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Doenças Respiratórias mais Frequentes

na Infância e Adolescência

A transição da laringe e da traquéia vai determinar os limites da via aérea superior e inferior.
Conceitualmente também consideramos infecção superior acima da traqueia e inferior abaixo da
traquéia. A traqueia é considerada um local de transição.
Retomando a anatomia:
Via aérea superior:
● As narinas são as portas de entrada para a cavidade nasal. Temos a região da nasofaringe que
se conecta com a orofaringe posteriormente.
● Descendo temos a laringe e a traqueia. Na via aérea inferior, a traquéia se bifurca, então temos
os pulmões, e toda a ramificação em brônquios.
● Temos a conexão entre a região nasal e a faringe, nasofaringe. Sendo que a nasofaringe se
conecta com a orofaringe, posteriormente.
● Descendo temos a laringe e a traqueia.

Via aérea inferior:

● Temos a bifurcação da traquéia e toda a sua ramificação em brônquios, até chegar nos
bronquíolos e alvéolos, onde acontece a troca gasosa.

Quando falamos de doenças respiratórias, estamos falando de um universo muito abrangente, muito
recorrente na infância. Geralmente são quadros leves na infância.
Infecções respiratórias pode ser desde uma pneumonia grave, em que a criança vai chegar com
taquipneia, dispneia (usar a musculatura acessória, tiragem de fúrcula e intercostal, retração subcostal,
a criança afunda, batimento de asa de nariz) , cansada, às vezes precisando de suporte ventilatório,
intubação, ou simplesmente uma coriza de um resfriado comum, que caso se complique pode virar
uma sinusite ou otite.

A anatomia da criança é pequena, toda a via área é pequena, logo, qualquer muco, secreção, edema
terá sintoma respiratório.

Rinossinusite: Rino = rinite e Sinusite = seios nasais / infecção viral comum (é um resfriado comum, a
criança pode ter vários episódios ao longo do ano, principalmente quando começa a frequentar a
creche - 6 a 10 episódios por ano)
Otite média aguda: É a infecção do ouvido, sinusite.
Faringoamigdalite: É frequente em crianças mais velhas.
Tuberculose: Pode cometer a infância e não somente os pulmões, uma infecção da via aérea inferior
baixa.
Asma e sibilância: Geralmente com componente alérgico e imunológico, podendo ser exacerbado por
infecções, mas o que causa asma não é infecção.
Nosso foco será as complicações dos resfriados e a que hora tratar.
Sobretudo uma otite e sinusite, para não prescrever antibiótico, corticoide, entre outros, de maneira
iatrogênica.
Complicação de amigdalite não tratada que pode evoluir para febre reumática, causada por S.
pyogenes.

Discussão do Caso clínico:


Criança com secreção nasal (rinorreia) com aspecto purulento, ou seja, não é hialino, claro.
A mãe deveria estar preocupada e o médico também? Tudo o que a mãe relatou era presumível que
acontece porque o sistema imune da criança está imaturo e o quadro clínico da criança requer atenção,
mas não é motivo de alarde. A questão da creche vai levar a criança a ter episódios virais.
A relação dor de garganta e não aceitar o alimento é uma relação que sempre acontece? Não, o fato do
bebê ter 9 meses e por conta disso as amigdalites nessa faixa etária são pouco recorrentes. E não aceitar
comida salgada, por outros motivos, como febre, tosse e nariz entupido, são as razões para a criança
deixar de comer e não necessariamente dor de garganta, poderia estar com dificuldade na amamentação
anteriormente também.
A criança tem um resfriado comum.

● Infecção Respiratória Aguda


Tosse;
Dispneia;
Dor de garganta ou ouvido;
Estridor;
Coriza;
Evolução média de 7 dias.

Como definimos uma infecção respiratória aérea aguda?


É a presença de 1 ou mais desses sinais: tosse, coriza, dispneia (lactente não sabe falar e a mãe fala:
ele está cansadinho), dor de ouvido ou garganta, estridor, evolução média de até 7 dias.
Sinais de dispneia: Utilização da musculatura acessória, tiragem intercostal, de fúrcula, batimento de
asa de nariz.
Um paciente passa pela triagem e é considerado baixo risco, pois não apresenta sinais de gravidade.
Quais são os sinais de gravidade que devemos procurar sempre? Febre alta, comprometimento do
estado geral, alteração do sensório (avaliar responsividade) e cianose (para tudo e foca na criança).
Por que a criança está com dificuldade de mamar? Pode ser por dispneia.
Para de mamar porque tem uma pneumonia, asma ou é um resfriado comum que gera congestão nasal?
Atenção porque em casos menos graves as crianças não abandonam o seio materno mesmo com o
nariz entupido continuam procurando, param de comer tudo mas o seio materno quando está presente
continua.
Se não tiver mamando, tranquiliza, auscultou o pulmão e está limpo, sem alteração, provavelmente é
resfriado, orientamos a mãe a lavar o nariz do bebê com soro fisiológico mais vezes porque está
entupido.
Toda infecção é importante, uma das complicações de um resfriado comum é a otite, que pode virar
mastoidite, meningite, sepse, principalmente nos menores. No exame clínico sempre vamos verificar o
ouvido (otoscopia) e descartar rigidez de nuca. Na otite temos a pista quando a mãe diz que a criança
está com dificuldades de sugar, além de gritar de dor. É fundamental fazer exame clínico, otoscopia,
porque nem em todos os casos existe dor.
Lembrando que as otites na maioria das vezes são virais e melhoram.
Sinais de Gravidade:
● Dificuldade respiratória: taquipnéia, ruidosa (barulhos que não devem estar presentes),
entrecortada ou gemência;
● FR aumentada (temos uma tabela de acordo com a faixa etária, sendo que os menores nós
aceitamos uma FR mais alta);
● A tiragem intercostal (faz parte da dispneia);
● Estridor em repouso;
● Desidratação por recusa as mamadas (idosos e crianças desidratam rápido);
● Vômitos incoercíveis (alimentar a criança por outra via, que não a oral);
● Crises convulsivas;
● Letargia ou alteração de consciência (começa a ficar com sono com maior frequência, sem
brincar, é preocupante);
● Desidratação grave e desnutrição grave;
● Cianose e palidez cutânea;

Resfriado!
Auscultou e os pulmões estão sem sibilos, estertores sem crepitação, tem febre mas está eupneico,
não tem taquipneia.
Não podemos correlacionar febre e doença. Às vezes a pessoa tem uma febre baixa mas a doença é
difícil de tratar, por exemplo a tuberculose. Ou a criança tem uma febre alta, mas o resfriado é
comum, muito mais fácil de tratar. Claro que devemos considerar uma febre alta porque pode
convulsionar.
Alguns autores consideram febre baixa a partir de 37.4, outros 37.8. isso tudo depende do perfil do
médico. Tem pediatra que prefere esperar a febre subir para iniciar o antitérmico, são mais
conservadores.
Quando a criança entra na creche na fase da lactância, será mais acometida de doenças, dada a
imaturidade do seu sistema imune até os 2 anos, depois continua com o quadro, porém, é mais
frequente na fase da lactância devido a imaturidade do sistema imune, a creche é uma sopa de vírus.
Quando a criança precisa ser medicada, e esta pode ser realizada pela via oral, devemos privilegiá-la,
pois evitamos a dor da injeção. Por que vou pegar um acesso venoso e fazer uma medicação IM, em
uma criança que aceita alimento, que aceita o medicamento oral? Jamais esquecer que o acesso
venoso pode ser a causa de uma flebite, por uso prolongado. Por exemplo a asma, nós já sabemos
que o uso oral tem a mesma eficácia que o corticóide venoso. Então, porque fazer venoso? Se não
tiver vômito, não tem necessidade. Mesma coisa o anti-inflamatório, a via de absorção pode ser mais
rápida, fazendo intramuscular, mas o efeito será o mesmo que o oral. Então, para tomar a decisão,
vamos avaliar vários fatores, inclusive o estado geral da criança. É melhor sempre optar pelo menos
invasivo possível.

Tempo de incubação de um resfriado comum? Em média 3 dias e no quarto dia a criança já está
bem. A duração média é de 7 a 10 dias, mas pode até ser antes.
Um vírus que nos chama atenção é o rhinovirus é o principal disparado, só relembrando que o
coronavírus é causa de infecção respiratória, há muito tempo. Na emergência não conseguimos isolar
o vírus, então fazemos o tratamento sintomático. Acalmamos a família e sinalizamos se há sinal de
alarme, de piora.
Outras queixas que a mãe poderia ter trazido: obstrução nasal, rinorreia, que pode ser hialina no
início e depois fica mais purulenta. Pode ter espirro, mal estar, dor no corpo, dor de garganta, febre
costuma ser baixa, lacrimejamento, tosse, hiporexia (diminuição do apetite). Geralmente o estado
geral está preservado (mesmo com os sinais acima consegue fazer tudo). Pode haver a presença de
linfonodo palpável, na topografia cervical anterior, que não preocupa porque é indolor, não tem
característica de malignidade e inflamatória, é uma reação à infecção respiratória presente.
Após a avaliação e diagnóstico, é prescrito soro fisiológico nasal e antitérmicos para o menor. A mãe
questiona se não vai prescrever antibiótico ou um xarope para tosse. Qual a sua conduta?
Soro fisiológico é muito eficaz para amenizar os sintomas do resfriado e evitar que as narinas fiquem
irritadas na presença da secreção. O soro tem que ser armazenado na geladeira e dura até 7 dias.
Muitas vezes o ronco nasal é confundido com secreção no pulmão. O soro fisiológico jato contínuo é
mais eficaz. O ideal é deixar a criança fletida um pouco para frente e aplicar o soro para lavagem das
narinas.
Sentiu necessidade, pode fazer o uso do soro quantas vezes quiser.

A criança vai melhorar independente da medicação. Vai melhorar sozinha. Se for lactante, água para
mãe. Nebulização para bebê não é bom, não tem eficiência. Mel não pode por conta da toxina
botulínica.
Se o resfriado piora, podemos pensar uma otite, sinusite, pneumonia e asma (lembrando que não se
faz diagnóstico em crianças de 10 meses). Ao realizar o exame físico observou um abaulamento da
MT, nesse caso a complicação do resfriado era otite.

Otalgia súbita, de início rápido. Irritabilidade, a criança pode ficar chorosa, irritada, com
abaulamento da membrana timpânica, visto na otoscopia. A membrana timpânica é brilhosa, e ela
pode estar opaca, ao nível hidroaéreo. Otorreia.
Ficar atento que ao examinar um bebê, devemos olhar tudo, inclusive as genitálias.

A maioria das crianças vai ter pelo menos 1 episódio de otite até os 5 anos. E evoluem para cura
porque são causadas por infecção viral, mas na infecção bacteriana, nesse caso, será prescrito
antibiótico. Sendo o agente, S. pneumoniae o mais prevalente.
● Etiologia
S.pneumoniae
H.influenzae não tipáveis
Moraxella catarrhalis
Otite média, bebe com comprometimento do estado geral e febre alta, é prescrito antibiótico e não se
pensa duas vezes. Nos mais velhos conseguimos observar um pouco mais.

Sempre perguntar sobre alergia medicamentosa.

Rinite, sinusite e resfriado comum, qualquer presença de secreção nasal, pode provocar tosse.
O diagnóstico da paciente é uma complicação do resfriado comum da rinossinusite viral, que
começa normal e pode se complicar. Geralmente se complica de 5 a 10%, para sinusite
bacteriana aguda.
O mais tardio a se formar são os seios frontais, aos 7 anos. O esfenoidal é com 3 a 4 anos, o etmoidal
já nascemos com ele. Então, não fazemos RX de seios da face em crianças. A não ser que a gente
suspeite de outra coisa. Nem em adulto precisaria, porque o diagnóstico é basicamente clínico.
Fazemos o diagnóstico a partir das informações que colhemos: tosse persistente por gotejamento e
secreção nasal acima de 10 dias, apesar da literatura falar 14 dias.

Diagnóstico para sinusite é clínico!

● Etiologia (mesmo da otite)


S.pneumoniae
H.influenzae não tipáveis
Moraxella catarrhalis

● Indicação de antibiótico:

quadro persistente p/ ≥10 dias


quadro grave
após melhora IVAS se houver piora dos sintomas

➔ Amoxicilina
Primeira escolha nas sinusites não complicadas
Doses habituais
Duração: 10-14 dias (um pouco mais prolongado que na otite)

➔ Amoxicilina/clavulanato

Regiões ≥ 10% de pneumococo invasivo resistente; infecção grave,


complicações supurativas, hospitalização recente (utilização de
antibiótico anteriormente) e imunodeprimidos.
Duração: 10-14 dias

➔ Trocar ATB se paciente não melhora ou piora em 72hs (pede pro paciente voltar em 48-72h,
depende da sua preocupação). Lembrando que sinusite é um quadro mais arrastado, diferente
da otite que é súbita.
➔ Outros tratamentos adjuvantes contraditórios:
Corticoide nasal (alguns estudos mostram melhora dos sintomas e adultos)
Solução salina (para sinusite alguns estudos mostram melhora dos sintomas e outros não)

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