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CURSO TÉCNICO EM RADIOLOGIA

PRIMEIROS SOCORROS
3º PERÍODO

Professor: Patrick S. Figueiredo

Rua Mariana, 70, Centro, Ipatinga – MG / Tel: (31) 3822-6788


ÍNDICE

Introdução......................................................................................................................3
Orientações gerais e avaliação da cena......................................................................3
Avaliação da vítima.......................................................................................................4
Triagem de vítimas........................................................................................................9
OVACE..........................................................................................................................10
Parada respiratória......................................................................................................11
Parada cardiorespiratória...........................................................................................12
AVC...............................................................................................................................14
Estado de choque........................................................................................................15
Síncope.........................................................................................................................16
Crise convulsiva..........................................................................................................17
Hipotermia....................................................................................................................17
Epistaxe........................................................................................................................18
Hemoptise....................................................................................................................18
TCE...............................................................................................................................19
Queimaduras (térmicas) .............................................................................................20
Inalação de fumaça......................................................................................................22
Intoxicação por monóxido de carbono......................................................................22
Referências bibliográficas..........................................................................................24

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INTRODUÇÂO

No estudo do curso técnico é tocante a importância da promoção e prevenção


nos cuidados à saúde de um indivíduo, de um grupo de pessoas e de uma sociedade.
Como se vê em BRASIL (2002), a promoção de saúde está mais que associada à
prevenção, está ligada a estratégias transversais de políticas, programas, diretrizes,
planos e ações de saúde no desafio de construir toda complexidade e particularidades
social e individual.
Mas ainda assim existem condições e contextos do dia a dia que trazem riscos
para a ocorrência de um mal súbito ou de um acidente e, portanto, a necessidade de
um atendimento de primeiros socorros.
De acordo com BRASIL (2003) o atendimento pré-hospitalar (APH) é de suma
importância para o futuro da vítima no que diz respeito sua integridade como indivíduo,
com sequelas ou sem elas, as possibilidades de reabilitação, qualidade de vida após o
ocorrido, e até mesmo vida e óbito dependem deste momento.
O nível pré-hospitalar na área de urgência e emergência é o atendimento que
procura chegar à vítima nos primeiros minutos após ter ocorrido o agravo à sua saúde
que possa levar à deficiência física ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto,
prestar-lhe atendimento adequado e transporte a um hospital devidamente
hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2002).
Segundo BRASIL (2003) toda pessoa devidamente capacitada e treinada pode
prestar o atendimento de primeiros socorros, conduzindo este momento com
serenidade, confiança e compreensão.
Este material tem o objetivo de auxiliar e direcionar os estudos do atendimento
de primeiros socorros aos alunos do curso técnico.

ORIENTAÇÕES GERAIS E AVALIAÇÂO DA CENA

Mais uma vez é evidente lembrar que prevenir as situações de emergências são
fundamentais. Contudo em caso da necessidade de atendimento a uma vítima, de mal
súbito ou trauma, grande parte das ações desempenhadas são simples como lavar uma
ferida, controlar uma hemorragia capilar oriunda de ferida superficial ou até mesmo
arejar um ambiente em caso de síncope. No entanto em uma condição emergencial
podem ser exigidos procedimentos de maior complexidade como uma intervenção de
uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP), e para isto, a necessidade de quem for
socorrer estar preparado (a) para o reconhecimento das condições clínicas da vítima e
quais medidas tomar.
Em quadros emergenciais é válido lembrar que a realização do contato com
centrais de emergências (SAMU, Bombeiros, etc.) é importante visto que uma
assistência especializada e com ferramentas de trabalho adequadas ao atendimento
são fundamentais.
Neste contexto de acordo com BRASIL (2003) o(a) socorrista tem como função
manter a vítima viva até a chegada do socorro, evitar causar novas lesões ou agravar
as já existentes na vítima (chamado segundo trauma) e providenciar atendimento
especializado à mesma.
Ainda segundo BRASIL (2003) é importante manter a calma e serenidade no
atendimento inspirando confiança, impedir que testemunhas removam
desnecessariamente o acidentado da cena, servir como elo de informações para o
serviço de socorro e/ou resgate, ter ações que se limitam até o ponto de seu
conhecimento e técnica e jamais tentar medicar um acidentado.
BRASIL (2003) ressalta que o atendimento de primeiros socorros quando
dividido em etapas básicas para maior organização e melhores resultados. Ao chegar a
um local o qual se encontra uma vítima deve se ter o controle da situação e efetuar uma
rápida e convicta avaliação sobre a segurança do local, em primeiro lugar segurança
para o socorrista e seus companheiros e para a vítima.

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A proteção da vítima deve ser realizada com o mesmo rigor da avaliação da
ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham perdido
o autocontrole e possam prejudicar a prestação do atendimento (BRASIL 2003).
Fica nítido que em caso de haver riscos na cena onde se encontra a vítima, como
fios elétricos soltos e desencapados, máquinas em funcionamento, risco iminente de
desabamento, incêndio, tráfego de veículos, vazamento de gás entre outros, não se
deve entrar no local até que os riscos estejam neutralizados. A eliminação dos riscos de
uma cena deve ser realizada por profissionais competentes que possuem ferramentas
e são habilitados para tal. A eliminação do risco somente deverá ser realizada pelo (a)
socorrista em caso de total certeza que este risco pode ser neutralizado com segurança
pelo (a) mesmo (a).
Não se deve movimentar a vítima de forma desnecessária ou realizar seu
transporte de forma equivocada e precipitada. O manejo da vítima somente deverá ser
realizado em outro local quando a cena não oferecer condições ao atendimento ou a
vítima já estiver em quadro de estabilidade clínica.
É necessário tranquilizar a vítima e passar segurança e conforto à mesma uma
vez que, a calma da vítima minimiza riscos à sua saúde em condições extremas.

AVALIAÇÂO DA VÍTIMA

A avaliação da vítima deve seguir de forma criteriosa etapas importantes para


percepção do estado clínico da mesma. A avaliação da vítima é dividida em primária e
secundária podendo assim estabelecer prioridades no atendimento minimizando os
riscos à vida (BRASIL, 2014).
É comum a utilização de mnemônico para lembrar os passos do suporte básico
a vida (SBV) denominado XABCDE do trauma:

• X: verificação de hemorragia exsanguinante


• A: Airway - Desobstrução de Vias Aéreas
• B: Breathing - Ver, Ouvir e Sentir
• C: Circulation – Circulação, pulso
• D: Disability - Avaliação Neurológica
• E: Expose - Exposição da Vítima com controle de hipotermia e de coluna cervical
Em caso de parada cardiorrespiratória se usa CABDE.

1. Avaliação primária:
De acordo com BRASIL (2014) o objetivo da avaliação primária é identificar e
corrigir situações de risco imediato de morte. Considera-se crítico todo paciente que
apresentar alterações significativas em qualquer etapa da avaliação. Sendo assim todo
paciente crítico deve permanecer na cena o mínimo necessário.
a) Avaliar a responsividade da vítima (chama a vítima, perguntar se pode ajudar)
e expansão torácica.
• Se não responsivo e sem movimentos respiratórios verificar pulso carotídeo por
até 10 segundos,
• Em caso de pulso central (carotídeo) ausente iniciar protocolo de parada
cardiorrespiratória (PCR),
• Em caso de pulso central presente, abrir as vias aéreas (VA) com manobras
manuais (hiperextensão da cabeça e elevação do queixo) e iniciar suporte

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ventilatório (protocolo de parada respiratória), pode se usar métodos como jaw
thrust e chin lift.
BRASIL (2014) relata que a manobra jaw thrust é indicada para pacientes de
agravos traumáticos em que há suspeita de lesão raquimedular e/ou história de trauma.
Para a realização desta manobra é necessário posicionar-se à cabeceira do paciente,
Realizar o controle manual da coluna cervical para alinhamento e estabilização em
posição neutra, colocando as mãos espalmadas uma de cada lado da face do paciente.
Os dedos indicadores do socorrista devem inicialmente apontar para a direção dos pés.
Posicionar os dedos polegares próximos ao mento e os demais ao redor do ângulo da
mandíbula do paciente. Simultaneamente, enquanto mantém o alinhamento com as
mãos, aplicar força simétrica para elevar a mandíbula anteriormente (para frente),
enquanto promove a abertura da boca com os polegares como mostram as figuras:

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

Já a manobra chin lift BRASIL (2014) diz também ser indicada para pacientes
com agravos clínicos e/ou traumas. O ideal que seja realizada por 2 profissionais. O
primeiro profissional se posiciona à cabeceira do paciente e executa o alinhamento
manual da cabeça em posição neutra, estabilizando a coluna. O segundo profissional
se posiciona ao lado do paciente e com a mão pinça a arcada dentária inferior usando
como base o queixo do paciente. Com os dedos posicionados, o profissional traciona o
queixo anteriormente e levemente para baixo, elevando a mandíbula enquanto abre a
boca do paciente como vemos nas imagens:

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

• Se não responsivo, mas com movimentos respiratórios é necessário garantir a


permeabilidade das vias aéreas e considerar suporte ventilatório,
• Se responsivo, prosseguir com a avaliação pois, neste momento, há pulso e
respira.

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b) Avaliar a permeabilidade da via aérea (VA) e corrigir as situações de risco
realizando a hiperextensão da cabeça e elevação do queixo, cânula
orofaríngea e retirada de próteses se necessário.
c) Avaliar a ventilação da vítima:
• Padrão ventilatório (normal, anormal com uso de musculatura acessória),
• Simetria torácica,
• Frequência respiratória.
d) Avaliar o estado da circulação:
• Presença de hemorragias externas de natureza não traumática,
• Pulsos periféricos ou centrais (frequência, ritmo, amplitude e simetria),
• Tempo de enchimento capilar,
• Pele: Coloração, temperatura e umidade.
• Na presença de hemorragia ativa considerar uso de compressão local direta se
possível.
e) Avaliar estado neurológico:
• Escala de coma de Glasgow,
• Avaliação pupilar: foto-reação e simetria.

ESCALA DE COMA DE GLASGOW (GCS)


Parâmetros Resposta Pontos
Espontânea 4
Ao comando verbal 3
Abertura Ocular Ao estímulo doloroso 2
Ausente 1
NT
Orientado e conversando 5
Desorientado 4
Resposta Verbal Palavras desconexas 3
Sons incompreensíveis 2
Ausente 1
NT
Obedece ao comando 6
Localiza a dor 5
Resposta Motora Retirada à dor em flexão normal 4
Flexão anormal (decorticação) 3
Extensão anormal (descerebração) 2
Ausente 1
foto reatividade pupilar
Reflexo foto motor à luz bilateral 0
Reflexo foto motor à luz unilateral -1
Reflexo foto motor à luz inexistente -2

Para esta escala um paciente pode ter pontuação mínima de 1 ponto e máxima
de 15 pontos. Nos casos de traumatismo crânio encefálico podemos classificar o trauma
em leve (pontuação entre 13 e 15), moderado (pontuação entre 9 e 12) ou grave
(pontuação entre 1 a 8).

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2. Avaliação secundária:
BRASIL (2014) afirma que a avaliação secundaria é importante, porém não
obrigatória, principalmente nos pacientes críticos ou se sua realização implicar em
atraso de transporte. Tem como objetivo específico localizar alterações na cor da pele
ou mucosas, assimetrias morfológicas, instabilidades hemodinâmicas, ruídos anormais
emitidos pela vítima, alterações de motoras e de sensibilidade. É importante a anotação
dos achados nesta avaliação.
Se faz pertinente ressaltar que para chegar nesta etapa o paciente deverá ter
passado pela avaliação primária e estar clinicamente estável no que diz respeito aos
parâmetros vitais avaliados na etapa anterior.
a) Realizar a entrevista SAMPLA (com paciente quando possível, familiar ou
terceiros).
• Nome e idade;
• Queixa principal;
• (S) verificação de sinais vitais: respiração (frequência, ritmo e amplitude), pulso
(frequência, ritmo e amplitude), pressão arterial e pele (temperatura, turgor, cor
e umidade);
• (A) história de alergias;
• (M) medicamentos em uso;
• (P) passado médico (passado médico ou doenças prévias);
• (L) horário da última ingestão de líquidos e/ou alimentos;
• (A) ambiente do evento.
b) Realizar avaliação complementar:
• Instalar oximetria de pulso se disponível;
• Mensurar glicemia capilar se disponível.
c) Realizar exame céfalo caudal:
• Cabeça e face: inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos da face,
olhos, pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria pupilar) nariz, boca; e
observar alterações na coloração e temperatura da pele.
• Pescoço: avaliar região anterior e posterior; e avaliar, em especial, se há
distensão das veias jugulares.
• Tórax: observar, em especial, se há uso de musculatura acessória, tiragem
intercostal e de fúrcula, movimentos assimétricos.
• Abdome: observar abdome distendido
• Membros superiores (MMSS): observar, em especial, a palpação de pulsos
distais e perfusão dos membros; e avaliar a força motora, solicitando que o
paciente aperte a mão do profissional e/ou eleve um braço de cada vez, se
descartada qualquer potencial lesão.
• Membros inferiores (MMII): observar, em especial, a palpação de pulsos distais
e perfusão dos membros (reenchimento capilar); e avaliar a força motora,
solicitando que o paciente movimente os pés e/ou eleve uma perna de cada vez,
se descartada qualquer potencial lesão.

3. Avaliação primária em vítima com suspeita de trauma:


Esta é uma abordagem à vítima de trauma ou suspeita de trauma. De acordo
com BRASIL (2014) nestas condições se deve:
• Garantir a segurança do local;

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• Avaliar a responsividade da vítima e ao mesmo tempo executar a imobilização
da coluna cervical e verificar a respiração;
• Na avaliação das vias aérea se deve manter as vias aéreas pérvias através de
manobras de abertura das vias aéreas para o trauma, retirar secreções e corpos
estranhos da cavidade oral; considerar o uso de COT; estabilizar a cabeça com
alinhamento neutro da coluna e instalar o colar cervical assim que possível;
• Na avaliação de boa respiração e oxigenação é preciso avaliar o posicionamento
da traqueia com presença ou não de turgência jugular; expor o tórax e avaliar a
ventilação, simetria torácica, uso de esforço respiratório, uso de musculatura
acessória para respirar, avaliar presença de lesões abertas e/ou fechadas no
tórax; realizar avaliação palpatória no tórax de paciente com ventilação anormal;
• Em caso de paciente com frequência respiratória inferior a 8mrm, ventilação e
oxigenação inadequadas considerar uso de BVM com reservatório para
ventilação;
• Na avaliação da circulação é importante realizar o controle hemorrágico; avaliar
o enchimento capilar (normal até 2 segundos); avaliar as características da pele,
avaliar pulso central e radial;
• Em caso de pulso radial ausente e pulso central presente considerar protocolo
de choque;
• Em caso de pulsos radial e central ausentes seguir protocolo de PCR;
• Monitorar a pressão arterial assim que possível;
• Na avaliação neurológica se deve avaliar a GCS ou AVDI (ALERTA, VOZ, DOR,
INCONSCIÊNCIA);
• Na avaliação AVDI entende-se que a fase de ALERTA a vítima ainda tem em
suas funções corporais e atividade neurológica ativas, ou seja, o sistema
nervoso central (SNC) que sob risco, ainda está sendo oxigenado e funcionando.
Na fase de VOZ a vítima está em uma transição de perda de consciência, uma
vez que a audição é um dos últimos sentidos a se perder antes do cérebro ficar
inconsciente. Na fase DOR a vítima não responde a estímulos sonoros e ao
estímulo doloroso reage mostrando incômodo ou até mesmo tentando retirar o
estímulo. Sem resposta à dor a vítima está na fase de INCONSCIÊNCIA.
• É necessário fazer exposição da vítima com controle de hipotermia.

4. Avaliação secundária em vítima com suspeita de trauma:


Deve ser realizada em toda abordagem de vítimas com suspeita de trauma ou
em situação ignorada após a realização da Avaliação Primaria.
Esta se assemelha em muito com a avaliação secundária e complementar já
vista com algumas considerações especiais para a avaliação céfalo caudal como vemos
abaixo:
• Cabeça e face: inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos da face,
olhos, pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria pupilar) nariz e boca;
observar alterações na coloração e temperatura da pele.
• Pescoço: Avaliar parte anterior e posterior e em especial se há distensão das
veias e/ou desvio de traqueia.
• Tórax: observar em especial se há uso de musculatura acessória, tiragem
intercostal, movimentos assimétricos, afundamentos, ferimentos incluindo o sinal
do cinto de segurança etc;
• Abdome: observar contusões ou lesões abertas, distensão abdominal, dor à
palpação e ao rechaço, abdome em tabua e sinal do cinto de segurança;

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• Pelve: observar sangramentos, contusões ou lesões abertas, realizar palpação
das cristas ilíacas na busca de dor e/ou instabilidade realizando compressão
látero-medial e ântero-posterior;
• MMSS e MMII: observar em especial a palpação de pulsos distais e perfusão
dos membros (reenchimento capilar) avaliar a força motora, solicitando que o
paciente movimente os pés e/ou eleve uma perna de cada vez, avaliar a
sensibilidade; sempre realizar a avaliação comparando um membro com o outro.
• Dorso: inspecionar a presença de deformidades, contusões, hematomas,
ferimentos; palpar processos espinhosos durante o posicionamento na prancha
longa em busca de dor.

TRIAGEM DE VÌTIMAS

Em situações com uma vítima apenas é claro que esta tem toda prioridade e
atenção dos socorristas, entretanto existem situações em que múltiplas vítimas estão
em condições clínicas diversas e infelizmente não há capacidade de socorro a todas no
primeiro momento. Desta forma é importante determinar quais vítimas têm prioridade no
atendimento de primeiros socorros à partir de protocolo denominado método START
(Simple Triage and Rapid Treatment) . Neste método as vítimas com agravos clínicos e
com maior chance de sobrevivência terão prioridade em serem atendidas.
Segundo BRASIL (2014) a aplicação do método START consiste em:
• Nortear todas as vítimas que conseguem andar para que se afastem do local e
se direcionem para um local seguro e os identifique com a cor VERDE;
• Se dirigir pela área onde se encontram as vitimas que restaram, avaliando
rapidamente cada uma delas para classificar e identificar segundo cores.
Durante a avaliação, são permitidos procedimentos breves, como abertura de
vias aéreas ou controle de sangramento intenso.
• Em cada vítima encontrada é preciso avaliar a respiração, se a vítima não
respira, abrir as vias aéreas, avaliar possível presença de corpo estranho e
remover se possível. Se não respira mesmo após abertura das vias aéreas
classificar e identificar como CINZA. Em caso da vítima respirar apór abertura
das vias aéreas deve-se classificar e identificar como VERMELHO.
• No caso de se encontrar a vítima, mesmo sem necessidade da abertura das vias
aéreas, respirando, é necessário verificar a frequência respiratória (FR). Em
caso de FR maior que 30 rpm, classificar e identificar como VERMELHO. Em
caso de FR menor que 30 rpm, verificar reenchimento capilar.
• Avaliar o reenchimento capilar ou pulso radial. Enchimento capilar maior que 2
segundos ou pulso radial ausente classificar e identificar como VERMELHO. Em
situação da vítima ter enchimento capilar menor ou igual a 2 segundos, ou pulso
radial presente verificar se a vítima consegue cumprir ordens simples.
• Avaliar a capacidade de cumprir ordens simples. Solicitar que a vítima cumpra
ordens simples como piscar os olhos ou apertar a mão. Se não cumpre ordens
simples (inconsciente), classificar e identificar como VERMELHO. Se obedece
aos comandos classificar e identificar como AMARELO.
Neste método, ainda segundo BRASIL (2014), as vítimas classificadas como
cinza não devem ser removidas ou receber abordagens a menos que novas equipes de
socorro cheguem ao local tornando a capacidade de socorro compatível ao número de
vítimas ou as vítimas atendidas (classificadas como vermelho ou amarelo) tenham tido
o atendimento completado e assim, as vítimas classificadas como cinza deverão ser
reavaliadas.

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Este processo de triagem é dinâmico e, portanto, pode sofrer reclassificação de
acordo com as evoluções clínicas. Vale ressaltar que para identificação pode se usar
pulseiras, fitas, pincel desde que sempre visível.
É importante dizer que todo paciente com lesão traumática ortopédica de
qualquer natureza, vítimas encontradas caídas ao solo são consideradas vítimas de
trauma de coluna cervical e serão tratadas como tal (imobilização do pescoço).

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

OVACE (OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS)

A OVACE é uma obstrução das vias aéreas por um corpo estranho de ocorrência
súbita e potencialmente fatal a depender do grau de obstrução. Ocorre geralmente
laringe ou até mesmo traqueia e dever do socorrista saber identificar os casos de
OVACE e classificar esta obstrução em leve ou grave para direcionamento das ações
corretas.
Devemos suspeitar de um caso de OVACE em episódios testemunhados de
engasgo com tosse e/ou sinais de sufocação.
Existem 2 tipos de OVACE e é fundamental que seja identificado o grau de
obstrução:
• Obstrução leve: Vítima capaz falar se está engasgado, consegue tossir e
respirar.
• Obstrução grave: Paciente consciente, mas não consegue vocalizar. Pode não
respirar ou ter respiração ruidosa, tosse silenciosa ou inconsciência.
Em caso de obstrução leve a conduta é:

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• não realizar manobras de desobstrução (não interferir);
• tranquilizar o paciente;
• incentivar tosse vigorosa;
• observar atenta e constantemente; e
• se evoluir para obstrução grave: realizar protocolo de obstrução grave.
Em caso de obstrução grave em pacientes responsivos devemos executar a
manobra de heimlich:
• posicionar-se atrás do paciente, com seus braços à altura da crista ilíaca;
• posicionar uma das mãos cerrada(fechada), com a face do polegar encostada
na parede abdominal, entre apêndice xifóide e a cicatriz umbilical;
• com a outra mão espalmada sobre a primeira, comprimir o abdome em
movimentos rápidos, direcionados para dentro e pra cima (em J); e
• repetir a manobra até a desobstrução ou o paciente tornar-se não responsivo.
• É importante observar que em pacientes obesas e gestantes no último trimestre,
as compressões deverão ocorrer sobre o esterno (linha intermamilar) e não
sobre o abdome.
Em casos de obstrução grave em paciente irresponsivo devemos:
• posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma superfície rígida;
• diante de irresponsividade e ausência de respiração com pulso, executar
compressões torácicas com objetivo de remoção do corpo estranho;
• abrir vias aéreas, visualizar a cavidade oral e remover o corpo estranho, se
visível e alcançável (com dedos ou pinça);
• se nada encontrado, realizar 1 insuflação (com reanimador manual) e se o ar
não passar ou o tórax não expandir, reposicionar a cabeça e insuflar novamente;
e
• considerar o transporte a uma unidade hospitalar o quanto antes.
Em caso de ocorrência de parada respiratória ou parada cardiorrespiratória
realizar os protocolos destinados a cada ocorrência.

PARADA RESPIRATÓRIA (PR)

De acordo com BRASIL (2014) devemos incluir a suspeita de uma vítima em


parada respiratória quando o paciente está irresponsivo ao estímulo, com respiração
agônica ou ausente, com pulso carotídeo definido.
Assim devemos:
• Checar responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta) e
checar a presença de respiração (ver, ouvir e sentir).
• Se não responsivo e respiração ausente ou gasping, posicionar o paciente em
decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca.
• Solicitar ajuda e o desfibrilador externo automático (DEA).
• Checar pulso central (carotídeo) em até 10 segundos.
• Em caso de pulso presente deve-se abrir a via aérea, aplicar 1 insuflação com
bolsa valva-máscara (BVM). Para uma insuflação de qualidade esta deve durar
1 segundo e ter visível elevação torácica. Se possível considerar instalação de
uma cânula orofaríngea (COF). Na persistência da parada respiratória realizar 1
insuflação a cada 5/6 segundos por 2 minutos e após, reavaliar a vítima. Em
caso de persistência da PR seguir o mesmo protocolo, em caso de PCR iniciar
a RCP.

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• Em caso de pulso ausente iniciar RCP com protocolo de parada
cardiorrespiratória.

PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR)

De acordo com BRASIL (2003) a parada cardiorrespiratória pode ser definida


como a interrupção repentina da função de bombeamento cardíaco, que pode ser
constatada pela falta de batimentos na avaliação do pulso (ausente neste caso) e que
há possibilidade de reversão do caso com ágil intervenção de pessoas preparadas e
com ferramentas próprias como o DEA.
Segundo American Heart Association (2015) existe uma complexidade de
questões éticas que envolvem a tomada de decisão de iniciar ou interromper uma
ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e pode variar de acordo com o contexto envolvido
como se o paciente está em ambiente intra-hospitalar ou não, os mecanismos
disponíveis para o atendimento, o profissional envolvido e etc.

FONTE: American Heart Association. Destaques das diretrizes da American Heart Association
2020 para RCP e ACE. USA, 2020.

Vale ressaltar que o atendimento precoce com as manobras de RCP e


desfibrilação são importantes no aumento das possibilidades de reversão do quadro de
PCR o qual a vítima se encontra. Para a American Heart Association (2020) temos como
causas reversíveis a hipovolemia, hipóxia, hidrogênio (acidemia), hipo/hipercalemia,
hipotermia, tensão do tórax por pneumotórax, tamponamento cardíaco, toxinas,
trombose coronária e trombose pulmonar. Estas são condições conhecidas como os 5
H’s e os 5 T’s.
A suspeita para uma vítima de PCR segundo BRASIL (2014) se faz à partir de
uma pessoa inconsciente, respiração ausente ou em gasping, sem pulso carotídeo
palpável.
Para tal devemos proceder:
• Checar a responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta) e
checar a presença de respiração;

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• Se não responsivo, respiração ausente ou em gasping, posicionar o paciente em
decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca;
• Solicitar socorro e o DEA;
• Checar pulso carotídeo em até 10 segundos (A American Heart Association
recomenda avaliação de pulso e respiração de forma simultânea);
• Em caso de pulso presente realizar manobra de PR;
• Em caso de pulso ausente iniciar RCP.
• A RCP deve ter compressões eficientes e com 30 compressões e 2 ventilações
em BVM;
• As compressões devem ser realizadas na metade inferior do esterno, com
profundidades entre 5cm e 6cm (respeitando o retorno completo do tórax), em
uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto, usando as regiões tenar
e hipotenar da mão, com as mãos entrelaçadas evitando flexão dos MMSS
durante as compressões.
• Assim que o DEA estiver disponível deve-se instalar os eletrodos no tórax
desnudo e seco do paciente, sem interromper as compressões torácicas. Ligar
o DEA e interromper as compressões somente quando o aparelho solicitar
análise. Seguir as indicações do DEA quanto à indicação do choque ou não.
• Em caso de choque indicado (fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular
sem pulso (TVSP)), solicitar e se certificar que todos se afastem do contato com
o paciente, disparar o choque quando indicado pelo DEA, reiniciar
imediatamente a RCP após o choque, começando pelas compressões torácicas
por 2 minutos (5 ciclos de 30 comp e 2 vent).
• Após 2 minutos checar novamente o ritmo com o DEA e seguir as orientações.
• Em caso de choque não indicado reiniciar a RCP com 30 compressões para 2
insuflações por 5 ciclos ou 2 minutos.
• Checar novamente o ritmo.
• Manter os ciclos de RCP até a chegada do socorro ou paciente apresentar sinais
de retorno da circulação espontânea (RCE) que podem ser respiração, tosse ou
movimentos.
Em caso de paciente com via aérea avançada como cricotireoidostomia,
traqueostomia, intubação orotraqueal, entre outros métodos, a relação de compressões
e ventilações mudam. BRASIL (2014) e American Heart Association (2020)
recomendam que, nestes casos, se realize 100 a 120 compressões por minuto e
simultaneamente 1 insuflação a cada 6 segundos. Após 2 minutos é necessário a
reavaliação dos sinais vitais da vítima.
Já em casos de contextos de atendimento onde não há disponível um
reanimador manual é recomendável se realizar apenas as compressões mantendo as
vias aéreas abertas e pérvias.
BRASIL (2014) orienta que a RCP pode ser interrompida em casos como:
• RCP em andamento sem indicação de choque pelo DEA acompanhada de
exaustão das pessoas que estão realizando a RCP e autorização de um médico;
• RCP em andamento quando as condições ambientais se tornam inseguras e/ou
muito insalubres;
• RCP em andamento quando as condições de segurança pessoal na cena se
tornam comprometidas.
É necessário dizer, segundo BRASIL (2014), que sempre que possível a
orientação dos familiares acerca dos procedimentos que serão adotados é muito
importante.

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Abaixo temos o algoritmo para profissionais de saúde no SBV (suporte básico
de vida).

FONTE: American Heart Association. Destaques das diretrizes da American Heart Association
2015 para RCP e ACE. USA, 2015.

AVC (ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL)

O acidente vascular cerebral (AVC) também chamado de acidente vascular


encefálico (AVE) ou ainda popularmente como “derrame cerebral” é um conjunto de
sintomas neurológicos focais ou totais, de início agudo, oriundo da interrupção
sanguínea por obstrução ou ruptura vascular encefálica.
Pode haver tipos diferentes de AVC como:

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• Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI)
• Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH)
• Hemorragia subaracnóidea (HSA)
• Trombose venosa central (TVC)
BRASIL (2014) afirma que a suspeita para o acometimento de AVC em um
paciente deve ocorrer quando:
• Início súbito de déficits neurológicos focais, especialmente de um lado do corpo
como paresia, perda de expressão facial, desvio de rima labial, plegia ou
parestesia;
• Disturbios da fala (dislalia, disartria, afasia);
• Alteração da consciência: de confusão a completa arresponsividade;
• Manifestação de convulsão sem histórico de trauma ou episódio anterior;
• Cefaléia súbita e intensa sem causa aparente;
• Alteração visual súbita (turvação visual, diplopia);
• Vertigem ou perda do equilíbrio e/ou coordenação motora (incluindo dificuldade
para deambular);

De acordo com BRASIL (2014) devemos proceder após estes achados:


• Realizar a avaliação primária com ênfase para manter a permeabilidade das vias
aéreas, avaliar o estado neurológico através da GCS, escala de Cininnati
(avaliação de paresias ou plegias de MMSS e MMII, alterações da fala e desvio
de rima labial) e reação pupilar, manter decúbito elevado quando paciente
consciente ou decúbito lateral para pacientes inconscientes.
• Realizar a avaliação secundária com ênfase para aferir a temperatura corporal,
monitorar pressão arterial e oximetria de pulso (quando possível), mensurar
glicemia capilar (quando possível), realizar entrevista SAMPLA e determinar a
hora do início dos sinais e sintomas (em caso da vítima dormir sem as
manifestações e acordar com os sinais e sintomas a hora determinada será o
momento em que a vítima foi dormir).
• Encaminhar a vítima ao atendimento médico o quanto antes.

ESTADO DE CHOQUE

BRASIL (2003) considera estado de choque como grupo de síndromes


cardiovasculares agudas que não possui, uma definição única que compreenda todas
as suas diversas causas e origens. O estado de choque corresponde a uma emergência
e devem ser realizadas ações rápidas.
BRASIL (2014) classifica os tipos de choque de acordo com a tabela abaixo:

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FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de
Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

O estado de choque tem como principais fatores segundo BRASIL (2003):


• Hemorragias intensas (internas ou externas)
• Infarto
• Taquicardias
• Bradicardias
• Queimaduras graves
• Processos inflamatórios do coração
• Traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdômen
• Envenenamentos
• Afogamento
• Choque elétrico
• Acidentes ofídicos
• Exposição a extremos de temperatura
• Septicemia

De acordo com BRASIL (2014) podemos classificar o choque


hipovolêmico como demonstrado no quadro abaixo:

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

Nestes casos Brasil (2014) recomenda a conduta:


• Realizar a avaliação primária com ênfase em analisar a responsividade, manter
a via aérea pérvia, estabilizar a coluna em suspeita de trauma, identificar e
controlar sangramentos.
• Realizar avaliação secundária com prioridade para SAMPLA, sinais vitais, e se
possível, monitorar oximetria de pulso, realizar a prevenção de hipotermia com
manta térmica ou cobertores. Em caso de vítima com vestes úmidas remove-las
e cobrir a vítima.
• Encaminhar a vítima para atendimento médico.

INCONSCIÊNCIA (SÍNCOPE)

A síncope também conhecida popularmente como desmaio tem como


característica a perda súbita e temporária da consciência em virtude de uma isquemia
cerebral transitória generalizada e recuperação espontânea da consciência.
De acordo com SOUZA, L.O.; MOREIRA, H.T.; SALGADO, A.M.A (2018) a
síncope geralmente é precedida (pródomo) por náuseas, vômitos, desconforto
abdominal, frio, sudorese, aura, algia em ombros ou pescoço, turvação visual, tontura
e/ou palpitações.

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Ainda segundo SOUZA, L.O.; MOREIRA, H.T.; SALGADO, A.M.A (2018) pode
ser classificada como reflexa (causa mais comum), síncope por hipotensão ortostática
(causa rara em pessoas menores de 40 anos entretanto frequente em idosos) e síncope
secundária a problemas cardiovasculares.
A conduta correta segundo BRASIL (2014) é realizar a avaliação primária
enfatizando a responsividade da vítima/comprovar a inconsciência, avaliar a
expansividade do tórax e checar pulso carotídeo. Em caso de ausência de respiração e
pulso iniciar protocolo de RCP. Em caso de ausência de respiração mas presença de
pulso, considerar obstrução de vias aéreas e avaliar possível obstrução e proceder de
acordo com protocolo. Em caso de pulso e respiração presentes manter a
permeabilidade das vias aéreas, manter ambiente arejado, afrouxar as roupas da vítima,
elevar os MMII e aguardar retorno da consciência.
Avaliar GCS e pupilas e iniciar avaliação secundária com ênfase para:
• SAMPLA.
• Monitorar sinais vitais e oximetria de pulso se possível.
• Ainda havendo possibilidade mensurar glicemia capilar.

BRASIL (2014) chama a atenção para a observação da presença de lesões em


lábios e/ou língua e liberação de esfíncteres podem sugerir estado pós-convulsivo.

CRISE CONVULSIVA

BRASIL (2014) indica suspeita de crise convulsiva quando há perda súbita de


consciência, acompanhada de contrações musculares involuntárias e incontroláveis,
cianose, sialorréia, lábios e dentes cerrados, podendo haver eventual liberação
esfincteriana (fecal e urinária). Na fase pós-convulsão observa-se sonolência,
desorientação, agitação, flacidez muscular, cefaleia, liberação esfincteriana ou relato de
terceiro que presenciou o evento.
A conduta para convulsões é:
• Avaliação primária da vítima enfatizando a responsividade, manter
permeabilidade das vias aéreas com lateralização da cabeça ou uso de COF,
limpar secreções com uma toalha ou gaze.
• Avaliação secundária com ênfase em monitorar oximetria de pulso, glicemia
capilar, SAMPLA, proteger o paciente para evitar traumas adicionais,
principalmente na cabeça afastando objetos próximos à vítima, colocando
proteção embaixo da cabeça da vítima.
• Monitorar o tempo de crise.
A crise generalizada tônico-clônica (CGTC) raramente tem duração superior a 5
minutos e é a mais comum de acordo com BRASIL (2014).
BRASIL (2014) ainda lembra que nem toda crise convulsiva representa o estado
de mal epilético, sendo que o mal epilético é a ocorrência de crises prolongadas (acima
de 5 minutos) ou repetitivas, persistindo por 30 minutos ou mais e que não permitem a
recuperação da consciência entre os eventos. É importante o cuidado com medidas
intempestivas para evitar a mordedura da língua e lesões dentárias, com consequente
hemorragia potencialmente perigosa. Jamais introduzir dedos ou ferramentas como
cabos de faca ou colher na cavidade oral da vítima.

HIPOTERMIA

Devemos incluir na suspeita de vítima em quadro de hipotermia quando a


temperatura central for inferior a 35ºC, vítima com exposição ao frio e sinais clínicos de
hipotermia. (BRASIL, 2014)

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A hipotermia pode ter manifestações distintas dependendo de sua classificação
como citado abaixo em referência a BRASIL (2014):
• Hipotermia leve (32ºC a 35ºC): Taquicardia, hipertensão arterial, taquipneia,
broncorreia, broncoespasmo, tremores musculares, rigidez muscular, pele fria e
pálida, cianose de extremidades, confusão mental com desorientação ou apatia,
ataxia e incoordenação de movimentos, hiperreflexia, diurese induzida pelo frio.
• Hipotermia moderada (30ºC a 32ºC): Bradicardia, hipotensão arterial, arritmias,
bradipneia, cessam os tremores, espasmos musculares, depressão do SNC com
torpor ou coma, hiporreflexia, pupilas não reativas, alucinações.
• Hipotermia grave (temperatura menor que 30ºC): Depressão profunda do SNC,
arreflexia, rigidez, bradicardia grave e hipotensão, bradipneia ou apneia, pode
ocorrer edema pulmonar e arritmias ventriculares.
Tem-se como conduta em casos de hipotermia de acordo com BRASIL (2014):
• Avaliação primária enfatizando responsividade, respiração e pulso, instituir
medidas para correção da hipotermia removendo roupas frias e molhadas para
impedir queda adicional da temperatura e aquecer com mantas metálicas ou
cobertores, manter o paciente em decúbito (em posição ortostática aumenta o
risco de convulsões);
• Avaliação secundária enfatizando SAMPLA, havendo possibilidade mensurar
PA, oximetria de pulso e glicemia capilar.
• A oferta de alimentos quentes e calóricos para pessoas orientadas é válido.
Idosos, crianças, moradores de rua, deficientes mentais, tetraplégicos,
diabéticos, alcoólatras, usuário de drogas, politraumatizados, paciente de afogamento,
grandes queimados, pessoas expostas ao vento, umidade e temperatura ambiental
baixa são considerados grupo de risco para hipotermia. É importante não haver
movimentos bruscos com a vítima evitando arritmias cardíacas. Deve-se evitar também
compressas quentes e massagear as extremidades do corpo para aquecer segundo
BRASIL (2014).

EPISTAXE

O sangramento nasal ativo pode ser observado, segundo BRASIL (2014) em


histórias de trauma facial, introdução de corpo estranho na cavidade nasal, uso de
medicamentos anticoagulantes ou história de discrasia sanguínea.
Para o atendimento a este tipo de evento deve-se:
• Realizar avaliação primária enfatizando a manutenção da permeabilidade das
vias aéreas, manter a cabeça elevada, fazer o controle hemorrágico através de
compressão local entre 5 e 10 minutos e realizar aplicação de compressa de
gelo no dorso nasal.
• Avaliação secundária e em casos de recorrência dos sangramentos encaminhar
ao atendimento médico.

HEMOPTISE

A expectoração sanguínea de origem das vias aéreas é conhecida por


hemoptise. É importante não confundir com hematêmese que é a presença de sangue
no vômito.
BRASIL (2014) afirma que geralmente que a hemoptise tem pequena
intensidade com pequenos filamentos hemáticos observados no escarro. Entretanto

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pode haver casos de sangramento maciço (200 a 600 ml de sangue perdido em 24h)
necessitando assim de atendimento emergencial visto o risco de óbito.
Para tal a conduta é preciso fazer avaliação primária com ênfase em garantir a
permeabilidade das vias aéreas (a lateralização da vítima em decúbito lateral esquerdo
é recomendado), manter a vítima calma, realizar a avaliação secundária enfatizando
monitoração do padrão respiratório, pressão arterial e SAMPLA.
Encaminhar a vítima ao atendimento médico o quanto antes.
É válido ressaltar a importância de entender a possibilidade de hemorragia
interna em várias situações como hemoptise e traumas. Apesar da dificuldade maior de
se perceber estes quadros podemos notar sintomas comuns nas condições de
hemorragia interna como comenta Brasil (2003):
• Pulso fraco e rápido
• Pele fria
• Sudorese (transpiração abundante)
• Palidez intensa e mucosas descoradas
• Sede acentuada
• Apreensão e medo
• Vertigens
• Náuseas
• Vômito de sangue
• Calafrios
• Estado de choque
• Confusão mental e agitação
• "Abdômen em tábua" (duro não compressível)
• Dispneia (rápida e superficial)
• Desmaio
BRASIL (2003) ainda recomenda nestes casos procurar imediatamente
atendimento especializado, enquanto se mantém o acidentado deitado com a cabeça
mais baixa que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar o retorno sanguíneo. Vale
lembrar que em situações de TCE, AVC e dispneia a cabeça deve ser mantida elevada
para melhorar a ventilação.

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)

O TCE deve ser motivo de inclusão no atendimento quando:


• Na avaliação da cena, cinemática do trauma, há suspeita de acometimento direto
da região craniofacial.
• Na avaliação da cinemática há acometimento indireto da região craniofacial por
mecanismo de aceleração e desaceleração.
• Em todos os pacientes de trauma com alteração do nível de consciência
Para o atendimento à vítima de TCE, BRASIL (2014) recomenda uma avaliação
primária com atenção especial para:
• A manutenção da estabilização da coluna cervical;
• Garantir permeabilidade das vias aéreas;
• Avaliar precocemente a GCS.

É importante considerar ventilação no uso de BVM com reservatório em


situações as quais o paciente não ventila e oxigena adequadamente. O controle de
hemorragias visíveis é fundamental.
A avaliação secundária deve se priorizar:
• Monitorizar oximetria de pulso;

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• Avaliar as pupilas;
• Repetir GCS;
• Exame de cabeça e coluna (manter atenção para sinais de perda de líquor,
fraturas abertas, exposição de tecido cerebral, ferimentos extensos de couro
cabeludo e sinais de fratura da base do crânio);
• SAMPLA
• Imobilização para transporte.

QUEIMADURAS (TÉRMICAS)

As queimaduras são lesões provocadas pela temperatura (alta ou baixa), por


outros agentes causadores como eletricidade, luz, radiação e substâncias químicas, que
podem atingir graves proporções de perigo para a manutenção da vida ou para a
integridade da vítima, dependendo de sua localização, extensão e grau de profundidade.
O efeito inicial e local, comum em toda queimadura é a desnaturação proteica, com
consequente lesão ou morte celular, por este motivo tem o potencial de desfigurar,
causar incapacitações temporárias ou permanentes ou mesmo o óbito (BRASIL, 2003).
É fundamental também para o atendimento à vítima de queimadura que haja
identificação da profundidade das lesões classificando-as em:
• Queimaduras de primeiro grau: Atingem a epiderme, produzindo lesões
dolorosas, hiperemiadas, com edema discreto.
• Queimaduras de segundo grau: Atingem a epiderme e a derme, produzindo
lesões dolorosas, hiperemiadas, úmidas, com bolhas.
• Queimaduras de terceiro grau: Atingem a epiderme, derme e a hipoderme,
podendo afetar tecidos subjacentes, produzindo lesões indolores,
esbranquiçadas, endurecidas, com veias trombadas ou até mesmo tecido
necrosado. É importante ressaltar que nas regiões adjacentes às lesões de
terceiro grau podem existir de segundo grau e desta forma, o paciente sentir dor
(MACEDO, M.S.R.; PINTO, F.P.; SAMPAIO, B.P., 2015).
Outro ponto importante no atendimento à vítima queimada é calcular a área
corporal atingida (Superfície Corpórea Queimada – SCQ) e para tal se usa a regra dos
9 atribuindo-se a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele) como mostra
a tabela abaixo:

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, DF, 2014.

A imagem abaixo mostra que, como nem sempre as queimaduras são uniformes, deve
se levar em conta proporções corporais para este cálculo. Vale lembrar que as
proporções são diferentes entre adultos, crianças e bebês.

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FONTE: MACEDO, M.S.R.; PINTO, F.P.; SAMPAIO, B.P.; Elaboração de Procedimento
Operacional Padrão sobre Queimaduras para SAMU. Feira de Santana, Ba, 2015.

Desta forma podemos estipular a gravidade do estado clínico da vítima queimada


como mostra a tabela abaixo:

FONTE: MACEDO, M.S.R.; PINTO, F.P.; SAMPAIO, B.P.; Elaboração de Procedimento


Operacional Padrão sobre Queimaduras para SAMU. Feira de Santana, Ba, 2015.

Segundo Macedo, M.S.R.; Pinto, F.P.; Sampaio, B.P. (2015) ainda são
considerados queimados graves:
• Queimaduras que envolvam olhos, ouvidos, orelhas, face, mãos, pés, períneo e
genitais;
• Qualquer queimadura com risco inalatório;
• Queimaduras elétricas e/ou com trauma associado;
• Queimadura em doente de alto risco (diabetes, gravidez, DPOC, câncer, etc.);
• Queimaduras em pacientes psiquiátricos.

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De acordo com Brasil (2014) a conduta é focada em:
• Afastar a vítima do agente causador ou o agente da vítima;
• Realizar avaliação primária e secundaria;
• No politraumatizado grave, priorizar o atendimento ao trauma e os efeitos
sistêmicos da queimadura e depois a queimadura;
• Monitorizar a oximetria de pulso;
• Manter a permeabilidade das vias aéreas;
• Observar o aspecto geral da face do paciente: cílios, sobrancelhas, pêlos do
nariz e condições respiratórias (pode haver sinais de inalação de fumaça);
• Ventilar a vítima;
• Expor a área queimada, retirando as roupas que não estejam aderidas;
• Retirar objetos como anéis, aliança, brincos, pulseiras, relógio, carteira, cinto,
desde que não estejam aderidos à pele;
• Irrigar com SF em abundância, objetivando o resfriamento da área queimada;
em seguida cobrir com compressas secas, estéreis e não aderentes;
• Prevenir a hipotermia, preferencialmente com manta metálica (se possível);

INALAÇÂO DE FUMAÇA

Segundo Brasil (2014) devemos suspeitar de inalação de fumaça pela vítima


quando houver exposição de uma pessoa a fumaça em espaço fechado ou qualquer
paciente com queimadura em face (observar cílios, sobrancelhas, pelos do nariz e
condições respiratórias), tosse ou fuligem no escarro.
A conduta neste contexto é:
• Afastar o paciente do agente causador/retirar da área de risco.
• Realizar avaliação primária e secundária.
• Manter permeabilidade da via aérea.
• Considerar, se possível, O2 sob máscara não reinalante 10 a 15 l/min se SatO2
< 94%.
• Monitorizar a oximetria de pulso; considerar que em casos de intoxicação por
monóxido de carbono a sua leitura poderá́ indicar valores maiores do que o real.
• No caso de queimaduras associadas proceder para tratar as queimaduras.

INTOXICAÇÂO POR MONÓXIDO DE CARBONO

Brasil (2014) indica que vítima em área de risco, como as próximas a sistema de
aquecimento avariado em ambiente mal ventilado, garagens de automóveis com o motor
ligado ou próximo a focos de incêndio, com presença de sinais e sintomas gerais como:
cefaleia, náuseas, vômitos, tonturas, diminuição de acuidade visual, fraqueza, pele e/ou
mucosas cor de framboesa ou rosa carminado, dispneia, arritmias cardíacas, dor
torácica isquêmica, insuficiência cardíaca, hipotensão, síncope, confusão mental,
convulsão, coma, PCR, são motivos de inclusão da vítima de inalação de CO (monóxido
de carbono).
Para estas vítimas se deve ter a conduta de:
• Avaliar a segurança da cena.
• Considerar apoio do Corpo de Bombeiros, na suspeita de presença do gás no
ambiente, para a retirada da vítima da área de risco.
• Realizar a avaliação primária e secundária.
• Se possível oferecer oxigênio na máxima concentração disponível,
independentemente da leitura da oximetria de pulso (oxímetro de pulso não

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diferencia oxihemoglobina de carboxihemoglobina), de preferência com máscara
não reinalante com O2 a 15 l/min.
• Considerar ventilação BVM com reservatório nas vítimas com sinais de
queimaduras de vias aéreas, instabilidade hemodinâmica, alterações
neurológicas ou sinais clínicos de insuficiência respiratória, independentemente
da leitura da oximetria de pulso.
• Nas crises convulsivas, tratar a crise como estudado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• American Heart Association. Destaques das diretrizes da American Heart


Association 2015 para RCP e ACE. USA, 2015.
• American Heart Association. Destaques das diretrizes da American Heart
Association 2020 para RCP e ACE. USA, 2020.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de Primeiros
Socorros. Rio de Janeiro, Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às
Urgências. Brasília, DF, 2003.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília,
Editora MS, 2002.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2048, de 5 de novembro de 2002. Aprova
o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e
Emergência. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2002.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de
Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência. Brasília, DF, 2014.
• MACEDO, M.S.R.; PINTO, F.P.; SAMPAIO, B.P.; Elaboração de Procedimento
Operacional Padrão sobre Queimaduras para SAMU. Feira de Santana, Ba,
2015.
• Melo, E.M.C., et al. Cartilha Informativa. Projeto Creche das Rosinhas.
Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011.
• SOUZA, L.O.; MOREIRA, H.T.; SALGADO, A.M.A.. Síncope na Emergência.
Revista Qualidade HC. Ribeirão Preto, 16/08/2018.

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