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Escola Técnica Raimunda

Curso Técnico de Enfermagem


Nonata
Assistência em Situações de Urgência e
Emergência

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
APH
Profº.: Marcos Mendes
Esp. em Enfermagem do Trabalho
BREVE
HISTÓRICO
• Em 1976, Dr. James K. Styner → cirurgião
ortopédico e piloto amador → envolveu-se em um
acidente de avião durante um voo na região de
Nebraska – EUA → acidente resultou na morte da
sua esposa → deixando-o com seus quatro filhos,
dos quais três estavam gravemente feridos;
• Equipe de trauma despreparada → condutas não obedeciam um
padrão adequado;
• Dr. Styner fundou o ATLS (suporte de vida avançado no trauma) →
1980, Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões
adotou o modelo e aprovou o curso.
EPIDEMIOLOGIA DO
• TRAUMA
É um dos problemas de maior magnitude das sociedades →
causando forte impacto na morbilidade e mortalidade das
faixas etárias socialmente ativas;
• É uma patologia de elevada prevalência a nível mundial → prevenção
eficaz e o tratamento adequado são indispensáveis para redução
da morbilidade e mortalidade;
• O trauma mata, em média, 9
pessoas por minuto → 5,8
milhões por ano, geralmente
dos 1 a 44 anos → cerca de
12% dos gastos em saúde no
mundo → + 500 bilhões por
EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA
• + 700 mil internações por ano;
 35% quedas;
 19% acidentes de transporte;
 13% lesões por terceiros, intencionais ou não;
 11% queimaduras;
 3% por incidentes relacionados à assistência médica.

Acidentes de transito, acidentes domésticos, Traumatismos


crânio encefálicos, mortalidade por violência entre jovens,
suicídios, homicídios, entre outros.
TRAUM
• OAtermo “trauma” é usado para definir ou descrever as lesões causadas
por um evento que gera um ferimento de maneira inesperada →
envolvem danos causados por acidentes diversos, violência ou agressões
→ feridas graves e afetam órgãos;
TRAUMAS quando não há perfuração da pele, como no caso de pancadas
CONTUSOS ou escorregões;

TRAUMAS quando há rompimento e laceração da pele, como perfurações


PENETRANTES por armas de fogo ou outros objetos e fraturas expostas;

TRAUMAS consiste na combinação dos dois tipos de


MISTOS ferimento, comuns em acidentes de trânsito.
DISTRIBUIÇÃO TRIMODAL DAS MORTES NO
TRAUMA 1º período: Mortes imediatas
Compreende as mortes que acontecem na cena → principal causa de morte é a
apneia → decorrente de lesões cerebrais, medulares ou de grandes vasos.

2º período: Mortes precoces (Hora de ouro)


São as mortes que ocorrem de minutos a horas após o trauma → principal
causa de morte deste período são as perdas sanguíneas (visceral,
hemopneumotórax, hematomas epi/subdural).
3º período: Mortes
tardias
São as que ocorrem dias ou meses após o trauma → quadro de sepse ou
falência de múltiplos órgãos → o que pode interferir no prognóstico aqui é a
qualidade dos grandes centros de referência.
ATENDIMENTO INICIAL AO
• OPOLITRAUMATIZADO
objetivo do atendimento é prestar suporte médico às vítimas →
intuito de preservar sua vida → o atendimento precisa ser ágil e
sistematizado → não negligencie a condição do paciente nem os
riscos relacionados ao atendimento.
FASE PRÉ-HOSPITALAR FASE INTRA-

HOSPITALAR
Envolve condutas que seguem um
 Inicia a partir do momento
protocolo específico → PHTLS → (Pre-
Hospital Trauma Life Support) da notificação dos
→Atendimento Pré-hospitalar ao Trauma; socorristas, pois consiste
 Ossocorristas abreviam o máximo em um planejamento
permanência
a da vítima na cena do trauma antecipado à chegada do
→ notifica ao hospital de destino antes de paciente por parte da
iniciar o transporte. equipe.
ATENDIMENTO PRÉ-
HOSPITALAR
PORTARIA - APH
Nº 2048, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2002 → institui o
Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência.

APH MÓVEL APH FIXO


 Serviço de Atendimento  Estabelecimentos de
Médico de Urgência (SAMU); de
saúde
menor complexidade e
 Corpo de bombeiros; visa promover uma primeira
 Serviços de urgência móveis assistência até que o paciente
de empresas particulares; possa ser transferido para um
São utilizados veículos especializados. nível mais alto.
ATENDIMENTO PRÉ-
ÉHOSPITALAR
o conjunto de - procedimentos
APH técnicos
realizados no local da emergência e durante o
transporte da vítima;
OBJETIVO: manter a vítima com vida e em
situação mais próxima possível da normalidade
até sua chegada a unidade hospitalar →
controlar hemorragia, manter livres as
aéreas, imobilizar fratura,vias
entre outros.
Atendimento na cena do acidente → Transporte rápido e
com segurança até o hospital → Chegada no hospital.
ATENDIMENTO PRÉ-
• HOSPITALAR
Uma assistência -adequada
APH e qualificada é fundamental
para o paciente chegue ao hospital com vida;
• Metade dos acidentes e de números de óbitos
registrados poderiam ser evitados se tivesse um atendimento
adequado.
SBV Suporte básico à SAV Suporte avançado à
vida vida

Caracteriza-se por não realizar Caracteriza-se pela realização de


manobras invasivas. procedimentos invasivos.
suporte ventilatório e circulatório → intubação orotraqueal,
acesso venoso e administração de medicamentos
AVALIAÇÃO DO PACIENTE NO APH
conjunto de procedimentos de urgência que são
PRIMEIROS
realizados em vítimas de acidentes ou agravos à
SOCORROS
saúde, de origem clínica ou traumática;
• Objetivo de manter estáveis os SSVV do paciente até que um
atendimento especializado chegue e a assistência à saúde possa ser
continuada de maneira mais específica;
• Pessoa não precisa ser profissional da saúde → precisa ter um
treinamento específico;
• Os primeiros socorros acontecem antes do atendimento pré-
hospitalar (que será prestado por profissionais especializados).
ATITUDES BÁSICAS
• Para que se possa realizar os
primeiros socorros é necessário algumas
atitudes:

 Manter a calma de si mesmo e das


outras pessoas;

 Agilidade e conhecimento básico;

 Segurança para não se tornar outra vítima;

 Acionar o serviço de emergência


COMO SOLICITAR
AJUDA?
AVALIAÇÃO DO PACIENTE NO APH
• A maioria dos programas de capacitação em primeiros socorros ou
atendimento pré-hospitalar estão passando a abordar o
processo de avaliação geral do paciente em cinco fases:
 Dimensionamento (avaliação) da cena;
 Avaliação inicial do paciente;
 Avaliação dirigida (para trauma ou para problemas médicos);
 Avaliação física detalhada;
 Avaliação continuada.
1. AVALIAÇÃO DA CENA
A verificação das condições de segurança:

 Segurança pessoal;
 Segurança do paciente;
 Segurança de terceiros (familiares, acompanhantes, testemunhas
e curiosos);
 Adoção de medidas de proteção pessoal (precauções universais);
 Observação dos mecanismos de trauma ou a natureza da doença;
 Verificação do número total de vítimas;
 Determinação da necessidade de recursos adicionais.
2. AVALIAÇÃO INICIAL (ATENDIMENTO
INICIAL - AVALIAÇÃO PRIMÁRIA)
A avaliação primária é uma avaliação rápida e criteriosa do
paciente vítima de trauma para definir as prioridades do
tratamento → essenciais para a sobrevida → minimizar as possíveis
sequelas → estabelecidas de acordo com as lesões encontradas, as
funções vitais e o mecanismo do trauma.
ATENDIMENTO INICIAL - AVALIAÇÃO
PRIMÁRIA
Identificar lesões que comprometem a vida do paciente →
estabelecer as condutas para a estabilização das condições vitais e
tratamento destas anormalidades.
A AIRWAY (vias aéreas e controle da coluna cervical)
B Breathing (ventilação e oxigenação)
C Circulation (circulação e controle de hemorragia)
D Disability (estado neurológico)
AIRWAY - VIAS
AÉREAS E
CONTROLE DA
COLUNA CERVICAL
A (AIRWAY): VIAS AÉREAS E CONTROLE
• CERVICAL
Iniciar o exame primário pela avaliação da permeabilidade das
vias aéreas;
• A causa mais comum de obstrução de vias aéreas em pacientes
inconscientes é o relaxamento da musculatura da língua, que
se projeta para o fundo da garganta ou orofaringe impedindo
a passagem de ar nas vias aéreas superiores e inferiores;
• A possibilidade de lesão na coluna cervical deve ser sempre
considerada → movimentos bruscos, excessivos devem
ser evitados.
A (AIRWAY): VIAS AÉREAS E CONTROLE
CERVICAL
• Abordagem:
 Elevação do mento;
 Elevação da mandíbula;
 Retirada de coro estranho.
BREATHING
(VENTILAÇÃO E
OXIGENAÇÃO)
B (BREATHING): VENTILAÇÃO E
OXIGENAÇÃO
• Apermeabilidade das vias aéreas
garante uma ventilação satisfatória não
paciente → fundamental um adequado do
funcionamento do tórax, pulmões e
diafragma;
• É preciso observar as incursões toráxicas
procurando movimentos simétricos
de inspiração e expiração;
• Frequência respiratória;
• Oxímetro de pulso pode ser um bom aliado.
CIRCULATIO
N
(CIRCULAÇÃ
OE
CONTROLE
C (CIRCULATION) CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE
HEMORRAGIA
• A hipovolemia com consequente choque
hemorrágico é a principal causa de morte em
paciente traumatizados;
• Alguns são
parâmetros
fundamentais na avaliação inicial e
hipovolemia:
determinação da
Pulso, Cor da pele, Enchimento capilar, Pressão arterial, Pressão
de pulso e Sudorese.
• Também se faz importante verificar pontos de hemorragia (estas
podem ser externas e internas) e conter o sangramento a
ponto de evitar lesões na vítima ou até o óbito.
C (CIRCULATION) CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE
HEMORRAGIA
• Hemorragia: principal causa de óbito
no trauma;
• Os sinais mais precoces de perda
sanguínea são a taquicardia e a
vasoconstrição cutânea (pele pálida,
fria e sudoreica);
• A queda da pressão arterial ocorre
após o esgotamento dos
mecanismos fisiológicos
compensatórios, quando já houve
perda de 30 a 40% da volemia.
C (CIRCULATION) CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE
HEMORRAGIA
• As etapas de controle de hemorragias externas no
ambiente Pré-hospitalar:
 Pressão manual direta;
 Curativos compressivos (bandagens
elásticas e talas infláveis);
 Torniquetes (membros);
 Agente hemostáticos.

SITUAÇÕES ESPECIAIS:
Tórax, Abdome, Amputações
Empalamentos
C (CIRCULATION) CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE
HEMORRAGIA
Acesso Venoso Periférico → MMSS → Calibrosos

• Escolha do local:
 Mais visível;
 Mais calibrosa;
 Mais palpável;
 Local fácil acesso;
 Pode ser em dobras;
 Mais próxima ao coração.
CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE HEMORRAGIA:
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Tórax
CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE HEMORRAGIA:
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Abdome
CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE HEMORRAGIA:
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Amputação: controlar a hemorragia → encaminhar ao hospital → se
possível recolher o membro afetado → colocar em um saco plástico →
gelo.
CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE HEMORRAGIA:
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Empalamento

 Não retirar o
objeto;
 Cortar o objeto se
necessário;
 Encaminhar para
o Hospital.
Disability
(estado neurológico)
D (DISABILITY) ESTADO
NEUROLÓGICO
• Determina o nível de consciência e a reatividade pupilar do
traumatizado;
• O rebaixamento do nível de consciência é indicativo de
diminuição da oxigenação → lesão direta do encéfalo → uso
de drogas ou álcool.
A Alerta
D Resposta ao estímulo verbal
V Responde ao estímulo doloroso
I Irresponsivo ao estímulo
D (DISABILITY) ESTADO
NEUROLÓGICO
•O exame neurológico mais detalhado, ser realizado e
deve
classificado de acordo com a ESCALA DE COMA DE GLASGOW.

Um escore na GCS:
Igual ou inferior
a 8 coma ou
trauma
cranioencefálico
grave;
Entre 9 e 12
são considerados
moderados;
ESTADO NEUROLÓGICO
Exposure
(exposição e controle
do
ambiente)
E (EXPOSURE) EXPOSIÇÃO E CONTROLE DO
•AMBIENTE
O paciente traumatizado deve ser completamente despido de suas vestes
para facilitar o exame completo e a determinação de lesões que podem
representar risco de morte;
• A Proteção do paciente contra
hipotermia é de suma importância, pois
cerca de 43% dos pacientes desenvolvem
este tipo de alteração durante a fase de
atendimento inicial, com redução de 1ºC
a 3ºC,comprometendo o tratamento por
aumentar a perda de calor.
 Despir totalmente o paciente;
 Cobrir o paciente → para prevenir
hipotermia;
3. AVALIAÇÃO DIRIGIDA
• A avaliação dirigida é realizada logo após o término da
avaliação inicial e é dividida em três etapas distintas, são elas:
 Entrevista (paciente, familiares ou testemunhas);
 Aferição dos sinais vitais;
 Exame físico (limitado a uma lesão ou problema médico
ou completo da cabeça aos pés).
4. AVALIAÇÃO FÍSICA DETALHADA
• A avaliação do socorrista, consiste em visar/verificar os seguintes
seguimentos corporais:
 Região cervical, cabeça, testa e face (inspecionar os olhos e
pálpebras, verificar o diâmetro, a simetria e a reação à luz das
pupilas);
 Inspecionar ombros palpando a clavícula e a escápula;
 Inspecionar e palpar as regiões anterior e lateral do tórax do paciente
→ avaliar os movimentos respiratórios, deformidades, fraturas, áreas
de contusão ou edemas;
 Inspecionar e palpar todas as extremidades superiores e inferiores.
5. AVALIAÇÃO CONTINUADA
• A avaliação ou assistência continuada é usualmente utilizada pelas
equipes de socorro pré-hospitalar durante o transporte do paciente
até a unidade hospitalar mais adequada ao seu tratamento definitivo.
• Após o término da avaliação física detalhada, o socorrista deverá
verificar periodicamente os SSVV e manter uma constante observação
do aspecto geral do paciente.

Crítico: paciente em PCR → a avaliação dirigida e a avaliação física detalhada poderão ser realizadas durante o
transporte para o hospital, simultaneamente com as medidas de suporte básico de vida.

Instável: paciente inconsciente, com choque descompensado e/ou dispneia severa, lesão grave de cabeça ou tórax.
paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado,
Potencialmente instável: portador de lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo
circulatório ou neurológico.

Estável: Paciente portador de lesões menores, sem problemas respiratórios e com sinais vitais normais.
REFERÊNCIAS
• Apostila do curso de Socorro básico e resgate do centro de treinamentos de socorrismo da Cruz Vermelha
Brasileira de Minas Gerais.
• BERARDO, J. G. Atendimentos às emergências, Petrobrás.
• BRASIL. Portaria no 2.616/88. Ministério da Saúde. Dispõe sobre normas destinadas ao controle de infecções
hospitalares. 1998.
• BRUNNER/SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.
• https://www.sanarmed.com/introducao-e-epidemiologia-do-trauma
• https://www.sanarmed.com/atendimento-inicial-ao-politraumatizado-posme
• Manual Prático de Urgências e Emergências Clínicas. Editora Sanar, Salvador, 2016.

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