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DEFINIÇÃO PRIMEIROS SOCORROS

Primeiros socorros podem ser considerados como um conjunto de medidas aplicadas a


vítimas de lesões ou males súbitos com o objetivo de fornecer uma assistência temporária à
vítima, até que seja possível conseguir auxilio médico profissional.
Quando aplicados de forma adequada os primeiros socorros podem fazer a diferença entre
a vida e a morte, entre uma recuperação rápida ou uma hospitalização prolongada, ou
ainda, entre uma incapacitação temporária ou invalidez permanente.
Os Primeiros Socorros são cuidados iniciais que devem ser prestados rapidamente a uma
pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito.
A função de quem presta o socorro é:
1. Contactar o serviço de atendimento emergencial do Corpo de Bombeiro (193), SAMU
(192), Policia Militar (190) e PRF (191).
2. Manter a calma, a serenidade e transmitir confiança;
3. Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado;
4. Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as do local
do acidente, com o fim de evitar o chamado “segundo trauma”;
5. Ser o elo de ligação das informações para o serviço de atendimento emergencial;
6. Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento. Saber avaliar
seus limites físicos e de conhecimento.
7. Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo.

A princípio, os cuidados de primeiros socorros podem ser prestados por leigos e, por isso,
sua abordagem geral é feita com uma linguagem não técnica e com procedimentos que
exigem artefatos presentes em ambientes fora do hospital.
Em outubro de 2020, a AHA (American Heart Association) publicou o “2020 International
Consensus on First Aid Science With Treatment Recommendations”, traduzindo “Consenso
Internacional 2020 da Ciência de Primeiros Socorros com Recomendações de Tratamento”,
que representa a publicação mais recente do assunto em todo o mundo.

AVALIAÇÃO DA CENA
. A primeira prioridade para todos os envolvidos na prestação de primeiros socorros em um
incidente no qual há vítimas é a avaliação geral da cena.
. A avaliação da cena permite determinar a segurança do local para que o socorrista possa
entrar e com cuidado, considerar a natureza da situação, garantindo a segurança do
próprio socorrista e da vítima.
. Quando não há segurança, a equipe médica que adentra a cena pode se tornar vítima e,
assim, não conseguir mais ajudar outras vítimas e se somar ao número de doentes
. A avaliação da cena, por equipes de emergência, se inicia desde o trajeto até o local a
partir de informações fornecidas pela central de atendimento dos serviços de resgate.
. Essa avaliação leva em consideração não apenas os possíveis problemas de segurança da
cena, mas também a necessidade da presença de outros órgãos, como polícia e bombeiros.

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. O atendimento da vítima pode ter que esperar até que a cena esteja segura o suficiente
para que os socorristas possam atuar, vale ressaltar que nenhuma cena é 100% segura e
todas as equipes de emergência devem manter vigilância e atenção contínua.
. Também é importante considerar algum agente agressor que pode estar na cena e podem
intervir para ferir a vítima, equipe socorrista ou expectadores.
Outro ponto importante a ser avaliado na cena é a situação:
1. O que realmente aconteceu?
2. Quais foram as circunstâncias que levaram ao incidente?
3. Qual foi o mecanismo que levou ao eventual trauma?
4. Quantas pessoas estão envolvidas e quais as suas idades?
5. São questões que precisam ser levantadas na avaliação da situação e podem ser obtidas
com testemunhas locais ou outros órgãos que chegaram à cena primeiro

ATENDIMENTO INICIAL
. Quando chegar ao local de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-se
assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência
(Avaliação da Cena).
. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido.
. Também é importante evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando
ordens breves, claras, objetivas e concisas.
. Ainda é relevante manter afastado os curiosos para evitar confusão e para ter espaço
para trabalhar da melhor maneira possível.
. O primeiro objetivo na avaliação do doente é determinar sua condição.
. Ao fazer isso, desenvolve-se uma impressão geral sobre o seu estado e os valores basais de
seus sistemas respiratório, circulatório e neurológico.
. Quando são identificadas condições que colocam a vida em sério risco, iniciam-se a
intervenção e a reanimação em caráter de urgência.
. Se a condição do doente permitir, será realizada a avaliação secundária para identificar
lesões que não colocam a vida ou um membro do doente em risco.
. Todas essas etapas são realizadas de forma rápida e eficiente com o objetivo de minimizar
o tempo gasto na cena.
. Os doentes em estado grave não devem permanecer na cena para o tratamento além do
tempo necessário para estabilizá-los para o transporte, a menos que estejam presos e em
ferragens ou que haja outras complicações que impeçam o início do transporte.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
É necessária uma abordagem clara, simples e organizada ao gerenciar um paciente
gravemente ferido. A pesquisa primária promulgada no Advanced Trauma Life Support TM
(ATLS TM) fornece essa abordagem.
O atendimento primário é organizado de acordo com os ferimentos que representam as
ameaças mais imediatas à vida e é realizada na ordem descrita abaixo.

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Em ambientes com recursos limitados, o atendimento primário simplifica as prioridades e
todos os problemas identificados devem ser gerenciados imediatamente antes de passar
para a próxima etapa da pesquisa.
No entanto, nos principais centros de trauma, muitos médicos capazes podem estar
presentes, permitindo que a equipe resolva vários problemas simultaneamente.
. A avaliação primária, geralmente, é feita de maneira sistematizada na qual as etapas de
avaliação são ensinadas de maneira sequencial, embora muitas delas podem e devem ser
executadas de maneira simultânea.
. Seus componentes são fáceis de memorizar de acordo com o sistema mnemônico ABCDE.
que lista em ordem de prioridade para o tratamento ideal para o doente:
1. A irway (via aérea e proteção) - manter a estabilização da coluna cervical quando
apropriado;
2. B reathing (respiração e ventilação) - manter oxigenação adequada;
3. C irculation (circulação) - hemorragia controlar e manter adequada a perfusão do órgão
final;
4. D isability (neurológico) - realizar a avaliação neurológica de base;
5. E Xposure (exposição com controle ambiental) - paciente se despir e procurar em todos
os lugares para possíveis lesões, evitando hipotermia.

ETAPA A - VIA AÉREA


. A via aérea do doente deve ser rapidamente examinada para garantir que seja
permeável e que não haja perigo de obstrução.
. Se a via aérea estiver comprometida, esta deverá ser aberta, incialmente por métodos
manuais, como elevação do mento (Chin Lift) ou projeção da mandíbula (Jaw-Thrust), e a
remoção de sangue, substância e corpos estranhos deve ser realizada conforme necessário.
. A tração da mandíbula é preferível quando há suspeita de trauma em coluna cervical.
. Quando há equipamentos disponíveis, o tratamento da via aérea pode progredir para
meios mecânicos, como colocação de cânula oro ou nasofaringea, dispositivos
supraglóticos, intubação endotraqueal ou métodos transtraqueais.

ETAPA A - ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL


. É importante sempre suspeitar de lesão medular em doentes traumatizados.
. Portanto, toda vítima de trauma com mecanismo de lesão contundente possui lesão
medular até que se prove ao contrário.
. Para evitar ou agravar eventual dano neurológico em decorrência de compressão óssea
da medula espinhal é essencial garantir que a cabeça e o pescoço do doente sejam
mantidos em posição neutra (estabilizados).
. Se os dispositivos de imobilização empregados (ex: colar cervical) tiverem que ser
removidos para realizar alguma intervenção necessária, é importante manter a
imobilização da cabeça e pescoço manualmente.

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ETAPA B – VENTILAÇÃO:
. É importante sempre suspeitar de lesão medular em doentes traumatizados.
. Portanto, toda vítima de trauma com mecanismo de lesão contundente possui lesão
medular até que se prove ao contrário.
. Para evitar ou agravar eventual dano neurológico em decorrência de compressão óssea
da medula espinhal é essencial garantir que a cabeça e o pescoço do doente sejam
mantidos em posição neutra (estabilizados) durante todo o processo de avaliação,
especialmente na abertura da via aérea e realização de ventilação necessária.
. A frequência ventilatória pode ser dividida em quatro níveis:
1. Bradipneia < 10 ventil. /min;
2. Eupneia 10 a 20 ventil. /min;
3. Taquipneia 20 a 30 ventil. /min;
4. Taquipneia severa >30 ventil. /min).

. No doente com ventilação anormal, o tórax deve ser exposto, observado e palpado
rapidamente.
. Em seguida, a ausculta dos pulmões pode revelar sons respiratórios anormais e murmúrios
vesiculares reduzidos ou ausentes.
. E importante considerar pneumotórax hipertensivo (é o acúmulo de ar no espaço pleural
sob pressão, comprimindo os pulmões e diminuindo o retorno venoso para o coração).
. Lesão raquimedular e lesões cerebrais traumáticas como as principais lesões que podem
impedir a ventilação.

ETAPA C - CIRCULAÇÃO E HEMORRAGIA A


- HEMORRAGIA
. A hemorragia externa deve ser identificada e controlada na avaliação primária.
Três são os tipos de hemorragia externa: capilar, venosa e arterial.
. A capilar é causada por pequenas abrasões que lesionam pequenos capilares localizados
abaixo da superfície da pele.
. Já a venosa provém de camadas mais profundas do tecido e é, em geral, controlada
mediante a uma pressão direta e moderada no local.
. Por fim, a arterial é causada por laceração de uma artéria
. A hemorragia interna deve ser sempre suspeitada na presença de sinais de lesão.
. Os principais sítios onde essa ocorre são: tórax, abdome e pelve.
. Esse tipo de hemorragia, geralmente, é de difícil controle fora do hospital e o melhor
tratamento pré-hospitalar é o transporte do doente até uma instituição equipada e com
equipe de profissionais disponíveis para o controle rápido da hemorragia centro cirúrgico.

B - PULSO
. O pulso é avaliado quanto à presença qualidade e regularidade. A presença de pulso
periférico palpável também fornece uma estimativa da pressão arterial (PA).

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. Essa rápida verificação revela se o doente apresenta taquicardia, bradicardia ou ritmo
cardíaco irregular.
. Se o pulso radial não for palpável em uma extremidade sem lesões, provavelmente, pode
haver a vigência de uma fase descompensada de choque, um sinal tardio de condição
grave.
. Se não houver pulso carotídeo ou femoral palpável pode-se considerar a ocorrência de
uma parada cardiorrespiratória.
. A combinação de perfusão comprometida com ventilação prejudicada deve exigir que o
socorrista considere a presença de um pneumotórax hipertensivo.
. Se houver sinais clínicos dessa condição, a descompressão com a agulha pode salvar a
vida do doente.

C - PELE
. A pele pode revelar o estado circulatório do doente por meio de cor, temperatura e
umidade.
. A perfusão adequada produz coloração rosada na pele.
. Já a coloração pálida está associada a perfusão deficiente.
. A coloração azulada indica oxigenação incompleta.
. O exame do leito ungueal e das membranas mucosas é importante, pois mudanças na
coloração normalmente, aparecem primeiro nos lábios, gengivas ou extremidade dos dedos.
. A temperatura normal da pele é morna ao toque, nem fria, nem quente.
. A pele fria indica perfusão diminuída, independente da causa.
. Em relação à umidade, a pele seca indica boa perfusão.
. Já a pele úmida está associada ao choque e a perfusão diminuída.

ETAPA D - DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA


. A Escala/Escore de Coma de Glasgow GCS (Glasgow Coma Scale/Score) é um índice
desenvolvido para quantificar o nível de consciência em pacientes que sofreram
traumatismo craniano.
. A utilização do escore Glasgow auxilia nas previsões de resultados neurológicos
(complicações, recuperação prejudicada) e mortalidade.
. A escala é composta por 3 critérios clínicos atualizada em 2018:
1. Abertura ocular.
2. Resposta verbal.
3. Resposta motor.
. Em 2020 acrescentaram a resposta pupilar na escala, porém não é tão utilizada pelos
profissionais médicos.

ETAPA E - EXPOSIÇÃO AMBIENTE


. A exposição do corpo do doente é essencial para identificar todas as ações, por tanto é
imprescindível remover as roupas do traumatizado.

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. A quantidade de roupa que deve ser removida do doente, durante a avaliação, varia com
de acordo com as condições ou lesões identificadas.
. O socorrista não deve ter medo de remover as roupas do doente caso seja a única
maneira de realizar a avaliação e tratamento adequados pois lesões potencialmente letais
poderão passar despercebidas.
. O dorso deve ser sempre avaliado.
. Uma vez que o doente foi exposto para a realização da avaliação primária, qualquer parte
do corpo deve ser novamente coberta para manter a temperatura corporal.

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
. Na avaliação secundária, utiliza-se a abordagem "ver, ouvir e sentir" para avaliar a pele e
tudo que ela contém. ➢
. Nesse sentido, o socorrista explora o corpo do doente iniciando na cabeça.
. Prosseguindo pelo pescoço, tórax e abdome até as extremidades e, por fim, termina com
um exame neurológico detalhado a fim de identificar lesões e correlaciona-las com os
achados físicos de região em região

a) Ver: Examine toda a pele; fique atento para sinais de hemorragia externa ou
sinais de hemorragia interna, como distensão abdominal ou hematoma em
expansão;

b) Ouvir: Observe quaisquer sons incomuns quando o doente inspira ou expira;


observe quaisquer sons anormais ao auscultar o tórax;

c) Sentir: Mova cuidadosamente cada osso em sua região; observe achados


anormais.

SINAIS VITAIS
. A qualidade da pulsação e da frequência ventilatória e outros componentes da avaliação
são continuamente reavaliados e comparados com os valores anteriores, já que alterações
significativas podem ocorrer de maneira rápida.
O conjunto completo de sinais vitais inclui: pressão arterial, frequência e qualidade do
pulso, frequência ventilatória (respiratória), cor e temperatura de pele.
. Para o doente traumatizado grave, é ideal reavaliar os sinais vitais a cada 3 a 5 minutos
sempre que possível ou quando houver qualquer alteração na condição.

AVALIAÇÃO DE REGIÕES ANATÔMICAS


1. CABEÇA: um exame visual da cabeça e da face poderá revelar contusões, abrasões,
lacerações, assimetria óssea, hemorragia, defeitos ósseos, anormalidade dos olhos, ouvido
externo, boca e mandíbula.

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2. PESCOÇO: a inspeção poderá mostras contusões, abrasões, lacerações e hematomas. Já a
palpação poderá revelar enfisema subcutâneo de origem laríngea, traqueal ou pulmonar.
3. TÓRAX: é necessário um exame minucioso do tórax em busca de deformidades, contusões
e abrasões para identificar lesões subjacentes.
4. ABDOME: abrasões, equimoses visualizadas indicam possibilidade de lesão subjacente. A
palpação de cada quadrante também é útil para avaliar a sensibilidade defesa muscular e
presença de massas
5. PELVE: a pelve é avaliada por meio da observação e palpação.
6. ÓRGÃOS GENITAIS: não são mais examinados no ambiente pré-hospitalar. Entretanto,
deve-se observar se há hemorragia da genitália sangue no meato uretral ou presença de
priapismo nos homens (ereção involuntária).
7. DORSO: a região posterior do tronco deve ser examinada quanto á evidencia de lesões.
8. EXTREMIDADES: exame das extremidades inicia-se na clavícula e na pelve e prossegue em
direção à região mais distal de cada membro. Cada osso e articulação são avaliados por
meio de inspeção visual em busca de deformidade, hematoma ou equimose e por meio da
palpação para determinar a presença de crepitação, dor sensibilidade ou movimentos
anormais.
. Cada osso e articulação são avaliados por meio de inspeção visual em busca de
deformidade, hematoma ou equimose e por meio da palpação para determinar a presença
de crepitação, dor sensibilidade ou movimentos anormais.

EXAME NEUROLÓGICO
. O exame neurológico na avaliação secundária é realizado com muito mais detalhes.
. O cálculo da pontuação de Glasgow.
. A avaliação das funções motora e sensorial e a observação da resposta das pupilas
também estão incluídos nessa fase.
. Ao examinar as pupilas é necessário avaliar a simetria da resposta em reação a luz assim
como o tamanho.
. Pupilas que reagem em velocidades diferentes à exposição a luz são consideradas
desiguais.
. Pupilas desiguais no doente traumatizado inconsciente poderão indicar aumento da
pressão intracraniana ou compressão do terceiro nervo craniano causada por edema
cerebral ou hematoma intracraniano em rápida expansão.

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