, entra o "tempero" do lambedor. As variações são inúmeras e
envolvem o uso combinado de ervas ou de hortaliças e frutas, como o hortelã, o abacaxi, a
cebola, o alho, o gengibre, enfim, uma lista infindável.

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6 - Pra começo de conversa
Não estou medicando ninguém e nenhuma opinião substitui a avaliação e
prescrição do seu pediatra.
Além disso, os lambedores ou xaropes caseiros são AUXILIARES no tratamento da
tosse, mas podem e quase sempre não são a única intervenção a ser feita para uma
criança tossindo.
Outras advertências e explicações:
Quando orientamos o uso do açúcar na confecção para menores de 1 ano, é pela restrição do
mel.
Antes que as queridas nutricionistas me coloquem na guilhotina virtual, aviso que estou falan-
do aqui da produção de uma forma farmacêutica, ou seja, um remédio e nesse caso, não acho
comparável a recomendar o açúcar na alimentação de menores de 2 anos, que estamos care-
cas de saber que não é recomendado.
Aos odontopediatras, que respeito tanto, aviso que junto com a ingestão do lambedor,
deve vir o cuidado de higienização dos dentes e COM FLÚOR.
Dito isso, o sentido de usar a cebola, a beterraba e a cenoura na receita que irei passar, tem a
ver com componentes antixoxidantes e anti-inflamatórios, que ajudam a diminuir os sinto-
mas.

Segue a receita:
Ingredientes
Beterraba (50g), Cebola-branca (20g), Cenoura (50g)
Açúcar mascavo ou branco: 200g ou Mel de abelhas (200ml), lembrando que mel de abelhas
não deve ser usado por menores de um ano de idade!
Modo de preparar
Cortar em rodelas a beterraba, as cebolas e as cenouras.
Espalhar uma camada de açúcar na superfície de um prato e colocar as rodelas por cima.
Seguir intercalando plantas e açúcar. Deixar em ar ambiente (aqui chamamos de sereno), em
um local protegido, coberto com uma peneira.
Na manhã seguinte, recolher, coar e guardar em recipiente adequado.
Modo de tomar
Entre 6 meses e 1 ano: 1/2 colher das de chá, 3x ao dia.
De 1 ano a 6 anos: 1 colher das de chá, 3x ao dia.
De 6 anos a 12 anos: 2 colheres das de chá, 3x ao dia.
Acima de 12 anos: 1 colher de sopa, 3x ao dia.
Modo de conservar
Conserve na geladeira, retirando o suficiente para consumir apenas para dois dias. Válido em
geladeira por 30 dias.

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7 - O melhor expectorante é...
expectorar. verbo transitivo direto: expelir ou soltar do peito; escarrar.
"começou a expectorar o catarro"
A tosse é um dos mecanismos que o corpo lança mão para expelir o catarro que é formado durante
uma agressão à árvore respiratória.

Além dela, há pequenas estruturas na sua superfície que empurram o muco em direção à parte supe-
rior.

O muco ou catarro, como chamamos quando este está mais viscoso, vai desidratando ao
longo do processo inflamatório das vias aéreas, com o aumento dos restos celulares que
resultam dessa briga entre o nosso sistema imunológico e o agente agressor.

Ele torna-se cada vez mais “grosso” e cada vez mais aderente, quase como uma cola. É aí que entra a
necessidade de buscar algo para tornar esse muco mais fácil de ser drenado, e os expectorantes
prometem facilitar esse processo.

Nas crianças menores de dois anos, os expectorantes mostraram-se ineficazes e além disso
com aumento de complicações e efeitos colaterais, desse modo, são contraindicados.

Mas se você prestar atenção ao texto, verá que o que falta para que o catarro seja mais facilmente
drenado é o fator mecânico, que a tosse ajuda e a fluidificação, ou seja, tornar o catarro mais fino.

No quesito ajuda mecânica, entram as lavagens nasais, que podem ser feitas no modo raiz, com as
seringas e soro ou no modo nutella, com os dispositivos de dispensação mais variados possíveis.

Ambos são eficazes, você decide o que funciona mais no seu filho, o que ele deixa ser feito é o melhor a
ser feito.

E para fluidificar?

É mais simples do que parece, basta que da próxima vez que você se deparar com aquela
catarreira do seu filho, pegue um pouco, coloque em uma superfície e veja com o quê você
consegue dissolvê-lo.

Isso!
EUREKA!
Á-G-U-A.
Agá-Dois-Ó.

Hidratar o seu filho ajudará a fluidificar o muco e somada à umidificação direta das vias aéreas com
o soro fisiológico, o processo de drenagem das vias aéreas será facilitado.

Então, o melhor expectorante é a... água

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8 - Muita promessa e propaganda,
pouca ciência e riscos que não podem-
os ignorar.
Assim é o mercado do tratamento da tosse, por um lado, prateleiras cheias
de medicamentos de venda livre e por outro pais sedentos por aliviar o sinto-
ma tão incômodo, mas na maioria das vezes protetor, como você já deve ter
aprendido nas partes antecedentes.
Nós pediatras, ficamos no meio desse fogo cruzado, recebendo olhares tortos quando insisti-
mos que na maioria das vezes as medidas básicas, como instilação nasal de soro e nebu-
lização, elevação da cabeceira da cama, hidratação e no máximo um xarope caseiro ou colher-
inha de mel (para maiores de 1 ano), resolvem a maiorias dos casos.
Mas prefiro que você conheça os medicamentos mais prescritos para tosse, suas eventuais
indicações e seus possíveis problemas e riscos.
Não irei citar nomes comerciais, pois além de não considerar ético expor uma marca e outra
não, não caberia no texto citar uma por uma.
Os primeiros são os SEDATIVOS DA TOSSE e começo por eles para avisar logo que não
devem ser prescritos em 99% das vezes e nunca em menores de 2 anos de idade.

Os mais comuns no mercado são a levodropropizina, a dropropizina, a cloperastina e o dex-


trometorfano.
Agem suprimindo o reflexo da tosse e como você já sabe que esse reflexo é protetor, na maio-
ria das vezes sua supressão ao invés de resolver o problema, pode aumentá-lo, pois catarro
por muito tempo acumulado, é o que as bactérias mais querem.

E daí o resfriado “vira” pneumonia, sinusite, otite e outras “ites” mais.


Além disso, como estes agem no sistema nervoso central, seus efeitos colaterais podem ser
desde sedação excessiva, quanto menor for a criança, até distúrbios comportamentais e do
sono. Também podem causar arritmias.
O menino pode até melhorar da tosse, mas pode ficar lelé, bebinho e com o coração pulando.
Seu uso, em crianças maiores de 2 anos é uma exceção total, alguns protocolos os indicam
em tosses secas pós-infecciosas que estejam desencadeando vômitos recorrentes e compro-
metimento do estado nutricional.

No próximo, os mucolíticos e fluidificantes.

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9 - Os chamados:
´Espectorantes ou Fludificantes´ prometem,
por diferentes mecanismos, tornar o muco
menos espesso e facilitar sua drenagem.
Mas aí é onde mora o problema. Para que a drenagem ocorra, temos que ter um
indivíduo competente para tal ação.
Os bebês menores de 2 anos são bastante incompetentes para ajudar na expectoração do
muco e ao fluidificá-lo, ao invés de ajudarmos, podemos estar complicando a situação, pois ele
se acumulará, obstruindo ainda mais as vias aéreas, piorando o desconforto respiratório e
aumentando a taxa de complicações.
Além disso, essa faixa etária é mais suscetível aos efeitos colaterais e por ter baixa evidência
de algum resultado positivo, todos os expectorantes contém a contraindicação para menores
de dois anos.

Os mais conhecidos são o ambroxol, a bromexina, a acetilcisteína, a carbocisteína e a guaifen-


esina.
Nos maiores de dois anos, sua eficácia é baixa e sempre devemos tentar as medidas básicas
dos posts anteriores antes de indicar seu uso.
Outro alerta é para as associações de antialérgicos, com expectorantes, descongestionantes
e outros fármacos.

Elas são absolutamente proscritas em menores de 2 anos e nos maiores de 2 anos seu uso
deve ser limitado e se forem usados, na menor dose e pelo menor tempo possível.
O que escrevi acima vale também para os fitoterápicos, especialmente para a Hedera Helix,
que não deve ser usada em menores de 2 anos.
A bromelina em xarope não se mostrou superior ao grupo controle de um xarope placebo em
um estudo de crianças com tosse aguda, portanto, sempre opte pelo simples.

Uma nota específica: há um xarope de venda livre, bastante comprado pelos pais, que tem o
iodeto de potássio na sua composição. Sua ação consiste em induzir a produção de secreção
nas vias áreas e nesse caso aumentar o reflexo da tosse.
Um absoluto contrasenso, mas quase sempre escuto de um pai que comprou esse remédio por
conta própria, mas não sabe ele que pode ter jogado lenha na fogueira.
Na última parte, sobre os corticoides, broncodilatadores, antialérgicos, seu uso e ABUSO

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10 - O USO e ABUSO dos corticoides,
antialérgicos e broncodilatadores.
Não é fácil para o pediatra diferenciar se um quadro de tosse seca
aguda, é causado por um quadro de infecção das vias aéreas ou aler
gia, como asma ou rinite aguda.

Mas isso não justifica o uso excessivo e desmedido de medicamentos


com potencial de efeitos colaterais severos ou sem indicação para a
maioria dos quadros virais. No ponto a ponto abaixo, tentarei ajudar
à separação do joio do trigo nesse aspecto.
1-Os corticoides orais (prednisona, prednisolona, dexametasona e betametasona) têm
pouca indicação nos quadros infecciosos inespecíficos das vias aéreas, não estão
indicados na bronquiolite viral aguda, sinusites e pneumonias não complicadas. Só
ajudariam em pacientes com diagnóstico de asma, no caso de uma crise aguda e na
laringite oral aguda, por pouco tempo, entre 3 a 5 dias.

2-os corticoides nebulizados (beclometasona e budesonida), não estão indicados em


quadros gripais ou para aliviar a obstrução nasal no bebê com resfriado e não estão
indicados na bronquiolite. A budesonida pode ser indicada na laringite aguda.

3-Os anti-histamínicos de primeira geração, como o hidroxizine e a dexclorfeniramina,


não estão indicados para tosse em menores de 2 anos e têm pequena eficácia nos
maiores de dois anos, o seu uso deve ser exceção e não a regra que vemos por aí.

4-Os anti-histamínicos de segunda geração, como a desloratadina, não estão indicados


para o resfriado comum ou qualquer outra infecção de vias aéreas superiores, servindo
apenas para rinites alérgicas, se essa for a causa da tosse.

5-Os broncodilatadores, como o fenoterol e o salbutamol, não devem ser indicados nos
quadros infecciosos sem broncoespasmo (chiado no peito) e não são de uso rotineiro
na bronquiolite aguda viral. Só têm espaço no quadro de agudo de asma, de preferência
na forma de inalador/spray, com uso de espaçador nos menores de 6 anos.

6- Acebrofilina não deve ser usada na gripe e em menores de dois anos. Não está em
nenhum protocolo de asma e se você não sabe, é a junção entre o ambroxol e a
aminofilina, com potencial para vários efeitos colaterais.

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Bônus:
LAVAGEM
NASAL
e outras dicas
Dr. V
FL VIO
MELO

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POR QUÊ USAR?
- Ajuda a manter a cavidade nasal aberta e saudável, com a saída de
muco espesso, ressecado ou crostas
- Auxilia a função dos cílios nasais, que varrem a secreção acumulada
para fora das vias aéreas
- Ajuda a prevenir sinusites e drenagem pós-nasal (aquela secreção
pigarro que fica descendo na garganta após um quadro gripal ou crise
de rinite)
- Em locais muito secos, o uso rotineiro ajuda a hidratar as vias
aéreas superiores

QUE TIPO DE SOLUÇÃO


ESCOLHER E QUAIS OS CUIDA-
DOS DE CONSERVAÇÃO E USO?
- Para o uso no dia a dia, como prevenção, em locais muito secos, a
solução fisiológica é a melhor opção
- Lembro que seu uso deve ser na temperatura ambiente ou amornada,
pois fazer como o soro frio ou gelado pode ter efeito contrário, congestion-
ando ainda mais o nariz e diminuindo o batimento mucociliar, tudo que não
queremos
- Uma boa alternativa é comprar flaconetes para uso único e deixá-los em
temperatura ambiente.
- O soro grande, depois de aberto, só deve ser utilizado por 15 dias, quando
em geladeira e 7 dias em temperatura ambiente, com o frasco bem vedado.
Descartar após esse período.
- No caso de quadros de síndromes gripais, resfriados ou rinossinusites
alérgicas, o uso de solução hipertônica tamponada têm se mostrado mais
eficaz, segundo as evidências (receita no final do texto)

LAVAGEM
NASAL
e outras dicas

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-COMO PREPARAR MEU FILHO
PARA O PROCEDIMENTO?
- Importante: não se sinta frustrada se seu filho não deixar fazer o procedi-
mento ou não se sentir segura, por ele ser muito pequeno ou resistir à irri-
gação com seringa. Nesse caso, você pode usar dispositivos que já existem
no mercado, os sprays fechados com soro fisiológico, com efeitos parecidos.
- Use palavras fáceis para explicar o procedimento. Explique antes de
fazer e aproveite a hora do banho.
- Às vezes, iniciar com um spray suave no dia a dia pode facilitar a posteri-
or aceitação da irrigação nasal com seringa.
- Quando o menino estiver habituado ao jato suave, tente progredir para a
irrigação com a seringa em maiores volumes.
- Nas primeiras vezes que usar, a criança poderá tentar uma sensação de
queimação, que irá melhorar com o tempo.

-COMO FAZER?
- Lave as mãos com água e sabão por pelo menos 30 segundos ou use
álcool em gel.
- Preencha uma seringa com a solução fisiológica (Até 1 ano - 10ml, acima
de 1 ano - 20ml).
- Coloque seu filho no colo ou com a cabeça levemente inclinada para a
frente na pia.
- Insira a seringa na narina e sem tampar a outra narina injete o líquido
rapidamente. O líquido pode tanto ser deglutido, quanto sair pela outra
narina.
- Peça a seu filho para assoar o nariz logo após.
- Limpe a seringa após o uso.

LAVAGEM
NASAL
e outras dicas

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A SOLUÇÃO HIPERTÔNICA
TAMPONADA
(SOLUÇÃO DE PARSONS)
- Esta é uma solução com um melhor desempenho para limpeza nasal,
redução do edema da mucosa e estimulação do batimento mucociliar, deve
ser usada em caso de excesso de secreção por rinossinusites infecciosas ou
alérgicas.
-1 litro de água
-2 colheres das de chá de sal
-1 colher das de chá de bicarbonato de sódio
Guardar em temperatura ambiente, ao abrigo da luz. Agitar antes de usar.
Tem validade de uma semana.

VÍDEO QUE INDICO COM DEMONSTRAÇÃO


DO PROCEDIMENTO:
https://youtu.be/zrXkvwXiVi8

COMO ESCOLHER
UM NEBULIZADOR
A compra de um nebulizador não é uma obrigação, na maioria das vezes,
uma criança saudável ficará bem nos catarros da vida apenas com a lav-
agem nasal.
Porém, em algumas situações, como em uma laringite viral ou em uma cri-
ança que tem asma e dificuldade para aceitar o uso do inalador com
espaçador, pode ser necessário o uso de um nebulizador e quero te ajudar a
fazer uma escolha mais consciente.
Há três tecnologias de nebulização no mercado, abaixo irei explicar cada
uma delas, com suas vantagens e desvantagens.

LAVAGEM
NASAL
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-NEBULIZADOR A JATO
Vantagens
- Pode ser usado em
qualquer idade
- Possibilita o uso de altas
doses de medicações
- Possibilita a associação
de medicações

Desvantagens
- Custo elevado
- Portabilidade difícil
- Potencial de contaminação
- Menos eficiente

-NEBULIZADOR ULTRASSÔNICO
Vantagens
- Mesmas vantagens do a jato
- Deixa pequeno volume residual
- Silencioso
- Menor tempo para liberação
da medicação
- Menor perda de medicação
na fase expiratória

Desvantagens
- Maior custo
- Potencial de contaminação
- Nem todas as medicações são
disponibilizadas para administração
(exemplo - corticoides em suspensão)

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NASAL
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-NEBULIZADOR DE REDE VIBRATÓRIA
ATIVA (MESH)/PORTÁTEIS
Vantagens
- Silencioso
- Leve
- Portátil
- Nebulizam todos os tipos
de medicamentos
- Funcionam à pilha
- Menor volume residual
- Tempo de nebulização mais curto

Desvantagens
- Maior custo

No caso de um uso esporádico e eventual, tanto um nebulizador a jato,


quando um nebulizador ultrassônico podem ser uma escolha com cus-
to/benefício interessante, porém, em geral, hoje se torna cada vez mais
vantajosa a aquisição de um nebulizador portátil do tipo Mesh, com
grande disponibilidade no mercado.

LAVAGEM
NASAL
e outras dicas
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-COMO USAR CORRETAMENTE
O
- REMÉDIO PARA ASMA?
Quando seu filho é diagnosticado com asma e/ou rinite alérgica, uma
questão que faz toda a diferença no sucesso do tratamento de controle é
o uso correto dos medicamentos.
Muitas vezes, o único motivo para uma criança não estar melhorando é
esse, quando você começa a fazer o remédio conforme o figurina, o
cenário muda da água para o vinho.
Aprenda abaixo os tipos de dispositivos mais usados para o tratamento
da asma e rinite e a forma correta de usá-los.

1- INALADOR PRESSURIZADO
DOSIMETRADO (A FAMOSA "BOMBINHA")
- Retire a tampa e observe se não
há algo obstruindo a saída

- Agite o dispositivo

- Posicione a saída do bocal em posição


vertical, a dois dedos da boca
- Mantenha a boca aberta, alinhada
à saída do dispositivo

- Expirar normalmente

- Acionar o dispositivo coincidente a


uma expiração lenta e profunda

- Fazer pausa inspiratória por


10 segundos (de boca fechada)

- Esperar um minuto antes


de repetir o procedimento

Vídeo sugerido da técnica:


https://www.youtube.com/watch?v=KQuAuvlgJLA&t=192s LAVAGEM
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Como você deve ter percebido, é uma técnica que precisa ser demonstrada
e treinada por quem for utilizar e crianças pequenas não têm coordenação
suficiente.

Por isso, em crianças pequenas, utilizamos um dispositivo auxiliar, que se


chama espaçador. Ele pode ser usado em qualquer idade, o que vai variar
na prescrição do seu médico é o volume do espaçador a ser usado.

COMO UTILIZAR O ESPAÇADOR


Você irá adaptar o inalador ao espaçador infantil e
executar da seguinte forma:
-Colocar o bocal do espaçador na boca (ou ajustar a máscara sobre a
boca e o nariz)
- Acionar o dispositivo (iniciar inspiração lenta e profunda)
- Executar manobra de pausa inspiratória (mínimo 10 segundos)
- Para crianças, contar 5 respirações lentas
- Esperar 30 a 60 segundos antes de repetir o procedimento

Vídeo sugerido sobre a técnica:


https://www.youtube.com/watch?v=OjcuPfFtADk

Sempre usar o espaçador infantil em menores de 4 anos de idade. Entre 4


e 6 anos de idade, continuar usando o espaçador infantil ou trocar a más-
cara do espaçador por um bocal. Em maiores de 6 anos pode ser dispen-
sado o espaçador, caso a criança já proceda a técnica correta ou usar um
inalador de pó seco.

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-COMO USAR CORRETAMENTE O
REMÉDIO PARA RINITE ALÉRGICA?
É muito importante aprender a técnica correta para uso dos medicamen-
tos para rinite em spray nasal, quando eles são prescritos para seu filho.
Uma técnica incorreta pode resultar na ineficácia do tratamento ou no
aparecimento de efeitos colaterais, como ferimentos na parte interna do
septo nasal.

Antes do uso, lave as narinas com solução fisiológica e assoe suave-


-
mente

- Agite o frasco e remova a tampa


-Segure o frasco na posição vertical, mantendo o polegar na sua base e
colocando os dedos médio e indicador em torno do bico aplicador
se estiver usando pela primeira vez, dispare a válvula até que ocorra a lib-
eração uniforme do medicamento

- Incline levemente a cabeça para baixo, como se estivesse lendo um livro


introduza a ponta do aplicador na narina, direcionando a para a parede
lateral (lado de fora) da narina e pressione para disparar o jato
-Tenha o cuidado de aplicar com a mão esquerda na narina direita.
Depois utilize a mão direita para aplicar na narina esquerda. Assim, o jato
disparado não atingirá o septo nasal

- Repetir o procedimento na outra narina

- Limpar o aplicador e guardar tampado a fim de protegê-lo

Vídeo sugerido com a técnica correta:


https://www.youtube.com/watch?v=4eBBXc-zpQI

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